O Orgulho e a Soberba escrita por FlordaRelva


Capítulo 2
Sob a mira da Arma, e na rédea da paixão


Notas iniciais do capítulo

O título desse capitulo lembra um faroeste. A história, como vocês sabem, não é. Mas bem que podia ser, não é mesmo? Esse capítulo funciona como uma ponte para o próximo. Espero que gostem!



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Julieta reclamava do calor que o dia fazia. O vestido preto cheio de rendas que usava, só piorava a sensação térmica da mesma. Nunca o carro lhe pareceu tão abafado.

—Chega! _ disse se abanando com o leque.

O motorista freou o carro e se virou para trás.

—Alguma coisa errada, senhora?_ perguntou com medo de que tivesse feito algo que a desagradou.

—Não, apenas esse calor insuportável! Por acaso, existe algum lugar fresco por aqui?!

—Bem, tem a cachoeira... 

— Ótimo! _ interrompeu Julieta_ Então, vamos para lá! Assim eu me livro desse calor. E sem contar que eu mereço algum descanso.

—Com licença, senhora!_ disse o motorista_ Mas existe uma pequena mata que precisa atravessar para chegar na cachoeira...

Julieta riu. 

—Para mim não há problema. Qualquer coisa para me livrar desse incômodo!

O empregado acenou com o chapéu em um gesto de licença e voltou a dirigir. Em poucos minutos, já estavam na frente da trilha que levava á  cachoeira.

Ambos desceram do carro. 

—Deseja que eu a acompanhe? 

—Obrigada, porém não vejo necessidade! Eu sei me virar sozinha. Por enquanto, o senhor fique aqui. Quando eu quiser ir embora voltarei para cá. Estamos entendidos?

—Desculpe-me, mas não acha perigoso caminhar sozinha? Pode ter algum animal...

—Quanto a isso_ interrompeu Julieta_ eu estou preparada! _ disse retirando da bolsa a pequena pistola que carregava. 

O motorista concordou e voltou para dentro do carro. Julieta suspirou ao ver as folhas e galhos que teria que atravessar. E logo deu dois passos adentro sem olhar para trás.

 ***

 Aurélio havia perdido de vista o carro da Julieta. Mas, naquele instante, nem se importava. Precisava sentir o ar fresco e tirar ela, nem que fosse por um segundo, da sua cabeça. Guiou o cavalo até uma arvore da pequena floresta. Pegou uma corda e o amarrou.

—Voltarei rápido! Será só o tempo para eu clarear minha cabeça.

Acariciou o Puro Sangue e caminhou para dentro da mata. O sol ainda brilhava mesmo que fosse quase fim da tarde. Depois de alguns minutos dentro da trilha, escutou os passos de alguém.

Ficou parado de trás de uma árvore. Os passos e queixas aumentavam, sabia que a pessoa se aproximava. Resolveu ir para de trás de um largo Cedro Rosa. Assim, iria poder ver o rosto da pessoa. No caminho, pisou sem querer em um galho, o que fez barulho.

Aurélio soltou resmungos de reclamação.

Não bastou dois segundos para que a outra pessoa também se pronunciasse.

—QUEM ESTÁ AÍ? VAMOS! APAREÇA!_ gritou Julieta com a arma em punho.

Apontava a pequena pistola em todas as direções. Não iria se arriscar.

Ao reconhecer que era Julieta pelo tom da voz, Aurélio saiu de trás da árvore. Ria consigo mesmo ao vê-la apontando o gatilho para uma seringueira . Ela se virou ao escutar o som da sua risada.

—Mas o senhor?! O que faz aqui? Por acaso está me perseguindo?!

—Seria  mais amigável e cordial se a senhora abaixasse a arma...

Julieta se enfureceu ao perceber o papel de tola de ainda estar com a arma em punho. Porém, não a  abaixou.

