20 motivos para continuar vivendo escrita por Lori


Capítulo 2
Segundo Motivo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu gostaria de pedir imensas desculpas pela demora de UM MÊS!
Dessa vez eu nem tenho uma desculpa, só tava com preguiça mesmo.
Prometo ser mais ativa (cof cof).



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 Após o ocorrido no café, Taeyeon se encaminhou à praça que tinha na frente do estabelecimento, já tinha sido bem constrangedor ela confundir seu pedido com o de um garoto, mas não era culpa dela se ambos tinham pedido a mesma coisa e dado o mesmo nome.

O inverno estava no final, mas ainda era fácil sentir o frio intenso, ela sabia que ainda ficaria frio por um bom tempo. Os resquícios de neve da última nevasca estavam evidentes pela praça, mas ao mesmo tempo algumas flores brotavam onde a neve já derretera. Era bonito de se observar isso, como a beleza das flores vivia por entre o frio do inverno.

Deu  um gole em seu chocolate quente enquanto observava a paisagem; neve, crianças brincando, flores brotando, era tudo tão lindo de se ver. "Se eu tivesse que escolher motivos pelo qual eu estou viva, a natureza seria o motivo número dois", pensou ela.

—Por que você teria que fazer isso? -Uma voz grossa ressoou, ela estremeceu, percebeu que estava pensando alto e reconhecia aquela tom de minutos atrás.- Pode me responder?

—Desculpe, só estava pensando alto. -Ela abaixou a cabeça, era o garoto que ela tinha confundido o pedido na cafeteria.

—Não tem porquê se desculpar. -o garoto sentou ao lado dela, fazendo-a se encolher ainda mais.- Só me responda; por que você precisa citar motivos para viver? Viver em si só não é um motivo?

Taeyeon não respondeu de início, pensava no quão intrometido aquele garoto estava sendo, eles nem se conheciam direito, quem ele pensava que era?

Suspirou fundo, ele ainda estava ali e ela sentia que ele a encarava. Com toda a inteligência que tinha ela pensou em uma resposta menos reveladora, a educação que ela tinha a obrigava a responder algo.

—É uma longa história -foi tudo o que saiu- não é agradável falar sobre ela com estranhos.

—Oh claro, me desculpe! -O garoto se ajeitou e estendeu a mão para ela, bastante informal.- Eu sou Taehyung, Kim Taehyung.

Taeyeon olhou das mãos para a cara do garoto que estava em sua frente, pensou um pouco antes de falar, ela não era a maior fã de música pop e muito menos daqueles grupos todos moldados para a mídia, mas sabia identificar um deles caso o visse. Era só identificar a beleza anormal, o tom de voz e a marca das roupas, pra confirmar, era só perguntar o nome. Ela conhecia aquele nome. Kim Taehyung. O garoto que usava roupas da Gucci, era vocal de um grupo de pop e tinha o tom de voz inconfundível, além de ter sido eleito o homem mais bonito do mundo.

—Kim Taehyung? -Ela perguntou incerta, ainda deixando o menino com a mão estendida para o nada.

—Vai me dizer que seu nome também é Kim Taehyung? -Ele perguntou nitidamente irônico.

—Ah não, quer dizer, sim, não. -Ela se embolou nas palavras e o menino riu, mas não tirou a mão da posição, Taeyeon a apertou.- Eu sou Taeyeon, Nah Taeyeon.

—É um prazer te conhecer Tae, espero que não se importe com a informalidade. -O Kim falou depois de se cumprimentarem, ele claramente percebeu só agora o quão informal estava sendo o tempo todo.

—Não tem problema. -Ela fitou o horizonte por um tempo.- Posso te fazer uma pergunta? Você é Kim Taehyung, aquele Kim Taehyung?

—Não, eu sou esse Kim Taehyung aqui, não faço ideia do que você está falando. -Ele disse sério demais pra parecer estar brincando, Taeyeon ficou tensa, mas logo o garoto riu.- Sim, eu sou Kim Taehyung do grupo de pop BTS.

—Puta que o pariu! -Taeyeon levantou assustada, ela já desconfiava, mas ter a confirmação tornava tudo mais estranho.

—O que aconteceu?

—Você é famoso, não pode ficar por aí assim, e se as suas fãs virem e me odiarem?

—Ei, ei, calma que hoje é sábado, eu estou aqui como uma pessoa normal e meus fãs podem entender isso. -O garoto acalmou-a- A gora você vai me responder ou simplesmente surtar?

—Responder o que?

—Por que você tem que citar motivos para estar viva? -O Kim inclinou-se no banco, usando o seu chocolate quente para aquecer as mãos sob as luvas enquanto os olhos ainda estavam em Taeyeon.

—Eu só acho que poucas coisas na vida valem a pena. -A menina foi direta, dando um gole em seu chocolate observou a careta que tirou de Taehyung com sua resposta.

—E se você tivesse que enumerar essas coisas, quantas seriam?

—Eu não sei. -Taeyeon parou, nunca tinha parado pra contar. Utilizou os dedos das mãos por um instante. -Cinco.

