Konoha World escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 7
O homem dos meus sonhos


Notas iniciais do capítulo

Serase é literal?



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Ele se jogou no sofá sem se importar em ainda estar com os tênis calçados.

− O-oe! Você não viu a suripas no genkan, ‘te bayo?! – Naruto sentiu-se irritado enquanto encarava o namorado do amigo.

− Estou confortável assim. – Kiba deu um risinho enquanto o observava.

Naruto inflou uma das bochechas. Como aquele cara era folgado!

Fato é que não precisaram de cinco minutos de conversa, apenas o tempo em que Shino foi até a cozinha preparar os petiscos, e Naruto e Kiba estavam disputando partidas de Mortal Kombat.

− Caralho, você é muito bom nisso! – Kiba exclamou ao ver Naruto completar mais uma série de combos que culminaram na sua derrota.

Shino, que teve receio ao ver como a discussão entre os dois estava acalorada e sabendo que poderia acalmar o namorado e Naruto com comida, decidiu agir rapidamente.

− Ah, como é mesmo seu nome? – Naruto perguntou, abrindo um sorriso enquanto Shino se sentava entre eles. No sofá ao lado, Shikamaru dormia usando fones e Konohomaru roncava do quarto.

− Kiba. – disse ele, sorrindo. Sempre sorrindo. – Inuzuka Kiba.

X

Naruto ainda remoía aquilo enquanto se afastavam. Shino estaria seguro tendo ficado para trás com Kiba? E os outros? Ele não sabia. Na verdade, não fazia a menor ideia.

Mas o lado lógico de seu cérebro dizia para se acalmar. Que nada daquilo era real e os anfitriões não poderiam ferir os jogadores. Ele suspirou, sério demais. Calado demais.

E aquilo incomodou um pouco Hinata. Pois nem mesmo nas piores situações, o jovem hiperativo calou-se. E agora parecia uma lápide.

− Eles vão ficar bem, Naruto-kun. – Tentou acalmar ele. – Não se preocupe, Kiba-kun é um guerreiro formidável e não deixará nada acontecer ao seu amigo.

− Não é... não é bem isso que está me preocupando, me desculpe. – Naruto abriu um sorriso sem jeito. O cenário por onde seguiam era um pouco pedregoso, levando até uma espécie de semita através da qual Hinata seguiu com cautela.

− O que é então? – Arriscou-se a perguntar, pois não queria que aquele silêncio incômodo se arrastasse entre eles. Não quando o sorriso dele iluminava todos os seus circuitos.

− É... não sei como dizer isso. – Naruto coçou a nuca brevemente. – O Shino, sabe? – Hinata acenou positivamente com a cabeça. – Ele teve um namorado chamado Kiba.

Hinata era uma estátua, guiando seu alazão em completo silêncio. Sabia que Kiba despistaria o inimigo. Ele não seria pego. Não ele.

− Bem... eu não tinha reparado antes, mas acho que são muito parecidos. O seu Kiba e o nosso.

Ela sentia que sabia a resposta para sua própria pergunta, mas a fez mesmo assim:

− E o que aconteceu com ele? – Afinal, não havia deixado de notar o pretérito em sua sentença.

− Ele... ele morreu. Foi assassinado.

Hinata engoliu em seco. Por sorte, Naruto não podia ver sua expressão.

X

Mesmo distante, Shino podia ouvir os passos e pareciam-se muito com trovões. Quantos seriam? Sai havia dito apenas que eram muitos, mas Shino ficou feliz que nenhum dos amigos tivesse ficado para trás, apenas eles. Pois assim poderiam ganhar tempo.

− Acha que consegue abater alguns com essa sua ferramente, franzino? – Kiba perguntou à Shino, sem se virar, concentrado no que fazia.

− Posso tentar. – Shino rebateu, analítico. – Nunca precisei atirar em movimento antes.

Kiba soltou o ar pelos lábios junto de um riso seco.

− É melhor não errar quando for preciso ou eles vão nos matar.

Se aquilo fosse uma programação, era muito bem feita. Parecia-se tanto com Kiba que chegava a doer.

− Tudo bem. Não permitirei que isso aconteça.

Pois ele não falharia com Kiba novamente. Então ergueu a besta, pronto para atirar. Ninguém lhe tiraria seu amor uma segunda vez.

