O combate final de Sailor Moon escrita por blackmagic2090


Capítulo 4
Dois combates inesquecíveis/Sailor Dreams explica-se




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— Tu… A Sailor Dreams és tu! – exclamou Usagi.

— Agora não há tempo, por favor transforma-te! – disse Cathy já em desespero.

— Sim! – aquiesceu Usagi – SILVER MOON CRYSTAL POWER, MAKE UP!

Sailor Moon, agora na sua transformação mais poderosa, mirou Sailor Dreams por um momento e juntas seguiram apressadamente para o bar. O mar estava agora revolto, o vento já não era agradável mas sim forte, bruto… a Natureza mostrava a sua raiva contra o demónio que acabava de aparecer no bar. Sailor Moon reparou nisto e também ela se mostrava assim. Os demónios eram figuras que ela não queria que existissem. “Céus, o Mundo era tão mais fácil se não existissem. Só haveriam as preocupações diárias. E eu poderia amar o Mamoru sem ter a preocupação de podermos ser mortos por algum ser maligno a qualquer instante…” Sailor Moon interrompeu os seus pensamentos quando chegaram ao cais ao pé do bar. Estava deserto.

— Sailor Dreams… será que… que chegamos tarde?

A sua amiga não respondeu. Limitou-se a cerrar as mãos com força e a trincar o lábio inferior. O seu nervosismo era visível. Como Sailor Senshi tinham a missão de proteger os habitantes da Terra. Se alguém estivesse morto naquele bar tinham quebrado a promessa. A medo ambas entraram…

O cenário que encontraram chocou-as um pouco, o que levou a um comentário da nova navegante:

— O inimigo é louco! Ele não pode… – e deixou a frase a meio devido ao choque.

O bar, outrora limpo e asseado estava um caos. Cadeiras partidas e algumas (poucas) inteiras encontravam-se totalmente dispersas, caídas ou em pé. As mesas estavam derrubadas, e as que se mantinham firmes estavam parcialmente queimadas. O balcão não se encontrava cheio de copos ou de garrafas, mas sim de pedaços de vidro e líquidos misturados. A pista de dança encontrava-se cheia de pessoas inconscientes, algumas amontoadas por cima de outras. E para completar todo aquele horrendo cenário, o monstro azul que haviam visto há pouco encontrava-se no palco, segurando uma rapariga que não deveria ter ainda 12 anos.

— Por favor deixa-me, deixa-me! – implorava a menina, esperneando numa tentativa de se soltar.

— És uma menina tão mal-educada. O teu irmão sempre foi mais educado comigo. – disse apontando para um menino de 4 anos inconsciente no meio de todos aqueles corpos – Humana estúpida.

E num movimento curto, um copo misturador surgiu-lhe na mão e rapidamente o monstro forçou a rapariga a beber o seu conteúdo, deixando-a inconsciente e atirando-a para a pista de dança onde se juntou aos outros corpos que lá estavam.

— PÁRA IMEDIATAMENTE – gritou Sailor Moon, captando a atenção do monstro – Atreves-te a atacar pessoas inocentes que apenas se tentam divertir! Atreves-te a atacar crianças indefesas que apenas acompanham os pais! – e logo começou a sua dança – Sou uma guerreira que luta pelo amor e pela justiça. Sou a Sailor Moon! E em nome da lua… vou castigar-te!

— Olha olha, uma galinha falante! – disse o monstro troçando das suas asas. – Têm reserva? Querem beber alguma coisa? – perguntou num tom de puro gozo.

— Espero que tenhas sido tu a fazer reserva… no Inferno – gritou Sailor Dreams bastante irritada – MIDNIGHT SHADOW!

Como da primeira vez, uma sombra negra surgiu e dirigiu-se ao monstro. Sailor Moon viu agora com mais atenção a tão poderosa sombra. Parecia um animal. Andava com 4 patas e mexia-se com rapidez. “Esta agora!” pensou.

A sombra avançou rapidamente para o monstro mas quando estava prestes a atacá-lo, ele esquivou-se.

— NÃO! – surpreendeu-se Sailor Dreams. – Não é possível!

— Hum. Clientes mal-educados têm de sair! Mas não sem terem uma bebida! Oferta da casa! – troçou o monstro. – Ah! Ia-me esquecendo! Não liguem aos coitados que estão por aí caídos! Beberam e dançaram demais! Esta juventude já não é o que era. Ahahahahahahah! – riu de forma maléfica. – Agora aqui vai a vossa bebida!

