Solitude escrita por Lillac


Capítulo 14
Conselho de mãe.


Notas iniciais do capítulo

Sem avisos dessa vez, espero que gostem do capítulo!



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Annabeth só poderia de fato ser a melhor amiga... namorada... er, alguma coisa do mundo, Percy concluiu.

Porque ela não ficou nem de longe aborrecida por passar quase três horas inteiras sentada no chão da estufa com Percy e a mãe dele. Obviamente, Percy queria fazer um monte de coisas. Queria conversar melhor com Annabeth, compreender o que havia acontecido, e beijá-la novamente. Bastante, se possível.

Ele também queria levar Sally para outro lugar, onde eles não estivessem rodeados de terra úmida e adubo.

Mas tudo parecia tão quebradiço, tão frágil. Ele sentia como se ao mais sutil dos movimentos tudo aquilo fosse se desfazer como uma miragem. Como se, se ele exagerasse nas reações ou ficasse feliz o mundo arrancaria aquilo dele, como estivera fazendo repetidas vezes.

Clarisse os observou por um momento, de onde estava parada na porta da estufa, e assentiu discretamente. Percy notou que havia algo errado com o modo como ela se movimentava, quase como se cada passo doesse, e uma sensação estranha alojou-se em seu estômago. Clarisse havia, afinal, dizimado uma horda inteira de mortos-vivos na escola e era a responsável por eles — por ele, especificamente — ainda estar vivo.

O fato de que alguma coisa lá fora havia conseguido machucá-la para valer não batia bem com ele.

Após eles se separarem do abraço, Sally pegou uma das mãos de Percy e aninhou-a entre as dela. Ele seria capaz de fazer piadas com a aparência arrasada de qualquer um, menos a dela. Percy não se importava com o fato de que Sally tinha fuligem grudada no rosto, ou pelo fato de que sua pele estava tão oleosa que parecia uma frigideira. Ela parecia ter ganhado alguns vários novos fios brancos no cabelo desgrenhado também.

E, ainda assim, Sally Jackson continuava sendo a mulher mais bonita do mundo aos olhos do filho.

Ela e Annabeth se tratavam cordialmente, mas Percy não podia culpa-las por isso.

— Por que é que toda vez que eu encontro vocês dois juntos, estão cobertos de alguma coisa?

Annabeth e Percy trocaram um olhar, e enquanto a garota pareceu um tanto envergonhada, ele não pôde evitar um sorriso.

— Em minha defesa, ela tinha me empurrado da cadeira.

— Você tinha me feito tropeçar na frente de todo mundo! — Annabeth retrucou — E, além disso, como é que empurrar alguém de uma cadeira equivale a ter um copo inteiro de raspadinha jogado na minha cabeça?

Percy balançou os ombros, ainda sorrindo, enquanto Annabeth cruzava os braços, emburrada. Ele viu a mãe observando a cena com os olhos brilhantes, contemplativos. Eles ainda não haviam tocado no assunto de que Sally os pegara no meio de um beijo, mas Percy tinha certeza de que a mãe não o deixaria esquecer daquilo.

Sally havia sido, afinal, a primeira a colocar na cabeça dele que Annabeth Chase não era completamente irritante. Quando ele tinha quinze anos e Sally fora à escola para a feira de ciências da turma dele, ficando, como todos, completamente estupefata pelo projeto da garota.

— Eu não sei por onde começar — Sally admitiu — em um momento, estava tudo bem. E então alarme de emergência começou a soar, e tudo o que conseguimos registrar foi que um metrô havia colidido. Eu não sei o que aconteceu, mas a estação toda começou a desmoronar. Foi horrível... os destroços isolaram a área onde a loja ficava. Nós tínhamos comida e água o suficiente para alguns dias, mas... — ela umedeceu os lábios — eu honestamente não sabia o que ia fazer quando acabasse. Tentamos usar nossos celulares para entrar em contato com a polícia, os bombeiros, mas o resgate nunca chegou. A energia também foi embora.

Percy deixou-a falar, embora em seu âmago estivesse sentindo um gosto azedo. Era como ouvir a história deles — isolados, confusos e sem energia ou contato com o mundo exterior —, mas da boca de Sally. Ele perguntou-se quantos outros sobreviventes na cidade tinham a mesma história. Quantos estavam presos em auditórios ou escombros achanado que suas vidas terminariam ali.

