“É uma paixão adolescente.”

Era o que dizia sua mente, nos seus belos 15 anos. Era algo que estava para acontecer: passavam tanto tempo juntos que ela acabou adquirindo sentimentos por ele. Mas não passava disso, ela mentia. Ninguém sabia da sua paixonite, como gostava de chamar. Contudo, havia passado, certo? Ela não sentia mais nada. Tinha certeza disso.

“É só um beijo, apenas isso.”

Foi o que sua mente lhe disse naquela noite. Eles estavam sozinhos no pátio de Hogwarts - tinham feito uma festa para comemorar a vitória: a guerra havia sido ganha. Voldemort, finalmente, tinha sido derrotado -, e conversavam como não faziam há muito tempo. Então, de repente, ele a beijou. E aquilo seria perfeito, se ambos não namorassem. O beijo acabou e houve um pedido de desculpas. “Tudo bem, foi só uma vez. Isso não irá se repetir, afinal, somos amigos. Esse pode ser o nosso segredo?”, ela disse. E tentou, de todas as formas, ignorar aquele sentimento que, para sua infelicidade, havia voltado.

“É nossa última noite, Harry!”

Era o que dizia antes de render-se a ele. Anos haviam se passado desde o beijo e o que deveria ter sido apenas uma vez, acabou acontecendo mais duas, três, quatro… mil vezes. Ela odiava ser a segunda, odiava tudo aquilo, mas amava os momentos à sós com ele. Amava o toque dele, o sorriso e as juras de amor que faziam. Era uma ilusão, ela sabia. Contudo, ela o amava e ele dizia sentir o mesmo.

“Eu vou contar tudo, eu vou acabar com essa mentira!”

Disse após mais uma noite, porém ela não contou. Ela não seria capaz de magoar o marido e a sua melhor amiga. Ela os amava demais para destruí-los daquela forma. Ela podia fugir, podia correr e terminar com aquele “relacionamento”, mas quando se tratava de sentimentos, ela era fraca.

“Eu estou grávida, Harry e a criança é sua!”

Hermione viu seu mundo desabar quando descobriu a gravidez. Ela estava feliz, claro, seria mãe! Mas sabia que não era de Ronald. Ela sabia que aquelas noites lhe trariam consequência. Hermione sabia que não podia contar a verdade, mesmo que aquilo tivesse ido longe demais. E, mais uma vez, ela mentiu. Porque mesmo não amando Rony do jeito que amava Harry, ela sabia que ele seria um ótimo pai para sua garotinha.

“Acabou.”

Ela disse, depois de anos, para ele. Durante tanto tempo ela escondeu-se, mentiu, e aguentou aquilo por amá-lo. Mas se fosse amor, não seria daquela maneira, as escondidas, por baixo de tantas mentiras. “Rose sabe a verdade e concordou em guardar esse segredo. Só que… Eu não quero mais. Eu cansei. Nunca foi amor, sempre foi atração. Quem não gosta do proibido? Talvez, eu te ame. Mas você não sente o mesmo. Minha filha, minha garotinha, está levando consigo para o resto da vida um maldito segredo. Eu não queria isso. Eu não quero isso. Acabou, Harry. De hoje em diante, nós somos amigos. Como devíamos ter sido.”

“Doeu, doeu muito. Contudo, já estava na hora.”

Disse para si, enquanto sentia Rony abraçá-la. E então, ela sorriu - mesmo que estive chorando por dentro - e disse “eu também te amo, meu amor.”