Realidades - Ernesto e Ema escrita por Anne Liack


Capítulo 3
O Casamento


Notas iniciais do capítulo

~ Fim do Flashback

Como será o casamento de Ema e Jorge? Descubra...



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As batidas na porta a despertou de seus devaneios, seu pai que entrara havia estancado a olhando encantado!

— Ema! – disse por fim. – Que preciosidade está, minha filha! – os olhos de Aurélio marejaram. 

 

— Ora papai, por favor, não me invente de chorar ou eu estragarei minha pintura! - disse sorrindo e abanando os olhos. 

 

— Tudo bem, tudo bem, minha filha! - disse ele, recompondo-se. - Vim buscá-la! Já estão a sua espera!

 

Ela sorriu e se pôs ereta, apanhou seu buquê em cima da cama e seguiu para o pai. Mas, antes de saírem Aurélio a fez parar.

 

— Estou muito feliz e orgulhoso de você, Ema! E a única coisa que quero nesta vida é que seja feliz! Apenas concedi sua mão a Jorge porque sei de sua estima por ele. 

 

— Eu sei papai! - ela engoliu o choro que ainda a ameaçava! 

 

— Me prometa que tentará ser feliz, Ema! Me prometa que fará o possível para ser feliz!

 

— E-eu... Eu prometo, papai! - Aurélio enxugou a lágrima solitária que rolou na face da filha. 

 

— Está pronta?

 

Não confiando em si para proferir qualquer palavra que fosse, ela apenas assentiu. 

 

#

 

A Igreja de São Francisco de Assis estava belamente enfeitada com rosas brancas e cor de rosa, tudo bem delicado, mas não menos exuberante. Jorge era um homem simples, porém queria dar a Ema o casamento que ela jamais sonhara e não mediu esforços para isso. Ema, porém em sua nova fase mais consciente das verdadeiras necessidades da vida, fora bem econômica segundo as contas que Tenória o apresentava. Mas, por fim, tudo tinha ficado bem caprichado. A Igreja não estava lotada, por assim dizer, apenas alguns amigos do ofício de Jorge, mais os de Ema e suas famílias, aquele bocado já era suficiente para povoar bem o casamento. 

 

E foi essa movimentação que Ema viu quando o carro estacionou. Tudo nela estava frio, desde as mãos até o estômago. Os nervos a flor da pele com a apreensão, a respiração descompassada a deixava cada vez mais aflita, a visão se embaçava e a única coisa que ela desejava era fugir dali, sair correndo sem olhar para trás. Mas, não podia fazê-lo. Então, respirou fundo,  uma e duas vezes. 

 

Sentiu seu pai segurar-lhe a mão e lhe dar um meio sorriso apreensivo!  

 

— Vai ficar tudo bem! - disse ele. Aquelas palavras não à confortou, mas ela sorriu. 

 

Viu Elisabeta descer as escadarias, junto com Darcy, Camilo e Jane. Viu também que seu avô sentado em sua cadeira de rodas a olhava no patamar da entrada ao lado de Tenória.

 

— Está tudo pronto! - anunciou Elisabeta quando chegou perto suficiente. Ema realmente não tinha percebido que as pessoas que circulavam por ali quando o carro estacionou já haviam entrado. 

 

Aurélio a ajudou a descer.

 

— Está linda, Ema! - elogiou-lhe Darcy

 

— Grata! - foi o que conseguiu murmurar.

 

— Você está bem? - perguntou-lhe Elisa.

 

— Sim, só um pouco nervosa, eu acho!

 

— Natural! - comentou Camilo. - Tão certo, não muito diferente de mim no nosso dia - ele olhou para Jane, Ema viu os olhos de ambos brilharem, como se a imagem do dia do casamento deles estivesse passando diante de seus olhos. Ela se perguntou se um dia olharia para Jorge com aquela cumplicidade, se veriam momentos bonitos deles apenas olhando nos olhos um do outro.

 

— Bem, se está tudo certo, creio que devemos ir - disse Aurélio.  - Está realmente pronta, Ema?

 

Ela novamente apenas assentiu. Agarrada ao braço do pai subiu as escadarias. Seu avô a esperava já com os olhos rasos.

 

— Você está uma verdadeira princesa, meu anjo! - disse ele, ao que ela se abaixou um pouco para receber um afago na face. - Nunca vi retrato mais lindo!

 

— Obrigada vovô! – disse com a voz embargada, os olhos rasos novamente.

 

— Prometa que será feliz, Ema! - rogou ele, era realmente uma suplica ás lagrimas escorrendo pela enrugada face, confirmava isso. - Por favor, me prometa, minha querida!

 

— Eu prometo vovô! Prometo! - ela também chorava.

 

— Então eu a abençôo minha filha, em qualquer passo que você der! 

 

— Obrigada! 

 

— Vamos Barão, o senhor é o primeiro a entrar. - anunciou Tenória.

 

E assim se seguiu, depois do Barão e Tenória, Jane e Camilo, em seguida Elisabeta e Darcy. Ema via todos sumirem pelas portas da igreja e aquilo aumentava seu nervosismo, a sensação era que a cada casal que seguia ela ia ficando cada vez mais sozinha. Era uma sensação de abandono que ela sabia que não devia está sentindo, porém não podia negar que o estava. 