Quantos haviam morrido completamente sozinhos.

— Vai ficar tudo bem agora — Percy garantiu.

Sally o olhou por um momento, mas não disse nada. Percy, no entanto, conhecia a mãe:

— O que foi?

— Ah, Percy — ela hesitou — você se lembra da mãe do seu amigo Frank?

Percy não soube ao certo onde a mãe queria chegar com aquilo. Ele e Frank se conheciam desde o primário, então era apenas lógico que ele havia conhecido a família de Frank em certo ponto. Com exceção de Ares. A mãe de Frank havia, tragicamente, morrido enquanto lutava na guerra. E então ele lembrou-se de algo.

— Tia Emily sempre mudava de assunto quando o pai do Frank era mencionado.

Sally assentiu. Mas parecia querer dizer mais.

— Emily Zhang era uma verdadeira soldada. Certa vez, durante um jantar, eu a perguntei o que havia levado ao divórcio com o marido e ela... ela me disse que Ares era instável.

— Ele batia nela? — Annabeth titubeou.

— Não — Sally balançou a cabeça —, céus, no dia em que Ares pensasse em levantar a mão para um general como a Zhang ele teria duas balas cravadas no meio testa. Não. Eles nunca brigaram fisicamente. Mas ela dizia que ele era imprevisível, temperamental. E que ela temia que tipo de influência isso teria no Frank. Por isso eles se separaram.

— Bem — Percy ponderou. — Isso não é novidade. Nós já vimos o temperamento dele em primeira mão.

— Não, filho — Sally insistiu —, não é isso que eu estou dizendo.

Annabeth inclinou-se, interessada.

— E o que é então, sra. Jackson?

Sally respirou fundo.

— Eu não acho que nós estamos seguros aqui — concluiu, por fim — não com ele.

Percy sentiu um calafrio sinistro correndo pela sua coluna, e não precisou perguntar para saber que Annabeth sentira o mesmo.

 

 

Sally foi direcionada para seu novo alojamento e recebeu roupas limpas de uma soldada. Ela despediu-se de Percy e Annabeth com um beijo na testa de cada um e foi tomar um muito merecido e aguardado banho. Os dois ficaram apenas por um minuto na estufa, antes de Percy lembrar-se:

— Eu preciso checar a Rachel — ele fez uma careta, sentindo-se péssimo por ter deixado a amiga por tanto tempo — você vem comigo?

A resposta de Annabeth foi enlaçar um braço no dele. Eles caminharam juntos, ainda sujos de terra, pelos corredores. Rachel havia sido locomovida, então o caminho era mais curto, mas antes que pudessem alcançar o quarto dela, Nico surgiu, virando um corredor e trombando direto neles.

— Uou, ei — Percy segurou-o pelo ombro antes que o garoto acertasse o chão — tudo bem, cara?

Nico pareceu assustado, como se não reconhecesse a voz dele. Demorou um momento para que ele erguesse o rosto, e Percy viu que ele estava péssimo.

— Você não aparece no refeitório há quase duas semanas — Annabeth comentou —, o que está acontecendo?

Percy esperava que ele estivesse ao menos comendo, porque claramente não estava dormindo. Ele tinha profundas olheiras e seus olhos pareciam perdidos. Além disso, ele estava claramente tentando evitar a luz das lâmpadas.

— Eu preciso falar com vocês — ele respondeu, em um tom ao mesmo tempo contido e alarmado.

— É urgente? — Percy perguntou.

Nico o olhou como se Percy houvesse acabado de chutá-lo no estômago.

— É que a minha mãe acabou de chegar, e eu queria passar mais algum tempo com ela antes de virar o Capitão Apocalipse de novo — ele tentou emendar — e nós estávamos indo ver a Rachel agora...

Percy tentou sorrir, mas Nico não pareceu achar graça. Ele enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta.

— Eu diria que é bem urgente — respondeu.

— Certo — Percy levantou uma mão para coçar a própria nuca — daqui há pouco então. Sério.