De cada mão saiu um tubo estreito. E logo de seguida um líquido foi ejectado. As duas navegantes esconderam-se atrás de uma mesa que estava caída. Mas ficaram horrorizadas quando viram que a mesa começava a derreter.

— Acham que uma mesa consegue proteger-vos de ácido sulfúrico? Vocês além de mal-educadas são bastante idiotas. – disse enquanto punha a mão na testa, num gesto a imitar o desapontamento - É pena que não aceitem a bebida. Era de borla. Agora embebedam-se com ácido!

Os jactos de ácido continuaram. As duas guerreiras tentavam esconder-se o mais possível mas o monstro era demasiado rápido. Conseguiu encurralar as duas a um canto e preparava-se para atacar, quando foi derrubado por um fortíssimo pontapé.

— Sailor Uranus! – exclamou Sailor Moon aliviada.

— Sailor Moon ataca em conjunto com a Sailor Dreams agora. Não há tempo para explicações!

Sailor Moon e Sailor Dreams olharam uma para a outra e acenaram com a cabeça:

— MIDNIGHT SHADOW!

— SILVER MOON CRYSTAL ETERNAL POWER!

A sombra negra do ataque da Sailor Dreams fundiu-se com a luz dourada da Sailor Moon, originando várias sombras douradas de 4 patas, que a uma velocidade extrema se dirigiram para o monstro que se levantava. Surpreso mas apenas por um momento, o monstro esquivou-se. Porém as sombras seguiram-no.

— O quê? – espantou-se o demónio.

Conseguindo escapar a custo algumas vezes, o monstro despertou a impaciência da Sailor Uranus:

— Estúpido bêbado! Vê se gostas! – disse saltando e dando ao demónio um valente pontapé no estômago, fazendo-o cair.

Agarrando-se à barriga, o monstro uivava de dor, dando tempo mais que suficiente para que as sombras do ataque da Sailor Dreams e da Sailor Moon se abatessem sobre ele.

— NÃOOOOOOOOO! – gritou enquanto se desfazia em pó.

— Este barman não servia. Era demasiado “ácido” com as pessoas – disse Sailor Uranus com o seu humor negro.

Sailor Moon, aliviada por terem derrotado o monstro voltou-se na direcção das pessoas inconscientes.

— Será que estão mortas? – perguntou.

— Não me parece. – respondeu a Sailor Dreams. – Não há dúvida que ele lhes deu algo. Mas não parecem estar mortas.

Sailor Uranus acercou-se das pessoas e analisou-as durante um momento.

— Não, não estão mortas. Estão apenas desmaiadas. Deve ter-lhes dado algo para ficarem inconscientes. Pelo menos não matou ninguém.

— Sailor Uranus… Obrigado por teres vindo. – agradeceu a Sailor Dreams.

— Estava por perto. – respondeu de forma seca – Parece que tens explicações a dar não é? – questionou a navegante de Úrano olhando-a fixamente.

— Parece que sim… – concordou a navegante dos sonhos – mas não agora nem aqui. Amanhã procuro a Usagi. E arranjo maneira de falar com todos vocês. Até lá terão de esperar. Agora tenho de ir.

E voltando-se para Sailor Moon disse em tom de despedida:

— Desculpa o nosso passeio atribulado! Fica para outra vez! Adeus! Adeus Uranus!

E voltando as costas às duas navegantes desapareceu na escuridão da noite, levada por um luar pouco intenso. Parecia uma sombra no horizonte. Como o seu ataque.

— Uranus é melhor chamarmos a polícia.

— Não vai ser preciso Sailor Moon. Já aí vêm.

E de facto, a sirene da polícia começou a ser ouvida pelas duas raparigas.

— É melhor sairmos daqui rapidamente – aconselhou a navegante de Úrano.

— Sim tens razão!

Saíram pelas traseiras e foram para a praia onde sem serem ouvidas gritaram:

— REVERSE MAKE UP!

E depressa a sua transformação foi desfeita, voltando a ter as suas roupas de civil.

— Amanhã arranjo forma de nos reunirmos todas com a Cathy. Ou melhor… Sailor Dreams.

— Muito bem cara de lua. Espero que sim. Até amanha Usagi! – despediu-se Haruka.

— E continuas a chamar-me cara de lua, Haruka – murmurou Usagi um pouco irritada.