X

Ao contrário de Naruto, Shikamaru tinha certeza. Aquele era o mesmo Kiba que era o namorado de Shino. Como isso era possível, ele não fazia ideia. Mas o design, o formato do rosto e até mesmo as atitudes ogras se assemelhavam em muito com o rapaz que havia sido assassinado.

Shikamaru ainda se lembrava da dor nos olhos do amigo. No quanto Shino havia chorado e enfrentado uma profunda crise de depressão, afogando-se em trabalhos e mais trabalhos apenas na esperança de recriar uma imagem que fosse de Kiba. E agora ele finalmente parecia ter tido sucesso em sua empreitada.

− Se continuar pensando tanto, seus neurônios vão fritar. – Sai se manifestou, tirando Shikamaru de seus próprios devaneios.

− Tch, como você é problemático. – Encolheu um pouco os ombros. Já havia deixado Sai tomar as rédeas novamente agora que ele não mais estava desenhando. – Acha que alguns daqueles selvagens nos seguirão?

− Não tenho dúvidas de que tentarão. – Sai sorriu. – Mas apenas se Kiba morrer é que chegarão em nós. Ele é ótimo nesse negócio de despistar.

Shikamaru prosseguiu pensativo a respeito dessa informação.

− O que foi? – Aquilo aguçou a curiosidade de Sai.

− Não acho que você entenderia.

− Por que não me testa?

Irritante. Aquele sujeito era extremamente irritante. E aquilo o cansava.

− Acho que conheço seu amigo de algum lugar. – disse ele. – Na verdade, tenho certeza. Mas isso não é possível.

− E por que não? – Sai perguntou.

− Porque ele está morto. E os mortos não voltam à vida.

Disso, Shikamaru também entendia bem.

X

− Estou com câncer. – Asuma disse em um dia qualquer quando treinavam mais uma partida de xadrez. O semblante de Shikamaru congelou-se como se ele fosse uma estátua. E o movimento estratégico que tinha na cabeça havia desaparecido completamente. – Xeque.

− O quê?

− Xeque. – Asuma repetiu. – Minha torre está na linha do seu rei.

− Câncer, Asuma-sensei? Como assim? – Shikamaru não era burro. Colocou uma peça diante do rei. Asuma jogou novamente. Shikamaru fez o roque impedindo assim que ele tornasse a colocar seu rei em xeque por um tempo.

− É o que é. Os médicos disseram que foi o excesso de cigarros, mas não sei. Aparentemente é uma daquelas coisas de família que não podemos evitar.

− Já contou ao seu pai? – perguntou. – Ele tem muito dinheiro, não é? Poderia salvá-lo.

Asuma gargalhou.

− Estágio IV em metástase, Shikamaru. – rebateu ele, sabendo que o aluno compreenderia. – Sinto muito por isso. Acho que não estarei aqui para sua formatura.

Shikamaru também sentia.

− Mate. – murmurou, sem muita vontade. Ganhando a partida. Mas sentindo que havia perdido algo muito maior.

X

Konohomaru e Hanabi foram os primeiros a atingir a floresta, pois a Hyuuga mais nova havia escolhido um atalho para isso. Mas ela sabia que se não fosse pela manobra de Kiba de ficar para trás, jamais teriam conseguido.

− Essa floresta é enorme! – exclamou Konohomaru. – Tem certeza de que não vamos nos perder?

− Tenho certeza.

Konohomaru queria saber como ela tinha tanta certeza, mas decidiu não questionar. Até os próximos cinco minutos.

− Como?

Hanabi o olhou por cima do ombro.

− Eu, na-nã e os garotos moramos aqui por muito tempo. – disse por fim. – Era o nosso ponto de saque.

− Saque? – Arqueou as sobrancelhas. – Como ladrões?

− Não gosto muito dessa palavra, mas acho que serve. – Deu uma risadinha enquanto seguiam floresta adentro. – Na verdade, nós apenas nos divertíamos um pouco com quem entrava aqui, pegávamos os pertences valiosos para vender e arrecadar dinheiro para os pobres e depois os libertávamos. Só que isso acabou gerando alguns problemas.

