Realidades - Ernesto e Ema escrita por Anne Liack


Capítulo 5
A Realidade


Notas iniciais do capítulo

Capítulo especial por causa das cenas ERMA de hoje, que por sinal eu ainda não superei.

Aqui TUDO se explica...



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— Ema! Querida, Ema! Acorde!!
 
A voz de Elisabeta desesperada a chamando lhe deu acendeu uma fagulha de esperança no fundo de seu peito! Num susto abriu os olhos, ainda a tempo de ouvir que gritava! 
 
— Ema, calma! Calma! Foi só um pesadelo, está tudo bem!! 
 
— Elisa?! Elisa!
 
A amiga a abraçava forte enquanto ela soluçava e ainda assim olhava ao redor, demorou para se certificar que estava acordada, de que o abandono fora apenas um sonho, pois  ainda estava no cortiço, porém não no quarto de Ernesto e sim no que ela ocupava com Elisabeta e Jane. Fora um pesadelo, entendeu. Fora um pesadelo, repetia a si mesmo enquanto abraçava ainda mais forte a amiga!
 
— Mas foi tão real, Elisa! Tão terrivelmente real! 
 
— Foi apenas um sonho, um pesadelo - Elisabeta a soltou, a encarando segurando seu rosto - Está tudo, Ema! Está tudo bem! Respire fundo - ela obedeceu, percebendo que tremia. - Mais uma vez - pediu Elisa e ela novamente obedeceu. - Oh minha amiga! Que susto você me deu, voltei do café e você estava gritando!
 
— Já é dia? - perguntou soluçando.
 
— Sim!
 
Ela tentou situar-se tentou separar sonho de realidade. Por fim...
 
— E-eu preciso falar com Ernesto! - disso de súbito.
 
— Ernesto? 
 
— Sim! Preciso esclarecer as coisas, Elisa.  
 
Elisabeta levantou-se.
 
— Acho que não é um bom momento, Ema.
 
— Por que?
 
— Ele está magoado!
 
— Magoado? Comigo? O que eu fiz dessa vez? - perguntou confusa sentando-se na cama, secando as lágrimas com as mãos.
 
— Eu não deveria lhe dizer, mas... - Elisa pigarreou. - Ernesto ouviu você falando para Jane que jamais poderia ficar com ele. 
 
Os olhos de Ema se arregalaram.
 
— Ele ouviu?
 
— Sim, ouviu! E como você pode imaginar ele está muito magoado!
 
Ema levantou-se e foi direto para seu mísero baú de poucos vestidos que Jorge havia lhe trazido.
 
— Então é exatamente por isso que eu preciso falar com ele, e esclarecer as coisas.
 
— Ema, isso tem haver com seu sonho? Porque se for, você pode está agindo pelo calor do momento.
 
— Tem haver com meu "pesadelo" sim, mas eu não estou agindo precipitadamente Elisa, na verdade eu já me demorei o suficiente. E nesse passo lento eu tive um vislumbre de como essa história termina, e acredite - parou seu trabalho de catar um vestido "apresentável para ocasião" e olhou para amiga. - Não é nada bonito! 
 
— Tudo bem, eu entendo! Mas você não acha melhor se acalmar antes – disse Elisabeta se pondo realmente preocupada, andou até amiga trazendo-a para sentar-se na cama novamente – Não quer me contar o que aconteceu nesse pesadelo?
 
— Foi horrível! – disse, sua voz ainda um tanto alterada e com um aperto no peito, não queria falar sobre o que vira, não queria reviver aquele último sentimento antes de abrir os olhos. Mas, achou que seria necessário realmente se acalmar. – Eu machuquei todos, Elisa! – lágrimas vieram a seus olhos. – Pela minha covardia deixei as coisas irem longe demais e aí acabei com tudo, machuquei todos!
 
— Ema?! – Elisabeta não sabia o que dizer, até porque não estava entendendo muito bem ao que ela se referia.
 
— É como se eu tivesse visto o meu futuro. E foi tão real – ela repetiu. – Eu senti cada sentimento. Ainda posso senti-los se pensar. E agora simplesmente só consigo agradecer por ter sido um sonho, porque eu acho que não saberia viver com aquele remorso. – ela pensou um pouco. – Às vezes agimos pensando apenas em nossos sentimentos, querendo nos proteger, querendo realizar as nossas vontades! Mas, quando  os sentimentos são contrários as nossas vontades... agora entendo que não é inteligente lutar contra eles, uma hora ou outra eles vencem, e sabe-se lá o estrago que você já terá feito tentando controlá-los. É uma avalanche, um efeito dominó. Jorge, papai, vovô, Ernesto... e é tudo em vão, Elisa.
 
— Mesmo não entendendo o contexto,  acho que está certa! – disse Elisa, lhe fazendo um carinho nos cabelos. Tomando para ela mesma as palavras da amiga – Você tem a oportunidade de fazer diferente então. Ser corajosa!
 
— Sim! – ele disse enxugando as lágrimas. – E é exatamente isso que pretendo fazer. – levantou-se novamente e voltou para o baú. – Um vestido novo não me faria mal nesse momento... Não, não Ema, concentre-se! Ficará sem vestidos novos por um bom tempo!
 