E assim, partiu em direcção a casa contente por ter derrotado o inimigo, mas preocupada por ter sido com ajuda de outra Sailor. “Que inimigo será este? Tão poderoso, tão mortífero. E tão despreocupado com as vidas humanas.”. Usagi não conseguiu dormir toda a noite, os pensamentos sempre assentes na nova ameaça que havia surgido.

Longe dali, num local com uma grande diferença horária, uma rapariga murmurava:

— Está cada vez mais perto…

— Usagi espera um momento!

Usagi, que estava parada nas escadas da saída da faculdade, parou quando ouviu a voz de Cathy. Quando esta chegou à sua beira disse-lhe sem demoras:

— Usagi será que podemos encontrar-nos todas mais logo?

— Olá Cathy! Penso que sim! Eu falo com a Rei e vamos para o templo! Lá estamos mais à vontade!

— Muito bem! Desde que não apareça outro demónio – gracejou

— Sim! Ahahah! – riu Usagi.

— Então até logo! Depois diz-me a que horas apareço lá! Adeus!

— Está bem! Até logo! – gritou Usagi uma vez que a sua amiga já se tinha afastado a correr.

Pegando no seu comunicador, combinou com todas as amigas navegantes para estarem no templo ao fim da tarde e logo de seguida enviou uma sms para a Cathy a dizer-lhe a hora para aparecer no templo.

Usagi desceu as escadas e dirigiu-se para o seu carro. Tinha-o estacionado perto de um arbusto. Ia a entrar no carro quando reparou que o arbusto se havia mexido. Achando estranho, aproximou-se mais um pouco. Dois olhos azuis olhavam-na. Transida de medo, Usagi meteu-se no seu carro e foi para casa, esperando até à hora da reunião…

— Então Usagi, onde está ela? – inquiriu Makoto sem delongas.

— Ela vem cá ter. Está um pouco ocupada com os seus estudos. O ano está a acabar e como sabem ela vai ter as frequências. E ainda por cima no último ano… Deve ter muito que estudar.

— Hum, ela está a tirar qual curso? – interessou-se Ami por saber que ia ter uma amiga navegante que como ela gostava de estudar.

— Ciências Farmacêuticas! – respondeu Usagi.

— Uau! Deve ser interessante! Sabem, é uma área que tem muito a ver com a Medicina! Se não fossem as Ciências Farmacêuticas, a Medicina não seria o que é hoje! – exclamou Ami com orgulho. Afinal, estava a tirar o curso de Medicina.

— AIIIII!!! QUE É ISTO? TIREM-NO DAQUI! – gritou Usagi quando um lobo se acercou dela.

— MIDNIGHT! AQUI! – gritou Cathy que entretanto tinha chegado.

Obedientemente, o lobo cinza-prateado de expressivos olhos azuis saiu da beira de Usagi e foi para o pé de Cathy.

— Peço desculpa se vos assustou! O Midnight não vos faz mal! Ele só foi para a beira da Usagi porque já a conhece!

— Conhece? A mim? – questionou Usagi

— Sim! Ele tem andado a seguir-te Usagi. Pedi-lhe para o fazer porque como sabes estamos em perigo. – explicou Cathy um pouco corada. – Desculpa se foi indiscreto da minha parte!

— Oh… Não te preocupes! Então quer dizer que aqueles lindos olhos azuis que eu vi hoje nos arbustos eram os dele!

— Possivelmente!

— Ele parece ser meigo! Posso fazer-lhe uma festa? Anda cá bichinho fofinho, querido, simpático… – começou Usagi dando um sem número de elogios ao lobo, abstraindo-se do resto.

— Pois, ela tem protecção e nós nada – disse Rei um pouco furiosa.

— Desculpa. Mas só tenho um animal. E tu não te podes queixar! Sempre tens aqueles dois corvos!

— O Phobos e o Deimos? Ah! É diferente… – desculpou-se Rei, sabendo que no fundo ela tinha razão.

— Bem não vim aqui para discutir. Na verdade gostava de explicar porque estou aqui e como vim aqui parar. Usagi posso começar? Usagi? Usagi? – chamou Cathy, já que Usagi brincava agora com o lobo, fazendo-lhe festas na barriga.

— Uh? Oh sim desculpem! Podes começar!

— Bem… na verdade nem sei por onde começar!

