Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Este cap tem um gigantesco flashback da infância da Line... aliás, todo o cap é esse flashback, praticamente.
Estejam com muita atenção...

Bjo!



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VII

Vozes… apenas vozes; era tudo o que lhe preenchia a mente… vozes impossíveis de serem detidas… memórias assoladoras, esquecidas por anos… lentamente, as vozes tornaram-se vultos… recordações…

Uma mulher chorava amargamente. O seu amante estava à sua frente, o homem que amava. Ele não chorava, e a pequena Line não percebia o porquê da mãe estar naquele estado… só mais tarde percebeu.

- Por favor… tens mesmo de o fazer? Não há outra maneira?

O homem belo continuava de semblante sério. No entanto, a pequena notara o olhar desolado que não conseguia ficar escondido dentro dele. Sim, ele amava a sua mãe, de certeza absoluta. Mas…

- Tenho de ir… tenta compreender! – disse ele exasperado. A pequena Line assustou-se coma ferocidade que emanava dele. Porque é que tinha de deixar a mãe? Não compreendia… queria chorar, mas a mãe tinha sido bem clara: ela não se podia mexer, nem fazer barulho nenhum. Aquele homem não devia saber da sua existência… mas porquê? Ele era bonito, gostava da sua mãe, mas… estava estranho. Até ela, que não o conhecia, se apercebera que ele estava mudado… estava a ficar assustador. A pequena Line fechou os olhos com força, apenas ouvindo o soluçar constante da mãe.

- Se soubesse que isto ia ser assim nem me tinha vindo despedir. Talvez tivesse sido melhor deixar de aparecer por aqui… talvez fosse melhor… agora não há nada a fazer. – dizia ele pensativo.

- Odeio-te! Metes-me nojo! Como é que és capaz…?

- Não tenho escolha! É a minha vida, a minha natureza! Errei e agora não tenho outro remédio. A minha sede foi a minha desgraça. Sempre soubeste como era e aceitaste-me, mesmo assim.

- Sim, e agora pergunto-me por que o fiz! Meu deus… - novo soluço.

A voz do homem estava gelada, mas suave ao mesmo tempo. Era assustador. – Deus não existe… se existisse, eu não existiria… malditas crenças muggles! – disse num pequeno aparte - Sendo assim, é só somar dois mais dois.

- Dizes isso, mas utilizas as suas expressões… Porque tens de ser assim? Porque não podes agir como qualquer pessoa? - a voz modificou-se, deixando transparecer apenas profunda tristeza – Por favor… tu sabes porque te amo. Eu acredito em ti. Acredito que ainda podes sair disso, ainda podes controlar o teu próprio destino! Tu tens esse poder dentro de ti, eu sei-o! Eu confio em ti…

A voz dele também se suavizou – Eu sei, e talvez seja esse o teu erro. Eu… - fez uma pequena pausa.

Line abriu um dos olhos, ficando a observar a cena. A sua mãe estava com esboço de sorriso, um sorriso de profunda tristeza; os seus cabelos castanhos-claros estavam colados à sua face, devido à chuva fina que começara a cair. O homem belo estava também desolado, olhando amorosamente para a sua mãe. Por que é que ele não lhe dizia que a amava também? Não era assim que se fazia? Ou era só na imaginação das pessoas?

Ele estava ligeiramente diferente… parecia mais… ela não conseguia explicar. Tinha de estar afastada da dupla, devido às exigências da mãe, e a chuva provocava uma cortina entre o casal e a pequena, coberta com o manto da invisibilidade, debaixo de um telheiro. Só sabia que ele estava diferente.

Tinham as mãos dadas, e olhavam-se intensamente. Realmente, os adultos eram estranhos. Primeiro dizem que se odeiam, mas gostam um do outro. Amavam-se, e muito… mas então porquê aquela discussão? Se o homem bonito gostava da mãe dela e se ela gostava dele, porque raio é que tinham de ficar longe um do outro? Line apenas desejava poder conhecer aquele homem, saber o que levara a sua mãe a apaixonar-se por ele e o que fazia com que ela não deixasse a filha aproximar-se nem mostrar-se. Porque é que não podia? O que é que se passava?

