Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Este é o penúltimo capítulo da fic...
Espero que gostem!



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XVI

- O QUÊ? – começaram todos a exclamar em choque profundo, depois de conseguirem encontrar a voz de novo, depois de tamanha notícia – NÃO É POSSÍVEL!

McGonagall suspirava ruidosamente, tentando ter paciência – Tentem compreender que o professor Dumbledore jamais faria alguma coisa que vos pusesse em perigo! Se ele aceita que Aquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado entre nesta escola, tenho a certeza de que se assegurou do bem-estar de todos.

Ty estava pálido. Onde estavam os outros? O que aquilo significava? O Potter não era forte o suficiente para parar com as Agulhas? Era mesmo necessário pedir ajuda ao lado das Trevas? O caso era assim tão desesperante?

Franziu o sobrolho e cruzou os braços, pensativo. Sim, é claro que Dumbledore jamais tomaria uma decisão dessa natureza sem se certificar de que tudo correria bem. Será que Line estava metida nessa decisão?

Congelou. Ela e Harry andavam muito amigos… será que ela o estava a tentar convencer a fazer aquilo? A unir-se contra o seu inimigo? Boa sorte com isso! Uma coisa era a opinião de Dumbledore e as suas acções, outra bem diferente era Potter concordar com elas; Line sempre lhes escondera algo… seria a sua opinião, de que Lord Voldemort poderia fazer algum bem? Relaxou um pouco. Se fosse apenas isso, ele acreditava que Line o conhecia suficientemente bem para saber que ele não iria reagir mal à sua opinião díspar da opinião de todos os outros! Ele sabia que ela tinha um coração mole e que sempre acreditava no melhor das pessoas… mesmo que a pessoa em questão fosse o maior assassino de todos os tempos! Mas então… o que é que ela escondia? E como é que Dumbledore convencera o Lord das Trevas a ser pacífico?

Essas eram duas das questões mais pertinentes que lhe martelavam na cabeça, quando Sophie e o Weasley se acercaram dele, pálidos como neve e a tremerem ligeiramente.

- Onde é que estavam? Não vos vi por aí… estão assim por causa da notícia? No fundo eu já esperava algo assim… - dizia ele pensativo. E não era mentira! Ele sempre achara que se nem Harry nem Dumbledore juntos conseguiam fazer alguma coisa, só com magia negra é que a coisa lá ia.

Notando o silêncio dos outros dois (que só agora reparara estarem abraçados), perguntou – O que se passa? Ficaram assim tão abalados? Bem, é normal… onde estão a Line e o Harry?

Foi o ruivo quem respondeu com voz trémula – Nós vimo-los… lá fora… com a… "notícia".

Ty abriu ligeiramente a boca – Vocês o quê? Viram o quê? Como? Quando? O que aconteceu? Como é que aconteceu? – perguntou de rajada.

- O Dumbledore, o Potter e a Line foram receber o Quem-Nós-Sabemos há um bom bocado…

Sendo que Ty os olhava estupidificado, Ron continuou a narração – Nós queríamos saber o que aqueles três andavam a tramar… víamos o Harry e a Line muito próximos, e começámos a desconfiar. Foi então que nos decidimos a segui-los debaixo do Manto da Invisibilidade do Harry… seguimo-los até ao exterior, até que O vimos a chegar…

- Ele voava… - murmurou Sophie olhando para o nada à sua frente.

- Mas… - começou Ty – O que é que a Line estava lá a fazer? Isso foi de uma tremenda irresponsabilidade da parte dela, arriscar-se assim…

- Ela não se arriscou… muito. – cortou Ron, já com um tom esverdeado na cara.

- Como assim, não se arriscou? – dizia Ty exasperado – Ir ter directamente com o Lord das Trevas, frente-a-frente, não é arriscado? Assim ele passa a saber quem ela é e…

Sophie cortou-o – Ele já a conhecia…!

Ty calou-se, sentindo o coração falhar uma batida. O QUÊ? Que história era essa? Desde quando é que eles se conheciam?

- C-Como…? – conseguiu balbuciar. Como é que o senhor das Trevas a poderia reconhecer se nunca se tinham visto…?

Ron encheu o peito de ar, apertando mas a mão a Sophie, e Ty percebeu imediatamente que agora é que vinha a "bomba".

- A Line é filha do Quem-Nós-Sabemos.

