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Charlie Swan desligara o telefone pela sexta vez no dia. Seu estado de espírito não era dos melhores enquanto olhava para as pilhas de fichas de criminosos em sua mesa. Como se não bastasse as ligações...
A verdade era que Forks estava em estado de alerta. Nos últimos meses a taxa de mortalidade na cidade cresceu, abrindo espaço para o medo assolar a pequena cidade fria.
Corpos eram achados com o sangue drenado, além de aparentemente um surto estar circulando pelas famílias da região. Se era verdade que alguém pertencente a família tivesse morrido? Obviamente. Era possível os parentes dessa pessoa alegarem que teriam a visto, viva? Charlie não sabia o que pensar.
Então era por isso que naquela manhã chuvosa decidira ligar para Bella. O pensamento lhe ocorrera à dias atrás, enquanto investigara mais um caso.
Bella havia mudado - ele não sabia até que ponto - depois de sua doença. Jacob aparentemente explodia em um lobo. Reneesme crescia cada vez mais, e não da forma que uma criança normal cresceria. Charlie Swan não entendia mais nada, mas não se importava. Era por isso que no final da tarde Bella e Edward o visitariam.

 

— Existe uma coisa chamada hora do almoço xerife Swan.

 

O mesmo saiu dos devaneios para fitar o policial Graham Davis com um saco na mão. Charlie sorriu aceitando o que pensava serem rosquinhas.

 

— Muito trabalho Davis, mais do que eu gostaria.

 

Graham assentiu pegando uma das fichas e lendo. Davis era o que se poderia chamar de novo em Forks. Se mudara a um ano atrás, alegando que a filha morrera e precisava recomeçar em outro lugar. Se mudar para a cidade em que seu melhor amigo morava não lhe parecera ruim, então ali estavam os dois policiais.

 

— As pessoas continuam alegando a aparição de parentes mortos. — seu olhar parou na janela, encarando o nada — Não é normal Charlie. Não pode ser normal.

 

Swan suspirou enquanto sentia o gosto das rosquinhas. Dizer que estava preocupado com o amigo era um eufemismo.

 

— Você sabe Graham... Ela morreu.

 

— Eu sei. Mas essas pessoas alegaram...

 

— Ela morreu Graham! Gwendolyn está morta e mais cedo ou mais tarde você precisa aceitar. — Charlie se calou enquanto o clima ficava tenso — Apenas... Continue okay? Não acredite nisso, pessoas mortas permanecem assim. Com certeza deve ser apenas um trote, está chegando abril não?

 

Graham assentiu fracamente. Para ele Charlie nunca entenderia. Mesmo que tentasse, não conseguiria imaginar a dor de perder uma filha. Olhando para as denúncias do que todos imaginavam impossível, Graham desejou que fosse verdade. Mesmo que isso transformasse a filha em uma morta viva, ele gostaria que ela voltasse. Daria tudo para ela voltar.

                              •••

Em Voltarerra as coisas também haviam mudado. A derrota contra os Cullens havia sido mascarada como uma forma de clemência da parte da realeza vampiresca. Mas isso não significava que tudo fosse ficar bem.
A mudança começara a seis meses atrás, quando o boato que em Forks mortes começavam a apavorar os humanos. Aro dispensara a ideia de enviar ajuda, decidiu os deixar lidar com esse problema, querendo atingir o clã vegetariano, então deixou que as coisas acontecessem. Poderia imaginar como sofreriam com a ideia de perigo espreitando sua família. Seria um deleite para os vampiros italianos, ou pelo menos foi o que os três mestres pensaram.
Dois meses após o começo das mortes o novo boato do mundo sobrenatural chegara na Itália: não só humanos voltavam a vida mas vampiros também.
O castelo Volturi entrou em alerta, com os mestres preocupados com o que viria pela frente. Se fosse verdade o que o informante dissera, os inimigos que à muito tempo eliminados poderiam voltar. Mas o quão forte?
As portas lustrosas da sala do torno abriram, revelando os quatros vampiros pertencentes a elite Volturi.

 

— Meus queridos! Pontuais como sempre — Aro gracejou enquanto se movia em seu trono.

 

Marcus encarava a guarda pacientemente, enquanto Caius esperava irritado o irmão dar a ordem.

 

— Viemos o mais rápido que pudemos mestre — os olhos vermelhos de Jane fizeram contato com os igualmente de Aro, refletindo obediência — O senhor precisa de nós, eu suponho.

 

Aro sorriu concordando com a cabeça. Olhou para os irmãos, que assentiram silenciosamente.

 

— É do conhecimentos de todos que um novo empecilho surgiu. Os humanos continuam alegando a volta dos mortos, mais vivos do que nunca. Se sabemos se é possível? É isso que vocês descobrirão. Por isso partem hoje mesmo para Forks, quero respostas e as quero o mais rápido possível. — Aro olhou para os quatro mais fixamente — Jane e Alec deverão fazer uma lista detalhada de todos os mortos vivos que foram vistos. Demetri e Félix irão atrás deles.

 

— E depois? — Félix perguntou se sentindo feliz pelos dias movimentados que teria.

 

Os três irmãos se olharam enquanto Caius sorria como um maníaco.

 

— Você os mata. Todos eles.