—Só cinco? -Taehyung não escondeu a cara de desgosto.- Mas o BTS tem sete membros.

Ele riu e Taeyeon fez uma careta pra ele. Era estranho, eles se conheceram fazia alguns minutos por conta de um incidente na cafeteria, mas já agiam como se fossem amigos de longa data.

—Desculpe te decepcionar, não sou sua fã, nem do seu grupo.

—Ouch! -O garoto fingiu estar ofendido.- Então como você me reconheceu?

—Eu sou antenada nas coisas, sem contar que você é o típico modelo de astro de pop e seu nome está na boca de todas as meninas. -Taeyeon franziu a testa, dando outro gole em sua bebida quente.

—Mas falando sério agora... -Taehyung pareceu que ia mudar de assunto.- Sério que meu nome está na boca de todas as meninas? -Ele riu enquanto a menina revirava os olhos.- Brincadeira. Mas por quê apenas cinco motivos?

—Porque pra mim apenas cinco motivos importam. -Ela falou como se fosse óbvio, levantando-se e indo andando.

—Impossível, tem tanta coisa que vale a pena na vida! -Taehyung levantou-se e foi atrás dela.- Eu posso te citar no mínimo 20 motivos, no mínimo!

—Você pode, eu não. -Ela jogou o copo vazio na lixeira, sendo imitada pelo outro Tae.- Cada um vê a vida de um jeito diferente.

—Eu posso te dar 20 motivos, posso fazer você enxergá-los! -Ele passou na frente dela, fazendo-a parar enquanto a segurava pelos ombros.

—Me solte, nós não somos tão íntimos para você fazer isso. -O garoto a soltou no mesmo instante, se encolhendo um pouco e abaixando a cabeça.- Nós nem nos conhecemos pra início de conversa.

—Me desculpe. -O Kim pronunciou, mas não desistiu, correu atrás da menina novamente.- Mas por favor, me deixe te mostrar esses motivos!

A menina parou, observou o rapaz, ele parecia ter bom coração, ela não o conhecia nem como fã, não poderia julgá-lo. Suspirou fundo, era triste pensar que ela precisava de ajuda para enxergar mais de cinco motivos para viver. Assentiu.

—E como você pretende fazer isso? -Ela o encarou nos olhos, apesar dele ser uns bons dez centímetros mais alto.- Aliás, o que o faz pensar que eu preciso disso?

—Eu já tive vários amigos na mesma situação que você. 

—Mesma... Situação? Que situação?

—Que não conseguiam enxergar motivos na vida, ou tinham poucos... Isso é um sintoma da depressão que eu saiba.

Taeyeon se encolheu um pouco, mas o suficiente para que o garoto notasse.

—E o que aconteceu? -Ela sussurrou.

—O que? -Ele perguntou, não havia entendido.

—O que aconteceu com esses seus amigos? -Ela falou mais firme.

O silêncio tomou conta do espaço por um tempo.

—Alguns estão bem, seguiram suas vidas, estão superando... -Ele sorriu fraco, mas seu sorriso logo sumiu.- Um deles se suicidou ano passado.

Aquilo com certeza foi um baque para a menina, que sentiu seu coração falhar uma batida, já que mantinha a esperança de que daria tudo certo, que estaria tudo bem. Ela segurou a lágrima que ameaçou escorrer.

—Tudo bem... -Ela sussurrou novamente, fazendo Tae se aproximar dela para que pudesse ouvir.- Você pode me mostrar esses motivos.

O sorriso de Taehyung cresceu imediatamente, era possível ver que ele realmente gostava de ajudar as pessoas. Ele deu uns pulinhos, arrancando um riso de Taeyeon pela ação.

—Aqui, me passa seu telefone. -Ele entregou a ela o celular dele, onde ela discou seu número.- Eu te ligo e nós podemos marcar um dia.

—Quanto tempo vai demorar pra você me mostrar esses motivos? -Ela perguntou, entregando o celular de volta pra ele.

—Eu não sei, tudo vai depender. -Ele disse, olhando a hora.- Obrigado pela chance Nah Taeyeon, agora eu preciso ir.

Ele estendeu a mão em um cumprimento informal que ela retribuiu, antes de sair ele ainda fez a típica reverência formal, o que fez a menina rir pela indecisão na forma de cumprimentar-se, mas ainda assim devolveu a reverência. Observou ele ir embora e atender o telefone apressado, quando ele já estava em uma distância boa o suficiente ela voltou a observar o ambiente.

A neve derretendo, as flores brotando nos espaços sem neve, as crianças brincando... Era tudo tão simples e tão bonito. Com certeza a natureza e o ambiente eram seu segundo motivo. As flores em especial.

Caminhou em passos pequenos até o banco e se sentou novamente. Parece que o destino sorriu pra ela, dando uma chance dela encontrar mais motivos para viver. Encostou a cabeça no encosto do banco, olhando o céu e fechando os olhos lentamente, apenas sentindo a leve brisa gelada bater na ponta de seu nariz.

Motivo Nº 2: Natureza.


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