Temporale escrita por Sweet Madness


Capítulo 1
Zuckerklumpen




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Thor adorava doces.

Amava as bebidas Asgardianas, especialmente o hidromel.

Amava as comidas servidas nos banquetes. Especialmente as carnes.

Mas adorava aqueles docinhos delicados que sempre vinham junto das xícaras de infusão que pedia vez ou outra na cozinha.

Não tinha ideia de qual ser tinha toda aquela paciência para fazer aqueles doces delicadinhos. Em Midgard eram chamados de biscoitos. Ele havia levado um para perguntar à lady Romanoff. Ela ficara impressionada com a riqueza de detalhes presente na decoração.

O príncipe herdeiro de Asgard havia passado uma temporada em Midgard dessa vez, e quanto voltou a sua infusão favorita foi a primeira coisa que pediu.

Já com roupas frescas e aceado, o nórdico decidiu ir as cozinhas, não achounjsuto atrapalhar o serviço das cozinheiras naquele dia. Afinal elas preparavam a comemoração do dia de seu nome.

—Sempre capricha mais quando são os dele.

Ouviu a voz do Trapaceiro logo na antessala das cozinhas. O cheiro dos tais biscoitos assados estava imperando. Uma risadinha meiga foi ouvida.

—Não seja bobo, Loki.-Pela fresta da porta, pode ver os longos cabelos roxos presos num rabo de cavalo alto.-Você quer biscoitos todos os dias, não pode querer que eu seja tão criativa. Além do mais, os seus são sempre maiores. Pode pegar a água fervente pra mim?

—Sempre pego, não?

Thor assistiu seu irmão servir a água quente em três xícaras, e o cheiro das infusões tomou o ambiente, até ela abafar as três. Viu a quantia de biscoitinhos prontos e as mãos delicadas que decoravam os docinhos. Uma das mãos era mecânica, assim como parecia ser o apetrecho colado ao rosto dela. Mas Thor só tinha relances da moça.

Acabou batendo delicadamente na porta, assustando o irmão. Mas a mocinha apenas lhe deu um sorriso rápido.

—Desculpe pela demora, majestade. Já está quase tudo pronto.

O loiro foi para o outro lado da mesa, querendo ver o rosto da mocinha.

—É muito habilidosa, senhorita.

Ele viu um rubor arroxeado tomar o rosto baixo, antes que ela o olhasse. Thor quase pulou para trás pela diferença gritante naqueles olhos. Especialmente aquele olho verde neon. Mais do que o maquinário preso ao lado do rosto. Ela voltou a abaixar o rosto, e Loki lhe deu uma legítima cotovelada nas costelas.

—Maureen é uma artista. Ela aprendeu em Midgard.

—Estou vendo.-Thor achou um biscoitinho que estava excluído, a decoração estava levemente tortinha. E colocou inteiro mesmo na boca.-E cozinha maravilhosamente bem. É um prazer conhecê-la.

—O prazer é todo meu, majestade.

•~●~•

Agora Thor gostava de ir as cozinhas para esperar sua infusão.

Na verdade, ele gostava de assistir toda a produção que desaguava em seu mimo. Achava fascinante a delicadeza de movimentos para decorar aquelas pequeninas telas.

—Maureen... Você sabe lutar?

A moça ergueu o rosto. Ela não falava muito desde o que houve com Loki. E isso fazia Thor sentir um aperto no peito. Agora que o moreno estava na masmorra, Maureen não podia visita-lo de forma alguma. Afinal ela não era membro da família real.

—Sei.

E voltou a atividade delicada. O loiro não gostava de ver a menina tão triste. Ela decorava alguns pequenos, onde escrevia alguns dos feitiços que Loki costumava usar.

—Se você me der um sorriso, eu levo os biscoitinhos e o chá pra ele. Entrego em mãos.-O rosto delicado se ergueu, e Thor ganhou um sorriso tímido.-Vamos, tem um sorriso mais bonito que esse guardado ai. Ou ele, ou vai ter de treinar comigo.

—Eu treino com você... Não quero sorrir...

