Nas batidas do Sangue escrita por M Schinder


Capítulo 2
A derrota é só o primeiro passo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente vamos poder começar nossa história!
Espero que gostem dos desenrolares que planejo e aproveitam o longo caminho que a detetive Hyuuga fará a partir de agora!

Boa leitura.



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“Quem teme ser vencido tem a certeza da derrota.”

Napoleão Bonaparte

 

— Hyuuga, está lendo isso de novo?

A voz inconfundível de Hatake penetrou em seus ouvidos, desviando a sua atenção da notícia da semana anterior. O New York Times não havia sido o único jornal a usar a inabilidade da polícia como manchete naquela semana, mais de dez veículos tinham escolhido a não resolução do caso de Chouji Akimichi como chamariz para capturar a atenção dos leitores.

— Algum caso sempre fica sem resolução, então relaxe e siga em frente. Temos mais coisas para fazer — aconselhou Hatake, tocando levemente no ombro de Hyuuga antes de voltar para a própria mesa.

Kakashi Hatake é um dos detetives mais antigos da divisão de homicídios da polícia de Nova Iorque. E, diferente de Hyuuga, ele tinha consciência de que não se podiam vencer todas as batalhas. Contudo, Hyuuga não concordava com ele, não quando sua própria reputação estava em jogo.

Com um suspiro longo, e depois de devolver o jornal para dentro da gaveta de sua mesa, a detetive se ergueu e pegou seu casaco. O horário de serviço havia acabado, outros casos tinham sido resolvidos durante o dia e não havia mais nada, nem ninguém, no departamento. Estava colocando a carteira no bolso da calça quando outra pessoa entrou na sala. Uma jovem sorridente já usando roupas casuais em vez do uniforme da polícia.

— Hinata, vai se juntar a nós hoje no bar? — Perguntou a jovem, animada. — Faz tempo que não sai com o grupo, estamos sentindo sua falta!

Hinata deu um sorriso cansado para ela. Realmente vinha evitando se reunir com os amigos do departamento desde o grande fracasso do caso Akimichi. Não se sentia bem na época e ainda não estava disposta a sair.

— Sinto muito, Ino, mas tenho coisas para fazer em casa — recusou delicadamente ao convite.

— Tudo bem, então quem sabe na próxima?

Ino acenou para ela e saiu da sala, sem olhar para trás. Todos conheciam Hinata bem o suficiente para saber que, mesmo que insistissem, ela não iria ceder. Era tão boa policial e detetive quanto era teimosa e mantinha distância dos outros.

Satisfeita com a perspectiva de voltar para casa, a detetive Hinata Hyuuga colocou seu casaco e saiu do departamento, pronta para caminhar pelas ruas noturnas e geladas do inverno nova-iorquino.

***

Ruelas intermináveis e escuras se dividiam entre as calçadas e os prédios da cidade. Chuviscava levemente, deixando a sensação térmica ainda mais baixa. Hinata sentia o cabelo molhar e o tecido do casaco pesar por causa da água, mas não parava para se esconder da chuva fina como muitas pessoas faziam.

Seu apartamento ficava muito distante da sede da polícia e ela precisava pegar dois metrôs para chegar ao seu destino. No entanto, ela sempre optava por caminhar grande parte do caminho. Acreditava que se manter em movimento e fazer exercício físico a ajudariam a manter a forma adquirida ao longo de sua carreira na polícia.

Depois de passar três anos na corporação como policial investigativa, ela conseguiu passar na prova para detetive e, por ter sido a primeira de sua turma, teve a opção de escolher para qual divisão seria enviada. Entre desaparecidos, narcóticos e homicídios, ela optou pela homicídios porque acreditava ser muito melhor para si – e para evitar o passado de seu irmão com a polícia.

Desde então, cinco anos se passaram. E esse foi o tempo necessário para construir uma reputação impecável dentro do departamento. Não era chamada de “Holmes” por seus colegas de trabalho por brincadeira. Hinata passou a ser comparada ao maior detetive de toda a ficção britânica por ter mantido o incrível número de zero casos não solucionados. Ela era a pessoa para quem o comissário ligava quando precisava de uma solução para algum caso difícil de assassinato.

Nunca tinha falhado. Nunca. Até o caso de Chouji Akimichi.

O amargor da derrota a consumia desde que fora obrigada a fechar o caso. Ela não queria desistir, precisava buscar justiça para Chouji, mas as provas eram circunstanciais e os suspeitos tinham álibis. Hinata passara uma noite inteira bebendo quando percebeu que havia chegado em um beco sem saída e que não poderia simplesmente escalar a parede do fundo e escapar. Até o presente ela não sabia se o pior havia sido dar a notícia para a família ou para seu chefe.

A chuva foi aumentando aos poucos até que ela sentisse o casaco encharcado. Água escorria para dentro de sua roupa por seu cabelo, deixando a sensação térmica em seu corpo ainda mais baixa do que antes. Hinata abriu a porta de seu pequeno apartamento no Bronx e escapou da chuva ao finalmente adentrar sua casa.