— Olha porque não pelo início? – fez-se ouvir uma impaciente e fria Haruka

— Haruka… Tem calma! Deixa-a falar! – interveio Michiru.

— A Haruka tem razão… Devo começar do início… – respirando fundo, Cathy começou a sua narrativa – Bem, como já devem saber, Elysion, é um pequeno reino paralelo ao século XXI e ao século XXX. É acessível através de um portal e somos governados por uma entidade vossa conhecida, o Helios, que na ausência do rei Endymion foi quem tomou posse do trono. Eu sou a irmã dele. Aqui sou conhecida como Cathy mas o meu nome verdadeiro é Nyx. Estou noiva de Alexander, meu guardião e Lord de Elysion. Fui informada pelo meu irmão de que a minha ajuda seria necessária aqui na Terra, e por isso enviou-me… Apesar de que em Elysion também ocorreram e continuam a ocorrer ataques de demónios… Demónios que tal como aqui são poderosíssimos. O meu irmão mandou-me porque vos conhece Sailor Senshi e ficou ele a defender Elysion. – Cathy fez uma pausa e logo retomou – Desculpa ter-te mentido ontem Usagi, mas não foi com os meus pais que eu falei. Foi com o Alexander. Os meus pais morreram há algum tempo atrás, resultado de um ataque-surpresa da Nehellenia. Eu tinha apenas 15 anos. Desde então, com o coração preenchido pela raiva, eu jurei encontrar Nehellenia e matá-la. Isso fez com que me tornasse amarga. Mas o meu irmão obrigou-me a mudar. Fez-me ver que apesar de também ele sentir falta dos meus pais, não deveria sentir raiva pois só dá lugar a mais raiva e ao ódio. E então percebi… não precisava de canalizar toda a minha raiva para ela. Bastava querer erradicar o mal. Foi então que despertei como em Sailor Dreams. Na altura o Alexander tornou-se meu guardião, apesar de ter apenas 18 anos. E o meu irmão deu-me o Midnight. Para me fazer companhia, e para ficar de olho em mim. É que apesar de parecer um lobo normal, ele consegue comunicar comigo e com o Alexander por telepatia. E aí a minha missão mudou. Jurei proteger Elysion e combater o mal. E depois de muito treino foi precisamente o que fiz, ao mesmo tempo que procurava pela Nehellenia. Já não tinha raiva. Apenas queria vingar a morte dos meus pais. – após mais uma pequena pausa, Cathy continuou – E foi então que após 4 anos de procura soube que ela poderia estar na Terra decidi vir com o Alexander para cá. Cheguei demasiado tarde, pois descobri que ela havia sido derrotada pela Sailor Moon. – disse Cathy sorrindo para Usagi e continuando o seu discurso -  Confesso que gostava de ter sido eu a matá-la mas já fiquei contente por saber que havia sido derrotada. Porém, quando eu pensava que tudo estaria acabado, o meu irmão avisou-me que iriam precisar de mim. E então fiquei aqui sob disfarce. Claro que entretanto eu tinha estudado pois de outra forma nunca conseguiria entrar na faculdade. E aí jurei proteger também a futura Neo-Queen Serenity. Mas para isso teria de a encontrar! Depois de muitas investigações encontrei-a finalmente e fiz os possíveis para ir para a mesma faculdade que ela. E o resto já sabem! – concluiu, acrescentando em seguida - E claro, o meu irmão pelos vistos acertou. Cheguei em boa altura naquele dia! – disse olhando para Usagi.

Usagi corou e concordou com Cathy.

— Bem, penso que já vos contei tudo! – desculpou-se a nova amiga

— Na verdade ainda há coisas por explicar – começou Haruka, olhando de imediato para Setsuna como que a incentivar a amiga a fazer as perguntas necessárias.

— Elysion, apesar de um reino paralelo, existe no planeta Terra. Mas se o Sailor Crystal da Terra é o Golden Crystal, como é possível que tenhas um cristal diferente? Um corpo celeste não pode ter dois Sailor Crystals em simultâneo. – proferiu Setsuna.

— Mas a Usagi e a Chibiusa… - começou Rei.

— A Usagi e a Chibiusa partilham o Ginzuishou mas apenas porque são de tempos diferentes. – interrompeu Setsuna – O Sailor Crystal da Small Lady é exactamente o mesmo do da Usagi, mas um é do presente e o outro do futuro. A Usagi como Neo-Queen Serenity abandona as funções como Sailor Senshi e esse papel passa para a Small Lady. Mas o Golden Crystal sempre foi o Sailor Crystal do Endymion. Não pode ser partilhado. E além disso é estranho que Elysion seja o teu guardião e tenha um cristal próprio. Afinal de contas, não é um corpo celeste.