Ty sentia a cabeça a andar à roda. Sentiu que o ruivo o amparava nos ombros, impedindo-o de cair.

- Ty, respira fundo, precisas de oxigénio… ouve-me, respira fundo! – dizia uma longínqua voz feminina. E ele fê-lo.

Sentiu subitamente todo o corpo de novo, e a cabeça já começava a parar de girar. Voltou a dar uma golfada de ar e sentiu-se ainda melhor.

- Isso, assim mesmo… outra vez…

Sim, aquela voz 'ao longe' era de alguém que não Sophie. Agora já conseguia raciocinar com mais clareza. Ao voltar a focar os olhos, viu uma outra cabeça ruiva com olhos castanhos que se tinha juntado ao grupo, também pálida.

- Estás bem? – perguntou Ginny parecendo genuinamente preocupada.

- Estou… foi apenas o choque…

- O que eu ouvi é verdade, Ronald? – perguntou ela, desta vez dirigindo-se ao irmão que fez uma careta ao ouvir o seu nome.

- Huh, Ginny, não queres que todos fiquem a saber que te chamas Ginev…

- CALA-TE, RONALD BILIUS WEASLEY! Ai de ti que digas o meu nome completo a alguém! – ameaçou ela apontando-lhe o indicador directamente ao nariz, tal e qual Molly Weasley.

Ron sacou da varinha - ENTÃO NÃO DIGAS O MEU DE IGUAL FORMA!

Ty colocou-se instintivamente à frente de Ginny.

Sophie suspirou ruidosamente. Chegou-se mais a Ron e abraçou-o carinhosamente por trás – Calma, Ron, deixa lá, mais ninguém ouviu… deixa lá, tem paciência… tens que a ter, ela é a tua irmã mais nova… aliás, é a única que tens; se lhe lançares um Avada vais-te arrepender para o resto da tua vida.

Ron bufou, mas qual não foi o espanto dos outros dois quando baixou o braço e voltou a guardar a varinha nas vestes. Sophie deu um leve sorriso e deu-lhe um beijinho na face, fazendo-o sorrir – Estou orgulhosa de ti, ruivo!

Ginny olhava embasbacada para aquela cena, tal qual como Ty. Entreolharam-se interrogativamente, corando de imediato. Era claro que estavam a mais, e ainda mais claro ficou quando o ruivo e Sophie juntaram as testas a sorrirem apaixonadamente um para o outro. Aquelas emoções fortes tinha-os aproximado muito.

Ty pegou-lhe na mão e segredou-lhe ao ouvido – Acho melhor deixá-los em paz…

- Nem penses! – ripostou ela indignada no mesmo tom de voz – Ele está constantemente a interromper-me de cada vez que estou com alguém, achas que eu o vou deixar escapar impune?

- Ele agora está ocupado… não queres ir para outro sítio?

Ginny olhou-o bem nos olhos, e percebeu o que ele dizia entrelinhas. Estavam muito próximos, tanto que um sentia a respiração do outro. Deu um sorrisinho maroto – Acho que desta vez pode escapar… - e retiraram-se sem fazer barulho. Mesmo que fosse com alarido, tinham quase a certeza de que os dois não iam descolar um do outro por causa disso. O caso de Line estava esquecido… pelo menos por alguns momentos.

oOo

Line e Harry suspiravam pela centésima vez, e entreolharam-se.

Estavam à praticamente três horas a ouvir Dumbledore e Voldemort a discutirem a melhor maneira de resolver o problema. Embora ambos concordassem que tinham de juntar forças, um dizia que só com o poder do amor é que se poderia destruir as Agulhas, enquanto o outro insistia que com Magia Negra é que a coisa lá ia. Sempre que Harry ou Line tentava intervir, era como se os mais velhos não os ouvissem, de tão concentrados que estavam em si mesmos e um no outro, esquecendo-se totalmente da presença de mais duas entidades na divisão. Sendo assim, os mais novos já tinham desistido de dar o seu parecer há muito tempo, apenas ouvindo ideias de esquemas complicadíssimos e sem sentido para eles. Ambos tinham a certeza de que aquilo tinha de ter uma solução mais simples…

Line bufou baixinho, apenas para Harry ouvir – Ai, só me apetece sair daqui… assim não vamos a lado nenhum! Além disso, à medida que o tempo passa, as Agulhas vão-se aproximando mais das masmorras… - enterrou as mãos nos fartos cabelos negros – Que nervos!

