“Devaneios de um bêbado” — Scorpius Malfoy

Quadribol sempre foi minha paixão. Muito antes dos primeiros sinais de magia aparecerem, eu já brincava com a vassoura e acompanhava meus pais em estádios para assistir aos jogos profissionais. Boa parte dos momentos mais felizes que me recordo da infância, foram o esporte que me proporcionou. Entretanto, a ideia de subir em uma vassoura com centenas — às vezes milhares — de pessoas me assistindo e depositando em mim uma certa confiança e expectativa, me assustava. E eu jamais pensaria em me arriscar para sair da minha querida zona de conforto — que nesse caso se tratava da arquibancada — para tentar algo desse porte.

Isso até eu ir pedir ajuda à Rose Weasley. A ruiva era a garota mais... livre que eu conhecia. E eu gostava de toda essa liberdade que ela exalava, porque, de alguma maneira estranha, ela conseguia me fazer sentir daquela mesma maneira quando estava em sua companhia.

E talvez fosse por isso que considerei a ideia maluca da garota de me inscrever para o teste de Quadribol da Grifinória. Certa noite, enquanto conversávamos trivialidades depois das nossas aulas semanais de Transfiguração, eu comentei o quanto gostava do esporte. Aquilo bastou para Rose Weasley me infernizar pelo resto da semana até eu ceder e me inscrever para o teste do time.

Eu a xingava mentalmente enquanto caminhava, tentando ao máximo parecer calmo, em direção ao campo, onde alguns concorrentes já se encontravam.

Assim que cheguei ao local indicado, passeei meus olhos pela arquibancada notando que a boneca do mal não estava ali. Merda, ela havia prometido!

Por outro lado, Dominique ocupava um dos lugares de lá, junto com seu inseparável grupo de amigas enquanto soltava um dos seus maravilhosos sorrisos e acenava em minha direção, me cumprimentando. Sorri com aquilo. Eu não sabia ao certo como, mas Rose Weasley havia conseguido com que a garota mais popular de Hogwarts me notasse e, ainda melhor, demonstrasse alguns sinais de uma amizade ou até um possível namoro.

Me xinguei mentalmente por meus pensamentos voltarem na Weasley. Porra, será que até mesmo quando Dominique Marie Delacour Weasley acenava e sorria em minha direção, a maldita sonserina não saia da minha cabeça? Tudo aquilo estava ficando estranho demais!

— Agora que estão todos aqui, — começou Georgina Bell, a capitã do time de Quadribol da Grifinória. — vamos começar. Se dividam em grupos de dez e voem em volta do campo!

Todos os grupos, já separados, subiram em suas vassouras e decolaram, aguardando sua vez de voar. Aproveitei esse tempo para dar uma olhada rápida na arquibancada e meus olhos logo pararam em uma garota encapuzada, que apesar disso não conseguia esconder de todo os cabelos vermelhos flamejantes. Ela sorriu em minha direção, murmurando algo que não consegui entender e eu sorri de volta, observando a mesma piscar.

Uma estranha confiança me atingiu e eu sabia naquele momento que, se eu desse meu melhor e jogasse o que eu sabia jogar, a vaga de artilheiro no time já era minha.

Depois de duas horas, muitas reclamações e vários acessos de raiva, o time finalmente estava completo e eu era o mais novo artilheiro da Grifinória.

— Você facilitou para ele! — Caius McLaggen gritou nervoso, enquanto Georgina mantinha a mesma expressão neutra.

— Não tem porquê eu facilitar para o Malfoy, Caius.

— Me dê outra chance! — urrou.

— Lamento, mas é a minha decisão final. Scorpius Malfoy está no time e se você tem algo contra isso, mostra que entende de Quadribol tanto quanto um trasgo o que, sem ofensas, é muito semelhante à você. — Caius observava tudo perplexo, embora a raiva fosse facilmente notada nos olhos claros do rapaz. Provavelmente se questionava quem em sã consciência diria tudo aquilo a ele. Georgina se virou em nossa direção. — Estão dispensados. Eu entro em contato para avisar do primeiro treino.

E sem nenhuma palavra mais, saiu do campo. Caius se virou para mim.

