Os Vastos Campos e outras Estórias Vol.1 escrita por Wilken Vieira


Capítulo 2
Além dos Vastos Campos


Notas iniciais do capítulo

Segundo conto, focado mais e uma espécie de roteiro de viagens de um pequeno andarilho saído dos Vastos Campos, onde é mostrado sua aventura pelo gigantesco mundo além dos vales floridos, e seu encontros com paisagens magníficas e seres mágicos e criaturas horripilantes.



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Seu olhar perdido fitava aquele incrível céu azul, iluminado pelos raios de sol de uma manhã de brisas gélidas, não sabendo ao certo onde estava, da mochila tirava um antigo e todo amassado mapa, olhava atentamente pra saber onde devias ir, porém seu péssimo senso de direção o tirava do sério. Já devias ter dados muitos passos, em sua vaga memória, voltavam a imaginar os lugares que havia passado e admirado com seus pequenos olhos.

O gigantesco mundo que estava vendo era sem igual, além do seu lar, era algo imponente, que satisfazia suas pequenas fantasias e seus mais majestosos sonhos. O pequeno viajante que andas por esse mundo, é um andarilho solitário, é um apreciador voraz, guarda em sua memória, os mais belos momentos que vivera até agora, e assim perdido fitando aquele céu azul, pensou nos dias passados, e das aventuras que viverá até ali, só imaginava, com um gostinho de voltar mais uma vez.

Viajando em seu subconsciente, trazia a imagem de ruínas esquecidas, de um era há muito tempo perdida da história.  De fabulosas construções que agora caídas, também, imaginava que povos ali habitavam, o que eles faziam, e à qual Deus cultuavam. Em pequenas paredes destruídas, jazia uma escritura antiga, desconhecida para era atual, porém, ele, jamais saberia o que estaria escrito ali, e o que de fato aconteceu com a cidade. Porém mal ele sabia que, aquelas ruínas já foram uma próspera cidade, dominada por seres de aparência angelicais, chamados de Erondians, que na última era das trevas, sucumbiram ao inimigo e desapareceram do mundo.

Seus olhos iam se desviando das antigas ruínas, vagueavam pelas estradas sem rumo, atravessando lugares poucos conhecidos, e com sua coragem desbravava tudo, indo de florestas milenares e enigmáticas que escondiam tesouros jamais vistos, criaturas nunca antes observadas, há cidades desabitadas que guardam histórias de quem lá viveu, vilarejos fantasmas, enormes desertos, até que no fim, chegou ao mar.

E quando cansou da longa viagem, na pequena enseada parou.

O belo pôr do sol alaranjado, se escondia no horizonte, dando um belíssimo tom ao mar, a brisa do fim da tarde era fria e gostosa, deitado na areia, fitava para além da pequena enseada, olhando aquele azul infinito do mar, imaginava o desconhecido além dali. A noite vinha chegando aos poucos, a brisa gélida do fim tarde trazia uma pequena surpresa, um pouco além, ouvia-se uma linda e suave canção, uma melodia cantada em uma língua ancestral, de um povo que a muito não se tem notícia, que atravessava o fim da tarde como uma tormenta graciosa, encantadora e hipnótica.

Aos poucos vinha se aproximando, e a linda melodia ia se manifestando, trazendo uma pequena e belíssima criatura, com seus olhos azuis cor do céu, uma pele branca, como a neve eterna das grandes montanhas, e um cabelo acinzentado reluzente, e de encantos caiu, pela linda criatura, o pequeno viajante.  Com sua pequena harpa, cantarolava canções de um tempo antigo a muito esquecido, uma música que que falava sobre um povo alegre, que festejavam a vida, as pessoas e o mundo em que viviam. A música durou por mais algumas horas, até que a melodia diminuiu, e desapareceu com brisa da manhã.

Na enseada acordou, achando que era apenas um lindo sonho, porém seu encontro não foi por acaso, a criatura era uma espécie antiga de fada, que habitava as regiões litorâneas, devia ser a última de sua espécie, que apareceu para tocar a sua última canção, uma canção que falava sobre o amor ao mundo e a todos seus habitantes, uma canção que talvez nunca mais seja ouvida, que está apenas na memória de um viajante.

A enseada sumia aos olhos do viajante, a bela visão litorânea era deixada para trás, e seguindo em direção a sul, para regiões mais frias, onde se encontrava a neve eterna, dos enormes picos das onipotentes montanhas, e de inverno eterno, nunca jamais a neve dali derreteu, poucos seres humanos lá habitavam, algumas criaturas antigas, tão antigas quanto o tempo, fizeram de lá sua morada, criaturas essas, que jamais devem ser perturbadas, por serem perigosas e de enorme poder. Cuidado! ao vê-las se escondam.

