Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 15
O Pelotão de Elite: Um Novo Desafio Aparece


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem do capítulo de hoje! Estamos entrando em um arco muito importante da história.



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— Estamos há poucas horas da nossa última cidade. — Ryu comentou.

Eles haviam caminhado o dia inteiro, com pequenas pausas para comer e descansar.

Catherine debruçou-se sobre Tommy.

— Cat, você não pode ter medo das pessoas para sempre. — Ryu suspirou — Nem todas querem te levar para fogueira ou algo assim.

“Insensível!” A consciência de Ryu gritou bem alto.

— Enquanto não souberem quem eu sou. — A menina murmurou, ainda com a cabeça enterrada no manto que cobria as costas de Tommy.

— Eles não sabem quem você é de verdade. — O garoto sorriu para a menina — Se soubessem seriam incapazes de sentir qualquer sentimento negativo.

Catherine também sorriu, aquelas palavras tinham sido realmente boas para o seu coração.

— Talvez elas pudessem ficar um pouco irritadas, quer dizer, você às vezes é difícil de lidar. — Ryu explicava de forma despreocupada.

O sorriso no rosto de Catherine aos poucos foi se desfazendo e uma expressão de raiva foi surgindo.

Ryu sorriu com mais determinação. Sentia falta da forma como Catherine se irritava, para ele era o jeito que ela demonstrava estar bem.

Não demorou muito para que ele tropeçasse em uma pedra e caísse de joelhos.

Ele odiava admitir, mas sentiu falta disso também.

— Idiota! — A garota resmungou.

Do meio da floresta, uma mulher surgiu repentinamente:

— Uma garota entre 17 e 20 anos, longos cabelos castanhos, olhos castanhos. Com ela provavelmente estaria um homem jovem, cabelos claros, olhos escuros… Meeeeh — A garota revirou os olhos — Eu odeio essas descrições, mas acabam sendo úteis no final. Talvez isso faça eu as odiá-las ainda mais.

— Quem é você? — Ryu se levantou do chão rapidamente.

— Yuki Yamamoto, terceira posição no pelotão de elite da Minus: Associação de Caçadores de Bruxas. — A garota exibia o brasão — E você é o guardião que acompanha a bruxa Catherine Gibran?

— Sim… — Ryu estava nervoso, mas sacou uma espada — Mas não pense que vou entregá-la pra vocês assim.

A mulher sorriu e disse:

— Ryu, fico feliz que tenha sido sincero tanto em sua identidade, quanto em suas intenções, assim como eu fui. — A mulher retirou uma adaga da bota — Por isso vou ser clara com você. Tenho ordens de capturar Catherine Gibran viva. Não me deram objetivos ou restrições em relação a você, por isso recomendo que abandone a garota aqui e volte pelo caminho que veio. Se agir dessa forma, prometo que não encostarei um dedo em você.

Ryu sorriu de forma pretensiosa:

— Obrigada pelo aviso.

Apesar de ter bons reflexos, Ryu não percebeu o momento em que foi atingido. A primeira coisa que notou foi o som da sua espada caindo no chão e em seguida algumas gotas de sangue escorrendo de sua mão. Yuki havia arremessado a sua lâmina e fez um pequeno corte superficial nos dedos do garoto.

— Se não recuar eu o matarei aqui mesmo. — A mulher estava séria — Não pense que terá alguma chance, não deixe esse pensamento tão distante da realidade te dar esperança. O segundo arremesso será fatal.

Ryu estava perplexo, ele nunca havia visto uma lâmina tão rápida. A confiança daquela mulher o intimidava. De cima do cavalo agitado, Catherine tinha pavor em seus olhos. Era claro em sua expressão que ela não acreditava que ele a protegeria.

— Ryu… — Catherine murmurou — Eu vou…

— Calada! — Ryu interrompeu a garota bruscamente.

— Isso não vale o que estão te pagando — A bruxa tinha uma expressão de desespero em seu rosto.

— Não vale mesmo. — Yuki dizia com desdém enquanto se encostava em um tronco de árvore.

— Vamos Yuki Yamamoto, me mostre o que você tem. — Ryu sorriu enquanto mais uma vez empunhava a sua espada.

