Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bem... eu já tenho esta história escrita há algum tempo, mas quando tive que colocar este cap aqui... voltei a relê-lo e custou-me muito, porque morreu um avô meu há uns poucos dias... este cap trata da perda de pessoas próximas.



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II

Albus Dumbledore estava deveras preocupado. Andava em círculos, há horas, a tentar encontrar uma maneira de parar a chacina que aí viria, de sobrolho fortemente franzido. Relembrava constantemente o que acontecera há umas horas atrás…

Ao ouvir os gritos por todo o castelo, toda a gente saiu disparada dos dormitórios. Se ele soubesse… na onda de alunos e professores onde se encontrava, ele voltou a ouvir mais gritos, parecidos aos que ouvira momentos antes, vindos da frente da 'onda'. Todos pararam, deixando abertura para o Director. Os alunos que iam mais à frente tinham virado a esquina, levando com uma saraivada de agulhas enfeitiçadas, que penetravam lentamente na carne, que já escorria fios de sangue morno. Dumbledore empalideceu ao ver o sofrimento que aqueles alunos estavam a padecer… mesmo sendo um dos mais brilhantes e capazes feiticeiros de todos os tempos, Albus Percival Dumbledore não conseguia nem fazer com que as agulhas se movessem um milímetro. Não podia fazer nada a não ser culpar-se sem razão por ter deixado algo de tão terrível acontecer a alunos sob sua protecção. Ao olhar para as paredes e escadas do castelo, percebeu que havia milhares de agulhas cravadas nas paredes e escadas, por todo o lado, sem que ninguém as conseguisse retirar.

Assim, levou os alunos para a enfermaria, onde estariam seguros pelo menos durante um tempo… sim, aquelas agulhas não se conseguiam parar. Outros alunos tinham sido atingidos pouco depois, pois as agulhas tinham conseguido atravessar as protecções que os alunos tinham posto a si próprios.

Naquele momento, quatro alunos estavam na enfermaria, escorrendo sangue por todo o corpo… os primeiros a serem atacados, os que tinham passado a esquina, já não tinham o que se pode chamar de olhos. As agulhas tinham perfurado as pálpebras, escorrendo do globo ocular sangue misturado com algo gelatinoso, enquanto os pobres coitados gritavam, desesperados. Alguns já tinham desmaiado devido à dor, os outros continuavam a ter dores atrozes. E o pior é que ninguém poderia fazer nada por eles! Se os gémeos Weasley não tivessem desmaiado, talvez lhe pudessem explicar o que afinal se passara para estarem com outro aluno fora dos dormitórios àquela hora, ainda por cima tendo esse aluno morrido completamente esventrado por dentro, provocando uma hemorragia alucinante quase cirúrgica, na medida que a pessoa sentia-se a ser trespassada lentamente, sentindo-se afogar no próprio sangue, mas sem morrer logo, sofrendo em extrema agonia antes de sentir o próprio cérebro ser perfurado e finalmente perder a consciência… mas por enquanto era muito arriscado acordá-los, pois poderiam ficar em choque perene. A sorte deles era terem-se abaixado, levando com as agulhas apenas nos braços e pernas… os outros alunos não teriam tanta sorte: as agulhas estavam já a perfurar o coração e começavam a fazer o mesmo com os pulmões. Apenas com os feitiços conjuntos de mme. Pomfrey e ele mesmo é que conseguiram fazer com que os gritos desesperados dos alunos que se encontravam na enfermaria não passassem as paredes… ele já tinha visto muita coisa, mas nunca algo tão horrendo, tão horrível para acontecer a alguém tão inocente, tão sem culpa de nada… como foi possível isto acontecer? Alguns professores tinham a certeza de ser obra de Lord Voldemort, mas Dumbledore sabia que não era… se assim fosse, Voldemort era mais estúpido do que ele julgara. Não, isso seria muito arriscado… mesmo para ele. Aquelas agulhas podiam perfurar as paredes e sair de Hogwarts, matando os muggles que ele apenas sentia prazer em assustar e matar por si próprio, ele nunca deixaria um feitiço fazer essa tarefa por ele, para além de correr o enorme risco de perder os seus 'preciosos' Death Eaters. Não, Voldemort não iria fazer semelhante coisa… nada lhe garantiria que atingissem Harry.