Harry pôs um braço à sua volta – Tens toda a razão… assim não vamos a lado nenhum e estamos a pôr os outros em perigo.

Line levantou subitamente a cabeça e olhou-o nos olhos – Vamos visitar o Draco?

O moreno levantou as sobrancelhas – Se eu for contigo é para ver a Hermione, e não o Malfoy…

Ela encolheu os ombros, mais alegre – Tenho a certeza de que ela tratou muito bem dele! – e deu um sorriso misterioso - E então? Vamos?

- Vamos. – concordou ele, já levantando-se com Line.

Apenas nessa altura é que os mais velhos se aperceberam da sua presença de novo – Onde pensam que vão?

- Nós não pensamos, vamos mesmo! – ripostou Harry – Quando concordarem em alguma coisa, avisem-nos! Avisamos imediatamente o Dobby para preparar uma festa de arromba no Grande Salão… - ironizou ele, já abrindo a porta para que Line passasse.

- Potter… - começou Voldemort sem o olhar – Apenas preciso de uma única e simples razão para te dar cabo do coiro. – pausa – Vê se tomas conta dela…

Os dois jovens olharam-se, surpresos. Quando Line olhou para o pai com um ar carinhoso, Harry voltou-se de novo para o Lord das Trevas – Acho que não tem de se preocupar com isso. Ela é que parece tomar conta de mim. Além disso, só vamos dar uma volta.

- Mas ao menos tenham cuidado! – quase implorava Dumbledore, mas eles já não o ouviam.

oOo

- E agora vejam lá se têm cuidado! Senhor Malfoy, espero sinceramente que agora esteja mais atento ao que se passa à sua volta! Menina Granger, tome conta dele, sim?

- Não se preocupe, Mme. Pomfrey. – disse Hermione em tom solene – Eu levo-o são e salvo até às masmorras…

- E por favor não embirrem um com o outro sim? – pediu a anciã – Não se esqueça, menina Granger, que o senhor Malfoy ainda está destabilizado… ainda não se encontra a 100%.

Ambos tiveram uma súbita e quase incontrolável vontade de rir, mas aguentaram firmemente.

- Não se inquiete, eu sei disso perfeitamente… - e colocou um dos braços do loiro à volta do pescoço, no sentido de o amparar – Boa sorte, Mme. Pomfrey!

Quando já se encontravam longe da enfermaria, Draco gargalhou – Eu não acredito que ela se esqueceu mesmo da diferença no meu comportamento!

- Deixa lá; não eras tu que querias que ninguém soubesse que és boa pessoa?

Ele apenas sorriu, fazendo-a sorrir também. Ainda bem que ao menos lhe tirara da cabeça aquela ideia insana de que ela iria morrer se alguém sequer desconfiasse de que ele era bom rapaz. Por Morgana, por vezes o rapaz conseguia ser mais dramático que a Trelawney!

Enquanto se dirigiam às masmorras, recordavam o que Mme. Pomfrey lhes dissera naquela manhã, que os deixara tremendamente abalados, especialmente a Draco, que recomeçara com as ideias suicidas. Voldemort vinha nessa manhã a Hogwarts para ajudar a combater e a destruir as Agulhas.

- Acho que estou com umas dores… - começou Draco.

- Onde? – perguntou a morena preocupada.

- Aqui assim… - e apontou para perto da boca enquanto se aproximava dela.

- Mas onde exactamente?

- Aqui! – e beijou-a ardentemente, fazendo-a rir-se no meio do beijo.

Estavam assim, no bem bom, quando o ouviram – MAS O QUE RAIO SE ESTÁ A PASSAR AQUI?

Ambos saltaram com o susto.

- Tem calma, Harry… - dizia Line enquanto segurava o braço do moreno, a fazer um tremendo esforço para não se desmanchar a rir da situação. Harry estava pálido e de boca aberta, com os olhos muito esbugalhados.

- É uma longa história… - disse Hermione baixinho, olhando para os sapatos, encabulada.

- Não te preocupes, Harry, o Draco não é quem tu pensas ser… ele é boa pessoa!

- Line, NÃO…! – rugiu Draco, lançando olhares furtivos à amiga.

- Mas ele precisa de saber! – insistia ela. Harry não entendia nada.

- Ok, não quero saber, explicam-me tudo depois! – dizia ele abanando a cabeça, como que para afastar maus pensamentos. Caramba, ele confiava em Line, certo? Se ela confiava no Malfoy, alguma razão tinha de ter. – Temos de ir para as masmorras! E rápido!

