Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 31
As Grandes Classes


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, hoje é feriado e eu acabei ficando bastante ocupada.
Mas estou dentro do horário hahaha
Boa leitura ❤



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Um gato preto percorria os corredores do armazém em alta velocidade. A julgar o estado sonolento e fraco de Mirian, Catherine concluiu que deixá-la escondida em algum lugar e sair a procura de seu noivo naquela forma seria o mais indicado.

— Que gatinho fofo.

Catherine foi abordada por um guarda. Ela tentou fugir e nesse momento percebeu que era um gato muito lento.

“Eu realmente preciso parar com os chocolates.” Ela refletia.

— De onde será que ele veio? — Um outro homem se aproximou.

— Eu não sei, mas acho melhor o levarmos para longe daqui. — O homem que tinha Catherine no colo dizia com preocupação — Se o chefe pegar ele provavelmente vai acabar fazendo alguma maldade.

— Ela… — A bruxa respondeu com um tom mal humorado.

— O que? — Os dois homens diziam em coro.

Eles estavam muito assustados.

— Ela! Eu sou uma menina! — Catherine saltou para longe do colo do homem.

— Uma bruxa! — Um dos homens tentou agarrá-la mas falhou miseravelmente.

— Desculpe a pressa rapazes, mas eu tenho compromisso. — Catherine corria a toda velocidade — Ah e vocês são muito legais com os animais! Continuem assim!

Assim que perdeu os dois de vista, Catherine voltou a vasculhar as salas daquele imenso lugar. Naquele momento ela se deu conta que não fazia ideia de quem se tratava o tal noivo de Mirian, tudo que sabia sobre ele é que se chama Ian.

O que ela poderia fazer? Perguntar a um dos guardas onde ficavam os prisioneiros?

— Ele está aqui bruxa de Otium!

Uma voz familiar fez o gato se arrepiar por inteiro e ele se preparou para correr o mais longe possível dali.

— Se não entrar nesse cômodo agora eu cortarei a garganta desse homem e o sangue estará em suas mãos. — A voz de Hector não demonstrou hesitação.

Catherine então cessou seus passos, ela sabia que seria incapaz de conviver com a culpa de uma morte em suas costas e mais ainda de dar essa notícia a Mirian.

Decidida a se sacrificar e com a esperança de que encontraria um jeito de escapar, ela entrou no quarto, já em sua forma humana.

— Sua nobreza é realmente inspiradora.

Encostado em uma parede próxima a uma janela de vidro, Hector encarava a garota. Havia de fato um homem inconsciente amarrado em uma cadeira e Hector estava com uma pequena lâmina em suas mãos. Nesse momento a bruxa compreendeu que havia feito a escolha certa.

— Como sabia que eu estava aqui? —  Catherine estava séria — Eu nem havia entrado no cômodo e você já sabia.

— Já ouviu falar das grandes classes? — Hector não esperou a resposta da bruxa — Os Combatentes, os Corredores, os Duelistas, os Rastreadores...

Ela permaneceu em silêncio, esperando a explicação do homem.

—  Os Corredores são rápidos como raios. Os Duelistas não erram, seja atirando uma flecha ou empunhando uma espada, os rastreadores conseguem localizar bruxas apenas pelo cheiro, os mais poderosos conseguem senti-las a quilômetros de distância e até identificá-las. Como pôde perceber é a essa classe que eu pertenço. — Hector balançava a pequena lâmina de um lado para o outro — Os combatentes são como Ivan, ele de fato é um bom exemplo para isso. Já o vi quebrar uma muralha com apenas um soco. Você sabe quem é o Ivan não é? Pelas minhas pesquisas você é a tal bruxa do azar de quem andam falando.

O homem caminhou até Catherine, ela tentou se afastar mas sentiu a parede atrás limitar seus movimentos.

— Juro que se eu não soubesse o quanto você vale, não faria tanto esforço para te deixar viva.

O vapor do hálito do homem batia forte contra o rosto de Catherine e ela sentiu nojo.

Hector puxou o braço da bruxa com força e a arrastou para fora daquela sala. Catherine usou o peso do seu corpo para tentar frear os passos de seu raptor, mas a diferença de força entre os dois era incomparável.

Antes que pudesse alcançar o elevador que pretendia usar para a fuga, Hector foi surpreendido por uma rajada de vento. Diferente da última vez que havia sido atacado por Mirian, ele desviou. Diante do rastro de destruição que a magia da bruxa havia deixado, ele compreendeu que aquele desvio tinha salvo a sua vida.

Não deixando tempo para que o homem tomasse qualquer atitude, Mirian desferiu diversos ataques na direção do inimigo. Era claro que ela já estava completamente recuperada.

Temendo pela sua vida, Hector largou o braço de Catherine e voltou para a sala de onde havia saído com a bruxa.

Mirian pronunciou algumas palavras em um idioma desconhecido para os ali presentes e fez surgir uma enorme barreira de vento que preencheu todo o corredor e seguiu para o cômodo onde Hector estava.

— O seu noivo está lá dentro! — Catherine tentava impedir qualquer que fosse o ataque cego da bruxa.

Ao ouvir a informação, Mirian cessou sua magia e correu em direção a tal sala.

Chegando lá, viu o caçador com uma adaga apontada para o pescoço de Ian.

— Eu odeio reféns! — Hector tinha uma expressão descontente em seu rosto — Mas vocês duas valem dinheiro e mais do que reféns, eu odeio perder dinheiro! Então vamos dar um jeito de sairmos todos vivos daqui, ok?

