Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 3
Os Nobres


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Espero que gostem do capítulo de hoje :)



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A resposta de Ryu foi inesperada para Lya, mas ao ouvi-la um sorriso satisfeito brotou de seus lábios.

— Finalmente você tomou jeito!

Depois de dizer essas palavras ela entregou a ele o seu contrato de guardião.

O contrato de guardião era um pergaminho que continha informações sobre o guerreiro. O Contrato Sagrado poderia ser fechado com a assinatura de uma bruxa e após isso, ambos ficavam unidos até o fim da travessia.

Assim que Ryu pôs as mãos em seu contrato, Kai soltou uma gargalhada. Ryu não havia “tomado jeito”, ele estava se metendo em um problema maior do que ficar fora travessia.

Após agradecer a sua superior, Ryu se dirigiu para a mesa em que se encontrava Catherine. Observando o trajeto que o garoto estava seguindo, um súbito desespero subiu o corpo de Lya.

“Seria aquela a tal bruxa que ele havia se juntado?”

Encostado em uma parede, bem próxima dali, Kai sorria como uma criança travessa. Conhecendo bem o homem com quem havia se casado, Lya marchou em sua direção com a determinação de um general prestes a limpar o campo de batalha.

— Lya! — Uma voz familiar a fez cessar.

— Diretor, Hendrick. — Ela se recompôs.

— A senhorita Claire da família dos Bortoluzzi , está a procura de um certo guerreiro do top 5 que não está em seu posto.

— Ele se chama Ryu! — A garota ruiva que acompanhava Hendrick, mostrou para Lya a fotografia do guerreiro que estava estampada em uma espécie de portfólio.

— Bom… eu receio que isso não vai ser possível porque… — Lya engoliu a seco — Ele já encontrou uma bruxa para o contrato.

— Que pena para ela! — Claire deu de ombros.

A fala da garota fez o sangue de Lya ferver. Os Bortoluzzi era uma família nojenta. Antigos e podres de ricos, comandavam boa parte da cidade. Se sentiam donos do mundo.

— Calma. — Kai sussurrou para Lya enquanto tocava o ombro dela.

— Ali está! — Claire avistou Ryu sentado junto a Catherine.

Ela andou em passos rápidos até a mesa, sem esconder a sua empolgação e o diretor a seguiu.

— Ah isso não vai ficar assim! — Lya foi atrás dos dois.

Ryu e Catherine não tiveram nem tempo de iniciar uma conversa quando foram abordados pela bruxa nobre.

— Hoje é seu dia de sorte! — Ela sorriu — Você vai ser o meu servo.

Assim que ouviu a garota, Ryu franziu a testa demonstrando irritação. Ele odiava o termo “servo".

— Senhorita Bortoluzzi, eu já disse que ele escolheu a bruxa que irá acompanhar! — Lya se aproximou com voracidade do grupo.

— Ah por favor! — A garota sorriu de forma pretensiosa — Não estamos falando de algo realmente sério.

De fato, a assinatura dos contratos só ocorreria no final do evento e por isso a escolha de bruxa poderia ser mudada sem nenhuma complicação.

— Ele já escolheu a bruxa! — Lya repetiu silabicamente.

O gosto de não dar a tirana um capricho preenchia sua determinação.

— Lya! — Hendrick repreendeu — Eu trato desse assunto.

Mesmo sentido um ódio muito grande, a garota se conteve.

Claire sorriu para ela de forma debochada.

— Ryu, por favor me acompanhe. — A Bortoluzzi disse de forma tranquila e se virou para sair.

— Não entendo a sua dificuldade em compreender as palavras da minha superior. — Ryu respondeu cinicamente sem nem ao menos se dar ao trabalho de encarar a bruxa.

Claire quase tropeçou ao ouvir as palavras do guerreiro.

— Diretor Hendrick! — A garota bufava — O que está acontecendo?

Diante do questionamento de Claire, Hendrick se encolheu.

— Ryu… — Catherine sussurrou para o rapaz — Ela tem poder para te tirar da fortaleza sem esforço algum.

A declaração de Catherine estava longe de ser exagerada. Se Claire usasse sua influência ela poderia fazer de Ryu um renegado. Renegados são guardiões que cometeram crimes ou burlaram regras muito importantes. Quando um guardião é renegado perde todo seu direito como civil e é visto pela sociedade como criminoso. Muitas vezes os renegados só conseguem trabalho em minas de carvão, como cuidadores de porcos ou qualquer outra profissão em que a sua identidade é irrelevante.

— Está tudo bem… — Ryu dava de ombros — Eu lido bem com animais.

— Ryu! — Hendrick o encarou — repense sua atitude, ela pode te custar caro.

— O Ryu irá acompanhar minha filha na travessia. — Uma voz autoritária fez com que todos se calassem.

— Ivan. — Hendrik fez reverência.

— Sua filha? — Claire estava surpresa.

Mas não apenas ela. No meio de toda aquela agitação, Hendrick não se deu ao trabalho de sequer analisar a identidade da bruxa rival.

Ela era nada mais nada menos que a criança sobrevivente do desastre de Pacem que Ivan havia adotado.

Agora, mais do que nunca, o diretor estava encurralado.

Apesar de exercer o papel de professor na academia, Ivan tinha uma influência muito grande em todo o primeiro reino.