O loiro pegou a bandeja, ganhando um beijo delicado na têmpora.

—Volto logo para podermos desfrutar do nosso chá.

•~●~•


O trapaceiro estava apenas sentado em sua cela. Estava farto das falsas visitas de Frigga, e das toscas falácias de Odin.

Mas era estranho ouvir as passadas ritmadas e o cantarolar da voz do irmão pelas masmorras. Thor detestava aquele lugar tanto quanto Loki. E não tinha razão alguma para querer ver o irmão.

Então havia aquele cheiro tentador de biscoitos e sua infusão favorita, que ele descobriu ser chamada de Chá de Erva Cidreira em Midgard. Agora ele sabia o que o mais velho havia vindo fazer.

—Loki? Está acordado?-O outro levantou devagar. Não por desinteresse, apenas desânimo.-Maureen me pediu para trazer pra você.

Thor abriu a cela e deixou a bandeja no divã onde o mais novo estava sentado. Diferente da reação esperada pelo loiro, Loki apenas pegou sua xícara e um dos biscoitos, comendo em silêncio.

—Maureen não pode vir me ver?

A pergunta súbita quase fez o trovejante pular no lugar, mas conseguiu impedir a cena vergonhosa. Não só a repentinidade do ato, como o tom carente usado pelo caçula. Pigarreou baixo, pesando o que deveria dizer ao irmão.

—Acho que tem certeza disso Loki. Em que circunstâncias Maureen não viria vê-lo se pudesse?

—Tem visto ela com frequência?

—Todos os dias. Eu faço companhia para ela nas cozinhas... Não tenho muito o que fazer por Asgard ultimamente.

—Você pode dizer que a companhia dela o agrada, Thor. Cair nos encantos de uma ninfa como ela é perfeitamente compreensível. Eu mesmo fui, e ainda sou, encantado por ela.

—Ela é uma ninfa?

O trapaceiro parou o que fazia para mirar os olhos verdes, descrentes, no irmão.

—Não. De certo ela é um anão.

•~●~•


Thor tomou sua infusão ao lado da moça de cabelos púrpura. Pensando sobre a informação dada pelo Trapaceiro. Até fazia sentido ela ser uma ninfa, especialmente pela cor dos cabelos. Mas o olho vibrante e aquelas estruturas mecânicas...

Não era uma figura excessivamente delicada e atraente. Ela também não exalava magia, como acontecia com elfos, fadas e outras ninfas que já havia visto ao longo dos séculos.

—Meu olho o incomoda, não é?

Era a segunda vez no dia que era pego de surpresa.

—Não. De onde tirou isso?

—Não para de encarar desde que voltou das masmorras.

—Desculpe a indiscrição.-Pediu sincero. Steve já havia lhe dito que aquele hábito era horrível.-Disse que sabe lutar... Loki me disse que é uma ninfa.

—E ser uma ninfa faz de mim alguém sensível e incapaz de me proteger? Ficaria surpreso com o que posso fazer em um campo de batalha, senhor do trovão.

—Terei o prazer de ver, ou esquece que me prometeu uma sessão na ala de treino?

—Não esqueci, alteza. Não esqueci...

•~●~•


Thor pegou seu martelo de guerra. E ficou observando ela passar a ponta dos dedos humanos pelas armas. Mas ela usou a mão mecânica para escolher as espadas duplas. Thor quase ouviu o aço cortar o ar, com a delicadeza e precisão do movimento que ela fez para retirar as armas do apoio.

—Espadas duplas?

—Por que a surpresa? Sempre ouvi vocês dizendo que eram arma de mulher. Ou diziam isso apenas por que era Loki quem lutava com elas antes de mudar para as adagas?

—Na verdade, não é um equipamento comum em Asgard. Posso supor que não aprendeu aqui?

—Elas são comuns em Nidavelir. Meu avô fez um par pra mim quando eu nasci... Ele nunca chegou a me entregar pessoalmente.

—Já foi a Nidavelir?

—Só uma vez, eu era pequena...

