Incerteza escrita por Nenda


Capítulo 1
Capítulo único




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Mo acordara sozinho naquela cama, de frente para o panorama visível através das janelas, numa posição diferente da qual dormira. Sentira-se curioso sobre aquilo, não era de se mexer muito durante o sono, e, só após um bom tempo de análise sem resultado deitado naquele colchão macio, fora se aprontar para ir embora.

Não houvera um He Tian provocador para acabar com sua manhã. Diferentemente disso, ele estivera em silêncio na maior parte do tempo e em suas poucas falas houvera mínimos resquícios de acidez. He Tian apenas observara-o de uma maneira estranha, mas Mo preferira não confrontá-lo sobre. E aquilo perdurara pelos dias que vieram.

Por isso, gradativamente, a relação entre os dois mudara. He Tian diminuíra de maneira considerável a frequência de suas provocações e assim as brigas entre os dois passaram a ser esporádicas. Estar junto dele tornara-se menos complicado e irritante e, com o passar dos dias, Mo ficara mais receptivo à presença do mesmo. Ia com ele a lanchonetes ao fim do horário de aulas e se enchia de sanduíches enquanto era o foco dos olhos negros e intensos de He Tian, parara com a birra quando ele ia à sua casa e até suas idas ao apartamento dele tornaram-se mais habituais, entretanto, não compulsivas. Lanchavam e faziam os deveres de casa, e, incrivelmente, quando próximo à noite Mo decidia ir embora, não havia reclamação por parte de He Tian, apenas um “até logo” e, vez ou outra, uma piada sobre o receio de Mo em ficar.

“Eu não vou te atacar. Acredite”.

Mo pensara sobre isso enquanto direcionava um olhar vago para o panorama além da janela. A cidade era coberta por laranja, indicando que era a hora de ir embora. Ele devia arrumar suas coisas e tomar seu rumo. Se demorasse demais sua mãe ficaria preocupada. Talvez. Já dissera a ela certa vez que quando tardava a voltar para casa era por estar com He Tian e a senhora tinha confiança no mesmo. Na manhã seguinte à fatídica noite, meses antes, a vira quase despencar de alívio ao vê-lo chegar acompanhado dele.

Ouvira o som de porta batendo vindo da cozinha, passos e então He Tian, com um pacote de biscoitos recém-aberto em mãos, diante de si. Em seu rosto, o mesmo semblante estranhamente fechado que nas últimas semanas passara a direcionar a Mo no momento da despedida.

He Tian umedeceu os lábios antes de perguntar:

“Tem certeza de que não quer ficar?”

E, não, ele não tinha.


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