Expresso 0705 escrita por Blue Martell


Capítulo 1
Paradas, Bips e Matérias


Notas iniciais do capítulo

Hi, pessoas! Eu sei, eu sei... Faz séculos que não atualizo nada. Não, eu não estava em semana de provas, nenhum parente meu morreu nem nada disso. Eu só não estava com a mínima vontade de escrever e não o fiz. Prefiro vir aqui e trazer algo que eu estarei pelo menos satisfeita com o resultado do que algo toda semana que eu sei que não terá conteúdo algum, esero que entendam. No mais, isso aqui é uma onezinha básica, de Naruto e crackshipp. Espero que se divirtam com a história e boa leitura!



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Estava a mais de duas horas naquele maldito ônibus. Estressado e nervoso com as coisas em casa, não conseguia se concentrar nas provas, e com isso, a preocupação com as notas do semestre não paravam de atormentar sua mente. A mão, dolorida de tanto escrever resumos para a aula de Fundamento das Ciências Sociais, não parava de rabiscar no painel digital atrás da poltrona à sua frente.

Gostava de rabiscar, lhe anuviava a mente, tirava suas preocupações, mais do que nuvens até! Mas não mais do que o cheiro amadeirado e muito conhecido de seu olfato que acabara de entrar no ônibus acompanhado de um loiro barulhento. Não precisou olhar, o sorriso de canto brotou instantaneamente e ele não teria escolha a não ser se largar mais na cadeira e beber de sua garrafa. Ai, senhor, teria ele feito algo pra sentir uma atração tão fodida logo pelo cara mais… Peculiar? Diferente? Extremamente lindo do curso de Educação Física? Ele acreditava que não, sabia que não. Mas o seu interior quente só por sentir o loiro por perto já denunciava o quão atraído estava.

— SASUUUUKE, NÃO ESQUECE DE LEVAR A HOSKOFF!!!!

Além de tudo, era barulhento. Ele gostava tanto de paz, de silêncio… Atração de opostos? Não, era cético demais pra isso. Sei lá. Só sabia que em todas às vezes que se viam e interagiam, algo se apossava dele. Algo quente e apressado. Talvez o gosto por anestésicos que faziam mal e a habilidade de se atrasar mesmo sem prazo os fizessem se aproximar mais.

Quando a movimentação ao seu lado denunciou que alguém sentara foi que ele percebeu que era o próprio dono de seus devaneios que o fizera. 

— Oi! É o Shikamaru, né? Uma amiga me falou de você! Disse que te conhecia… Mas eu não me lembro o nome dela agora… Era simples...

Por todos os santos, todo mundo, todo mundo menos a-...

— Ino! Era esse o nome dela!

Caralho, fodeu muito.

Tirou um dos lados do fone de ouvido mesmo que não atrapalhasse, e estalou o dedo médio, pensando no que a bendita Yamanaka curvilínea havia dito a ele.

— Sou sim. E você é…?

Como se ele não soubesse, como se ele não tivesse procurado no Facebook e stalkeado todo o grupo de Educação Física da UFK.

— Naruto. Naruto Uzumaki, prazer.

Ele lhe deu dois selinhos, um em cada bochecha. Não corava assim desde que soube que havia ganhado a olimpíada de matemática.

— Então… Ela me falou de você e disse que você poderia me ajudar com o meu Aluno Online. Estou tendo problemas demais com ele e como entrei no meio do semestre, está sendo bem difícil pegar as coisas e acessar tudo ao mesmo tempo.

Surgiu um rasgo no clima. Claro, ele não viera falar consigo pelos seus cabelos gloriosamente presos no meu penteado, mas sim pela necessidade de ajuda. Poxa, magoava, pensou risonho.

— Claro, posso sim. Quando dá pra você?

— Que tal hoje a noite? Logo depois podemos ir a festa da Tayuya. Ela é uma grande amiga e hoje é o aniversário dela. Quer vir comigo?

Tá, acreditava que dava para costurar o clima com esse convite.

— Eu não sou de sair muito, mas… É, uma noite só, não é? Vamos sim.

— Ahh, legal! Obrigado!! Pode ser na Biblioteca Senju? Ela é a única que fica aberta até um pouco mais tarde.

Assenti, já imaginando.

— Obrigado, Shika, até a noite! Posso te chamar de Shika, não é?

O apelido o fizera empalidecer.

— Aham — murmurou.

— Ótimo, até!

Observou-o puxar o sinal e descer. Logo depois do outro sair, escorregou no banco vendo o outro caminhar e ir rumo ao bairro Olmino… Caraca, o que foi isso que  acontecera ali?

•°•

Eram 20h em ponto. Já estava na biblioteca há um tempinho, levara o notebook e sentara numa das mesas na área de astronomia. Adorava observar estrelas mas tinha preguiça de acordar de madrugada pra ficar observando com a calmaria que gostaria. Quando seus olhos passavam sobre a Ursa Maior na capa de um livro, sentiu novamente seu cheiro. Soube que era ele.