E começaram a ouvir um zunido.

- O que é isto? – perguntou uma Hermione subitamente alerta.

Draco empalideceu – Salazar… eu conheço este som…

Harry nem pensou: chegou-se ao pé do novo casalinho e colocou o outro braço do loiro por cima de si – CORRAM!

E felizmente que todos obedeceram ao comando, pois logo se seguida umas quantas Agulhas furaram a parede onde estavam e atravessavam o ar a toda a velocidade, na direcção das paredes opostas… que eram aquelas para onde o quarteto se dirigia.

Não vamos conseguir dobrar a esquina a tempo…

- BAIXEM-SE! – gritou Line, empurrando-lhes as cabeças para baixo, obrigando-os a deitarem-se no chão frio.

As Agulhas zumbiram-lhes nos ouvidos, com o ar a ser cortado mesmo perto de si por aqueles pequenos mas mortais objectos que se enterraram na parede à frente deles.

Harry levantou um pouco a sua cabeça – Ufa, foi por pouco… - e ouviu um pequeno gemido ao seu lado. Virou a cabeça nessa direcção e congelou.

Line estava pálida e com o braço cheio de fios vermelhos do seu próprio sangue: algumas das Agulhas tinham-se espetado no seu braço, enquanto os protegia a todos.

- L-Line…?

- NÃÃÃO! – gritava Draco. Os dois Gryffindors ficaram chocados com a reacção do Slytherin. Nunca o tinham visto tão aflito. – Por favor, não tu… não TU! Tu não mereces sofrer isto… não…

Harry pegou em Line ao colo, pois ela começara a delirar ligeiramente. Começara a arder em febre, enquanto as Agulhas se enterravam mais na sua carne.

Hermione tinha o cérebro a trabalhar a mil à hora – Bem, se esperarmos um tempo e se o seu braço estiver virado para a parede na posição certa, decerto que as agulhas irão sair… já não podemos voltar atrás, agora…

Mas o braço ia enegrecendo, à medida que as Agulhas se iam enterrando cada vez mais e mais depressa.

O moreno franziu o sobrolho, preocupado – Hermione… desde quando é que as Agulhas aumentam a velocidade com que entram em alguém?

Draco franziu o sobrolho e Hermione tentava balbuciar alguma coisa incompreensível quando Line pareceu voltar a ser lúcida por momentos.

- Eu tenho um lado negro que é maior do que todos vocês têm juntos… as Agulhas foram atraídas por mim… Harry, eu sinto-as… sinto-as a espalharem-se… dói!

O moreno estava irritado consigo mesmo, por nada poder fazer para a ajudar. – Tem calma, relaxa, respira fundo… eu vou conseguiu pôr-te boa de novo, prometo!

Ela sorriu – Eu sei que sim… confio em ti… - e voltou a mergulhar na inconsciência.

- Harry… - começou uma Hermione confusa a analisar o braço de Line – Pelo que eu percebi… as Agulhas estão a desfazer-se dentro dela? A ficarem dentro dela?

Draco só abanava a cabeça – Não, não pode… vocês não sabem o que é… ainda por cima se aquelas coisas se estão a integrar nela… meu Merlin! Ela não o merece…

Entretanto, surgiu-lhes uma Fénix prateada que falou com a voz de Dumbledore – Harry, não conseguimos chegar a nenhuma conclusão. O máximo que pudemos concluir é que apenas com as vossas forças unidas se consegue parar isso… mas ainda não sabemos como. Venham ter connosco ao Grande Hall. – e desfez-se. Era o Patronus do Director.

Harry cerrou os dentes – Esses dois ainda vão ser a nossa ruína! Ainda por cima agora que o 'cérebro' da operação está a delirar em febre…

- Então sempre tinha razão… - murmurava Draco. Line tinha sido quem dera a ideia!

- Chega de conversas! – exclamou um Harry furioso – Temos de a tirar deste estado! Ela assim é que não pode ficar!

E abalaram o mais rapidamente que podiam em direcção ao Grande Hall.

oOo

Ty afastou-se imediatamente de Ginny.

- O que foi? – perguntou ela surpresa com o súbito estremecimento de Ty.

- A Line… eu sinto sempre quando algo de mal acontece com ela… alguma coisa aconteceu… - e ficou pálido.

- O quê? Que história é essa da Line estar mal?