Uma batida na porta fê-lo despertar do transe perturbado onde se encontrava.

- Entre!

A cabeça do encarregado Argus Filch espreitou pela pequena fresta.

- Mandou chamar-me, Director?

- Sim, sim, Argus, preciso que vás avisar todos os chefes de equipas que conseguires encontrar para encaminharem os seus alunos até às masmorras.

Ele pareceu não compreender bem a mensagem – Director?

- Argus, ficaria deveras agradecido se o fizesses ainda hoje, e não seria o único.

Filch abanou a cabeça muito rapidamente em concordância, desaparecendo por detrás da porta novamente.

Dumbledore suspirou longamente. Sabia que Minerva estaria quase a chegar, pois os seus aposentos não eram muito longe dos dele. Certamente seria a primeira a ser avisada. E tinha razão.

Não muito depois, Minerva McGonagall entrava de rompante no gabinete do Director. Estava extremamente pálida e parecia que ia desmaiar a qualquer momento. No entanto, ele sabia que isso era apenas aparência, pois McGonagall era das pessoas mais corajosas e arrojadas que conhecera. E das que mais o interrogavam.

- Albus! O que é que te deu para enviares a escola em peso para as masmorras? Nem há lá espaço para tanta gente e…

- O Severus está a tratar disso… Minerva, sabes que nada faço por acaso. – perante o olhar inquiridor mas contido da professora de Transfiguração, explicou – As agulhas estão enfeitiçadas com uma magia negra das mais poderosas, de tal maneira que conseguem perfurar as barreiras mágicas que durante tantos anos protegeram esta escola. Conseguem passar pelas paredes, é uma questão de tempo até tomarem conta de toda a Hogwarts.

Minerva estava agora realmente mal. Dumbledore fez aparecer uma tablete de chocolate com um gesto de varinha, obrigando-a a comê-lo.

- Agora compreendes?

Embora continuasse fraca, ela assentiu.

- S-sim… queres manter os alunos protegidos o máximo de tempo possível até conseguires arranjar uma solução, não é?

Ele assentiu. Minerva reparou que ele estava com um olhar distante.

- Albus…?

Ele fechou os olhos, sentindo-se derrotado. Ela conhecia-o bem demais para não perceber que algo mais se passava.

- O que é que se passa?

- Nada, apenas estou cansado e preocupado com toda esta situação…

Ela não estava convencida, e ele apercebeu-se disso. Ela conhecia-o há muito tempo…

- Tu já pensaste numa solução, não já?

Ele assentiu com a cabeça.

- Mas então… porque é que…?

- Minnie, por favor, eu estou a tentar arranjar uma solução que não esta!

Ela parecia um autêntico cadáver agora. – A-Albus… não me digas que pensaste em…

- Eu acabei de dizer que estou a tentar descobrir uma maneira de parar a chacina que aí vem sem ter que fazer isso. Tem de haver outra maneira…

- Mas é assim tão grave que tivesses de pensar nisso?

Ele olhou-a nos olhos – É.

oOo

Sophie e Ty estavam a correr em direcção à enfermaria. Eles nem queriam acreditar que os seus amigos tivessem sido vítimas da 'onda' de agulhas mortais. Não, não era possível…

Sophie King era uma rapariga com um temperamento forte mas que fazia tudo pelos amigos pertencente à casa dos Gryffindor, enquanto Ty Walker era um rapaz calmo e era normalmente a consciência do grupo, pertencendo à casa dos Ravenclaw. Ambos eram amigos de algumas das vítimas, para além de serem amigos entre eles.

