Midoman escrita por Azai


Capítulo 3
Capítulo 03 - Histórias do passado...




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Exposição... Forte das Cinco pontas...

— Que merda... É um Fol-kear? – Maurício a fitou. – Parece nome tirado de anime ou sei lá.

— É a coisa que você enfrentou... — Ela o olhou estranhamente. — Você não ouviu o que eu disse?

— Ouvi... Mas isso tudo é esquisito demais... – Maurício bufou. – Uma garota pelada saiu de um cristal mágico e tá me dizendo que eu tenho que proteger “Pindorama”. Eu sou descendente de índios... Mas isso já é palhaçada.

— Isso parece surreal demais pra você?

— Sim e não... Mas meu problema é que eu provavelmente bati a cabeça ou fui drogado...

As sirenes do local começaram a soar, luzes piscavam e passos podiam ser ouvidos.

— O que é isso? — Tainá apontou as luzes.

— Sem tempo pra explicar. – Maurício puxou-a pela mão e começou a correr. – Vamos pegar o Beto e cair fora.

— Quem é Beto?

— Um amigo... Ele tá metido nisso tanto quanto eu. – Ele parou e largou a mão dela. – Precisamos cair do outro lado e ir até praça... Mas eu não faço ideia de como explicar uma índia pelada.

— Eu posso voltar para o cristal se te incomoda tanto...

— Não é que me incomode, é que na nossa cultura, nós vestimos roupas e não andamos por aí nus. – Ele justificou. – E do jeito que as coisas estão, provavelmente algo ruim aconteceria com uma garota pelada na rua há essa hora.

A índia soltou um silencioso “Ah”... E desapareceu num raio de luz. A Luz foi direto até a mão de Maurício, se materializando no cristal em formato de gota.

— Ainda bem… - Ele guardou o cristal no bolso da calça. - Beto? - Chamou no Headset. - Merda... O PEM fritou o comunicador... Se for um sonho, acorda agora... Se for um sonho acorda agora… Eu vou ter que ir atrás dele.

Apartamento de Maurício... Madrugada...

Maurício ascendeu às luzes do apartamento. O local era arrumado, possuía um sofá branco, mesa de centro em madeira, televisão 42 e um notebook no canto da parede em cima da mesa. Ele passou pela sala, se dirigindo diretamente a cozinha largando a bolsa no caminho.

Rapidamente ele abriu a geladeira e tirou uma caixa de pizza, jogando-a dentro do micro-ondas. Após aquecer por 1 minuto, ele arrancou um pedaço da pizza e começou a comer. - Não importava o quão quente estava.

Tainá surgiu atrás dele e tocou o ombro dele, chamando-o. Maurício engasgou do susto e começou a tossir.

— Qual a tua? Não se pode surgir atrás dos outros assim. – Ele tossiu uma última vez, puxando uma cadeira e sentando a mesa. Ele engoliu os pedaços mastigados e suspirou. – Tá legal, que história é essa de proteger Pindorama e que merda é essa de Fol-kear.

— Eu fazia parte de um grupo de guardiões...

Ela cruzou os braços sobre o peito enquanto falava, o aperto dos seus braços fez com que seus seios nus saltassem, Maurício engasgou e tossiu.

— Me faz um favor primeiro... – Ele tirou uma camiseta, tamanho GG com as mangas cortadas e deu a ela. – Veste isso, por favor. - Ele entregou a camisa a ela, e tirou outra fatia da Pizza. – E pode comer se quiser.

Ela com certa dificuldade o fez, vestiu a roupa e sentou junto a ele a mesa.

