The Broken Hero escrita por Zatanna


Capítulo 1
Capítulo Único — Afraid


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos.

Quebrei meu coração, vamos quebrar juntos? ♥



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Senhor Stark, eu não quero morrer. Me desculpe.

 

Às vezes, as palavras são leves como uma pluma; em outras situações, são pesadas como chumbo. No entanto, quando as relações são mais resistentes do que vibranium ou adamantium, o peso não pode ser medido por nenhum tipo de bugiganga ou máquina. Elas simplesmente nos quebram.

Em pedaços pequenos, em fragmentos quase invisíveis aos olhos.

Há algum tempo, Tony Stark aprendeu a lidar com alguns dos sentimentos distintos que viviam dentro de si, o peso nos ombros cansados, a ânsia pelo choro reprimido, o medo que o impedia de respirar direito.

 No entanto, sempre tinha alguma luz perdida nos olhos de alguém que o fazia voltar a si, aos sonhos estagnados, aos projetos por acabar e ao mundo que constantemente precisava ser salvo.

No fundo, Stark sabia que era presunção dele acreditar que seus temores eram maiores, entretanto, não conseguia impedir os próprios pensamentos, os receios que o cercavam desde o surgimento do projeto Vingadores. Ele sabia quem era Thanos, mesmo que o nome não tivesse sido pronunciado.

 Com o passar dos anos, o herói pensou que eram míseros sonhos de alguém pequeno demais em um universo que não tinha começo e nem fim. Seus medos se tornaram miragens no deserto, ignoráveis e não concretizáveis. Redirecionou suas dúvidas, suspeitas e aflições para outros pontos de sua vida:

Seus companheiros, seus poderes, sua identidade.

Tony Stark afastou muitos de seus amigos, perdeu alguns para as estrelas e outros, para o abismo sem fim. Seus olhos ficaram cansados, o peso em seus ombros dobrou de carga, e mesmo com tudo isso, ele conseguiu lidar, porque ainda havia uma chama pequena, que crescia diante de si, chamada esperança.

O herói podia ver na expressão juvenil, um menino que mal conhecia do mundo, mas queria lhe proporcionar segurança. Uma criança brilhante e, ao mesmo tempo, cheia de defeitos. Ao olhar para Peter Park, sem pais ou figuras paternais, somente com a tia em um subúrbio, Tony Stark conseguiu ver a si mesmo.

Porque não são as riquezas que nos constituem, são adversidades da perda.

Certa vez, Steve Rogers perguntou o que ele era sem a armadura, respondeu-lhe graciosamente – devia se lembrar bem – que era muitas coisas, como endinheirado, filantropo e genial, pois era mais fácil citar atributos que lhe elevavam aos olhos dos outros, ao invés, dos seus próprios.

Se pudesse responder agora, definitivamente, diria sobrevivente, pois havia resistido a tudo que aconteceu e a tudo que ainda estava para acontecer. Mas a sobrevivência do homem, a sua persistência e imortalidade se fazem pelos seus feitos ou por sua linhagem e não, por simplesmente continuar de pé.

Ao fitar Peter, o adolescente extremamente brincalhão, com os olhos repletos de admiração e de esperança, Tony Stark sentiu falta de algo que nunca teve: uma criança, um filho. Se existia eternidade, ela estava no que nos era mais precioso.

Como seu pai lhe disse – e não tinha entendido até aquele momento –: “minha maior criação é você”. Desse instante em diante, ele percebeu o que queria ser – insistindo com Pepper – e o que o seu pai havia dito era verdadeiro, era honesto.

Era mais real do que seus temores.

Ele olhava para Peter e conseguia sentir as palavras de seu pai, dedicou-se a construir-lhe um traje, a dar-lhe conselhos e estar sempre ao seu lado, mesmo quando ele não acreditasse que estaria.

Como, certa vez, não acreditou, porque filhos certamente desconfiam de seus pais.

Filhos certamente desobedecem.

Peter, ao se aproximar do perigo e para proteger a sua amada vizinhança, como havia lhe instruído, faria de tudo, mesmo passar por cima de suas ordens e seus conselhos, até culpá-lo por fazer um traje sensível aos seus instintos e pensamentos.

O que Peter não o culpava, é o que o fazia se sentir desse jeito, tão destruído. Aos poucos, diante dos seus olhos, com uma expressão perdida de criança que busca o consolo do pai, o menino se aproximou, clamando por misericórdia enquanto se transformava em cinzas.

Em cinzas que sumiam ao vento.

Tony desejou procurar cada pitada, no entanto, seus olhos não conseguiam escapar dos dele. O seu mundo ruía e o peso em seus ombros nunca foi tão pesado, sua ânsia por choro nunca foi tão difícil de ser reprimida e nunca desejou tanto não ser capaz de respirar.

Perder um filho – mesmo que não fosse de sangue – era um sentimento inexplicável, que não habitava na razão e vagava de mãos dadas com a loucura. Tony se sentiu perdido enquanto nada mais restava de Peter.

Quando nada mais restava, além de Peter.

Somente as memórias partilhadas, as brigas e os conselhos rebobinavam em sua mente. Os outros à sua volta haviam desaparecido, um a um, até mesmo Strange que havia lhe dito algo, mas não conseguiu realmente se preocupar em entendê-lo porque o seu menino não se sentia bem e não queria morrer.

Não conseguia raciocinar mais nada, porque o herói – que vivia e era – tinha quebrado.   


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Notas finais do capítulo

Deixem ou não seu coração nos comentários. ♥