—Eu fui lá buscar Mijönir. Mas, agora... Temos assuntos a tratar, mi lady

O loiro percebeu o desconforto da garota, então largou seu martelo sobre um apoio, pegando um grande machado de guerra, girando-o de forma provocativa, mas ganhou apenas um riso baixo.

Thor foi surpreendido, não só pelas técnicas de luta, como pela força que sua companheira de combate possuía. Acabou ajoelhado no chão, com uma espada pressionando sua nuca, bem no encaixe das vértebras, e a outra lhe prometendo uma cegueira mais do que permanente.

—Cheque Mate, majestade.

—A vitória é toda sua, mi Lady.-Deixou as mãos avista, em um movimento que havia vistos alguns vingadores fazer reproduzirem em momentos semelhantes. A de cabelos roxos se ergueu, e ofereceu a mão para ajudar o príncipe a se levantar.-Maureen...

—Sim?

Os dois guardaram as armas e foram para a casa de banhos da arena. Thor não viu a moça desnuda, pois estavam em pontas opostas do local. E só voltaram a se encontrar a caminho dos jardins. A moça era quem mantinha algumas das flores mais raras que estavam espalhadas pelos jardins reais.

O trovejante a observava poder uma viuveira brava com todo o cuidado do mundo. Não para evitar acidentes, mas para não ferir a planta.

—Maureen... O que fará amanhã?

—Eu não sei, alteza.

—O que acha de um passeio?

Ela pareceu pensar por um momento, encerrando o tratamento da planta. Sua mão humana estava totalmente ferida.

—Se vossa alteza desejar minha companhia.

•~●~•


Tony estava xingando Thor e sua porta arco-íris multidimensional pelo estrago feito no trabalho de seu paisagista.

Os heróis se reuniram na grande janela, ouvindo a voz grave ecoar pelo jardim.

—Maureen? Maureen, está tudo bem?

Sem jeito algum, o loiro tentava amparar uma bonita mocinha de cabelos coloridos. O ápice de interesse do engenheiro na moça foi ao ver as peças mecânicas acopladas ao corpo. Ele não tinha ideia de que os Asgardianos tivessem aquele tipo de tecnologia.

—Tudo bem, Thor...-Ela tentou dar um passo, mas quase foi ao chão, de tão moles que estavam suas pernas.-Talvez não...

Steve serviu um copo cheio de água bem gelada e fez sinal para o amigo trazer a garota. Thor a sentou no sofá, e o capitão lhe forneceu o copo, ganhando um imenso sorriso em agradecimento. Chegou a ficar sem jeito perante a meiguice da visitante.

—Muito obrigada, senhor...

—Steve Rogers, senhorita. É um prazer conhecê-la.

Um a um, os heróis se apresentaram à mocinha, e Tony acabou cutucando todos para saírem, apresentarem algo de Midgard para a visitante.

Thor foi até seu quarto, sem pensar muito que não teria roupas para a nova amiga usar naquele reino. Ficou surpreso quando a viu pegar uma de suas camisas, retirando a parte mais rígida da parte superior de sua roupa. O que tinha por baixo lembrava vagamente o que Natasha chamava de soutien, com a diferença dos trabalhados no couro.

—O que peça bonita.

—Loki quem me deu. E as botas também.

Ela vestiu a camisa, dando um nó na altura de seu quadril, depois de olhar no espelho de corpo inteiro. Soltou os cabelos roxos, e Thor finalmente soube que eles chegavam pouco abaixo da linha cintura, antes de fazer um coque alto, deixando a longa franja solta e ocultando a parte mecânica do rosto. Em contrapartida ela dobrou as mangas até os cotovelos, deixando visível grande parte do braço mecânico. Grande parte do colo e um pouco da peça de couro também ficaram de fora

—Você está bela.

—Obrigada.-Uma faixinha arroxeada surgiu nas bochechas e nariz.-Onde vamos?

—Não tenho ideia. Como sabia fazer isso?

— Eu ando por esses reinos há muito tempo, alteza. Muito tempo...

•~●~•


Thor não demorou a descobrir que Maureen era alguém que gostava de água. E do fogo também.

