Os dias passavam e nenhum dos dois trocara uma palavra, Fábio não sabia o que fazer, apesar da raiva momentânea que sentia, também sentia a falta de Nuno, afinal ele parecia perceber mais dos seus sentimentos que o próprio, e embora não quisesse admitir gostava da sua companhia. Nuno por seu lado esperava poder vê-lo antes do inicio das férias, afinal iria passa-las em Nova Iorque devido a um pequeno projecto musical que tinha com um grupo de amigos.  Andava um pouco em baixo, o que preocupara a sua mãe, que estava habituada ao óptimo humor do filho. Pegava na guitarra com menos frequência e quando o fazia não era para tocar as alegres músicas do costume. Sempre que tentava falar com ele, a resposta era a sempre a mesma.

-Nuno, querido passa-se alguma coisa? – Perguntava-lhe habitualmente a mãe – É por causa de algum rapaz certo?

-É que eu sei que ele gosta de mim, mas ele ainda está em fase de negação, e precisa de um tempo. O problema é que não tenho esse tempo, vou para Nova Iorque nas férias e …

-Calma filho vais ver que isso se vai resolver, ainda me lembro que quando andavas nessa fase. Eu podia não saber o que se passava filho, mas apoiei-te sempre e disse-te que o importante era que fosses feliz. Talvez se lhe deres um bocado de tempo ele cai em si. Ele não pode sentir-se pressionado.

Nuno dava razão à sua mãe, mas o problema é que não tinha esse tempo. Em duas semanas ia partir e só voltaria em dois meses, e certamente nessa altura Fábio ia partir para Londres e nunca mais se iriam encontrar. E isso não podia acontecer, estava totalmente fora de questão.

Mas como? Que raio de forma iria conseguir arranjar para vê-lo sem terem uma conversa que termine mal, ou algo do género. Não é como se eles tivessem uma espécie de espectáculo final ou algo assim? Ou teriam? Nuno tentava relembrar as conversas que tiveram. Ele tinha mencionado qualquer coisa como um espectáculo onde iriam escolher os bolsistas para Londres.

Seria dali a uma semana precisamente, e iria tentar estar lá para o ver, perguntara à sua mãe se o queria acompanhar e assim ver quem era esse tal rapaz que tinha prendido a atenção do seu filho.