 

Demetri assentiu enquanto escutava com atenção. Pelo que deduzira, teria um trabalho longo pela frente. Procurar os humanos que tiveram o azar de não descansarem nos túmulos. Não era um trabalho ruim afinal.
Os quatro acenaram respeitosamente enquanto se retiravam da sala. Demetri ainda pôde escutar Aro falar uma última vez:

 

— Não falhem. O nome Volturi está em jogo.

 

O rastreador estreitou os olhos enquanto se encaminhava para preparar algumas coisas antes da partida. Estava acostumado a cumprir ordens sem questionar, mas por que sentia que seu mestre estava escondendo alguma coisa? Não passou despercebido pela mente ágil do vampiro que nenhum dos três irmãos mencionara sobre os vampiros inimigos que voltavam a vida. A questão era, por que?

                               •••

A atmosfera na mansão Cullen mudara drasticamente quando Edward e Bella adentraram a sala de estar da família. Toda a conversa parara, levando todos os vampiros a olharem para a expressão angustiada de Bella.

 

— A situação é pior do que imaginamos.— Edward se pronunciara, descansando um dos braços gentilmente nos ombros da esposa.

 

Os presentes na sala - Esme, Carlisle, Rosalie e Emmett - se entre olharam, com os olhos dourados exibindo preocupação.

 

— Então é verdade? Os humanos estão voltando a vida? — Rosalie foi a primeira a quebrar o silêncio.

 

Edward assentiu enquanto se concentrava nos pensamentos da filha no andar de cima. Parecia feliz enquanto brincava com Jacob e Alice. Jasper também se encontrava lá, tentando manter o lobo despreocupado e a sobrinha distraída.
Bella entregou a Carlisle um envelope, apurando a audição para caso de um ataque. Talvez estivesse muito envolvida naquilo, ou talvez fosse a aflição de ver seu pai esgotado de tanto trabalhar.

 

— Charlie nos entregou a lista de mortos dos últimos meses. — o vampiro apontou para a folha que Carlisle lia — mas há algo mais acontecendo aqui. Descobrimos algo um pouco suspeito.

 

Esme encarou a folha que o marido tirara dentro do envelope. Enquanto a loira e o grandão esperavam as novidades.

 

— Há uma ligação.

 

— Uma ligação entre o que? — Emmett perguntou tentando entender o que acontecia.

 

Carlisle olhou demoradamente para Edward, o mesmo assentiu depois de ver o que o médico pensara.

 

— As vítimas parecem terem sido escolhidas. Até agora três famílias alegaram a volta de alguém morto à anos. O irônico é que os corpos com sangue drenado eram ligados a essas famílias. — a sala ficou em silêncio enquanto os vampiros processavam a notícia — É uma sequência. Quando alguém da família morre recentemente, outro ressurge a vida.

 

— Mas aconteceu em apenas três famílias. Foram pelo menos quinze mortes até agora sem suspeito algum. — a voz de Esme foi abaixando enquanto procurava os olhos do marido.

 

Emmett gargalhou atraindo atenção para si. Quando percebeu os olhares estranhos, tratou de concertar:

 

— Há um suspeito. Ou melhor, os suspeitos. Os Volturi.

 

Bella trincou os dentes sentindo raiva em apenas ouvir o nome do clã odiado que meses atrás tentara aniquilar sua família.
Edward negou com a cabeça, ouvindo as perguntas dentro da mente de todos presentes - tirando Bella.

 

— Eles não fariam isso. Vai contra a lei do nosso mundo. Aro nunca destruiria algo que ele tanto defende. — a justificativa de Carlisle pareceu fazer-los pensar.

 

— Além de ser uma ameaça ao nosso segredo. Se essas mortes continuarem nosso mundo será exposto. — Rosalie analisou abraçada a Emmett.

 

A conversa foi interrompida quando escutaram Reneesme gritar pela tia. E em um piscar, Alice Cullen se encontrava nas escadas parecendo aflita. Jasper parou ao seu lado, tentando fazer a companheira se acalmar.
Edward encontrou os olhos assustados de Alice enquanto ele lia os pensamentos da vampira. O que viria pela frente não era nada bom.

 

— O que você viu Alice? — Bella foi até a baixinha, olhando para as escadas preocupada com a filha.

 

Alice encarou todos na sala hesitante. Por fim declarou:

 

— Precisamos encontrar Gwendolyn Davis antes que seja tarde.

 

A boca do Bella se abriu em espanto enquanto a atenção de todos se concentrava na reação da vampira.
Procurando os olhos que lhe tanto amava, Bella se concentrou em retirar o escudo de sua mente para que o marido pudesse entender. Estava chocada demais para mencionar os pensamentos em voz alta.
Edward via tudo mais claramente agora, considerando a atual situação pior do que já era.

 

— Gwendolyn era amiga de infância de Bella, mas morreu um ano atrás.

 

— Espera — encontrando a voz, a recém vampira apertou o braço de Edward enquanto juntava os fatos—ninguém da família Davis morreu recente... o pai de Gwendolyn trabalha com Charlie agora. Se ela voltou... Significa que Graham...

 

A frase ficou no ar, tornando o clima mais sombrio. Todos sabiam o que logo aconteceria, e o que seria para Charlie.

 

— Por que precisamos a encontrar?

 

A vidente trocou um olhar com o leitor de mente antes da resposta.

 

— Não seremos os únicos atrás dela. Os Volturi estão vindo, e dessa vez não irão falhar.