— Uma pena. — Sem muita cerimônia, ela retirou uma das lâminas que tinha em sua cintura e arremessou.

Um trincar de ferro foi ouvido e Ryu ainda estava de pé.

“Nenhum arremesso é tão rápido que não pode ser repelido” Ryu dizia para si mesmo.

Um golpe foi suficiente para que ele entendesse a falta de hesitação nos movimentos do inimigo, por isso ele precisava ficar atento.

— Olha só. — Yuki sorriu — Melhor do que eu esperava.

No fim da sua frase ela arremessou outra adaga e em seguida mais uma. Ambas rebatidas por Ryu.

Hoje vamos falar sobre inimigos que lutam a distância. Esses filhos da puta são um saco de se enfrentar, normalmente eu deixo eles cegos, me aproximo com eles indefesos e desconto toda a minha frustração em forma de socos. Mas como você não tem essa vantagem divina que foi dada a mim, procure locais com bons esconderijos. Em último caso, se estiver frente a frente de um inimigo assim, recomendo que esteja um passo adiantado.

Olhe para os olhos deles, não para as mãos e acima de tudo proteja seus pontos vitais.

Os ensinamentos de Kai vieram como uma poesia na mente de Ryu. Proteger os pontos vitais expostos limitava a área que Ryu precisava se preocupar, mas os olhos… Esse conselho de fato não era útil no momento, pois Yuki não precisava de tempo para mirar, era como se no momento que ela pôs os olhos sobre ele, um alvo automático tivesse sido estabelecido.

“Então ela precisa que eu fique parado, certo?” Ryu tinha uma conversa consigo mesmo. Foi então que ele iniciou uma dança com os pés, ainda com a espada em mãos.

— Você acha que vai conseguir evitar meus ataques com esses movimentos idiotas? — Yuki ergueu uma de suas sobrancelhas — Se você compreendesse a minha facilidade em acertar alvos em movimento, se envergonharia dessa atitude.

A garota lançou uma lâmina que foi facilmente evitada por Ryu.

— Acertar alvos em movimento é uma característica comum de quem consegue decorar ritmos com facilidade — Ryu sorria de forma convencida — Mas eu nunca tive ritmo na minha vida inteira, porque sou um péssimo dançarino.

Ryu se movimento em ziguezague até alcançar a garota, no momento que fez isso deu o seu primeiro golpe. Yuki se esquivou sem dificuldade e tomou distância mais uma vez.

— Você é divertido Ryu. — A garota deu um sorriso satisfeito. — Vamos agora aumentar o nível.

O movimento seguinte da garota foi tão rápido que Ryu só sentiu uma dor excruciante em sua perna a ponto de cair de joelhos.

— Proteger pontos vitais? Isso é tão velho. O erro nisso é que deixa exposto lugares que não oferecem riscos imediatos — A garota falava enquanto se armava de 3 lâminas em cada mão — Mas não se esqueça que você sente dor em todos os locais do seu corpo.

A garota lançou todas as lâminas na direção de Ryu, o guerreiro rolou para longe delas, mas apenas a sua velocidade não foi suficiente para livrá-lo da morte. 4 das 6 adagas lançadas ficaram cravadas ao redor dele como um círculo.

Uma expressão de descontentamento tomou o rosto de Yuki e ela voltou a sua atenção para Catherine.

— Eu tinha me esquecido de você. — Ela retirou uma lâmina da cintura e lançou contra Catherine.

O objeto acertou uma árvore atrás da garota. A cada passo dado, Yuki arremessava uma adaga e todas resultavam em erros ridículos.

— Você é realmente incrível! — Yuki a admirou por um segundo — Você não se esforça para usar a sua magia?

A bruxa tentava ao máximo controlar o cavalo agitado, mas Tommy parecia querer avançar para cima da inimiga a qualquer custo.

— Yuki Yamamoto! — Ryu estava de pé — Não adianta fugir quando está em desvantagem!

Yuki franziu as sobrancelhas um pouco incrédula. “Desvantagem?”

Ela então arremessou mais 6 lâminas na direção de Ryu, todas erraram o alvo de forma inacreditável.