Ele apenas pegou na mão dela, despachando-se a sair da sala vazia onde se encontravam. Tinham ido para lá conversar… mas as coisas evoluem, e não tinham demorado muito até chegarem aos amassos.

Ao saírem da sala esbarraram com Ron e Sophie.

- O que é que estavas a fazer aí dentro com a minha irmã, Walker? – disse Ron com voz ameaçadora.

Sophie agarrou a mão dele, apertando-a um pouco. Um sinal para se manter de boca fechada.

- Onde está a Line, Ty? – perguntou ela.

- Era mesmo com ela que íamos ter… - respondeu ele enquanto o novo casal se juntava a eles.

- Mas afinal onde vamos, Ty? – insistia Ginny.

- Ao Grande Hall. – respondeu ele com a voz a transparecer certeza.

- Como podes ter tanta certeza assim? – perguntaram as duas moças em simultâneo.

Ele apenas encolheu os ombros – Não faço ideia… sexto sentido, talvez! Mas sempre foi assim. Sempre soube quando ela estava em problemas e onde estaria… espero que desta vez não me tenha enganado… desta vez ela está mesmo com problemas.

oOo

O quarteto constituído por Harry, Draco, Hermione e Line foi recebido por um estranho duo: Dumbledore e Voldemort estavam lado a lado, sem se tentarem matar mutuamente. Olhavam agora para eles com uma expressão estranha. Estavam certamente preocupados com o que viam.

- O que se passou? – perguntou um Dumbledore com cara fechada a olhar para a moribunda atentamente. Voldemort não despregava o olhar de Line. Draco e Hermione estavam mais atrás, ligeiramente escondidos atrás de um pilar. Draco não se queria aproximar do Senhor das Trevas. Para ele, estar ali, já era uma sentença de morte à sua amada. Ambos olhavam para Voldemort com temor.

- Ela estava a tentar proteger-nos. – comentou Harry, ácido. Ele estava possesso consigo próprio. Porque é que ele não se apercebera do que estava a acontecer? Como é que deixara ela tão desprotegida? Ele prometera a si próprio que faria tudo para a proteger… parecia que isso não era o suficiente. Caramba! Ele sempre protegera todos… ou quase… mas ELE é que era o 'salvador'! Não ela! Especialmente ela! Ela é que devia ser protegida… nunca se perdoaria se ela nunca mais abrisse os olhos. Abanou a cabeça. Não, não podia estar a ter aqueles pensamentos. Tinha de encontrar uma maneira de a salvar, e ao fazê-lo, salvar todos os outros.

- A proteger-vos?

Harry bufou. Nunca se tinha apercebido como Dumbledore se tornava irritante nas piores alturas. – Sim, a proteger-nos! Não sei se sabe, mas há mais gente que tem as mesmas manias que eu! Não sou o único louco!

- Ela não é louca… - murmurou Voldemort, ainda de olhos pregados em Line.

Aquela afirmação fez Harry calar-se e olhar atentamente para o seu inimigo de longa data. Que olhar era aquele? O Senhor das Trevas olhava para a moça de uma maneira… enternecida? Não, ele devia estar a delirar…

E o olhar periférico notou uma luz negra a alastrar abaixo de si. Ao baixar os olhos viu que aquela energia negra saía de Line, que continuava a delirar em febre. Subitamente, a sua expressão transformou-se num esgar de dor, e abriu a boca para dar um grito mudo.

No mesmo instante, Line abriu os olhos, deixando todos chocados: ela tinha os olhos totalmente cobertos por uma película esbranquiçada, como se tivesse cataratas. Olhava para o nada, mas com uma expressão de urgência. Começaram a ouvir um forte zunido de fundo. Todos ficaram em alerta máximo.

Dumbledore fez imediatamente um gesto na direcção de Hermione e Draco, conjurando-os para trás de si sem que Voldemort desse conta – não que fizesse muita diferença, já que este continuava a só ver Line à frente. Parecia estar em transe.

Harry ficou paralisado quando viu aparecerem no corredor um novo grupo de alunos: Ron, Ginny, Ty e Sophie.

- CORRAM PARA CÁ! RÁPIDO!

Mas Dumbledore, mais uma vez, foi mais rápido, 'puxando-os' com um movimento de varinha, colocando-os junto a Draco e Hermione. Como agora já todos ouviam o zunido, Ron engoliu a torrente de perguntas que queria fazer a Hermione, sobre o que ela fazia ali com Draco… e agarrados um ao outro. Ele queria desesperadamente saber o que se passara na enfermaria entre eles os dois, mas isso tinha de esperar. Agora era necessário definir prioridades.