Nico pareceu aborrecido por um momento, mas então fechou a cara e balançou os ombros.

— Como quiser.

E saiu, desaparecendo em uma porta um pouco mais adiante.

O encontro com Nico abaixou para valer o clima de Percy. Quando eles alcançaram o quarto de Rachel, encontram-na apoiada na barra de ferro que Leo havia acoplado as paredes, permitindo que ela conseguisse se locomover pelo perímetro.

— Tudo certo? — Ele perguntou.

O rosto dela estava vermelho, e as pernas não paravam de tremer, mas ela assentiu. Conhecendo Rachel como conhecia, ele sabia que ela se seguraria no “há uma pequena, mas existente possibilidade de recuperar os movimentos das pernas, com bastante exercício e medicação” até que não fosse mais possível.

— Tudo. Eu soube que o Grover acordou. — Ela respondeu, desviando completamente da pergunta. O tom dela abaixou alguns oitavos — Por que ninguém me disse nada?

— Rachel...

Ela soltou as barras, desabando no chão com as pernas dobradas uma sobre outra em ângulo que não podia ser nem de longe confortável. Um sombrio lembrete de que ela já não sentia dor nelas. Não sentia nada.

— Octavian foi preso — ela contou —, por me empurrar da escada, mas estranhamente, ninguém me falou sobre isso. Thalia arremessou você em uma mesa, mas eu também não fui informada. E... — Ela olhou para Annabeth, e pareceu repensar o que ia dizer: — eu sinto muito pelo que aconteceu com o Luke.

Percy tentou aproximar-se dela, mas Rachel não parecia muito convidativa.

— Quando eu fui liberada da vigília integral e vim para esse quarto, me disseram que as coisas iam ser a mesmas. Que eu não ia me sentir como se estivesse isolada do resto de vocês — ela relembrou-os, e Percy sentiu como se estivesse sendo estapeado pelas próprias palavras — obviamente, não era bem a verdade. Tudo o que eu sei é o que as enfermeiras fofocam. Mas ninguém se importou em vir falar comigo.

Silêncio.

— Eu só estou... — ela hesitou — tão sozinha. É como se nós vivêssemos em mundos completamente diferentes.

Percy realmente não sabia o que dizer.

Para a surpresa dele, Annabeth soltou seu braço e acomodou-se ao lado da ruiva.

— Grover não pode vir te ver — ela disse — na verdade, vocês estão na mesma. Ares não permite que ele saia do quarto porque todo mundo viu as mordidas dele. Todos acham que ele foi executado quando chegou aqui.

Os olhos de Rachel se arregalaram.

— Grover é um segredo — Percy explicou —, ninguém sabe como nem porque ele ainda está vivo. Mas se as pessoas souberem que ele está aqui... vão fazer com ele muito pior do que fizeram com Octavian. Ou Luke.

Rachel ficou em silêncio por um tempo. Quando ela finalmente falou, não soava em nada como a garota decidida e objetiva que Percy tinha como melhor amiga.

Ela só soou... quebrada.

— Quanto tempo?

Annabeth piscou.

— O que quer dizer?

— Eu não posso correr, eu não posso lutar — explicou. Seus olhos verdes encontraram o rosto de Percy, e ele percebeu que ela estava assustada — quanto tempo até eu ser vista como estorvo, e então como descartável?

Alguma coisa afundou dentro dele.

 

 

Duas semanas depois, e Frank e Hazel haviam finalmente revelado a obra de arte deles para o restante dos sobreviventes. A ajuda de Sally Jackson foi recebida com entusiasmo, uma vez que a mulher conhecia plantas muito bem, um velho hobby da juventude. Frank parecera tão incrivelmente emocionado quando Clarisse o congratulara com um abraço de lado, que Percy afastou para o fundo de sua cabeça quaisquer pensamentos sobre os laços sanguíneos dele e de Ares.

— Quanto tempo vai demorar para a Clarisse ficar cem por cento de novo? — Piper perguntou, de onde estava ocupada cavando buracos para plantar as raízes de cenoura.

— Umas semanas, no máximo — Jason respondeu — foi o que demorou para o meu tornozelo voltar ao normal.