− Foi antes ou depois da morte do pai de vocês? – Hanabi deixou um silêncio incômodo no ar mediante a pergunta de Konohomaru. – Desculpe. Não precisa me responder se não quiser.

− Tudo bem. – Ela encolheu um pouco os ombros. – Foi depois que papai morreu. Nós fugimos para a floresta. Sai costumava agir como conselheiro, mas Kiba nós conhecemos só depois. Aqui na floresta mesmo. Ele era um selvagem que tentou nos atacar e perdeu feio pra na-nã. Mas na época ele estava ferido. Então cuidamos dele. Tornou-se leal a ela desde então.

Konohomaru ouviu tudo com muita atenção.

− Vocês passaram por muita coisa, não é?

− Acho que sim.

Ele sabia que elas eram apenas bonecas em um jogo, mas o desenvolvimento de suas histórias eram tão incríveis que até mesmo esquecia-se disso!

− E você, tem alguma história triste no repertório ou é apenas um filhinho de papai que decidiu se aventurar por essas terras? – provocou.

− Não gosto muito de histórias tristes, mas tenho um tio que morreu. Foi uma droga. E desde então, vovô quer mais ainda que eu assuma os negócios da família. – bufou.

− E você só quer viver se divertindo por aí, não é?

− Não é isso! – Konohomaru fez biquinho. – Também, mas não. Meu tio escolheu viver os sonhos dele, e isso gerou muita briga entre ele e o meu avô. Os meus pais, bem... eles acabaram morrendo muito cedo. Vovô Hiruzen foi quem me criou junto do tio Asuma, mas... eu nunca quis nada disso, entende? Quero seguir meus próprios sonhos!

− Que são...?

Konohomaru escondeu o rosto, bufando novamente.

− Eu ainda não sei.

Hanabi sorriu e por um instante Konohomaru achou que estivesse zombando dele.

− Vamos descobrir juntos, o que me diz?

Ele sorriu de volta.

− Parece ótimo.

− É uma promessa. – disse ela.

− É uma promessa. – disse ele. E, por algum motivo, aquilo o fez sentir-se muito mais leve.

X

− Morto, Naruto-kun? Tem certeza disso?

Hinata se lembrava da figura de Kiba quando o havia conhecido. Magro, desgastado e faminto. Ainda assim, a desafiando. E Hinata viu-se obrigada a lutar com um homem debilitado apenas porque ele queria provar algo para si mesmo, mas não sabia o que era.

Ela também se lembrava de todas as suas mortes, todos os terrores que havia passado. Mas pelo que Naruto lhe relatava, então Kiba não era um deles, mas um deles. Seria mesmo possível?

Isso era algo do qual ela apenas desconfiava, mas...

− Sim. – Naruto respondeu com uma seriedade que contrastava com a aura brincalhona que havia demonstrado até então. – Uns bandidos o assassinaram quando tentou ajudar uma mulher na rua. O tiro na cabeça causou morte cerebral. Shino tentou reverter isso por meses até que a mãe de Kiba decidiu desligar os aparelhos. Como eles não eram casados, não havia nada que Shino pudesse fazer. Foi muito triste.

− Sinto muito pelo seu amigo. – Hinata foi sincera em suas palavras. Não podia imaginar como era aquela dor. Mas em seu âmago, aquelas palavras a incomodavam. Kiba morto. Os lapsos de memória que seu amigo sempre sofria. O modo como às vezes encarava o horizonte e falava de sonhos que não podia compreender. Com uma outra vida que não pertencia a ele. Coisas que nunca fizeram sentido até Naruto lhe dizer aquilo.

− Obrigado.

Ela mordiscou o lábio inferior.

− Se te contar um segredo, jura que não conta a ninguém?

X

− Ele sonha. – Sai revelou para Shikamaru. Ainda cavalgavam, agora em um ritmo mais lento pois contornavam as areias da praia em direção à uma das entradas da floresta.

− Todos sonhamos. – Shikamaru não pareceu surpreso.

− Vocês, talvez. Mas nós não. – Sai sorriu. – Somos diferentes, lembra-se?

Shikamaru se lembrava muito bem. Só não sabia que as AIs estavam programadas para saber disso também.

− E com o que ele sonha? – Decidiu perguntar.