Mesmo com muitos perigos à espreita, a região da neve eterna é um lugar de belezas inimagináveis e únicas, desde dos belos lagos cristalizados, à enormes penhascos de gelo, rodeados por árvores coníferas e cavernas repletas de preciosos cristais coloridos. Há também pequenas criaturas da neve, chamadas de Ungnus, pequenos seres alados, que se assemelham a uma pequena fada de faces humanoides e orelhas pontiagudas, sua pele é de uma cor azul suave, são conhecidas por sua dança única.

Uma dança espetacular, que fazia mover a neve e pequenos pedaços de gelo ao redor das pequenas criaturas, criando uma amostra visual fabulosa, e no fim, cristais coloridos são usados em uma sincronia de cores que tonaliza com cinza eterno do céu, terminando em uma explosão multicolorida e as pequenas criaturas sumindo em direção ao céu. A neve eterna sumia de sua vista, aos poucos se perdendo no longínquo horizonte, e no fim, não sabia mais para onde ir, porém seguia o caminho, tal caminho coberto de verde, porém um caminho estranho, que exalava uma tristeza, tristeza que pertencia a floresta milenar, local esse misterioso, se aventurar ali, era um perigo em potencial, mas parecia justo, havia algo ali, que poderia ser único.

Aquela imensidão era tão quieta, as árvores eram enormes, parecia que não havia nada, sem barulho, sem vida, era morta. Pobre floresta milenar, era inútil para sua curiosidade, não entendia porque havia entrando ali, porém seguia, então algo gelou seu coração, a poucos metros um ruído estranho, ia se espalhando. Era um som assustador, macabro, uma voz que dava calafrios e aos poucos o pequeno viajante, ficou paralisado.

Apareceu uma horrível criatura, um ser daquela floresta, vestida um véu negro, procurava algo, era horripilante, parecia ser uma mulher, porém com uma áurea sinistra. Olhava canto por canto, estava à poucos metros perto do pequeno viajante, parecia não lhe notar. Com seus braços esqueléticos sob o negro véu toca no arbusto e no chão, ia se aproximando lentamente, sem saber o que fazer, o viajante continuou imóvel.

Logo ela parou e o olhou fixamente, sua voz parecia um lamento, doloroso e horrível de se ouvir, aquela criatura lhe dava arrepios, seus longos cabelos negros cobriam seu rosto, e logo um gélido vento começou a soprar, e assim ela, mostrava sua verdadeira face. Não existiam olhos, sua face era velha e tenebrosa, fixou o olhar na pequena criatura a sua frente, e por um tempo ficou à encarando. Então, um tempo depois a criatura desistiu da procura, virou-se e começou a andar de volta para floresta, sumindo entre as árvores.

Aquela sinistra criatura, era nada menos que um ser antigo, uma bruxa de mais de cinco mil anos, que ali morava, ficou cega depois que vendeu sua alma aos seres das trevas, agora vaga pela floresta milenar em busca de vítimas que por lá se aventuram. Possuía uma fome e um desejo por sangue insaciável, muitas vezes saía de seus domínios e ia até as vilas vizinhas, para se alimentar. Em seus tempos áureos, adorava devorar crianças, as sequestravam no meio da noite, as tirando de suas camas, com suas mãos, cobria suas pequeninas bocas, e as mordiam no pescoço, assim se deliciava com os sangues delas, para que no fim, levava seus corpos para floresta, para servi de ingrediente principal para sua sopa macabra.

O pequeno viajante saiu da floresta o mais rápido possível, sua experiência quase morte lhe deu aviso importante, agora o cuidado era redobrado. O mundo poderia ser belo, mais havia coisas ruins, sua aventura teria que ser mais cautelosa. E assim continuo andando pelas estradas, conhecendo novos lugares, novos povos, criaturas estranhas e outras belíssimas. Começou a escrever canções sobre sua jornada, fazer amigos por onde passava, sabia ele que havia mais coisas pra descobrir, que sua jornada não estava no fim. E naquela manhã de brisa, fitou o céu azul, e imaginou, parecia perdido, porém, logo se animou, e saiu por esse mundo, para descobrir a verdade sobre sua viagem, era apenas o início da lenda, de um pequeno viajante, que saiu por esse mundo, além dos Vastos Campos.


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