Tony havia construído uma piscina pequena, cercada por um deque de madeira vermelha. Era quase uma banheira em meio a um dos jardins do Complexo. Era um ligar reservado, perfeito para uma reunião informal. E o lugar favorito de Maureen.

—Então sua namorada vai vir de Londres até aqui para ver você? Os midgardianos são intensos...

O loiro ficou encabulado por ser pego. Claro que ela já sabia que ele fazia isso. Afinal Thor ia vigia-la todas as noites. A vira se despindo inúmeras vezes. Mas não conseguia resistir. Alguma coisa naquela ninfa o chamava de forma sedutora, irresistível.

—São... Muito intensos...

O trovejante perdeu a linha de raciocínio quando ela se ergueu na água. Os cabelos roxos escorriam e modelação seu corpo, mas não cobriram os seios delicados. A água não escondia nada, mas turvava a visão do quadril para baixo.

Haviam runas delicadas tatuadas em cinza e prata na pele extremamente branca. Além daqueles olhos diferentes que pareciam ainda mais acesos na luz das velas.

—Sabe que sua midgardiana poderia não gostar que você me olhe desse jeito. A fidelidade una é importante para elas, Thor. Ela não foi criada nos moldes asgardianos.

—Nem você. Eu te olhar não te incomoda.

—Se fosse Fandral ou Volstagg eu me incomodaria bastante.

O loiro se sentou no deque, colocando os pés dentro da água quente.

—Posso saber por quê?

A ninfa se aproximou do príncipe herdeiro, apoiando os braços cruzados nas pernas expostas pela samba-canção.

—Se eu disser a você que não deve me tocar, faria algo? Levando em consideração que esteja sóbrio.

—Nem bêbado. Isso é desrespeitoso.

—Acha que Fandral tem a mesma consciência?

—Serei um mau amigo se disser que tenho minhas dúvidas?

—Será. Mas as vezes vai precisar escolher entre ser um mau amigo, e um rei omisso. Dependerá de suas prioridades, alteza.

O trovejante escorregou para dentro da água quente, segurando a criatura mística pela cintura. Enquanto uma das mãos ficou espalmada nas costas estreitas, apreciando o veludo da pele, s outra se enroscou nos cabelos roxos, sentindo o quanto eram macios, mesmo molhados.

Ninfas são criaturas fritas para seduzir, impressionar. Não era novidade alguma aquelas texturas que Thor tinha em mãos. Eram seres esteticamente perfeitos, e totalmente defeituosos na personalidade. Afinal não costumavam ser criaturas submissas ou compassivas. Eram guerreiras e decididas. E o príncipe apreciava impetuosidade tanto quanto as curvas de suas amantes.

—Prioridades, você disse... Terei uma nova prioridade está madrugada, mi Lady.-Deixou pequenos beijos pelo pescoço longo.-Você.

•~●~•


Thor não era o tipo de homem que se arrependia do que fazia.

Independente do ciúme ou da criação de sua namorada, acordar com aquela ninfa nos braços não foi nada tormentos ao Deus do Trovão.

Os cabelos roxos já estavam secos e espalhados por seu tronco, uma vez que a dona deles estava acomodada em seu peito. Ela tinha um cheiro bem suave de lírios, mel e chuva. E o príncipe se permitiu apreciar aquele aroma por um tempo.

Sentindo a diferença do ritmo da respiração do corpo maior, a ninfa despertou tranquilamente. Thor foi surpreendido pelo sorriso de canto, e ganhou um leve selar de lábios, antes que ela se erguesse da cama. Desnuda, em toda a sua glória.

As cortinas estavam parcialmente abertas, o que fazia o prata de algumas runas emitirem um brilho laranja pálido,enquanto ela se espreguiçava delicadamente.

Juntos, tomaram uma ducha tranquila e a ninfa se vestiu um pouco antes do príncipe. Pepper e Natasha haviam levado-a para fazer compras em um dos dias que permaneceram por lá.

Thor assistiu enquanto ela passava pouquinha maquiagem, apenas para acentuar ainda mais os olhos contrastantes. A mão mecânica era a mais delicada, apesar de sua estrutura bronca.