— Isso não acabou aqui, Malfoy. — resmungou, antes de sair em passadas pesadas na mesma direção que Georgina.

Não tive tempo de processar a ameaça, já que logo que McLaggen saiu, Dominique Weasley entrou no meu campo de visão.

— Hey, Malfoy, — chamou, sorrindo. — estou feliz que tenha conseguido a vaga. Você é realmente bom jogando!

— O-obrigado. — gaguejei, sentindo minhas bochechas corando.

— Apenas a verdade. — afirmou, sorrindo. Ela ficou me encarando alguns segundos, com aqueles incríveis olhos azuis, ao mesmo tempo que mordia o lábio inferior, em sinal de confusão. — Eu estava pensando... — começou. — gostaria de ir na minha festa de aniversário? Iremos fechar o Três Vassouras, e vai ser bem divertido...

— E-e-eu adoraria! — sorri.

— Perfeito! — ela sorriu. — Sábado, às sete.

— Sábado, às sete. — repeti confirmando, enquanto ela ainda sorria.

— Nos vemos lá então, Scorpius. — piscou, saindo.

Eu nunca havia reparado a forma linda e sexy que meu nome soava quando ela o pronunciava. Merlin, aquilo era incrível!

— Eu disse que você conseguiria! — a voz animada de Rose se fez soar, e eu não pude deixar de notar o sorriso contagiante que brincava em seu rosto.

— É, você disse! — sorri, sentindo um estranho calafrio percorreu meu corpo enquanto à encarava. — Você não faz ideia do que acabou de acontecer!

{...}

— Você não vai entrar? — escutei a voz de Violetta Edgecombe murmurar, curiosa.

Era sábado, às sete e meia da noite. Fazia mais de trinta minutos que eu estava parado em frente ao pub, tentando reunir alguma coragem para entrar por aquelas portas.

— Vou, só... estou esperando uma pessoa. — respondi, vendo ela dar de ombros e entrar no pub já decorado pela festa que acontecia lá dentro.

Suspirei. Eu não estava esperando ninguém, pelo menos não conscientemente. A verdade é que eu estava com medo. Havia entrado nessa e pedido a ajuda de Rose para ter momentos exatamente como esses, mas, agora, era como se eu não quisesse fazer parte daquilo. Merlin, o que estava acontecendo comigo?

— Você é um Idiota! Idiota! Idiota! — resmunguei, enquanto chutava uma pedrinha.

— Não sabia que falava sozinho também, Malfoy. — brincou, divertida.

Virei em direção da voz, percebendo que se tratava de Rose. E Ela estava... surpreendente.

Usava um vestido verde-escuro curto — como em uma provocação muda para seus primos grifinórios — que parecia ressaltar todas as curvas que eu não havia reparado até então que ela possuía. Os saltos a deixavam mais alta, embora ainda se tornasse menor ao meu lado. Ela segurava uma bolsa-carteira, também em um tom verde.

Os cabelos flamejantes estavam soltos e caiam em cascatas pelos ombros e costas da garota. O vermelho do cabelo entrava em contraste com o vestido verde e eu tinha certeza que era o contraste mais belo que eu já havia visto.

Tudo nela era malditamente sonserino, e o sorriso arrogante e brincalhão só ressaltava isso.

— Estou nervoso. — admiti, ainda um pouco transtornado, desviando meu olhar dela. — Não sei se quero entrar.

— Por quê? É o aniversário da sua garota. — mesmo sem olhar eu sabia que ela havia arqueado a sobrancelha, em confusão. Eu à conhecia suficiente para isso.

— Ela não é a minha garota. — suspirei, me sentando na calçada do pub. — Eu pedi sua ajuda para finalmente conseguir esses momentos, e agora... acho que não é o que eu realmente quero.

Ela caminhou em silêncio, sentando-se do meu lado e encarando a rua, assim como eu.

— E o que você acha que quer? — perguntou. Desviei meus olhos para ela.

De perto, ainda era perceptível as sardas que pingavam em sua bochecha parecendo formar pequenas constelações, mesmo com a maquiagem que usava e ressaltava todos os traços do seu rosto.

E só então o que era óbvio e eu nunca havia reparado começou a fazer sentido: Rose Weasley era linda.

— Eu... não sei. — respondi, ainda vidrado nela.