—Ora!_ bufou Aurélio ao ver que ela continuava apontando a pistola em sua direção_ Por que ainda estou na sua mira?!

Julieta desdenhou.

—Como irei ter certeza de que não é um risco para mim ?! 

—Não acredito que possa dizer isso depois de tudo que passamos. 

—De tudo que passamos?_ perguntou sadicamente

—Nossos beijos..._ disse Aurélio se aproximando.

—OS SEUS BEIJOS!_ respondeu Julieta.

—Então, irá me dizer que não sentiu nada? Que nem por um instante as suas pernas bambearam?_ perguntou Aurélio encarando os olhos da grande empresária.

—Eu não sou mulher para "as pernas bambearem"_ ironizou Julieta.

 —Suponho então, que em nada te afetaria se eu a beijasse de novo, certo? 

Aurélio se aproximou mais. Agora a distância dos dois se resumia na pequena arma apontada para o peito de Aurélio. Ele segurou delicadamente a mão de Julieta, e a abaixou. A rainha do café sabia que era esse o momento para reagir. Mas, seu cérebro não possuía mais controle. Sua respiração estava entrecortada. O corpo estava obedecendo o seu coração. E naquele momento, o que o coração queria era o toque do ex devedor. Deixou que a arma caísse ao chão e com ela qualquer escudo.

As mãos de Aurélio a segurou pela cintura. A respiração dele ia de encontro com o rosto dela, o aquecendo. Julieta sentia calor. Não aquele do qual ela reclamara na viagem. Era um calor que parecia aquecer toda a sua pele e coração.

Os lábios de Aurélio desenharam um trajeto até a boca de Julieta. Ela fechou os olhos, preparada para o beijo. Mas, logo eles curvaram para o seu pescoço. Ela estremeceu. O toque do filho do Barão era quente e suave.

 Segurou com força o paletó de Aurélio em uma tentativa para não cair ao chão. Sentia a boca dele acariciar o seu pescoço e sua orelha. Respirar a sua pele. A barba lhe fazia cócegas, enquanto que os beijos lhe faziam arrepiar o corpo. Aurélio a cheirava , como se tragasse aquele cheiro viciante que só ela possuía. Lentamente, a boca dele subia-lhe o pescoço e depois beijava-lhe a bochecha. Sempre tentando a boca da mesma. Sempre aquecendo mais o calor de sua pele. 

No fim do que pareceu uma doce tortura para a fazendeira, Aurélio beijou-lhe a boca.

Nunca os lábios de Julieta arderam tanto. Sentia-se perdida nos braços de Aurélio. Acariciou com a mão a sua face. Com os dedos passeou nos traços do seu maxilar.  Só ela sabia o quanto que queria que aquele beijo não acabasse. Aurélio a segurava mais firme, deslizava com as mãos as suas costas como se puxasse ela inteira para si.

Se afastaram para que pudessem respirar

 —Irá me dizer agora, que suas pernas não bambearam? _ disse ofegante  o filho do Barão.

Ela vagueou. Quando se recompôs, encarou Aurélio. O cérebro ainda processava todo o ocorrido.  Sem escapatória, achou melhor ir embora.

 _Mas que petulante! Não perderei mais o meu tempo com o senhor. Até nunca mais! _ disse tentando expressar fúria na voz

Antes de sair, o olhou de novo. Não conseguia esconder que estava se apaixonando cada vez mais. Logo desviou o olhar. Não queria que o filho do Barão  visse o rubor na sua face.

 Aurélio olhou para o chão e viu um objeto metálico reluzir nas pequenas folhas verdes. Se agachou e o pegou. 

—Julieta! Você esqueceu a pistola!!!_ gritou 

Ela já estava longe. Ele riu.

—Mulher difícil! 

Seguiu a trilha. Logo encontraria de novo a Rainha do Café.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Críticas construtivas são muito bem-vindas! Deixei uns diálogos guardados para o próximo capítulo!



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