Desceram para a cozinha, onde Steve fazia panquecas.

—Bom dia, Capitão!-O beijo no rosto já não o surpreendia mais, porém não deixou de ser um carinho que Rogers apreciava. Ele havia gostado da menina e seu jeito maluquinho, porém tímido.-Eu amo quando faz panquecas.

—Fiz uma especialmente pra você, Maureen.-O loiro dobrou a panqueca quente, fazendo o mel se espalhar no prato, e colocou os cubinhos de manteiga por cima, que derreteram pela temperatura.-Aqui está a sua.

Thor já se servia das panquecas empilhadas na mesa. Os três tomaram café, aos poucos tendo a companhia dos demais vingadores.

Todos viram como a mocinha de cabelos roxos deu um sorriso triste ao ver Thor ir todo contente aguarda a namorada na porta. Ela lavou seu prato e deixou mais um beijo no rosto do capitão.

—Eu queria agradecer por terem me recebido aqui. Senhor Stark, sei que a última visita de outro vindo de Asgard não lhe foi gentil, e peço desculpas pelo comportamento que Loki teve. Foi um prazer poder conhecê-los, são realmente heróis, em mais de um sentido da palavra.

—Espere um minuto, Maureen.-Bruce se pronunciou, após ela ficar quieta com as lágrimas delicada sair se formaram nos olhos diferente.-Você vai embora?

—Não! Não pode ir embora.-Surpreendentemente a negativa viera do próprio Tony.-Ah, Maureen! Fala sério! Você é um doce. E tem nos mostrado conhecimentos além da imaginação. Não nos incomoda recebê-la. Fique.

—Eu gostaria. De verdade... Mas eu não posso. Tem outra pessoa em Asgard que precisa de mim.-Ela deu um suspiro triste. Três lágrimas caíram, e se tornaram pérolas esverdeadas antes de baterem no chão.-Ele é meu melhor amigo. Não posso deixá-lo sozinho rodeado de pessoas que sempre o oprimiram por ser diferente. Acho que alguns de vocês entendem o sofrimento dele. Não que justifique o que ele fez. De forma alguma... Mas a solidão nunca é uma boa aliada.

Todos se despediram, e a menina se foi para os jardins. Foi quando Thor voltou com Erik, Darcy e Jane. O loiro apresentou a todos e imediatamente começou a procurar a ninfa. Mas tudo o que teve foi a luz da Bifrost.

•~●~•


Loki havia fugido novamente. A culpa iria recair sobre a pequena ninfa, caso Heindall não tivesse intervido.

—Pai de todos, por favor. Maureen sequer esteve em Asgard por este tempo. O único momento em que esteve, permaneceu comigo na cúpula. Ela não vê Loki há quase três meses midgardianos.

Da sala do trono, a menina correu para uma pequena cabana a beira de um lago. Era onde ela viva.


Se deitou na estreita cama de folhagens e se deixou verter lágrimas. Embrenhadas nas folhagens já haviam diversas pérolas, frutos sentidas as lágrimas derramadas ao longo dos séculos.

Quando alguém se sentou na beirada da cama e lhe acariciou os cabelos roxos, ela apenas chorou ainda mais.

—Um dia vou fazer uma coroa e um vestido com todas essas pérolas. E você será a mulher mais bela dos nove reinos.

Um beijo suave na têmpora, e o ser se foi da mesma forma que havia surgido. E as lágrimas não pararam de verter em nenhum momento.

•~●~•


Uma chuva fina e fria caiu em Asgard naquela tarde.

Thor havia acabado de voltar para o Reino Dourado. Contara algumas coisas à sua mãe, conversara com seu pai, e pedira sua infusão.

E agora apenas encarava a caneca metálica completamente sem graça e de pouco sabor. Não era o que ele queria.

Por isso tirou toda a armadura, apenas pegou seu martelo e foi, sob a chuva, até a cúpula da Bifrost, onde sentou em silêncio, contemplativo.

—Ela chora.-Os olhos azuis se moveram até o guardião.-Todos os dias. Ela chora.

—Você sabe o por quê?