Ela virou-se para mim, de maneira que ficássemos tão próximos que eu podia sentir sua respiração quente batendo no meu rosto. Senti meu estômago revirar em uma estranha sensação boa, e uma necessidade tremenda de juntar nossos lábios tomou conta de mim, mesmo não tendo ideia de como fazer aquilo.

— Scorpius... — ela sussurrou, enquanto desviava seus olhos dos meus para minha boca, repetidas vezes. A maneira com que falou meu nome, e não o sobrenome, acelerou meu coração de uma forma totalmente estranha. Merlin, eu precisava beijá-la.

Me aproximei, e eu já podia ouvir a respiração descompassada da garota se misturando com a minha, quando um barulho alto fez com que nos afastássemos quase de imediato.

— Ah, aí está você! — a voz melodiosa de Dominique exclamou. — Violetta comentou que estava aqui fora! Olá, Rose. — cumprimentou.

A ruiva deu um sorriso forçado, se levantando e entrando direto no pub, sem olhar para mim uma só vez.

— E-eu tava... — pensei em uma desculpa qualquer que pudesse usar, mas nada me veio à cabeça. O que eu poderia dizer? — reunindo minha coragem para entrar. — decidi contar meia—verdade.

— Reunindo sua coragem? — arqueou a sobrancelha, curiosa. — Por que precisaria disso para entrar em uma simples festa de aniversário?

— Bem... — respirei fundo, reunindo minha pouca coragem. — é que não se trata de qualquer festa de aniversário... é o seu.

Dominique não respondeu, apenas se aproximou mais da calçada onde eu estava sentado e me estendeu à mão.

— Sendo assim... — abriu mais um daqueles sorrisos, que deixaria qualquer garoto louco, mas que, estranhamente, não surtiu tanto efeito em mim. Droga, mas que merda estava acontecendo? — você não iria querer me decepcionar ficando aqui fora, não é?

{...}

Mesmo com toda agitação e animação que me cercava, eu não conseguia deixar de pensar em Rose Weasley. A ruiva havia sumido desde que entrou no pub, e eu sabia que ela estava simplesmente me evitando. O que houve de errado para ela agir de tal maneira?

Não é errado você sentir atração por alguém, o que naquele momento, onde o álcool já fazia um efeito considerável, eu admitia que sim, eu me sentia atraído por ela, mas o que diabos há de errado nisso? O que diabos há de errado em querer beijar alguém? Mesmo esse alguém sendo a pessoa na qual você foi pedir ajuda para conquistar sua prima que, por sinal, é uma baita gata e está de dando toda moral possível, além de ter lhe chamado para sua festa seleta de aniversário?

Merlin, eu estava realmente mal.

Levantei meio tonto da mesa onde estava, tentando chegar ao banheiro o mais rápido que conseguia, o que não foi fácil, já que existia muitas pessoas em meu caminho.

Xinguei mentalmente algumas, ao mesmo tempo que empurrava outras e finalmente consegui chegar ao meu destino. Abri a porta do lavabo com dificuldade, entrando e me encarando no grande espelho que havia ali.

Minhas bochechas começavam a ganhar uma coloração avermelhada, e meus olhos estavam mais escuros que os céus tempestuosos. O que estava acontecendo comigo?

Soquei o mármore frio da pia. Eu não era assim. Merlin, eu definitivamente não era assim.

Eu não era convidado para festas e não ia à elas — o que é meio óbvio, mas isso não passa de devaneios de um bêbado —, eu não tentava beijar garotas e, principalmente, eu não tentava beijar Rose Weasley. Eu a odiava.

Ou, pelo menos, deveria. A verdade é que esse conceito havia mudado na minha cabeça no dia em que fui até ela implorando desesperadamente por uma ajuda. E eu não sabia ao certo o porquê de tê-la escolhido, mas algo gritava dentro de mim que precisava ser ela.

E a cada dia que passávamos juntos, eu sabia que ela não era assim tão mal. Na verdade, ela podia ser até legal quando queria. E divertida, engraçada, inteligente...

Mas que merda estava acontecendo comigo? Que merda de feitiço Rose Weasley havia me jogado para eu ter me tornado tão... menos Scorpius.