À entrada, depararam-se com uma fortíssima barreira, provavelmente feita pelos professores.

Sophie começou uma série de injúrias que deixou Ty levemente chocado. A amiga tinha um temperamento sensível, mas nunca reagira assim – COMO É QUE É POSSÍVEL QUE NOS FAÇAM UMA DESTAS? SOMOS AMIGOS DELES, CARAMBA! – e continuou com as ofensas intermináveis. Ty deu um longo suspiro.

- Bem, não creio que nos deixem entrar tão depressa assim Sophie, só porque tu os estás a insultar…

- E ainda gozas? – perguntou ela a olhando-o com ar furioso. Olhando para o relógio de pulso deu um bufar de impaciência – Mas afinal quando é que chega a Line?

Nem tinha acabado de falar quando se ouvem passos de alguém a correr na direcção da enfermaria. Era Line.

Line Nelini era uma rapariga de descendência latina e era da casa dos Slytherin. No entanto, era como se não pertencesse lá. Todos gostavam dela pelo seu bom coração, sendo por isso que pertencia ao grupo de amigos de Sophie e Ty, para além de conhecer bem os gémeos (aliás, ela era a única pessoa dos Slytherin com quem eles se davam bem). O chapéu seleccionador tinha encontrado nela características um pouco de todas as casas sendo que a única coisa que eles achavam que o fez pô-la lá foi o simples facto de ela adorar a cor verde e adorar estar no escuro, bem mais do que permanecer muito tempo à luz do dia. Ainda ninguém tinha percebido afinal o que é que ela tinha como características dos Slytherin, apenas o chapéu seleccionador, que não lhe tinha contado. Conseguia controlar alguns tipos de magia sem varinha, o que era raro acontecer.

- Desculpem, mas não pude vir mais cedo… - disse ela ofegante.

- Ok, é na boa, mas o que podemos fazer para entrarmos ali dentro? – perguntou Sophie apontando para a porta. Line fê-los afastarem-se. Ao fechar os olhos, sentiu a magia fluir através dela, a qual libertou. Um pequeno feixe de luz esverdeada saiu das suas mãos, indo embater na forte protecção, que começara a ceder.

Sophie não conseguiu resistir – Isto pode soar estúpido, já que nos conhecemos há seis anos, mas continuas a assustar-me com isso…

Line suspirou – Só é pena que eu não seja tão boa em tudo o resto como a Granger…

- Acorda! Ela é mais velha que tu! É normal!

- Sim – interveio Ty - , para além de que ela tem como melhor amigo um dos melhores jovens feiticeiros de sempre, Harry Potter. Com tudo pelo que passaram juntos, ela o Potter e o Weasley que anda com eles ganharam uma fibra pouco usual na sua idade; consegue fazer frente a toda a gente sem ter receio de aleijar os outros (o que de vez em quando pode ser uma vantagem, principalmente em tempo de guerra), o que não acontece contigo: tens um coração demasiado bondoso para os tempos que correm…

- Consegui! – exclamou Line contente.

Os três amigos não perderam tempo a abrir a porta. Ao se depararem com aquele cenário, estacaram com o choque.

Em quatro camas estavam as vítimas das 'agulhas mortais': Rick Sanders e Philippe Grey, ambos dos Slytherin; Edward Mills, dos Gryffindor e Joanna Todd, dos Huflepuff.

Todos eles estavam desmaiados, com furos por todo o corpo, escorrendo sangue por todo o lado. As caras estavam quase irreconhecíveis. As agulhas já estavam certamente a furar o crânio pela nuca – já não tinham salvação.

Os olhos das duas raparigas encheram-se de lágrimas.