— É, mas ela não torceu o tornozelo — Annabeth alfinetou — aconteceu alguma coisa com as costelas dela, não?

Todos olharam para Will, mas o garoto não pareceu perceber, concentrando em distribuir o adubo na terra.

— Hã, Will?

— Quê? Ah, sim — ele balançou a cabeça, como se estivesse pensando em outra coisa — ela fraturou duas costelas. Vai ficar bem, mas não pode fazer nenhuma atividade de alto impacto por um tempo.

Os outros murmuraram em concordância, e voltaram ao trabalho. Annabeth apoiou-se na barra de metal improvisada que estava usando para arar o pedaço de terra no qual ela e Percy estavam trabalhando, e ele a admirou por um momento. Ela o pegou encarando. Com um sorriso zombeteiro, empurrou-o no ombro:

— Limpa essa baba, Percy.

— Ei — ele ergueu as mãos em frente ao peito — eu só estou admirando a beleza. É crime agora?

Annabeth rolou os olhos. Ela observou o próprio trabalho por um momento, e decidiu que era tempo de jogarem as sementes, dando a volta para devolver a barra para o posto comum onde outras pessoas poderiam usar para trabalhar depois. Percy sentou-se ao lado de Will.

— Tem alguma coisa acontecendo? Você parece preocupado.

— Com o Nico — ele concluiu, dando uma risada sem humor — eu sei, é óbvio.

— O que houve?

— Você conhece o Nico. Quando ele coloca a cabeça em alguma coisa... é impossível. Ele não está comendo nem dormindo direito, e eu não sei nem se ele já está perto de encontrar o que ele está procurando — Will apoiou as mãos no chão ao lado do corpo, inclinando o tronco e jogando a cabeça para trás.

Percy pensou no encontro com o garoto naquela manhã. Talvez existisse alguma coisa que ele pudesse ter feito por Nico, mas o pensamento nem cruzara a cabeça dele. Subitamente, Percy notou que faziam anos que ele não se preocupava com o garoto mais novo. Nico era tão independente e autossuficiente que Percy sempre sentia como tentar ajuda-lo fosse invadir a privacidade dele.

— Eu só... como namorado dele, eu sinto que deveria fazer mais.

— Isso não é verdade — Percy insistiu — olha, quando a Bianca morreu e ele se afastou de todo mundo, eu pensei que eu nunca mais fosse ver o Nico... sorrindo, e fazendo piadas, não sei. Achei que nunca mais fosse ver o meu primo sendo ele. Mas aí você se transferiu para a nossa escola no primeiro ano e tudo isso mudou. Se tem alguém, quer dizer, além da Reyna e da Hazel que dão ao Nico uma razão de viver, é você, cara.

Will conseguiu esboçar um sorriso. Mas para ser completamente sincero, Percy tinha um pouco de inveja dele. Bem, não dele necessariamente ou da relação dele com Nico. Mas os dois obviamente tinham um tipo de sintonia que só surgia com o tempo, com a convivência e com a confiança. Era o tipo de estado que apenas um casal que já está junto há um longo tempo alcança.

Observando Annabeth pelo canto do olho, conversando com Jason enquanto tomavam água, Percy só conseguia pensar se um dia eles seriam assim também.

Ele queria acreditar que sim.

— Eu não achei que fosse viver para ver o dia em que o Percy estaria dando conselhos amorosos para alguém.

Mãe. — Percy grunhiu.

— Oi, sra. Jackson — Will sorriu. — Cara, sua mãe é muito badass. Tipo, supermãe, sabe: cozinha cookies e mata zumbis! Tã-nã.

Sally riu, sentando-se entre eles.

— Para falar a verdade, Will, eu nem sabia que haviam zumbis aqui fora.

— Hã? — Percy pestanejou — Como assim mãe?

— Eu estava presa na estação de metrô, lembra? — Sally continuou. — Eu só descobri... tudo isso quando Clarisse escoltou a mim e aos outros até aqui. É... surreal.

— Espera um pouco, sra. Jackson — o sorriso de Will vacilou — a senhora está dizendo que... ninguém se transformou? Nenhum...

— Por quê eles deveriam? Digo, nós estávamos isolados.