 

Enfim, chegou sua vez, passo ante passo, bem agarrada ao braço do pai, o buquê bem preso na outra mão. Ema desfilava lentamente pela nave da catedral. Ela deveria sorrir, e tentou fazê-lo, mas estava assustada. Dos poucos rostos ali, menos ainda eram os que ela conhecia, porém todos tinham sorrisos encantadores e encorajadores, embora aquilo não significasse muito para ela. Olhou para o altar, Camilo estendia um lenço para Jane, Darcy olhava para Elisabeta, divagando, parecia que via ela vestida de noiva, seu avô fungava num lenço, Tenória apertava Estilingue que a olhava embasbacado e enfim viu seu noivo. Jorge tinha o olhar de quem contemplava uma aparição divina, os olhos rasos e um meio sorriso. Ema só se deu conta que havia chegado até o altar quando sentiu o braço de seu pai afrouxar do seu, ele cumprimentou Jorge e passou sua mão para ele, o advogado sorriu emocionado e lhe beijou a testa, depois a conduziu, virando-os para o padre.

 

A cerimônia se seguiu, porém Ema não prestara atenção em uma só palavra. Sua mente não conseguia se prender aquele local, ela voava sem rumo, hora para a vida que tivera, hora para vida que teria, hora para vida que podia ter tido. Aquele era o seu casamento, só se casa uma vez na vida, ela tinha que prestar atenção, tinha! "Você não ama Jorge o suficiente para ter com ele o que o casamento exige." a voz de Elisabeta soou em sua mente, ela olhou para amiga que atenta prestava atenção nas palavras do padre e não parecia ter aberto a boca. Respirou fundo, tentou fazer o mesmo, prestar atenção.



— Estamos falando da fidelidade conjugal - dizia o velho sacerdote. - Quando um pertence ao outro apenas. Essa é a verdadeira fidelidade no enlace do matrimônio. Farão a partir de então morrer os sentimentos de seus corpos e serão dois em um só, até o último suspiro nessa terra.



"É Jorge que você vê ao seu lado quando fecha os olhos e se ver daqui a cinqüenta anos? É Jorge que você deseja que a aqueça a noite em sua cama? É a Jorge a quem você quer dar filhos, Ema?! É ele quem você deseja?" a voz de Elisa novamente gritou em sua mente. O que estava acontecendo com ela? Concentre-se Ema, concentre-se! Exigiu a si mesma. 

 

— Jorge Nascimento aceita Ema Cavalcante como sua legitima esposa, prometendo-lhe ser fiel, respeitá-la e amá-la até o fim de sua vida?

 

Jorge a olhou.

 

— Aceito! - ele sorriu.

 

— Ema Cavalcante aceita  Jorge Nascimento como seu legitimo esposo, prometendo-lhe ser fiel, respeitá-lo e amá-lo até o fim de sua vida? 

 

— Amá-lo! Amá-lo - ela repetia em sua mente, mas não só em sua mente, imperceptivelmente sua boca murmurava desconexamente. 

 

"Não faça isso, Ema! Você não o ama!" dessa vez a voz de Ernesto lhe assaltou, e foi tão real que ela sobressaltou-se meio assustada, olhando ao seu redor procurando-o. Mas, ele não estava lá! Era a sua mente, era sua mente a acusando.Porque ela não podia jurar fidelidade a Jorge! Não podia, perante Deus jurar que o amaria. "Você não o ama! Não é isso que sente quando está com ele...  Não fique comigo, é um direito seu. Mas, não case com ele!". Ela não podia, realmente não podia. 

 

— Ema, você está bem? - ouviu a voz do noivo, perguntar-lhe. 

 

Ela ofegava, olhava assustada para os ao seu redor. 

 

— Ema querida..?! - seu pai, aproximou-se.

 

"Me prometa que tentará ser feliz, Ema! Me prometa que fará o possível para ser feliz!" a voz de Aurélio lhe veio novamente, mas naquele momento ele não falava, a figura de seu pai a sua frente apenas a olhava apreensivo.  

 

— Eu estou tentando - balbuciou novamente.

 

— Ema?!

 

Enfim, ela olhou para o avô, este tinha a face surpresa e preocupada, porém algo em seu olhar lhe dizia: "Eu a abençôo minha filha, em qualquer passo que você der!" Ela assentiu para ele. Sabia o que tinha de fazer,mas como faria, justamente agora?



"Só lhe digo para nunca, absolutamente nunca duvidar de si mesma! É mais forte e corajosa do que pensa, baronesinha!" 



Ninguém entendia o que estava acontecendo, Ema parecia transtornada, seus olhos estavam visivelmente rasos d'água, respirava com dificuldade. Ela parecia tentar se controlar, mas era em vão, respirou fundo por fim, e então encarou o noivo!

 

— Eu não posso...

 

— Ema?!

 

— Eu lamento Jorge, lamento profundamente, mas... Simplesmente não posso! - ela sentiu as lágrimas molharem seu rosto enquanto via as de Jorge lhe fazer o mesmo, o olhar ferido e magoado que ele lhe lançou ficaria para sempre em sua mente. - Me perdoe! - não suportando mais todos aqueles olhares sobre si, saiu em disparada pela nave da igreja ecoando entonação de espanto dos convidados. 

 

Lá fora, ainda virou-se de um lado para outro na esperança louca de que talvez estivesse ali a esperando o maldito italiano que a fizera enlouquecer, porém só encontrou a avenida de sempre, com as pessoas desapercebidas passando de um lado para outro. Correu, segurando a saia do vestido para não tropeçar, ainda ouviu seu nome ser chamado por vozes diferentes, porém não quis dá ouvidos. Não quis ser Ema Cavalcante, naquele momento era mulher que tomaria o controle de seu futuro, e está mulher era bem diferente da Ema Cavalcante que eles chamavam. Continuou a correr até o outro lado da avenida, dali tomou um carro de praça e foi-se.

 

...


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Notas finais do capítulo

E aí, me digam vocês o que acontecerá?

PS: Capitulo especial para a Tris Lupin e a Priscielle (@afetogune) que sempre me incentiva com os comentários!

Próximo Capitulo: O Reencontro



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