– Rick… Philippe…

- Jo… Ed! – soluçou Sophie. Ela sempre tivera um fraco pelo Gryffindor, para além de ser também amiga de Joanna. Line conseguiu desviar os olhos daquela cena horrenda por momentos, olhando para a expressão de Ty. O que ela viu deixou-a consternada. Ty tinha o queixo a tremer ao de leve e parecia um autêntico fantasma, de tão pálido que estava. Ela sabia, embora ele nunca o tivesse admitido, que ele gostava de Joanna. Ela tentara dar um empurrãozito ao casalinho (sim, ela também sabia que Joanna também gostava dele), mas sem sucesso já que ambos eram demasiado tímidos para avançarem. O resultado foi a continuação de uma amizade forçada, já que ambos gostariam de ter mais do que isso. Agora todas esperanças tinham sido destruídas; quando lhes contaram que os amigos tinham sido atingidos, nunca pensaram que estivessem em estado tão crítico. Ao olhar mais ao lado, viu também os gémeos Weasleys que estavam sob o efeito de uma poção do sono, evitando que sofressem mais do que já tinham sofrido. Os braços e pernas estavam esticados e fora das respectivas camas, por magia, vendo-se pele esticada em bicos no lado oposto a que as agulhas tinham entrado – elas estavam a sair. Não demorou muito tempo até elas perfurarem a pele e se cravarem no chão, ao lado das suas camas, começando a afundarem-se. Finos fios de sangue escorriam das feridas para o chão, embora não chegassem a cair de todo. Mme. Pomfrey tinha dedo nisso de certeza.

- MAS O QUE PENSAM QUE ESTÃO AQUI A FAZER? COMO É QUE CONSEGUIRAM ENTRAR? – gritou uma voz arreliada.

Falando no diabo…

Os amigos voltaram-se para encararem uma mme. Pomfrey completamente alterada. Percebia-se perfeitamente que ela estava extremamente desgostosa (para não dizer mais) por nada poder fazer quanto àqueles alunos.

- Mme. Pomfrey, lamentamos muito… mas tínhamos de vê-los! - disse Line sinceramente com lágrimas cálidas a banharem-lhe o rosto.

Pomfrey tremeu ligeiramente, não aguentando mais a máscara de força que tinha posto, desmanchando-se em lágrimas – Por Merlin meus jovens, saiam daqui…! – disse ela com voz fraca – Quem lamenta sou eu… eles eram vossos amigos, não eram? – o silêncio ensurdecedor que se fez foi resposta suficiente, juntamente com as expressões dos três amigos, e ela anuiu – É compreensível… mas agora prometam-me que não voltam aqui, vocês deviam estar nas masmorras!

- Eles ao menos vão ficar bem? – perguntou Sophie com voz trémula apontando para os gémeos.

- Em princípio sim… mas vai levar tempo, já que tenho que reconstruir vários músculos, vasos sanguíneos e mesmo ossos… seria tudo mais rápido se aquelas coisas não tivessem magia negra misturada… aquele tipo de magia só atrasa a recuperação, e muitas vezes faz com que a mesma nem seja possível. – perante o olhar alarmado dos jovens ela acrescentou – Mas não se preocupem, não creio que seja este um desses casos.

- Menos mal…

Voltaram a dar um último olhar de despedida aos seus amigos respectivamente, dando um adeus silencioso.

Ao se dirigirem para as masmorras onde estava a escola em peso, Ty finalmente arranjou voz – Temos de fazer alguma coisa… qualquer coisa!

- Mas o que é que podemos fazer contra isto?

Line ponderou uns momentos e falou de seguida com uma voz misteriosa – Eu tenho uma pequena ideia… mas preciso que aqueles dois acordem primeiro. Depois… tenho que arranjar coragem para falar com uma pessoa que nunca falei na vida.

Os dois amigos olharam-na – De quem estás a falar?

Line olhou de volta – Harry Potter.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam a gostar da fic… este capítulo é bem menos sangrento do que o anterior e foi mais uma apresentação das novas personagens e do seu lugar no enredo (por enquanto…).

Bjs a todos!!!

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