A chinela da mamãe escrita por Phoenix


Capítulo 1
Quando mamãe usou todas as joias do infinito


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi feita para o dia das mães, inspirada nas joias do infinito do filme Vingadores - Guerra Infinita e nos memes da internet.



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— Esse filme parece ser bem legal. Mas esse vilão com essa luva cheia de pedras com certeza vai vencer. Você disse que essas pedras tem poderes, não é menino? – Disse uma senhora pequena e gordinha. Seus cabelos eram tão brancos e volumosos que pareciam algodão doce, sua pele negra, apesar de não aparentar a idade que tinha, estava um pouco enrugada, mas tudo isso só acrescentava charme ao conjunto da obra que era Dona Eunice.

— Sim, ele é um apelão, mas o bem sempre vence o mal. – Respondi animado à ela. Essa era mais uma conversa que daqui alguns minutos, infelizmente, não se lembraria mais. – Por falar nas joias do infinito, eu conheci uma pessoa que tinha esse poder. Quer ouvir essa história?

— Claro meu filho! Estou cansada de não fazer nada o dia inteiro. – Respondeu-me com um sorriso, logo após bufou de tédio. Essas reações dela sempre me causavam risos.

— Vamos lá. Essa é a história da minha mãe, a Nicinha, como era conhecida. Pense em uma mulher osso duro de roer. Era ela. Mas eu não a culpo, afinal ela tinha dois filhos, minha irmã e eu. Nosso pai nos abandonou e para completar éramos terríveis! – Ao começar essa história, me veio uma nostalgia muito gostosa. Realmente quando a gente cresce, tudo o que nossas mães fazem faz sentido.

— Coitada da sua mãe menino, você e sua irmã deveriam ser mais bonzinhos. – Dessa vez ela me deu uma bronca, o cenho estava franzido e tudo, mas ela era uma gracinha mesmo desse jeito. Não consegui conter o riso, e lá veio outra bronca. – Você está rindo de que moleque? Se eu fosse sua mãe.. – Fez sinal como se fosse me bater.

— Não se preocupe, como eu disse, minha mãe era osso duro de roer. Mamãe sempre queria o melhor para nós, lutava pela nossa educação e sempre estávamos acima de qualquer coisa. Na época eu não percebi, mas ela deixou de lado muitos sonhos para que minha irmã e eu pudéssemos ter um bom futuro.

— E vocês tem meu menino?

— Sim, eu sou advogado, concursado como delegado da polícia civil e minha irmã está fazendo residência em neurocirurgia. – Nessa hora vi brotar algumas lágrimas em seus olhos, acredito que dona Eunice tenha ficado realmente feliz com isso. – Mas antes de alcançar esse futuro, passamos por muitas coisas. Eu tenho muitas histórias, mas as que vou lhe contar tem a ver com as “pedras” da “luva” daquele vilão. Aquelas pedras são chamadas de joias do infinito, e cada uma delas tem algum tipo de poder. A história é sobre como mamãe usou as joias dela.

Eu sempre tive muita preguiça de acordar cedo, todo dia era um suplício, porém aquele seria o pior. Seria pior porque aconteceriam as provas bimestrais na escola e eu estudei? Claro que não, por isso daria um jeito para faltar. Só não contava com a esperteza de mamãe. Ela sempre saía antes que eu, então fingi que levantei e quando ela saiu, eu voltei a dormir. Minha irmã me olhou com aquela cara de reprovação de todos os dias e seguiu com as atividades matinais. Hora ou outra escutava um risinho dela, mas não me importei. Quando faltavam menos de quinze minutos para o portão da escola fechar, minha mãe usou a joia verde: Manipulação do Tempo.

— Cristiano Henrique da Silva, eu vou contar até três para você se arrumar e ir à escola.

Nesse momento um frio subiu a minha espinha e eu precisava inventar qualquer coisa para apanhar menos, porque apanhar, eu iria de qualquer forma.

— Mas mamãe, eu não estou achando meu livro, acho que perdi, porque a bolsa estava aberta, deve ter caído. – Então ela usou a joia azul: Joia do espaço.

— Se eu for procurar, reza para eu não achar. Porque se eu achar, vou esfregar na tua cara até ter letras na sua testa.

          Nessa hora eu já estava chorando de desespero, mamãe ia me arrebentar, não ia dar tempo de chegar na escola. É claro que já estava trocado e com a higiene matinal feita, mas minha pernas tremiam e as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Quando fui à cozinha, para pedir a benção e ir estudar, usou a joia vermelha: Manipulação da realidade.

— Eu vou te dar um motivo de verdade para chorar.

— Por que a senhora está fazendo isso comigo mamãe? É tão injusto. -  Mais uma joia, a roxa: Joia do poder

— Eu poderia dizer que é porque pago suas contas, mas não vou dizer isso. Poderia dizer que é porque você mora de graça nessa casa, mas não vou dizer isso. Poderia dizer que quem banca seus estudos, roupas, alimentação, idas ao cinema e sua coca-cola sou eu, mas vou dizer apenas que é porque eu sou sua mãe e pronto. – E usou a joia amarela, a Joia da Mente. – Você pode fazer o que quiser, mas o que digo é bem melhor, pois é sempre pensando no seu bem, você sabe que eu te amo.

Depois disso, nos abraçamos e eu estava saindo feliz, até ela usar a última joia, a de cor laranja, aquela que ela mais tinha poder, a Joia da Alma.

—  Cristiano, eu te amo muito viu meu filho, mas você não me engana com essa cara de santinho não. Sou macaca velha. – Ela cuspiu no chão. – Quando secar, vou ligar na escola. É bom que esteja lá.

Saí correndo. A sorte é que a escola ficava dobrando a esquina. Claro que quando cheguei em casa levei umas chineladas, mas nada comparado com a surra que levei depois do resultado da prova. Porém, depois daquele dia, nunca mais deixei de prestar atenção nas aulas, assim ficava mais fácil estudar depois. Me tornei disciplinado e fiz uma faculdade que exigia dedicação. Meu concurso também não é nada fácil de passar. Hoje, sou quem sou, por conta de Nicinha, minha mamãe.

Quando ela me olhou, entendi tudo, ela havia se lembrado de mim.

— Cristiano, meu filho! Desde quando você está aqui?

— Acabei de chegar, dona Eunice. – Provoquei-a.

— Seu moleque atrevido. – Disse dando-me uma chinelada. – É Nicinha, eu estou super nova, seu palhaço. Como você está lindo, crescido. Nem acredito que meu menino virou um advogado.

— Agora eu sou delegado mamãe!

— Que orgulho! Você realizou seu sonho meu menino. – Ela ficou muito emocionada e começou a chorar, não me contive. Levantei e dei um abraço nela. Mas quando me sentei...

— Oi meu filho, quem é você?

— Olá dona Eunice. Sou o Cristiano, eu serei seu amigo. Sempre cuidarei de você.

— Sua mãe deve ter muito orgulho do filho que tem.

— Ela tem sim. Tanto orgulho quanto eu tenho dela.


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Notas finais do capítulo

Cuidem bem da sua mãe enquanto há tempo!!
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