Setsuna olhou para Cathy, aguardando a sua resposta. Cathy sentiu não apenas esse, mas todos os olhares em si, ávidos de uma explicação.

— Bem, admito que são perguntas pertinentes. E tens toda a razão, Elysion é o meu guardião e existe de facto na Terra. Acontece que o meu cristal veio do próprio Golden Crystal, foi gerado por ele, ou pelo menos foi o que pude descobrir.

— Mas todos os Sailor Crystals são criados no Galaxy Cauldron. Isso não faz sentido – respondeu de imediato Haruka com a habitual frieza na voz.

Cathy, que começava a ficar irritada com o tom de Haruka, decidiu responder da mesma forma:

— Estou a contar-vos o que sei e o que me foi dito até agora. Não é culpa minha se as minhas respostas não são aquilo que vocês queriam ouvir!

Haruka preparava-se para ripostar mas a mão de Michiru fez força na sua e percebeu que tinha de se controlar. Foi Mamoru quem retomou a conversa:

— Disseste que és irmã do Helios, não é verdade? No entanto ele nunca falou de ti nem numa guerreira de Elysion. Inclusive quando lá fomos não me lembro de te ver.

— Eu já cá estava nessa altura. Quanto ao motivo pelo qual o Helios não vos contou sobre mim, é algo que me ultrapassa – disse timidamente Cathy.

Todos se entreolharam, questionando-se sobre tudo aquilo que Cathy lhes havia dito. Estaria ela a mentir? Ou haveria algo realmente sinistro por trás de todo aquele mistério? O facto de haver uma guerreira com um Sailor Crystal partilhado era algo inédito e, aparentemente, inexplicável. Foi Usagi quem, convenientemente, quebrou o gelo:

— Só uma pergunta Cathy – questionou – o teu ataque da sombra… a sombra é do Midnight?

— Bem, sim é! Há uma ligação espiritual muito forte entre mim e o Midnight o que faz com que se materialize num ataque – explicou.

— Oh isso é mesmo possível? Uma ligação assim tão forte… - começou Rei, olhando para Phobos e Deimos.

— Sei o que estás a pensar Rei. Trata-se de encontrar o equilíbrio perfeito entre a tua mente e a mente deles. Torná-las unas – comentou Cathy, sorrindo antes do seu rosto se tornar sério e inquirindo – Posto isto… Vão deixar-me lutar ao vosso lado?

— Humpf, se tem mesmo de ser – respondeu prontamente Haruka.

— O que a Haruka quis dizer – começou Michiru, desculpando-se – é que uma nova guerreira é sempre bem-vinda. Se as tuas intenções são realmente boas e se nos vais ajudar… Não vejo porque não.

A aceitação foi geral, principalmente Usagi que ficou extremamente contente. Porém, não tardou muito para que o seu comunicador desse sinal.

— É a Luna! – exclamou, enquanto se preparava para falar – Sim, o que é Luna?

— Usagi por favor vem depressa para o Jardim Zoológico! Estão aqui dois monstros. Já mataram 5 animais. Por favor despacha-te!

As amigas ficaram um pouco chocadas pelo facto do inimigo ter morto seres vivos. Mas nem por isso esmoreceram. Ao mesmo tempo transformaram-se e dirigiram-se para o Jardim Zoológico.

Não muito longe dali uma rapariga sonhava, contorcendo-se enquanto as visões do seu pesadelo se tornavam cada vez mais reais. Uma voz sussurrada começou a chamar um nome que a rapariga já não ouvia há muito tempo:

— Eos… Eos… Eos…

— O quê? – perguntou a rapariga.

A voz tornou-se cada vez mais alta, à medida que chamava pelo nome Eos. Por fim parou. Um silêncio aterrorizante instalou-se. E com ele um calor inexplicável. Um calor que não pertencia ao planeta Terra. E isso a rapariga sabia-o. Voltou a ouvir a voz, desta vez como se estivesse a escassos metros de si:

— Desta vez não me conseguem parar Eos. Desta vez, vai ser a tua… morte!

