O filho do Camus escrita por Jess Porcino


Capítulo 3
O início de uma nova vida


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu novamente, vou me esforçar para aparecer com mais frequência, beijos.



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— Você virá comigo.

 

— Para onde? — Léo interrompeu quase que imediatamente.

 

— Para minha casa. — Camus respondeu e encarou Léo o esperando levantar e segui-lo, o que foi feito de forma hesitante.

 

 

Camus deu duas batidas na porta que foi prontamente aberta por um policial. Após uma breve conversa Camus saiu e Léo o seguiu ainda hesitante, ao passar pela porta encarou o policial sem dizer uma palavra e seguiu seu caminho no mesmo silêncio. Entraram na sala do delegado e após algumas burocracias foram liberados, claro que não antes de Léo levar o maior sermão da sua vida pelo delegado e jurar sigilo sobre toda a informação que visualizou enquanto navegava nos arquivos secretos, de qualquer forma ele não estava interessado em tais informações e mal havia lido qualquer coisa, estava focado em encontrar os registros de Camus e sinceramente mal se lembrava do que estava escrito se não o levava ao seu objetivo. 

Em todo caso, ele não achou nada relevante sobre Camus e o próprio delegado já havia feito o trabalho por si de forma ainda mais competente uma vez que agora poderia dizer que estava lado a lado com seu pai. Só não sabia se deveria agradecer ou amaldiçoar o delegado por isso dado as circunstâncias em que fora tratado por Camus. Léo ainda desconfiava que fora solto tão “facilmente” pelo fato de Camus estar ali e não pela sua falta de interesse e conhecimento pelos documentos privados. Ele desconfiava que Camus era alguém com relativa influência sobre a polícia, pelo menos o suficiente para ser encontrado tão rapidamente e liberar Léo, um estrangeiro, no mesmo ritmo. Afinal a polícia não poderia encontrar um homem tão rápido só com as informações que ele tinha e o delegado parecia conhecê-lo também.

 

Léo foi tirado de seus pensamentos quando o carro parou em frente a uma construção, Léo pode ler a fachada que indicava “Avissinia Café” em letras bem escritas. O local era bem decorado com paredes envidraçadas e mobília em madeira em um estilo mais rústico e aconchegante. O garoto ficou encantando com a atmosfera do local, nunca havia estado em um lugar tão refinado antes, embora o café tivesse um ar simples possuía um “quê” de refinamento. Léo já imaginava que Camus possuía uma boa renda já que ao sair da delegacia não pode conter a surpresa quando um belo Audi TT na cor preta os esperava ao lado de fora, e ainda mais com um motorista. Léo jamais havia entrado em um carro tão confortável. Já acomodados em uma mesa discreta um garçom aproximou-se para anotar os pedidos e Camus pediu apenas um café enquanto Léo com tantos opções escolheu o que lhe parecia a menos estranha, um Hambúrguer de Thessalonika* acompanhado de um suco de laranja. Foram as primeiras palavras ditas durante todo o trajeto até o café.

 

Continuaram em silêncio até que o pedido foi trazido e Camus esperou Léo começar a comer para dizer algo. Parou naquele café, pois imaginou que Léo poderia estar com fome o que, de fato acertou, mas também queria informá-lo acerca de sua condição de vida no santuário a fim de prepará-lo para a chegada ao santuário e escolheu aquele café justamente por seu ar mais discreto e acolhedor para ter essa conversa.

Tomou um gole do seu café antes de iniciar um diálogo. 

 

— Como aprendeu falar grego? — Resolveu começar com um assunto banal para “sondar o terreno”. O garoto parecia não ter o recebido muito bem e pela expressão em seu rosto ao fitá-lo brevemente demonstrava que ainda não havia mudado de ideia. O que era estranho dado ao fato de que o mesmo fora preso em uma busca por si. 

— Minha mãe contou que você morava na Grécia e que um dia quando eu crescesse nós viríamos para cá te procurar, então eu decidi aprender grego. Fiz isso pela internet e aprimorei lendo coisas nessa língua. — O garoto falava sem muita vontade de encará-lo e Camus ficou ainda mais intrigado com o descanso para com sua pessoa e a situação em si. Léo esperava encontrá-lo e agora não demonstrava desejo de aproximação, ou será que ele não desejava encontrá-lo? Se fosse assim não estaria hackeando registros secretos atrás de informações, ou talvez estivesse fazendo isso por sua mãe.  Os fatos não batiam.

 

— Você aprendeu grego pela internet? — Camus custou a acreditar. 

 

— Não é tão difícil quanto parece. — Léo fez pouco caso dando de ombros e Camus ficou verdadeiramente surpreso com isso.

 

— Ao que parece você gosta muito de tecnologia. Também aprendeu sozinho? — Camus sondava tentando compreender mais como o garoto “funcionava”

 

— Eu gosto de mexer em umas coisas aqui e ali, mas aprendi com um amigo. Se eu podia ganhar uma grana com isso porque não? Não é como se eu tivesse quem ajudasse a minha mãe além de mim nas despesas. — Léo o encarou e Camus permaneceu impassível. Aquele garoto o estava culpando por não ter ajudado Alice na situação financeira? Céus ele nem sabia da sua existência como poderia colaborar em algo?

 

Camus pigarreou antes de continuar. 