 

Elisabeta  sorriu, Ema estava crescendo, amadurecendo. Mas sempre seria Ema!  E torceu, torceu muito para que tudo entre os amigos terminasse bem.

 

 

 

Ema teve que esperar até à hora do almoço, até Ernesto voltar do trabalho, o que lhe pareceu uma eternidade. Porém, apesar da ansiedade, ela achou que foi melhor para se acalmar, o rosto desinchar das lágrimas e finalmente parar de tremer. E então lá e estava ela parada na frente do quarto dele, naquela mesma porta em que em seu sonho batera trajada de noiva. Respirou fundo e finalmente bateu.  Nem três segundos e Ernesto já tinha aberto a porta, ao vê-la assumiu uma carranca e um olhar altivo. 

 

 

— O que quer?

 

— Não seja groseiro! Arre! Você realmente não cria modos?! - ela reclamou.

 

Ele rolou os olhos.

 

— Como já lhe disse uma vez, nem minha mama conseguiu essa proeza! E agora baronesinha, se me der licença, eu tenho que voltar ao trabalho. 

 

— Não sem antes me ouvir! - ela disse e o empurrou para dentro do quarto, entrando junto e fechando a porta atrás de si. Ernesto a olhava entre abismado e divertido. – Quero lhe falar e você irá me ouvir italiano bronco!

 

Ele suspirou, querendo demonstrar impaciência.

 

— Tudo bem! Tudo bem... Sou-lhe só ouvidos, baronesinha! - ele lhe fez uma referencia e permitiu que ela começasse a falar.

 

Ema respirou fundo!

 

— Ernesto, eu... eu... – como é possível ela ter perdido na mente o discurso que havia ensaiado a manhã toda?

 

— Desenvolveu gagueira?

 

— Não troce de mim! Apenas não sei, eu só não sei mais por onde começar... - ela pareceu totalmente frustrada, uma coisa era falar  tudo que sentia em sua mente, outra era está de frente a Ernesto, Ernesto e aquele seu olhar petulante. - Não sei como me explicar! 

 

— Não precisa se explicar, eu já entendi, entendi tudo!  

 

— Não Ernesto você não entendeu, é exatamente o contrario. Não é o que pensa. 

 

— Tem razão, eu não estou entendendo!

 

Ela sentiu que já tinha ouvido aquilo antes, e lembrou de certa parte de seu sonho:

 

 "Eu não entendo!" ele havia dito.

 

"Não entende?! O que não entende? É tão óbvio! Você estava certo, Ernesto. Você sempre esteve certo!

 

"Repita isso, por favor... É um momento único na vida! A baronesinha admitindo que o carcamano aqui sempre esteve certo!"

 

 

Ela sorriu consigo mesma, não querendo lhe dar aquele gostinho!

 

— Não seja arrogante! Eu estou realmente tentando fazer uma coisa aqui, uma coisa que para mim não é fácil! E você não facilita nenhum pouco! 

 

— E por que eu deveria facilitar, baronesinha? Por acaso a senhorita alguma vez facilitou as coisas para mim? Alias, porque insiste em vir até mim, hein? Por que insiste em falar ao prego, bruto, pobre que não lhe serve?

 

— Estou tentando lhe dizer, mas o senhor não deixa! –

 

— Porque não quero ouvir! Se veio se desculpar mais uma vez, perdeu seu precioso tempo!

 

— Eu não vim me desculpar...

 

— Claro que não! Onde eu estava com a cabeça!

 

— Me deixe falar seu... seu... seu bronco! – ela exasperou-se o segurando pela frente das vestes, ficando perigosamente perto!

 

— Pois então diga de uma vez! – ele disse a voz rouca e contida, o olhar desenhando o contorno dos lábios dela, havia tanto desejo ali.

 

Ela não esperou outro segundo, naquele furacão que estava seus sentimentos, onde seu coração bobeava de medo e nervoso, de desejo e constatação, ela não podia fazer diferente. Simplesmente beijo-o com toda paixão que reprimia. Ernesto de sua parte demorou apenas poucos segundos para se dar conta do que estava acontecendo, Ema realmente  havia atirado-se em seus braços. Sorriu ainda em meio ao beijo e quando ela tencionou afastar-se ele a agarrou, a prendendo com força em seu abraço finalmente retribuindo aquele beijo tão ansiosamente esperado.

 


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Notas finais do capítulo

Oie.....

Gente, vamos lá... Espero não ter decepcionado muito com o fato do casamento com o Jorge ter sido "um sonho". Vejam bem, eu vejo a Ema como uma pessoa realmente sensivel, e na historia não quis da a ela o peso de ter machucado pessoas que ela ama o pai, o avô, e ate mesmo o Jorge que ela tem como amigo. Mas também queria que ela visse o que acontece quando tomamos escolhas erradas.

Bem espero que tenham gostado DA REALIDADE!
E acho que estamos chegando ao final. Particularmente eu não gosto de fics longa, acaba enrolando a história.

Próximo Capítulo: O Começo
Até lá...
Um Xero!



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