— Vai demorar muito aí? Tem mais gente querendo usar! — escutei a voz de Dominique bradando do outro lado.

Respirei fundo, destrancando à porta, tendo a visão de uma loira irritada, mas que suavizou a expressão quando percebeu que se tratava de mim.

— Desculpe, não sabia que era você. — sorriu verdadeiramente, e eu apenas à encarei.

Por que diabos Dominique havia me notado assim, repentinamente? O que Rose Weasley — porque sim, era sempre ela — havia feito comigo que havia conseguido chamar a atenção até mesmo da garota mais linda que já tinha pisado em Hogwarts?

— Por que me convidou? — perguntei, antes que pudesse conter as minhas próprias palavras.

— Como é?

— Por que me convidou para sua festa? — arqueei a sobrancelha. — Quer dizer, aqui só tem seus amigos e familiares, e não me encaixo e nenhum dos dois! Então, por que me convidou?

A loira pareceu pensar em uma resposta convincente, mas por fim, apenas se aproximou de mim, colando nossos corpos e passando seus braços pelos meus ombros.

— Porque, Malfoy... — ela sussurrou, próximo aos seus lábios. Em qualquer outro momento, meu corpo teria gelado e paralisado, mas aquele não era eu. Estava fora de mim. Rose Weasley havia me deixado fora de mim. — eu acho que você estava demorando muito para tomar uma atitude. — sorriu sapeca, vendo um sorriso semelhante brotar nos meus lábios.

Sem conseguir pensar direito e entender o que estava fazendo, eu juntei nossos lábios, tentando despejar em Dominique todo sentimento de raiva que eu sentia naquele momento por... ela.

Eu nunca havia feito isso, e a sensação que me invadiu foi extremamente... incrível. A loira abriu um pouco a boca, pedindo passagem com a língua. Não fazia ideia do que estava acontecendo, apenas me deixava guiar pelos lábios doces de Dominique.

Já havia perdido à noção do tempo que estávamos ali — e eu já havia conseguido me acostumar, e arriscava que estava beijando bem, já que Dominique não desgrudava de mim —, quando a loira se soltou de mim, me empurrando para dentro do banheiro e fechando a porta.

Ela estava com os lábios inchados e as bochechas coradas, mas sorria da maneira mais... excitante — desde quando eu uso essa palavra? — que eu já havia visto na minha vida.

A Delacour voltou a se aproximar, desta vez mais devagar, sem deixar o sorriso morrer. Passou as mãos pelo meu peitoral, desabotoando minha camisa escura de botões.

Espera, o que eu estava pensando ia mesmo acontecer? Eu havia perdido o bv e perderia a virgindade na mesma noite com, ninguém menos, Dominique Delacour Weasley?

Eu estava mesmo com sorte! Uma onda de felicidade me invadia, e toda minha crise existencial de minutos pareceu ir embora junto com minha camisa, que foi arremessada em um canto qualquer do banheiro.

— Dominique eu... — tentei começar, vendo-a colocar o dedo indicador em meus lábios, me silenciando.

— Não estrague o momento. — sorriu abertamente.

Apenas assenti e decidi me levar pelo momento. Qual é, eu iria transar com Dominique Weasley! Por que não iria querer viver o agora?

Ela me beijou novamente, ao mesmo tempo que descia suas unhas compridas pelas minhas costas nuas, causando uma sensação estranha em mim. Ela se sentou na bancada da pia, me puxando para ficar no meio de suas pernas, sem partir o beijo. Senti meu amiguinho começar a ficar animado, no momento em que ela começou a se movimentar colada à ele.

Um barulho estranho se fez soar, mas eu não me importei. Qual é, eu estava beijando Dominique Weasley! Mas ela pareceu não pensar da mesma maneira, já que parou o beijo para ver de onde estava vindo o barulho. Suspirei frustado e só então notei à porta aberta do banheiro e o tamanho da merda em que eu havia entrado.

Parada, sem reação, estava ninguém mais, ninguém menos, que Rose Weasley. A ruiva piscou os olhos atônita e esboçou mais um sorriso falso.

— Desculpem. Eu não queria atrapalhar! — e sem dizer mais nada saiu, me deixando, mais uma vez, com cara de idiota.