Há 15 anos atrás, antes de Ivan compor o time de professores, essa era uma fortaleza sem muito prestígio. Atualmente famílias extremamente importantes fechavam contratos todos os anos, inclusive graças a boa influência de Ivan os próprios Bortoluzzi se tornaram fiéis a Otium.

Um sorriso triunfante brotou nos lábios de Lya e ela fez questão de o manter o mais visível possível para Claire.

— Eu não acredito que vocês vão fazer uma desfeita tão grande com a minha família! — Diante da afronta de Lya, Claire tinha uma voz amarga.

— Claire, minha querida! — Ivan possuía uma voz fraternal, a intimidade se devia ao fato de conhecer a garota desde que ela era muito nova — Soube que você já alistou 4 dos 5 guardiões do top. Deixe ao menos um para os outros.

A garota arqueou uma das sobrancelhas e cruzou os braços:

— Gosto de coleções completas.

O ódio de Ryu crescia a cada palavra dita por Claire.

— Mas você ao menos perguntou para o Ryu se ele quer fechar um contrato com você? — Ivan manteve sua voz calma.

As palavras de Ivan pareciam poesia para os ouvidos do guerreiro. Ele estava pronto para responder, pronto para dizer aquela maldita nobre todo o desprezo que ele sentia por ela. Mas para a surpresa de Ryu, Claire deu uma intensa gargalhada.

Ela riu como se tivesse ouvido a piada mais engraçada da noite.

— Isso é sério? — A garota tentava se conter.

Diante do total silêncio dos outros ali presentes, o semblante dela mudou por completo, assumindo uma expressão de raiva.

Sem dizer mais nenhuma palavra, a garota encarou Catherine com desprezo e em seguida saiu dali em passos pesados.

Assim que a garota se afastou, Hendrick ofegou por alguns segundos. Era como se tivesse ficado sem respirar por todo o tempo em que foi forçado a encarar a Bortoluzzi.

— Fique calmo meu amigo! — Ivan riu — Claire é apenas uma criança.

Hendrick queria destacar o fato de que ela poderia destruir a sua carreira sem muito esforço, mas preferiu apenas rir educadamente com o amigo.

— Bom, eu preciso cuidar de outros assuntos. — O diretor disse de forma respeitosa e depois saiu.

— Eu também preciso cuidar de assuntos referentes aos contratos. A cerimônia de assinatura irá iniciar em alguns minutos. — Lya fez uma reverência a Ivan e logo em seguida se afastou.

A aparição do professor ali era uma bênção divina, algo bom demais para ser verdade.

Enquanto pensava sobre essa “coincidência” Lya avistou Kai sentado em uma mesa não muito distante dali.

“A benção do demônio” pensou.

— Não se deveria dar um nome tão feio a um ser tão puro! — Kai fez surgir auréola brilhante em sua cabeça.

Em silêncio Lya sentou ao seu lado e tomou o copo de vinho que estava em sua mão.

— Onde estão meus agradecimentos? — O bruxo sorriu de forma orgulhosa para Lya.

— Para início de conversa, toda essa merda é culpa sua! — Ela o encarou com raiva — Que ideia é essa de empurrar o Ryu para a bruxa do azar?

— Eu não empurrei ninguém! — Kai levantava as mãos a frente do corpo em sinal de defesa — Apenas comentei com um amigo sobre uma velha história local que eu gosto muito.

— Não precisa de muito mais que isso para despertar o interesse daquele idiota. — A bruxa virou o copo inteiro em um só gole.

— Isso já não é minha culpa!

— Ele vai ter a viagem mais perigosa que qualquer outro guardião. — A voz de Lya estava tensa.

— Mas você viu a cara da Bortoluzzi? — Kai deu uma gargalhada — Vai me dizer que não vale a pena?

— Como pode dizer algo tão horrível? — Lya se mostrava ofendida.

— Você lembra que eu posso ler os seus pensamentos não é Lya? — Kai arqueou uma das sobrancelhas — Você está tão satisfeita quanto eu.

As bochechas da bruxa ficaram vermelhas e ela desviou os olhos de Kai:

— Mes-mo assim… — Lya tentava se recompor — Você fez tudo isso apenas pelo gosto de ver a Claire ser envergonhada?

— Claro que não! — Kai encheu o copo de Lya e sorriu — Tem 4 potes de ouro acumulados na loteria de Otium.

— Eu não acredito nisso… — Lya sussurrava para si mesmo enquanto revirava os olhos.

— Se ela simpatiza com Ryu… sabe? O amigo do meu amigo é meu amigo também! — Kai explicava.

— Na verdade essa frase é um pouco diferente — A bruxa bebeu da taça recém preenchida — Por que você mesmo não tentou se aproximar da garota?

— Tá maluca? — Kai se mostrava perplexo diante da pergunta da companheira — Sabe quão alta é a probabilidade dela fazer os meus olhos saltarem para fora da minha cabeça?

— Você é surpreendente. — Lya terminou com a bebida e se levantou — E isso não foi um elogio.

— Nao acredito que você é capaz de dizer algo assim depois de ouvir o meu plano minuciosamente calculado e presenciar ele dando certo em cada mínimo detalhe — Kai se mostrava ofendido — Só preciso esperar o momento certo e os potes de ouro serão meus!

— Boa noite Kai. — Lya se retirou.

— Um gênio sendo tratado como louco — Kai encheu novamente a taça que estava com Lya e bebeu — Nada novo sob o sol.


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Notas finais do capítulo

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Até a próxima



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