Logo depois, para constatar suas suspeitas, ouviu um barulho de algo caindo no chão. Olhou pra trás, com a mão ainda sobre o livro na estante. Ele havia acabado de deixar cair o celular, ouviu um resmungo contrariado e um suspiro.

— Não olhe assim pra mim, eu sou desastrado por natureza.

Automaticamente levantara  as mãos em sinal de rendição e ele riu, se aproximando enquanto Shikamaru prendeu a respiração. Deu-lhe dois selinhos demorados nas bochechas e logo perguntou por onde íam começar, sentando-se e batendo na cadeira ao seu lado.

Tratou de logo explicar-lhe cada aba, onde colocar matrícula e senha, a resolver captchas enjoados… Enfim…

1:30h depois, Naruto já havia lido quatro slides de anatomia, feito um AA, assistido uma vídeo aula e feito um exercício de Língua Portuguesa. Provavelmente já sabia até mais que ele… Naruto aprendia tão rápido.

Contentou-se em ficar jogado nos puffs com livros de astrofísica ao seu redor. Gostava deles, eram interessantes. Até que sentiu o outro lado do puff abaixar.

— Ai, Deuses, isso é complicado mas graças aos céus eu aprendi. Achei que fosse ficar sem nada desse negócio.

— Não é reprovativo — disse-lhe, fechando o livro de HTML — Você faz só se quiser uns pontos extras.

— Pontos extras, sério? Acho que não preciso deles.

— Caraca, alguém pra dispensar pontos assim tem que estar muito bem.

— Existe uma grande diferença entre estar bem e se garantir. Eu me garanto.

— Nossa. E eu achando que estava arrebentando nas trimestrais. — suspirou risonho.

Ouviram a campainha da biblioteca indicando que a mesma fecharia em alguns poucos minutos, e pedindo que guardassem os materiais antes de ir. Assim que arrumaram os puffs e a mesa. Desceram as escadas, quando chegaram lá na frente, Naruto disse-lhe enquanto atravessavam a rua que precisava pegar o metrô.

— É o único expresso a esta hora, demora demais! — disse, bagunçando os fios loiros com as mãos, agoniado.

— Por acaso seria o 0705? Aquele que vem bem ali?

— Caraca, sim! Que sorte!

O veículo parou ruidosamente a frente deles, abrindo as portas e deixando toda a galera passar. Como eles já tinham passado pelas borboletas e comprado as passagens, puderam embarcar tranquilamente. Só lá dentro que Naruto lembrou de perguntar.

— Ei, espera, por que veio?

— Oi? Eu moro um quarteirão depois da sua parada. É o mesmo caminho, todo dia.

— Caraca, serião? Nunca havia percebido. Que legal.

— Realmente…

Ele estava… Anuviado. Naruto era alguém tão agradável, íntimo… Eles mal haviam trocado bom dia ou boa tarde das vezes que se encontram, seja com amigos ou sozinhos, tanto é que não sabiam o nome um do outro. Mas sei lá, parecia fazer mais tempo que isso.

Conversaram sobre astrologia, o qual Naruto era fascinado. Sobre matemática, que ele era um horror. Sobre a paixão dele por história…

Mas por mais que quisesse ficar pra sempre naquela conversa tão agradável, a parada de Naruto chegou.

— Bem, tchau. A gente se vê na faculdade.

— Não vem a festa? — perguntou-me, quase esperançoso.

— Não, eu tenho muito trabalho em casa. Mas divirta-se!

— Claro! A gente se vê.

E então ele andou até a porta para esperar o metrô parar, até que se sobressaltou e repentinamente se encaminhou para Shikamaru de novo, abaixando um pouco pra que ficasse da altura do seu rosto, já que estava sentado.

— Quase ia me esquecendo…

E então os lábios de Shikamaru foram pressionados sutilmente mas indiscutivelmente sim, era um beijo. Suave e macio como ele jamais esperava que seria.

— Não podia deixar de ir sem-...

— Eu que não podia, shii…

Dessa vez não foi suave, nem calmo. Shikamaru passou os braços pela cintura e pressionou os lábios de Naruto quase que rudemente, o fazendo sentar em seu colo. O vagão estava vazio como sempre ficava nas últimas paradas o que fez ele não se importar nenhum pouquinho com a maneira impudica que se beijavam.

Subira as mãos lentamente por dentro da camisa de Naruto e sentiu-o respirar mais forte entre o beijo. O ósculo foi tão bom e demorado que quando se separaram, estavam sem fôlego e as portas já tinham aberto e fechado outra vez.

— Desculpe, fiz você perder a parada.

— Sim, verdade. Mas sempre haverá outras paradas e outros expressos 0705, não é?

Shikamaru riu anasaladamente, e concluiu.

— Realmente, sempre terá. 


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Notas finais do capítulo

E é isso, creanças! Espero que tenham gostado, até a próxima!



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