— Entendo. E como está sua mãe? 

 

— Ela morreu em um assalto é só isso que você precisa saber. — Léo foi taxativo e mudou completamente de expressão. 

— Podemos ir agora?  Quero saber para onde está me levando. — Camus arqueou uma sobrancelha, deixaria essa passar por hora, mas aquele garoto teria que aprender a respeitá-lo. 

— Ainda não. Preciso te falar algo sobre onde moro. Precisa entender que não pode sair falando para qualquer um sobre esse assunto. — Camus percebeu que com isso finalmente havia capturado a atenção do garoto. Léo o encarava visivelmente curioso afinal, o que demandaria tanto segredo? Por acaso Camus era da máfia? Ou um agente secreto? Bem, não duvidava já que o “porte” altivo ele possuía.

 

— E o que é de tão importante? Por acaso você é da máfia? — Resolveu perguntar com um sorriso debochado nos lábios, mas no fundo queria realmente saber se aquilo era verdade. 

 

Camus revirou os olhos internamente, pediu a Atena forças e que o garoto não fosse assim o tempo todo, com esse ar sarcástico e irritante. Já bastava o Milo em sua vida. 

— Não sou um mafioso. Você já ouviu falar sobre a mitologia grega? — Vendo o garoto assentir continua.

— Bem, tenha em mente que tudo isso é real. — Vendo o garoto arquear uma sobrancelha de modo cético Camus percebeu que aquilo seria muito mais difícil do que aparentava.

 

Alguns minutos de conversa depois, Camus já queria arrancar aquele sorriso gozador do rosto de Léo. Aquele garoto estava definitivamente lhe tirando dos nervos em tão pouco tempo. 

 

— Certo. Então de acordo com você, Atena existe e possui um exército de meta humanos intitulados cavaleiros e você é um deles. Você quer mesmo que eu acredite que você e sua turminha de x-men existe? Tipo aquelas HQs da Marvel? — Léo arqueia as sobrancelhas em surpresa genuína, mas o sorriso de gozação continuava ali. 

 

Léo não queria falar assim com Camus, mas estava muito difícil, aquilo era no mínimo engraçado demais para conter uma boa risada, e Léo não costumava pensar muito nas suas ações. Eles deveriam estar conversando sobre um assunto muito mais importante, que no caso seria a paternidade de Camus, mas aí ele vem com uma conversa daquelas? Será que estava brincando consigo? Ou achava que era um idiota? Aquilo só podia ser uma piada, ele não era mais criança.

 

Camus precisou de todo seu autocontrole para não torcer o pescoço daquele garoto ali mesmo. Fez um esforço hercúleo para sua voz sair uniforme como se não tivesse acabado de ser insultado por um garoto que mal havia saído das fraldas. Toda a geração de cavaleiros de aquário teria ficado orgulhosa pela calma que o francês demonstrava. 

— Se dessa forma faz com que se sinta melhor para entender essa informação. Mas os outros cavaleiros não vão gostar de serem chamados de…  X-men. — Camus comentou de forma calma e chamou o garçom novamente pedindo a conta. Léo observava a tudo ainda pensando o porque de não estarem falando sobre a paternidade de Camus e o como as coisas ficariam entre si. Estaria Camus achando que o assunto já estava terminado?

 

Após pagar a conta ambos se levantam e Camus na maior naturalidade de quem não acabou de dizer absurdos para um adolescente, olha para Léo e diz. 

— Vamos. Temos algumas horas de estrada até o Santuário. — E depois sai tranquilamente. Camus já havia notado que não adiantaria explicar nada, Léo só acreditaria uma vez que estivesse no Santuário. Bem, ele pelo menos fizera sua parte de avisar ao garoto. 

 

Léo ficou alguns segundos atônito observando Camus sair do café. Ele realmente levaria aquela brincadeira adiante? Vendo que Camus entrava no carro Léo avançou saindo do café, vai que o seu mais novo pai além de estar alucinando também decide de última hora abandoná-lo ali e fingir que nunca o conheceu? Por via das dúvidas era melhor entrar no carro logo.

 

O resto do percurso foi feito em silêncio e em duas horas ambos estavam diante do Santuário.

 

Léo observou a magnífica construção que só havia visto em imagens na internet e no panfleto turístico quando desembarcou em Atenas. Ela era definitivamente mais imponente ao vivo. Ainda deslumbrado Léo mal percebeu quando Camus tomou a dianteira para a entrada daquela que parecia uma parte do passado não afetada pelo avanço do tempo.

 

— Vai ficar ai? Se não se apressar chegará apenas amanhã à casa de aquário. — Camus chama Léo que desperta do seu modo contemplativo. 

 

— E-espera… Você vai entrar ai? Isso não é propriedade do governo? — Ainda meio aturdido o garoto tenta achar alguma explicação lógica para aquilo e Camus internamente se diverte com a cena.

 

— Eu não te disse? Você que não quis acreditar. — Camus vira-se de costas e começa o que para Léo parece ser uma longa, longa subida.

 

— Isso só pode ser brincadeira. — Léo comenta para si mesmo e segue Camus com os olhos vasculhando cada pedaço daquele lugar. 



 


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Notas finais do capítulo

*Hambúrguer de Thessalonika.  Um hambúrguer grego na grelha, servido com um molho de páprica caseiro



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