Dois andares abaixo, Josh corria desesperadamente pela sua vida. Ele havia guardado suas armas e seguia com o plano de tentar arrancar as coleiras que pareciam controlar as bestas. Entretanto a velocidade surpreendente dos monstros o fazia estar sempre um passo atrás naquela batalha.

Desiludido de que seu plano poderia em algum momento dar certo, ele mais uma vez sacou suas cimitarras.

Não era do feitio de Josh matar seus inimigos, fossem eles humanos ou não, mas diante de sua atual situação, ele não se via com outra escolha.

Assim, Josh parou de correr dos inimigos e se pôs a avançar em direção a eles. No momento que alcançou o elefante mutante, o caçador fez um corte cruzado. Entretanto, diferente do esperado, a besta estava intacta e já próximo do rapaz, usou sua enorme boca para tentar engoli-lo de uma só vez.

Josh impediu o ato segurando a mandíbula do monstro com suas duas mãos. O que não impediu que os dentes da besta penetrassem a sua pele.

Apesar de estar com metade do corpo preso entre os dentes de um monstro gigante ser suficientemente desesperador, Josh também tinha que lidar com o outro inimigo que se aproximava em passos tão pesados que fazia tremer o andar inteiro.

— Droga… — Josh sussurrava para si mesmo — Não tem outro jeito…

Naquele momento as veias dos dois braços do caçador acenderam um brilho prateado intenso e seus olhos assumiram o mesmo tom. O chão ao redor dos pés de Josh se rachou e suas mãos agarraramm a boca do monstro com tanta força que ela simplesmente explodiu entre seus dedos.

Usando sua força recém adquirida, o caçador rasgou a mandíbula da besta como se fosse papel e depois, arremessou o corpo agonizando no outro adversário que se aproximava.

Antes mesmo de conseguir se livrar do cadáver que estava em cima dele, o gorila foi recepcionado com um soco no estômago que o fez ser lançado a metros dali. Nem mesmo a parede foi capaz de impedir que ele continuasse a voar para mais longe até que simplesmente fosse perdido de vista.

— Caramba…

Uma voz familiar fez Josh saltar de susto.

Se tratava de Ryu, que havia assistido aquele massacre inacreditável.

— Há quanto tempo você está aí? — A voz de Josh estava ofegante e a essa altura seu corpo já havia voltado ao normal.

— Desde o momento que você arremessou o boca grande contra o macaco sem cara — Ryu estava incrédulo — Como… Como você fez isso?

— A-adrenalina? — Josh gaguejava.

— Você mente muito mal! — Ryu franziu as sobrancelhas, demonstrando estar irritado.

— Eu sou um Combatente, a adrenalina poderia facilmente… — Josh travou e logo em seguida caiu de joelhos.

— Ei! — Ryu correu em direção ao companheiro — Está tudo…

— NÃO! — Josh estendeu a mão em sinal de pare — Fique longe…

Apesar de não compreender do que se tratava, Ryu notou as veias do garoto piscar como enfeites de Natal e resolveu apenas seguir aquele conselho.

Josh retirou uma pequena seringa de seu bolso e em seguida aplicou no braço esquerdo.

Não foi necessário muito tempo para que aquele líquido fizesse efeito, Josh gritou e se debateu por alguns segundos até tomar o controle do seu corpo mais uma vez.

Ryu permaneceu em silêncio diante daquela cena, esperando alguma explicação depois disso.

— Isso… — Josh mostrou a seringa, agora fazia — impede que eu perca o controle.

— E o que seria “isso”? — Ryu se aproximou do rapaz.

— É um concentrado de raiz de laranjeira — O caçador se levantou — Por isso carrego tantas comigo.

— O que é você Josh? — Ryu estava sério.

— É uma história muito comprida e temos pouco tempo até que o Minus apareça. — Josh se levantou e caminhou até onde estavam suas duas espadas.

Durante a batalha, ele havia largado Joane e Marie no chão para que pudesse usar suas mãos em defesa contra o ataque do monstro gigante.

No momento em que pôs as mãos nas cimitarras passou a examiná-las minuciosamente. Josh procurava por rachaduras, imperfeições ou qualquer coisa que poderia ter as deixado danificadas. Entretanto, por mais que procurasse, não foi capaz de encontrar nada que justificasse o que havia acontecido.

— Joane? Marie?

Por mais que fossem chamadas, nenhuma das duas cimitarras se manifestava.

Josh não sabia o que havia na soqueira de Hector, mas tinha certeza que se tratava de um tesouro celestial. Para alívio de Josh a energia das armas permanecia intacta, mas ele estava ciente que não poderia usá-las por enquanto.

Depois de um tempo de reflexão, ele as guardou novamente em sua bainha.

— Bom… depois de ver tudo por aqui, temos mais três andares pela frente — Ryu tentava relevar a situação e se concentrar em salvar Catherine.

Depois de todo aquele tempo, Josh finalmente havia reparado no estado de Ryu. O garoto estava coberto de sangue, mas não parecia ferido. Em suas mãos estava uma espada negra que Josh carregava algumas lembranças.

— A Catherine está no quinto andar — o caçador respondeu sem preocupações.

— Como sabe? — Ryu estava curioso.

— O cheiro…

— Mas você disse que era um combatente — O guardião estava sério.

— Isso não quer dizer que eu tenha dificuldades em sentir cheiro de bruxas. — Josh estava nervoso.

— Identificar uma bruxa há poucos metros de distância é uma capacidade de qualquer caçador, mas senti-la de dois andares abaixo é algo que só um rastreador seria capaz de fazer, e um dos bons.


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Notas finais do capítulo

Agradeço imensamente todos os comentário que recebo e acreditem, guardo todos eles com muito amor.
Obrigada pelo carinho e espero continuar agradando com a minha história!



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