Os dois pombinhos amaldiçoados juntaram as testas, fechando os olhos. A boca dele procurou a dela, captando-a com certa urgência, sendo até um pouco rude. Mais um pouco e fundiam-se; mas o beijo acabou antes disso e, antes de qualquer um abrir os olhos, abraçaram-se fortemente, como se nenhum deles estivesse disposto a abdicar do outro. Sempre sem abrir os olhos… a pequena sabia que a mãe chorava.

O homem falou de maneira que foi difícil ouvir, para a pequena escondida – Eu não tenho escolha! Não controlo tudo, muito menos o destino. Já não sei quem sou… tu fizeste com que o meu melhor viesse ao de cima, mas o meu pior é muito superior… toma conta de mim facilmente… não nos vamos poder ver nos próximos tempos. Vou deixar esta minha faceta de lado… vou-me esquecer de tudo isto. Para o teu próprio bem…

- Tu sabes lá qual é o meu bem! Nem sabes o teu! Nem confias em ti próprio…

- Porque me conheço demasiado bem! Já sinto a mudança inevitável, a mudança que será perpétua, definitiva; já a consegues ver. Não consigo aguentar muito mais… vemo-nos na outra vida.

Separaram-se. A chuva caía a potes, dificultando ainda mais a visão da garotinha. Apenas percepcionava a cabeça baixa da mãe e o ar altivo do homem à sua frente. Demasiado altivo…

- Adeus…

- Amo-te… - disse a mulher com voz fraca, ainda de cabeça baixa.

- … Idem.

E o homem desapareceu, visivelmente pesaroso. Aquela palavra tinha sido o mais próximo que ele chegara de dizer "amo-te". Quando o fez, a mulher acabara de cair de joelhos no chão, curvando-se para a frente, deitando-se no chão enlameado, soluçando ruidosamente, encolhida numa bola.

A pequenina apresara-se a tirar o manto que a cobria, correndo na direcção da mãe.

- Mamã… aquele senhor é mau? – perguntou inocentemente – Queres um abraço?

A mãe acalmou-se, gradativamente. Sentou-se no chão, abrindo os braços para a pequena se encaixar neles. Embora a chuva continuasse a cair, a rapariguinha sentia-se bem por pensar que estava a ajudar a mãe a ficar mais feliz. Era tão inocente…

- Line, querida… aquele senhor não é mau. Pode parecer, mas não é. Apenas uma parte o é.

- Apenas uma parte?

- Sim, querida… toda a gente tem um lado mau e um lado bom dentro de si… este homem tem um lado mau que o controla.

- Mas controla-o porquê?

- Porque ele não acredita que consiga ser bom o tempo todo. Sabes, isso também acontece connosco! Só somos bons se quisermos, senão, somos más pessoas. É muito mais fácil, mas não é o correcto.

- Então o senhor não quer ser bom?

Suspiro cansado – Ele… querer, quer. Mas o caso dele é bem mais complicado que o das restantes pessoas… para ele é mais difícil.

- Mas é mais difícil porquê?

- Um dia explicar-te-ei…

- Mãe! Porque é que eu tenho sempre de me esconder quando ele vem? Tu não gostas dele?

- Eu amo-o muito… e escondia-te sempre para o teu próprio bem; mas já não vais precisar de te esconder mais debaixo do manto. Ele já não vai voltar mais.

- Mas quem é ele?

A mãe fez uma pequena pausa e olhou-a demoradamente, como que perscrutando a sua reacção – Ele é o teu pai.

oOo

Algures na sua mente consciente, começou a ouvir gritos… não de sofrimento, mas de fúria mal contida. Sim, precisava de seguir esses gritos… não se podia deixar perder em memórias. Não agora.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Capítulo totalmente centrado no passado da Line... eu sei que a história dela estava muito estranha (e continua, hahaha), mas já começo a desvendar alguma coisinha! Isto vai aos poucos... huhuhu o próximo é bem maior e talvez mais esclarecedor nalguns pontos... e noutros vai continar na mesma! Enfim, continuem! Boas leituras! (e reviews, é claro )



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