Zed sorriu sentindo tudo dentro de si entrar em combustão, era incrível como o simples roçar da pele de Addison em sua bochecha pudesse causar tanto calor e sentimentos que até o momento eram desconhecidas.

— Parece uma criança tomando sorvete. – completou Addison ao terminar de limpar a guloseima da bochecha de seu amigo. Amigo? Aquela palavra fez o estômago da albina revirar. Não havia dúvidas que ela possuía sentimentos por Zed, mas e ele? As vezes ele parecia gostar dela, porém em outras ocasiões podia notar que tal comportamento também era demonstrado por sua amiga Eliza. O que poderia pensar?

— Isso é muito bom. É tão injusto não termos isso em zombietown. – abaixou o olhar pensativo. – Então qual o plano para hoje? – o adolescente se endireitou no banco do pátio e voltou suas orbes a bela garota de mechas brancas, e por breves segundos se perdeu na imensidão de sua beleza. Tinha absoluta certeza que tudo o que sentia não era normal, seu coração morto parecia bater mais rápido sempre que ela estava em sua presença. E quando sorria? Céus, nesses momentos suas veias carregavam lava e seus pensamentos se tornavam tão pré-histórico que temia perder o controle a qualquer momento.

— Estava pensando em irmos assistir um filme. – Zed sorriu em resposta. – Meus pais ainda não chegaram do congresso, então não haveria nenhum problema.

Zed sentiu sua face corar, embora soubesse que aquilo fosse impossível.

— Claro, vai ser divertido.

***

Zed

Meus pés iam e viam no andar de cima, minha cabeça estava dando voltas com o pensamento de ficar a sós com Addison, não havia como negar que me encontrava em um estado de nervosismo alarmante.

— Cansou de dar voltas no quarto? – meu pai perguntou sorrindo ao notar meu semblante. – É só a Addison, não é como se ela fosse te atacar.

— Bem que eu queria… – sussurrei inconsciente, quando dei por mim, meu pai estava se dobrando de tanto rir. – Por favor, não ria…

— Você está realmente “gamado” nela.

— Não usamos mais esses termos, pai. – tentei cobrir meu rosto com minhas mãos, porém ele se aproximou as retirando.

— Zed, não vou dizer que vai ser fácil, porque não vai. Você não está totalmente vivo, e ela não é uma morta. A vida que vocês escolheram vai ser cheia de desafios, mas se estiverem juntos, vocês vão vencer. – senti um calor me preencher por dentro. – E quando vai contar a Addison que você é perdidamente e indiscutivelmente apaixonado por ela?

Zumbis desmaiavam? Eu não sabia, mas queria muito no momento. E mais uma vez meu pai teve um ataque de risos com meus ataques de constrangimento.

***

Pela centésima vez Addison endireitou o vestido em seu corpo, arrumou o cabelo em um perfeito coque e voltou a ficar nervosa. Não havia como jogar fora o sentimentos de algo revirar seu estômago.

— Calma seu bobão. – bateu de leve a mão contra seu peito que insistia em bater descontroladamente. Suspirou tentando puxar o máximo de ar possível, porém antes que pudesse solta-lo ouviu a companhia tocar. O caminho que a garota percorreu até a porta não fora o dos mais gentis, pelo percurso tropeçou em seu próprio pé e caído de cara contra o chão.  – Só um minuto… – levantou-se com dificuldade enquanto massageava sua testa. Quando finalmente abriu a porta, não conseguiu esconder seu constrangimento, suas bochechas já se tornavam rubras e seus olhos brilhavam em expectativa.

Zed piscou diversas vezes tentando processar a imagem a sua frente. Addison estava tão incrível que sentiu sua boca secar, no entanto o vermelho em sua testa o incomodou bastante, aquilo parecia dolorido. Antes que pudesse processar sua mão já se encontrava no local.

— O que houve? – perguntou preocupado. Os olhos castanhos vasculhavam todo o seu corpo em busca de mais machucados. – Você está bem?

— Eu apenas escorreguei. – Addison fechou os olhos aproveitando o contato de pele com Zed, ele parecia tão preocupa que massageava suavemente sua testa. Era impossível não se deixar levar pelo toque sutil, mas tinha certeza que ele nem se importava com aquilo.

Não havia como encontrar palavras para descrever toda a preocupação que Zed sentiu, mas tudo pareceu sumir quando se deu conta da situação em que se encontrava naquele instante. E o fato de Addison fechar os olhos e inclinar a cabeça para receber o toque em sua testa não o ajudava em nada. Será que ela não sabia o que causava nele? Não sabia o quanto era difícil está perto e não poder ter o que realmente queria. Zed percebeu que ela era uma garota má, como ela ousava ser tão bela e amável? Tão delicada e sedutora? Não sabia quanto tempo podia aguentar aquela tortura.

O garoto engoliu em seco e tentou se concentrar na testa de sua amiga, porém seu olhar foi descendo pelas lindas bochechas rosadas, o leve nariz arrebitado e parou na boca.  Zed piscou diversas vezes tentando afastar qualquer pensamento impuro que o atravessasse agora, mas era tão difícil resistir, Addison possuía um cheiro enlouquecedor, não sabia como não fora atacada ainda, ou até sequestrada. Este último pensamento o causava fúria. Não seria capaz de perdoar qualquer ser que se aproximasse de sua garota humana, desde quando ele era tão possessivo? Particularmente não sabia responder, porém não se importava, tudo parecia perder importância quando estava com Addison.

— Addison… – sussurrou com a respiração pesada. A doce loira abriu os olhou fitando diretamente os orbes castanhas a sua frente. – Eu acho que não aguento mais isso…

— Ah?

— Eu não aguento mais estar perto de você... – Addison sentiu seu coração quebrar dentro do peito com a declaração de Zed. Deu passos vacilantes para trás sentindo uma dor desconhecida. – Não é isso, Ad. – a líder de torcida não conseguia mais prestar atenção, a sala parecia girar e tudo começava a perder as tonalidades.

O que estava acontecendo? Levou a mão ao peito tentando acalmar seu coração, no entanto antes que pudesse soltar qualquer palavra seu corpo já se encontrava desfalecido nos braços de um zumbi que estava terrivelmente desesperado.