O local era pequeno, quase como um flat. A cozinha era estilo americano só porque ela quisera que o ambiente parecesse maior e demolira a parede com a ajuda de um amigo, mantendo apenas a viga de sustentação. A janela da sala normalmente serviria para iluminar o lugar, fosse com a luz da lua ou do sol, mas a chuva obrigara-a a ligar as luzes. O quarto era uma suíte, sendo esse o único banheiro da casa.

A detetive gostava do lugar e sentia que o apartamento era reconfortante e provavelmente o único lugar seguro para ela. Olhou ao redor enquanto retirava o casaco e o pendurava atrás da porta. Descalçou as botas que usava para trabalhar e caminhou pelo chão de madeira até a cozinha, sentindo a madeira fria sob as solas de seus pés. A sensação gélida a despertou dos pensamentos deprimentes que o caso de Chouji lhe traziam.

A secretária eletrônica de seu antigo telefone fixo piscava sobre o balcão, avisando que tinha mensagens para serem ouvidas. Um miado baixo veio da direção da sala, quando olhou para trás, encontrou Francesco sobre o sofá, a observando.

— Ei, garoto, como foi seu dia?

A voz dela ecoou pela casa, mas ela apenas continuou sendo encarada pelo olhinho azul pequeno e sábio do gato malhado. Ele era grande, cheio de pelos e muito velho. A garota o adotara quando entrou para a corporação e ele a acompanhava desde então.

Sem esperar mais por qualquer resposta, Hinata apertou o botão da secretária eletrônica, deixando que os recados gravados rolassem enquanto ia até a geladeira ver se tinha algo para comer.

Hina querida, por favor, não se esqueça que Melody tem as apresentações de inverno no balé nesse final de semana. Tipo, amanhã! Ela espera que você vá dessa vez... A voz inconfundível de sua irmã mais nova a fez sorrir. “Preciso cumprir a promessa que fiz para minha sobrinha” pensou enquanto fechava a porta da geladeira.

Hinata, parabéns! Fiquei sabendo que você conseguiu solucionar o caso de Martha Morrison. Uma atuação incrível como sempre. Menos um assassino nas ruas! Parabenizou a voz do comissário Sarutobi. O chefe vinha tirando um tempo para observar melhor todos os detetives do departamento depois do caso de Chouji, já que precisava garantir que mais nenhum caso fosse fechado durante um bom tempo. E desde então, ela tinha resolvido mais três casos, o que era uma marca incrível, mantendo-a em uma linha de equilíbrio com o homem.

— Menos um, mas ainda tem um livre — murmurou para si mesma enquanto pegava uma panela e enchia de água. Ligando o fogão para procurar o macarrão em seguida.

Ela sentia que precisava jantar bem naquela noite.

Boa noite, Hina. Como sempre, não consigo te pegar em casa para termos um telefonema decente, você precisa descansar mais antes de ficar como seu pai. Retorne essa ligação ou faça o favor de aparecer, quando puder. Seu pai sente muito a sua falta, okay?

A voz carinhosa da madrasta dela fez com que parasse tudo que fazia para olhar para o telefone, que apenas servia para receber mensagens. Vinha evitando o pai de todas as formas possíveis. Ele avisara que, a partir do momento que virasse policial, ela teria que tomar decisões difíceis que nunca a agradariam. Dissera, também, que ela nem sempre conseguiria o que queria.

— Perder é difícil, ser derrotado dói. Como você se recupera disso? — Parafraseou a frase que tanto ouvira o pai falar quando era menor. O oficial condecorado Hyuuga nunca respondera sua própria pergunta. — E eu não sei, pai. Eu não sei.

Esperou que o macarrão fervesse, optando por comê-lo apenas com um pouco de alho e óleo. Não queria ter o trabalho de cozinhar muito durante a noite e nem estava acostumada a comer tanto. Quando finalmente acabou, encheu o pote de ração de Francesco e rumou para o quarto, pronta para tomar um banho e ir se deitar.

Por ser um apartamento muito silencioso, ela teve oportunidades suficientes de parar e revisar o caso que não completara. Fizera isso inúmeras vezes durante a última semana e de nada adiantou. Enquanto tomava banho ou ia ao banheiro. Depois de escolher e trocar suas roupas. Assim que se deitava e esperava o sono chegar. A rotina tinha sido pensar em Chouji, o jovem adulto exemplar morto, mas não nunca chegou a nenhuma conclusão.

Aos vinte e oito anos de idade, Hinata Hyuuga tinha apenas uma certeza: fora derrotada mesmo depois de todo seu trabalho duro. E ela simplesmente não conseguia aceitar isso com facilidade, não quando sentia que havia decepcionado tantas pessoas quanto orgulhara em seus anos como detetive.

Afinal, não é nas vitórias que as pessoas passam a reconhecer seu nome, mas nas derrotas. E essa tinha sido uma feia na carreira da jovem detetive.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentários? Críticas? Por favor, suas palavras sempre são bem vindas!



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