— É melhor eu começar do início… - Ela falou por mais contraditório que fosse. - Em um dia qualquer… Os homens da aldeia foram atacados. Meu pai era grande chefe guerreiro da aldeia. Um certo dia, fogo pegou no mato matou os guerreiros bravos da tribo, e incessantemente feriu povo da minha vila.Meu pai foi até fogo e falou com ele, pediu que parasse de matar guerreiros, o fogo então barganhou com Cacique, disse que queria corpo e em troca pararia de atacar aldeia, meu pai aceitou e ofereceu seu corpo pelo bem da vila, o fogo aceitou. Nesse dia, eu e meus irmãos juramos por Tupã que traríamos grande chefe de volta, eu e meus irmãos e irmã. — Ela cutucou a pizza enquanto falava. — Enquanto nós crescíamos, ganhamos habilidades, nós tínhamos, mas não sabíamos de onde vinha. Conforme ficamos mais velhos, usamos nossos dons pelo bem da vila, esperando por um dia que nunca parecia chegar... Mas no dia de meu casamento, o fogo voltou, nós lutamos e selamos fogo em outro lugar... E meus irmãos deram a vida em sacrifício... Eu selei minha mente num cristal forjado das minhas lágrimas e prendi meus irmãos em outras jóias... E agora você me despertou, depois desse tempo todo.

Enquanto ela falava, Maurício revelava uma expressão de questionamento e incredulidade.

— Tá legal... Um fogo atacou sua aldeia... Seu pai foi possuído... E seus irmãos morreram no dia do seu casamento? – Maurício meneou a cabeça positivamente, com os lábios formando um bico e suas sobrancelhas formando rugas em sua testa. – E eu que achei que o Capuz “Maluco” fosse o maior dos nossos problemas...

— Quem?

— Nada…

— O que mais aconteceu?

— Ele… Matou… Eles.

Maurício se levantou e se apoiou na mesa... Ele cruzou seus braços, soltou um bufado, foi quando percebeu: Tainá estava chorando, por mais que sua expressão fosse de raiva, ela estava chorando.

Maurício coçou a nuca. Não sabia o que fazer, ele se aproximou dela e a abraçou.

— Hey, vai ficar tudo bem...

Ela não teve reação, só ficou parada com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Por mais simples que fossem, aquelas palavras fizeram com que ela se sentisse confiante e pouco aliviada. Ela só queria um ombro amigo.

— Obrigado...

Maurício se levantou.

— Agora coma um pouco de pizza e vá dormir um pouco. Você parece exausta. – Ele falou saindo de lá e indo para o quarto. Apanhando um creme dental e sua escova. Ele parou na frente do espelho. – Que merda tá acontecendo aqui? – Passou água no rosto e suspirou no espelho. - Deus me ajude… Eu vou ser um super herói… - Ele sorriu.

Ele começou a escovar os dentes e seguiu rumo ao banheiro. Quando ouviu a voz de Tainá:

— Você precisa me mostrar onde caça bicho piza.— Ela bradou.

 Maurício que escovava os dentes começou a rir e após isso a tossir, engasgado com a espuma do creme dental, ele caiu na gargalhada, cuspiu a pasta na pia do banheiro e voltou para a cozinha.

— Primeiro: a pronuncia é piTSa, e não piza. – Maurício falou tentando ficar sério. Enquanto ele falava, ela assentiu, como uma criança sendo corrigida por um adulto. – Segundo: Pizza não é um animal, não se caça pizza.

— Então é planta?

Maurício prendeu o riso entre dentes:

— Não, a gente compra de uns caras legais que querem nosso dinheiro.

— Dinheiro?

— É uma moeda, uma forma de pagamento, basicamente serve como troca em uma determinada quantia por algo. – Explicou e ela assentiu positivamente.

— Ah, eu entendi...

Seu comportamento era tão infantil, não como uma criança abestalhada, só era engraçado vê-la reagindo estranhamente a essas coisas que pra ele eram tão familiares.

— Antes que diga mais alguma coisa, você pode dormir no sofá, não tem oca, nem nada do tipo. – Ele concluiu.

— Achei que aqui fosse oca...

— Longa história... Vai dormir, amanhã a gente conversa... Quem sabe eu te arrume umas roupas também.

— Roupas... – Falou se deitando no sofá.

— É... E eu fiquei pensando, se eu for me tornar um herói, tenho que ter um nome maneiro... Algo tipo... Cavaleiro Esmeralda. Ou... Justiça Verde...

Tainá sorriu:

— Eu sei como meu povo te chamaria. Aba Obi.

— O que quer dizer? – A expressão animada de Maurício, tornou-se seria e questionadora.

— Homem Verde. - Respondeu.

Continua...


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