− Coisas estranhas. Um mundo onde os cavalos correm em carrocerias. Algo como Nozz-A-La e danças estranhas, corpos de movendo e luzes estranhas.

Shikamaru achou que se parecia muito com uma rave, mas nunca havia ouvido falar sobre essa tal Nozz-A-La. Seria algum tipo de bebida?

− Kiba gostava mesmo dessas coisas. Ele era DJ.

− DJ? – Sai perguntou, curioso.

− É, sabe? Uma pessoa que mixa músicas e... claro que não sabe. Isso não existe aqui. – Ele encolheu os ombros. – Mas também não sei o que é uma Nozz-A-La.

− Ele disse que era algo doce, refrescante. Que se mistura com limão. Sempre quis provar. – Sai deu um risinho. – Acho que no fim das contas, Kiba é mais louco do que todos nós.

− Acho que é coca-cola. – Shikamaru concluiu, pois era a bebida favorita de Kiba.

− Quero provar essa tal Nozz-A-La. – Sai não conseguia dizer a pronúncia correta. Provavelmente por conta de seu sotaque. Shikamaru acho uma graça.

− Quem sabe eu não te leve para provar?

Se aquilo soou como um flerte ou não, ele não sabia. Mas Sai lhe devolveu um sorriso que julgou muito sedutor. E isso era problemático.

X

Despistar eles não foi nada fácil. E se Shino achava difícil atirar em discos que se moviam quando ele, Naruto, Konohomaru e Shikamaru treinavam tiro ao alvo, aquilo era quase impossível! Mesmo assim, foi capaz de acertar dois dos três selvagens que tentavam alcançá-los. O número deles era interminável, o que culminou em Kiba e Shino cercados em um penhasco.

Engoliu em seco.

Pois se pulassem dali, tinha certeza de que se chocaria com as pedras e aí sim morreria. Nada poderia proteger ele daquilo.

Mas, por outro lado, se continuassem ali, ele não seria atingido por nenhum dos anfitriões. Kiba não teria a mesma sorte.

Sentia-se em um impasse.

Pois sabia que os anfitriões poderiam ser restaurados. Mas o que aconteceria com Kiba então? Esqueceria-se de sua presença? Que tinham se conhecido ali? Não queria arriscar.

− Estamos cercados. – Kiba deu um risinho. – Acho que calculei mal. Você deveria continuar com o cavalo. Tentarei distrair eles.

− De jeito nenhum. Estamos nessa juntos, lembra-se?

Kiba sorriu de canto.

− Você é tão teimoso quanto eu me lembro. – disse, o que fez Shino arregalar um pouco os olhos por trás das lentes escuras dos óculos enquanto eram cercados.

− Lembra de mim?

− Como eu poderia me esquecer do homem dos meus sonhos? – Riu novamente. – Teremos que pular então. Está pronto?

Shino não estava pronto coisíssima nenhuma, mas anuiu com a cabeça.

− No três. – disse ele.

− Um...

− Dois...

− TRÊS!

Saltaram ao mesmo tempo em que uma saraivada de flechas veio em sua direção. Shino sentiu uma das setas atingir seu ombro. Ao mesmo tempo em que se chocaram contra as águas. E o rosto de Kiba foi a última coisa que viu antes de perder a consciência.

Roque: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roque_(xadrez)

Nozz-A-La: http://darktower.wikia.com/wiki/Nozz-A-La


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Notas finais do capítulo

AAAAA A FIC É NARUHINA, MAS O QUE EU POSSO FAZER SE AMO SHINOKIBA COM TODO AMOR QUE HÁ EM MIM?!

Eu tento focar nas outras coisas, mas é mais forte que eu! Juro que vou tentar focar no casal principal no próximo capítulo!

Mas nesse eles tomaram conta de mim! Socorro!

Tem muito pano de manga pra Naruto e Hinata nessa história ainda, tenham fé em mim e não desistam!

Não posso escrever uma fic com coisas de referências sem colocar Stephen King no meio. N'A Torre Negra, quando Roland vem parar no nosso mundo, ele não consegue pronunciar algumas palavras. Então, coca-cola se torna Nozz-A-La e aspirinas se tornam asminas! Eu não consigo viver sem referências, gente, é mais forte que eu!

Espero que continuem gostando! Aguardo vocês nos comentários!




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