Seguiu-se uma gargalhada demoníaca e de repente tudo o que a rapariga via era luz. Uma luz familiar, quente mas não acolhedora. Subitamente despertou, arfando e pingando gotas de suor apesar do quarto estar frio. Quando conseguiu controlar a respiração, apenas disse uma palavra:

— Metaria!

Ao chegarem ao Jardim Zoológico era óbvio que algo não estava bem. Ouviam-se gritos vindos de dentro e havia pessoas a correr afastando-se do local o mais que podiam.

— É absolutamente nojento – disse um homem enquanto saía.

— Pobres animais. Alguém por favor faça alguma coisa! – implorou uma mulher. Um pouco apreensivas com o que poderiam encontrar, entraram e depararam-se com um cenário que as chocou por completo. Um enorme elefante estava caído no chão, sem uma pata, e cheio de cortes no corpo, o sangue já numa poça vermelho escuro à sua volta. Um leão jazia sem as patas traseiras, estando estas um pouco afastadas do resto do corpo. Perto do elefante, uma arara agoniava visto as suas asas terem sido arrancadas.

Eis que se depararam com uma cena extremamente chocante: duas figuras quase humanas seguravam um lobo. Enquanto uma delas (a figura feminina) segurava no lobo, a outra (a figura masculina), infligia-lhe golpes com a sua espada. Cada golpe infligido levava o sangue do pobre animal a jorrar. E a cada golpe, um uivo era dado por ele. O lobo uivava de dor. As navegantes conseguiam senti-la. Especialmente a Sailor Dreams, dada a ligação com o Midnight e o conhecimento que tinha de lobos. Porém, no meio daquela situação dantesca, o pior estava para vir. A figura masculina golpeou o lobo na barriga e fez-lhe um corte profundo e enorme. O lobo deu um enorme e último uivo de dor enquanto alguns dos seus órgãos internos saíam pelo enorme rasgão. Agarrando no animal e atirando-o como se fosse um pedaço de lixo, a figura feminina desembaraçou-se dele, e foi então que viu as navegantes, fazendo sinal ao seu companheiro:

— Olha Zap, temos audiência! Que bom! Então gostaram do show? Está bem realista não está? Zip e Zap para vos divertir! – disse dando uma enorme gargalhada maléfica no fim.

— Tens razão Zip! Mas eu continuo a dizer que devíamos ter aberto um talho! Ao menos eu podia decepar os animais sem muitos problemas. – concluiu o monstro numa voz que arrepiou as navegantes pela ausência de calor.

Estando todas sem palavras, a única que falou foi a Sailor Dreams:

— O lobo… Vocês acabaram de matar o lobo… COMO PODEM FAZER ISTO AOS ANIMAIS? O QUE É QUE QUEREM? – gritou ela sensibilizada.

— O que queremos? Ah! Para já o nosso mestre não quer nada! Só quer que as criações dele treinem! E a nossa noção de treino é provocar dor! Ele quer que a Terra seja um mundo de dor! Pelo menos enquanto existirem seres vivos para sofrer! Ahahah! – explicou Zap.

— E por falar em diversão, acho que me quero divertir convosco! Por isso venham brincar! – declarou Zip.

E sem aviso, um raio rosa atingiu o sítio onde estavam as navegantes que caíram no chão um pouco feridas. O lobo de Sailor Dreams, vindo do nada, avançou para os monstros. Porém estes sentiram a sua presença, e ao mesmo tempo deram um poderoso pontapé no abdómen do animal, projectando-o vários metros no ar enquanto este uivava.

— MIDNIGHT! – gritou a sua dona.

O lobo não se mexia. Limitava-se a ficar quieto no sítio onde tinha caído. Um fio ténue de sangue escorria-lhe pela boca e notava-se uma respiração ténue.

— NÃO! MIDNIGHT! – gritou Sailor Dreams com os olhos marejados de lágrimas, correndo em direcção ao animal inerte.