Sim, Percy pensou. Mas o soldado sob o comando de Ares não precisou de uma mordida para se transformar.

Ninguém precisa.

A infecção deveria ser aleatória. Não deveria importar se um grupo estava isolado ou não. Annabeth havia dito que a disseminação se dava em contato com feridas abertas, mas aquilo significava que o vírus ou bactéria deveria ser capaz de viajar pelo ar.

Então, por que... —

— Embora um senhor tenha tido uma morte muito estranha — Sally franziu o cenho. E de repente, Percy sentiu como se todo o barulho exterior houvesse cessado, e ele só conseguia escutar a voz dela — ele estava bem em um momento, e então teve um ataque epilético e começou a contorcer-se. Quando checamos o pulso dele, havia parado completamente.

— Bem, isso... — Will tentou dizer algo, sua voz soando rouca e assustada, mas Sally ainda não havia terminado.

— Mas ele abriu os olhos de novo — contou — estavam pálidos e esbugalhados e... ele se movia de maneira estranha... mas só durou alguns segundos. Depois, ele parou completamente e, quando checamos de novo, estava com uma febre tão intensa que parecia estar pegando fogo.

Nem Will nem ele ousou falar nada, mas Percy soube, pelo olhar que trocaram, que os dois estavam pensando a mesma coisa.

— E... e então ele morreu, certo?

— Não. Ele ficou lá. Ardendo de febre, mas vivo. Não abriu os olhos de novo nenhuma vez. Foi assustador. Foi como se ele estivesse em coma. O coração dele só parou de bater de fato alguns momentos antes de Clarisse chegar — Sally abaixou os olhos —, só de pensar que nós poderíamos tê-lo salvo...

Will engoliu em seco, e colocou uma mão confortante no ombro dela, tentando consolá-la, mas Percy ergueu-se no mesmo momento. Precisava encontrar Annabeth.

Aquilo não podia ser coincidência.

A história batia quase exatamente com a de Grover.

Grover havia passado estágio de coma e sobrevivera. O senhor do qual Sally estava falando não. Mas o ponto era que ambos haviam passado pelo mesmo processo. E Percy não era um gênio em biologia, mas achava que sabia o que aquilo queria dizer.

Ele a encontrou em pouco tempo.

— Annabeth — ele segurou o braço dela. — O vírus. Ele precisa de um tempo para se assentar no corpo do hospedeiro.

— O que?

— É como um... como um daqueles vírus da aula de biologia. Os que passam um tempo inativos no corpo...

— Vírus que fazem o ciclo lisogênico — ela concordou — eles se alojam na célula e usam o próprio sistema de duplicação dela para se reproduzir, ao invés de destruí-la, como lítico. O que isso tem a ver?

— O que está transformando as pessoas em zumbis está fazendo isso, a segunda opção — ele arfou — destruindo as células e tendo efeito quase imediato, como o Ethan.

A expressão de Annabeth foi de confusão, para compreensão, alívio... e então completo horror.

— E os que fazem o primeiro ciclo transformam as pessoas em imunes — ela sussurrou. — Foi o que aconteceu com o Grover. O próprio sistema dele deve ter desenvolvido uma forma de contra-atacar. O vírus se tornou parte da célula.

— E para fazer isso, o sistema precisa de um tempo de repouso, um... um coma — Percy completou. — Você sabe o que isso significa?

—... que apenas as pessoas que entraram em coma após serem infectadas não vão se transformar — ela concluiu.

As mãos dela estavam tremendo.

Alguma coisa caiu do lado de fora, e Percy pensou ouvir um eco vindo de fora da estufa.

Percy respirou fundo:

— Quem é a única pessoa nesse lugar que nós sabemos que foi mordida e não entrou em coma depois?

Mas Annabeth não teve tempo de responder. No momento seguinte, Travis Stoll entrou correndo na estufa, com os joelhos tremendo e o rosto desesperado:

— Percy, Annabeth, graças aos céus — ele correu até eles.

— O que foi, Travis?

A estufa inteira ficou em silêncio, e a frase de Travis pareceu reverberar por uma eternidade:

— É... É o Leo. Eu não acho que ele está bem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e o Nico, Grover, e algumas explicações aguardam vocês no próximo capítulo!



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