— Sabe, é realmente difícil confiar na sorte quando a sua vida está em jogo. — Ryu sorria um pouco sem jeito — Para ser sinceros nunca foi meu sonho vencer uma batalha assim. Mas uma vez um amigo me disse que atiradores de facas não merecem uma luta justa.

Após terminar o seu discurso, Ryu avançou para Yuki sem inibições.

Um olhar rápido para Catherine, foi suficiente para a garota entender o recado. Pronta ou não era hora de pôr o treinamento em prática mesmo sem chocolates.

Visivelmente em desvantagem, Yuki esquivava dos ataques de Ryu com muita dificuldade.

Ela sentia como se sua velocidade e destreza tivessem caído para metade. Em um pequeno descuido, a garota acabou escorregando. Antes que pudesse se levantar, Yuki sentiu a lâmina fria da espada de Ryu parada em seu pescoço.

— Agora é a minha vez de te fazer uma proposta Yamamoto. — Ryu tinha um olhar sério em seu rosto — Vá embora agora sem olhar para trás e eu prometo não tocar em você. Caso contrário, cortarei a sua garganta agora mesmo.

Um sorriso cínico brotou nos lábios de Yuki:

— Eu desisto.

— Boa escolha! — Ryu retirou a espada do pescoço da garota.

— Ela não falou com você, guardião! — Um homem alto saiu do meio das árvores.

— Quem é você? — Ryu perguntou, um pouco assustado. Mais um parecia trabalhoso demais para o momento.

— Ryan Rousseau, segunda posição no pelotão de elite da Minus: Associação de Caçadores de Bruxas. — Ryan mostrava o brasão estampado em sua jaqueta.

— Eu me chamo Benjamin Braun, quarta posição no pelotão de elite da Minus: Associação de Caçadores de Bruxas. — Um homem que beirava facilmente os dois metros de altura e extremamente musculoso apareceu ao lado do recém chegado.

Uma dúvida surgiu na cabeça de Ryu, a posição no pelotão indicava quem era o mais forte? Por que olhando para aquele homem monstruoso a sua frente ele não conseguia encaixá-lo em 4° posição.

Mas levando em consideração a desvantagem que Catherine causava nas habilidades de Yuki, provavelmente era impossível ter uma real noção das suas capacidades. Mas o tal de Ryan parecia comum demais para estar acima dos dois.

— Normalmente quando estamos no meio de uma batalha e perguntamos coisas como “quem é você?” Não esperamos que o outro responda de verdade. Muito menos que dê tantos detalhes sobre a identidade. — Ryu comentou enquanto tomava distância.

— O nosso mestre nos ensinou que apenas bandidos escondem seus nomes. — Ryan disse de forma gentil — Nós não temos porque esconder esse tipo de detalhe. Dos presentes aqui, apenas você está comentendo erros.

— Ah claro! — Ryu sorria de forma cínica — Vocês são os caras bonzinhos que vieram sequestrar uma garota no meio de uma travessia.

— Catherine Gibran não é apenas uma garota. — O homem encarou Ryu — Ela é uma bruxa perigosa que não pode conviver em sociedade e muito menos alcançar um santuário que ampliará seus poderes.

— Catherine Gibran tem registros que comprovam que ela é uma bruxa neutra e tem o direito de ir a um santuário para ter melhor controle dos seus poderes. — Ryu rebateu.

— Catherine Gibran tem registros assinados por um homem poderoso que se afeiçoou a uma órfã, porque havia acabado de perder sua esposa. — Ryan tinha uma voz calma — Ivan Gibran usou a sua influência para adiar o inevitável.

Era indiscutível que os argumentos do homem eram realmente fáceis de aceitar e muito mais lógicos do que qualquer coisa que Ryu poderia dizer. Por isso ele apenas suspirou e disse:

— Olha cara… Me pagaram para entregar essa garota sã e salva no santuário do segundo reino, os detalhes não me interessam.

— Perfeitamente compreensível senhor Ryu. — Ryan manteve sua expressão gentil no rosto — Mas quero que da mesma forma compreenda que também estamos apenas fazendo o nosso trabalho.


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Notas finais do capítulo

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