Ajoelhada no chão, Sailor Dreams agarrou o lobo com carinho, posicionando o seu focinho nas suas coxas e afagando-lhe a cabeça. Midnight, a custo, abriu os olhos e encarou a sua dona. Num acto claro de despedida, o lobo lambeu, com esforço, os dedos de Sailor Dreams, e, lançando-lhe um último olhar, deu um suspiro e ficou completamente imóvel. Sailor Dreams entendeu. Perdera-o. Viu na sua mente imagens dos bons momentos passados com ele. De todas as vezes em que ele a salvou. De todas as vezes que ele a ouviu mesmo sem responder. De todas as vezes em que ele calou e abafou as suas lágrimas. Sim… Midnight era acima de tudo um amigo. Sailor Dreams nunca o tinha visto como um animal mas sim como amigo. E devido a um acto de pura crueldade esse amigo fora-se. Sentia a raiva que a tinha abandonado há tanto tempo a voltar ao seu corpo. A consumi-la. O sentimento de vingança ressurgiu em si, fazendo-a tremer. Sentia, sem saber porquê, os seus poderes a aumentar. E estavam de facto. Uma luz azul escura começou a envolvê-la. Sailor Dreams havia chegado a um novo patamar do seu poder…

— VOCÊS VÃO PAGAR-ME POR ISTO! É DIVERSÃO QUE QUERES NÃO É? ENTÃO EU DOU-TE A DIVERSÃO! MIDNIGHT SHADOW!

A sombra de 4 patas emergiu e para espanto de todos, transformou-se totalmente no Midnight. Atacando com uma velocidade extrema derrubou Zip e esta num grito de dor, tentava esquivar-se dos ataques do lobo, ao mesmo tempo que se ia desfazendo em pó.

Zap ficou estupefacto. A sua irmã gémea havia sido destruída.

— SUA… AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – gritou, enquanto pequenas bolas verdes perseguiam as Sailor Senshi, derrubando-as e enfraquecendo-as. Sailor Dreams fugia mas cedo notou que grande parte das bolas vinha atrás de si. Ele queria vingança. Reparou também que era a única que permanecia em pé. Sailor Dreams encarou então o seu adversário mas depressa se arrependeu, pois sentiu uma dor imensa na cara. Acabava de ser esmurrada por Zap.

Caída no chão Sailor Dreams olhou para o seu agressor e viu o brilho de raiva dos seus olhos. E ficou com medo quando ele apontou a espada para ela. Sailor Dreams não deixou de pensar que tudo iria acabar ali. Tanto esforço para nada. Cerrou os olhos à espera do ataque mas abriu-os quando ouviu o ruído de duas espadas a tocar-se. Um homem forte, com cabelo loiro acastanhado, e uns olhos azuis brilhantes haviam-na protegido. Vestia uma armadura prateada, que cobria a roupa preta, a mesma cor que a sua capa. Era Alexander que vinha salvá-la.

— Nunca se ataca uma rapariga com uma espada – proferiu laconicamente.

E dito isto, começaram os dois um duelo feroz. Alexander queria proteger a sua noiva, enquanto Zap queria vingar a morte da sua irmã. Alexander era um bom espadachim mas Zap era muito rápido. Após alguns momentos de pura tensão, o demónio conseguiu tirar a espada das mãos de Alexander. Este recuou surpreso. Nunca havia perdido um combate na sua vida.

As guerreiras, agora um pouco recuperadas do ataque que tinham sofrido, deram conta do que se estava a passar e cada uma atacou o inimigo. Este deixou-se ser atacado sem que nada lhe acontecesse.

— Suas tolas! O meu mestre pensou em tudo! Só me podem destruir depois de matarem um humano. Até lá sou invencível! Por isso a não ser que um de vocês se queira sacrificar, podem esgotar as vossas energias à vontade! – declarou Zap.

Todos ficaram surpresos.

— Preparem-se! O jogo vai começar!

Batendo uma palma, uma rajada de vento empurrou Sailor Moon para o pé de Alexander, enquanto esta dava um grito. Batendo outra palma dois feixes de luz envolveram os dois num círculo.

— AI! PORQUE É QUE TENHO DE SER SEMPRE EU? – queixou-se Sailor Moon.

— Decidi fazer isto de maneira diferente! Não vou ficar à espera que alguém se sacrifique. Em vez disso vou dar a escolha ali à marinheira que matou a minha irmã! – disse olhando com ódio para Sailor Dreams. – Vais ter de escolher minha linda! Quem é que morre? O teu noivo? Ou a pessoa que juraste proteger?

E batendo nova palma, o círculo começou a fechar-se lentamente.

— Se isto lhes toca, morrem os dois instantaneamente. Como vai ser? A Sailor Moon? Ou o teu amado?

Sailor Dreams sentiu o mundo cair-lhe a seus pés. Nunca imaginou que algo assim pudesse acontecer. Agora teria de salvar um. Ou morreriam os dois…


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