P.O.V. Lorde Darcy.

Tive que retornar a Netherfield, mas precisava duma criada para prestar serviços.

Houveram muitas candidatas para a vaga, porém eu escolhi aquela que parece não demonstrar qualquer interesse na vaga ou na minha pessoa. Aquela de cabelos cor de fogo e olhos verdes como a grama. Mas, ela não veio facilmente.

Ainda me lembro daquela conversa.

—O que faz você pensar que eu quero ser tua empregada, além do mais o que eu ganho com isso?

—Umas moedas.

—Posso ganhar umas moedas aqui. Mas, eu soube que a biblioteca de Netherfield é uma das melhores. Me deixe ver a biblioteca. E eu vou.

—É um acordo.

—E eu ainda ganho as moedas.

—De acordo.

—De acordo.

Barganhar com uma mulher? A que ponto cheguei.

—Eu vou buscar as minhas coisas.

E ela tinha coisas. Coisas demais para uma criada. 

Foram três dias de viagem. E durante a jornada tentei puxar conversa com ela, porém a senhorita Marshall me ignorou.

Quando finalmente chegamos á Netherfield ela saltou da carruagem antes mesmo desta parar completamente. Os cabelos ruivos estavam presos em um simples coque baixo, daqueles que as moças de baixa renda usam.

—Então, onde eu vou ficar?

—Me acompanhe.

Eu a instalei no quarto de empregados.

—Obrigado.

Notei que ela nunca usava o tratamento apropriado. Ela jamais me chamou de Senhor, nem mesmo uma vez.

—Arrume suas coisas e desça.

—Muito bem. Com licença.

P.O.V. Bo.

É bom ser só a Bo, mas começo a sentir falta de ser a Izabo Mikaelson, bebê milagroso, bruxa poderosa, híbrida. Tenho que encontrar um jeito de voltar pra casa ou eu vou pirar.

Preparei o mais suntuoso dos bailes, cozinhei, lavei louça, detonei as minhas unhas e agora quero a minha recompensa.

—Quero a minha recompensa.

—Como ousa se dirigir assim ao seu senhor?

Eu não vi aquela vindo.

—Pai?!

P.O.V. Elijah.

A expressão no rosto dela foi impagável.

—Eu não sou seu pai. Se fosse jamais permitiria que se comportasse assim.

—Você vai ficar surpreso.

Disse a garota com um sorriso matreiro no rosto.

—Eu quero a minha recompensa.

Exigiu ela.

—Você não me fará exigências.

Ele levantou a mão, porém a garota pegou sua mão ainda em movimento.

—Que feio. Papai é um mentiroso.

Disse olhando feio pra mim. Então, olhou nos olhos do senhor Darcy.

—Você vai me levar á biblioteca de Netherfield. Agora.

—Eu vou...

—Eu sei. 

A garota de cabelos vermelhos olhou bem para Niklaus e disse:

—Não se preocupe tio Klaus, você vai ter o que quer tão desesperadamente, vai ser completamente imortal, invencível e tudo isso ai, mas não vai mudar nada. O vovô Mikael ainda vai te odiar.

Aquela fala pegou-me de surpresa.

Ela saiu sem dizer mais nada.

—Ela sabe sobre Mikael?

Encontrei o caminho para a biblioteca e lá estava ela, foleando livros tranquilamente.

—Estava te esperando.

Disse fechando o livro.

—Então, sabe sobre Mikael. O que mais a senhorita acha que sabe?

—Sei sobre a maldição do Sol e da lua.

—Sim.

—Sei que é falsa.

Aquilo foi surpreendente.

—O que?

—Qual é pai, eu sou uma Mikaelson. Não sou sua cria, sou sua filha. O tio Klaus é metade lobisomem, vovó Esther tacou a maldição nele. Ligou-a a pedra da lua e ele vai ter que sacrificar um vampiro, um lobisomem e dai beber o sangue da duplicata até ela morrer.

—Vampiros não podem procriar.

—Sempre tem uma brecha.

—Uma brecha? Até agora não encontrei nenhuma.

—Mas, vai. Você vai meio que trombar nela. Você e o tio Klaus.

—Niklaus? Sendo pai?

—É. Soa inacreditável né? Mas, ele vai ser um bom pai.

—Será?

—Será. Ele vai querer que a Hope seja adorada, mas ela só vai querer alguém pra segurar o outro lado da corda enquanto ela pula. A tia Caroline vai ser uma boa mãe e uma boa esposa. Vai segurar a barra dele muito bem.

—Segurar a barra?

—Vai fazer ele não matar. Pelo menos não dentro de casa.

—Estou tentando fazer isso a séculos.

—Você não é uma loira bonitona, teimosa, forte e compreensiva. Achei!

—O que?

—Eu sabia que a saída dessa época nojenta tava aqui. E aqui está. Vovó Ester.

Ela recitou o feitiço e sumiu levando o grimório com ela.

Alguns séculos se passaram até que eu pudesse de fato conhecê-la. Hope nasceu primeiro, houveram muitos percalços, mas eu finalmente a conheci.

Izabo Mikaelson.

P.O.V. Alec.

Tem alguma coisa nela. Ela é a pessoa mais intrigante que eu já conheci.

Ela consegue ser doce e amável, ser manipuladora e vingativa, cruel e implacável.