—Creio eu que por diversos motivos, alteza.-Os dois voltaram a ficar em silencio.-Há uma pequena trilha após o jardim dos lírios. Mas a chuva não facilitará o caminho.

Sem dizer nada além de um agradecimento, Thor se dirigiu aos jardins de Frigga, lançando seu martelo para cima, pegando logo após. Assobiava uma canção qualquer, e continuou a fazê-lo enquanto andava pela trilha.

Não demorou a avistar aquele lugar pequeno, e tão aconchegante quanto sua dona. Sabia que a lareira estava acesa, e o cheiro da infusão estava difuso no ar.

O temporal começou a piorar, assim como as batidas do coração do loiro ficavam mais intensas.

Dizer que a ninfa esperava pela visita seria uma mentira rude. Ela se assustou com o homem grande que bateu em sua porta. Ninguém conhecia aquele caminho, além de Loki.

Thor estava todo molhado. E apesar de se tratar do Deus do Trovão, a moça o trouxe para dentro, para o aconchego da lareira, e lhe arrumou toalhas secas. O loiro retirou a camisa de seda molhada, e secou o tronco, antes de se enrolar na toalha, retirando as calças de couro pesadas.

Uma xícara bonita de porcelana lhe foi entregue. A infusão quente, recém feita. Com pequenos bolinhos no pratinho que a acompanhava, lhe foi dada com cuidado.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo. Thor perto da lareira, olhando a dona daquele cantinho aconchegante, enquanto ela separava pérolas em interessantes tons pastéis. O Trovejante nunca havia visto joias como aquelas em toda a sua vida.

Ele nunca havia conhecido alguém como ela em toda a sua vida.

•~●~•

Aquele era um dia especial. Não estavam em Asgard, e sim hospedados em Wakanda. Tudo o que restara da raça asgardiana.

Loki não, o mago estava em uma... "Viagem" de negócios. Ele havia ido ver a nova namorada, e jamais admitiria isso para ninguém se não sua amiga de infância.

A amiga que agora trajava a coroa e o vestido que ele havia lhe prometido.

A cicatriz em seu colo, presente de Hela, ficava visível no decote. Mas aquilo não incomodava a ninfa. E trazia conforto a Thor.

A fera do vestido era creme, o que destacava e harmonizava todas as pérolas em seus tons únicos. A coroa era de prata, assim como o novo maquinário em seu rosto, e o braço biônico.

As lâminas duplas estavam guardadas sob o travesseiro da grande cama, gentileza de T'Challa.

Thor trajava uma veste que ficava entre um terno midgardiano e as vestes tradicionais de Asgard. Creme com detalhes em vermelho.

Uma pedra rosada brilhava no colar que pensa do pescoço fino da ninfa. A Joia da Alma havia escolhido sua guardiã após o confronto final contra Thanos.

Juntos, os dois saíram do aposento, indo caminhar por Wakanda. Era um dos festivais daquele povo tão simpático. Provaram as comidas e as bebidas, antes de seguirem para um canto mais afastado, iluminado apenas pela lua.

Em determinado ponto, Thor segurou a mão humana, colocado-a sobre seu coração, obtendo toda a atenção de sua acompanhante.

—Maureen... Eu pensei que iria perde-la tantas vezes nos últimos tempos... Ver minha irmã mais velha tentar rasgar seu peito, vê-la enfrentando um titã insano sem medo algum.-Buscou a mão metálica, unindo as duas.-Há alguns você me disse que o tipo de rei que eu seria estava diretamente ligado às minhas prioridades. Você se tornou minha prioridade. Não a coroa, não o povo asgardiano, não minhas relações familiares complicadas, não Midgard. Você.

—Thor...

—Eu sou um homem de intensas emoções, Maureen... Você sabe disso melhor do que muita gente. Eu sou um apaixonado. E minha verdadeira paixão é você. Eu não tenho um reino para ofertar em troca da sua mão. Tudo o que eu tenho são meus sentimentos e promessas. Por isso quero que saiba que estou perdida e eternamente apaixonado por você.

—Seus sentimentos são mais do que o suficiente pra mim, Deus das Tormentas.


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