- Merlin, o que vamos fazer agora? O que posso fazer? - Harry sussurrava para si mesmo. Nem notava que a tinha nos braços há imenso tempo. Nem sentia a dor do esforço, de tão preocupado que estava com ela – Line, acorda por favor…

- É ela que está a atrair as Agulhas! – concluiu Dumbledore num fio de voz – Eu sinto as protecções do castelo a convergirem e distenderem para que aquela lei de que ela nos falou não tenha capacidade para as manter na direcção correcta… essa aura negra está a atrair as Agulhas para ela. É dessa energia negra que as Agulhas se 'alimentam'. Ela tem de se controlar!

Harry explodiu – NÃO SEI SE JÁ SE APERCEBEU, MAS ELA ESTÁ INCONSCIENTE! Não tem controlo sobre si!

Line teve outro espasmo de dor sem som, o que fez com que o coração de Harry se apertasse. O moreno ajoelhou-se, sentando-a ligeiramente, e abanando-a. – Por favor, Line, acorda… acorda!

O zunido estava cada vez mais forte. Aquele som não era provocado pelo mesmo número de agulhas que os tinham atacado há pouco… deveriam ser todas as Agulhas que se encontravam no castelo a convergirem na direcção do seu 'alimento'…

Dumbledore chamou-o atrás dele – Harry, trás a Line para aqui… estamos aqui todos. Talvez se todos fizermos um feitiço de protecção máxima consigamos escapar a isto…

Harry abanava a cabeça – Não, não vai funcionar… não vai… - e não sentiu as lágrimas a caírem copiosamente pela sua face – Line, por favor, acorda… por favor… precisamos de ti… - e baixou a voz – EU preciso de ti… por favor… não me deixes… luta contra isso… luta…!

- Harry! Vem para aqui! Traz a Line contigo!

Agora eram os outros que o chamavam, já de varinha em punho. Estavam já conscientes que não tinham escapatória. Cada um estava de mão dada a quem amava. Mas Harry não os ouvia. Apenas conseguia olhar para aqueles olhos negros cobertos pela película branca, que o olhavam sem o ver.

O fumo negro ficou mais denso, e todos deixaram de ver o casal.

- Harry! Line! – chamavam os outros.

Harry sentia a revolta nas veias. Eles não podiam acabar assim… não podiam! Ele amava-a! E sobressaltou-se com a conclusão a que chegara. Sim, é claro que a amava!

Sorriu com o pensamento. Sentia-se estranho… era estranho sentir revolta, raiva e amor ao mesmo tempo… ao mesmíssmo tempo…

Ao ouvirem as Agulhas libertarem-se, todos exclamaram de preocupação, excepto Voldemort, que continuava impávido e sereno a olhar para onde antes Line estava visível.

Harry sentiu-se subitamente calmo e controlado. Abriu inconscientemente a sua mente e parecia-lhe que o tempo andava muito mais devagar. Sentia tudo, e não sentia nada. Era uma sensação estranhíssima, quase como se aquele corpo e aquela situação não existissem realmente… quase como se fosse um sonho (ou um pesadelo, neste caso).

Apercebeu-se que Line reabrira a ligação mental entre eles, e dava-lhe a 'provar' das suas capacidades. Queria dar-lhe a força que não tinha, mas apenas lhe transmitia parte da sua magia. Harry soube instintivamente o que fazer.

Quase em câmara lenta, abriu os olhos que não se apercebera que fechara, e percebeu que conseguia ver agora perfeitamente entre a suposta escuridão que emanava da moça. E viu as Agulhas chegarem mesmo perto deles… perigosamente perto…

Não… elas não podem fazer isto… eu não vou deixar que ela se apague!

- Nem pensem! – sussurrou o moreno, e mudou de posição, abraçando a morena de cabelos negros e dando as costas às Agulhas, ficando a proteger Line.