— Vêm, esquece isso! A Rosie não vai espalhar nada pra ninguém! — murmurou Dominique, empurrando a porta com os pés e me puxando de volta para posição anterior.

— Mas... — fiz menção de ir atrás de Rose, mas a loira me segurou, começando a fazer uma trilha de beijos do meu pescoço até os lábios.

— Não se preocupe com isso. — sussurrou próximo ao meu ouvido, sorrindo ao notar o efeito que havia causado.

Ela voltou a colar nossos lábios, mas eu não me sentia mais da mesma maneira. Rose havia me visto beijando e, pior, quase transando com Dominique, no mesmo dia em que eu tinha tentado beijá-la.

Merda, o que havia acontecido comigo? Eu não era assim. Não era como os caras babacas que beijavam vinte em uma só noite. Na verdade, isso ia contra todos os meus princípios! Então, por que eu havia feito isso?

— Desculpe. — murmurei me separando, pegando minha camisa do chão e saindo daquele lugar.

Eu precisava ir atrás de Rose.

Corri apressado pela festa, tentando fechar minha camisa, ao mesmo tempo que buscava em todas as direções um sinal dela.

Ouvi o sininho da porta, ao mesmo tempo que tinha um vislumbre de seu cabelo vermelho antes da porta fechar. Corri em direção à saída, empurrando algumas pessoas pelo caminho.

— Rosie! — chamei, saindo pela porta. Ela não havia ido muito longe, e parou quando escutou seu nome. Andei mais rápido em sua direção.

— Malfoy, olha... — ela virou-se para mim, suspirando. — não precisa se justificar ou sei lá... você conseguiu o que queria, não é? — sorriu, sendo perceptível que o sorriso não chegava aos seus olhos.

— É claro que eu preciso! Eu não sou assim, Rose! — exclamei. — Eu não tento beijar duas garotas em um só dia! Eu não venho à festas e, pior, eu não fico bêbado! Merda, o que você fez comigo?! — perguntei, transtornado. — Viu? Eu não falo palavrões também, porra!

— Você está me culpando por eu ter te ensinado à viver? — riu incrédula. — Ok, Malfoy! Me desculpe por ter lhe mostrado o mundo que existia fora do seu dormitório, me desculpe por ter te feito sentir todas as melhores sensações do mundo e ter lhe apresentado a liberdade! Sei que os meus métodos não são os melhores ou mais eficazes, mas eu te ensinei à viver, Scorpius!

— Então desfaça isso! — gritei, perdendo o controle. — Eu não quero ser assim! Merlin, eu só queria voltar ao dia que eu pedi sua ajuda e... não ter feito isso. — Rose riu sem humor, e eu percebi a merda que havia dito.

— Você não muda nunca! Não acredito que, por um segundo, achei que aquele garotinho babaca por quem eu era apaixonada havia sumido. Aquele por quem eu entreguei meu coração e que jogou fora, como se fosse apenas lixo... — pisquei sem entender. Rose Weasley já foi apaixonada por mim? — Você é um idiota, Malfoy. E é do pior tipo, já que finge ser o que não é. — ela virou para continuar a andar, mas eu fui mais rápido e segurei seu pulso, virando-a novamente.

— Rose, eu... — tentei argumentar dizendo que eu não sabia que ela era apaixonada por mim, e que sequer sabia como havia jogado seu coração fora, já que não tínhamos muito contato antes.

— Por favor, Scorpius... — seus olhos estavam marejados e eu senti meu coração se quebrando em pedaços quando vi. Eu sentia uma dor crescendo dentro de mim, e eu não sabia mais se era física ou emocional. — Me deixe ir.

Senti minhas mãos se afrouxando nos seus pulsos e a soltei, vendo-a sair em passadas rápidas dali.

Desta vez sozinha, deixando para trás somente seu perfume e o som audível dos seus soluços.

Nunca quis dizer as coisas que eu disse
Para fazer você chorar, posso dizer que sinto muito?
É difícil esquecer e, sim, eu me arrependo
De todos esses erros
Eu não sei por que você está me deixando
Mas eu sei que você deve ter suas razões
Há lágrimas em seus olhos, eu assisto enquanto você chora
Mas está ficando tarde

— Too Close for Comfort - Mcfly.