Uma súbita energia esbranquiçada preencheu o espaço, e poucos conseguiam perceber que aquilo imobilizara as Agulhas no seu trajecto. Tremelicavam um pouco, tentando chegar à energia negra, mas a energia emanada de Harry era muito poderosa… mas não eterna. Todo aquele espectáculo resistia devido à força que o moreno ainda tinha, mas que se estava a esgotar. É claro que a sua convicção e desejo de protecção da pessoa que amava era o que ainda mantinha as Agulhas afastadas, mas a sua força estava a enfraquecer. O desejo não estava a ser o suficiente… ele não iria aguentar muito mais tempo…

oOo

Voldemort olhava a cena, maravilhado e assombrado em simultâneo. O que sentia, afinal?

Quando viu as agulhas irem na direcção do casal à parte, sentiu algo estranho pela primeira vez… que se lembrasse, embora a sensação lhe fosse familiar…

E uma torrente de memórias passou-lhe pelos olhos, fazendo-o duvidar se seriam mesmo memórias ou ilusões.

Lynnea… Lynnea Nelini…

E lembrou-se daquele seu sorriso sincero, daquele apoio incondicional. Aquela pessoa conseguira amá-lo, a ele, um monstro! E ele? Bem…

Quando a luz de energia protectora fez parar as Agulhas, Tom Riddle respirou de alívio. Sim, Tom Riddle! Ninguém se apercebera, mas os olhos rubros tinham voltado ao antigo negro, enquanto ele observava a… filha. Sim, ela era filha dele! Não havia dúvidas! Como as poderia ter?

Aos poucos, foi-se apercebendo que as Agulhas estavam lentamente a ganhar terreno de novo.

Não, ele não iria deixar… não iria… não pelos seus Death Eaters, nem por si… mas pela sua filha! A prova, o fruto do seu amor com Lynnea. A única coisa que o ligava ao passado esquecido de uma vida quase perfeita com a pessoa que amara.

E sentiu um desejo irreprimível de algo que não conhecia, ou pelo menos, que não sabia classificar. Era um sentimento gigantesco, oprimente e maravilhoso ao mesmo tempo. O que seria?

Não pensava nas múltiplas perguntas que lhe enchiam a mente nem nas razões de fazer o que estava prestes a fazer, apenas AGIU. Não pensava em Harry Potter como inimigo, o jovem rapaz que há anos que tentava eliminar, mas como alguém que tentava proteger a sua filha a todo o custo, pondo a sua vida em perigo, mesmo sabendo quem ela era. Não reparara sequer em quem mais estava ali ao pé dele, atrás de Dumbledore.

Correu em direcção a Line e Harry, sem se aperceber que a sua aura também se tornara negra. Harry estava abraçado a Line, e o Senhor das Trevas abraçou-os a ambos, protegendo-os aos dois.

As duas auras negras misturaram-se entre si, e uniram-se à aura esbranquiçada de Harry.

Voldemort tentava extrair toda a energia negra de Line, sem se aperceber de facto. Não, ele não queria que aquela jovem, filha do seu sangue impuro, se tornasse num monstro como ele. Não queria que ela tivesse aquela eterna batalha eterna dentro de si, a sentir-se ser vergado pelas consequências dos erros passados do seu pai. Ele não queria que ela fosse vítima dos seus erros. Não era… justo.

Harry olhara-o pelo canto do olho. Voldemort sentia aquele olhar de espanto e estupefacção posto em si, mas não seria isso que o fazia desviar do seu objectivo.

A energia negra estava a ser libertada em todo o seu esplendor. Lord Voldemort gritava de dor. Nunca pensara que livrar-se do seu lado negro lhe custasse tanto, após tantos e tantos anos de submissão. Ele alimentara-se daquele maldito tipo de energia, apenas por a não conseguir conter dentro de si, trancada, como a sua filha conseguira fazer durante todos aqueles anos. Ela era mais forte e corajosa do que ele. Herdara isso da mãe… e esse pensamento fê-lo sentir-se pela primeira vez em muitos anos quente por dentro.

Lentamente, tanto o Senhor das Trevas como Harry perderam a consciência com o esforço a que se tinham submetido.

Com os olhos semi-cerrados, Dumbledore via as Agulhas a desfazerem-se em pó, até desaparecerem por completo. A atmosfera que envolvia aquele espaço estava num turbilhão de forças opostas interligada, causando autêntico caos. Mas era exactamente isso que poderia acabar com aquele tremendo problema.

Quando os ventos energéticos cessaram, todos ficaram espantados quando se aperceberam de como o trio se encontrava, e das tremendas mudanças que um dos elementos apresentava…


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Notas finais do capítulo

Alguém tem um palpite sobre o que aconteceu? ;)



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