Perfume escrita por Luiz Gustavo


Capítulo 23
Capítulo 23: A Irmã




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Levi Monteiro invade o cartório de Arraial D’ Ajuda, naquela madrugada de segunda, eram quase duas horas da manhã, ele havia estudado minuciosamente cada detalhe do local através de uma planta baixa, colocando pequenas suposições no plano e esperou subitamente uma pausa do segurança, certamente havia ido tomar um café, para aguentar o turno de trabalho. O prédio é pequeno, comparado aos cartórios de grandes cidades. Agora, tem mais perguntas do que respostas referente ao nascimento da irmã mais nova, a cada dia uma nova revelação, causa uma espécie de tsunami em sua psicose. Milhares de arquivos foram inspecionados, uma hora havia se passado e finalmente encontra um, com o sobrenome Alencar. Escuta um barulho fino, que o faz apontar a pistola calibre 45, mas abaixa ao notar a presença do amigo. 

— Merda, Tony, o que está fazendo aqui? 
— Calma. 
— Porque não me ligou? 
— O seu celular está sem sinal. 
— Lixo de operadora. Mas o que aconteceu? Devia estar vigiando essa porra. 
— Um automóvel entrou no estacionamento, acho que é o segurança, vamos embora. Encontrou todos os documentos? É verdade a história da sua mãe, ou mais uma mentira? 
— Sim, é verdade. A Neide Alencar teve duas meninas. 
— A sua irmã? 
— É, será que ela está viva também? 
— Tem que ter alguma explicação. 

Eles escutam alguns passos no corredor, aproximando-se da pequena saleta, seguindo de maneiras mais rápidas. A porta é aberta fazendo um ruído, um homem alto e negro, usando terno e gravata entra na saleta, segurando nas mãos uma lanterna que ilumina o caminho, no chão, diversos papeis espalhados.

— Tem alguém aqui?

Antes mesmo de pegar o Walkie Talkie, para notificar a central de segurança, sobre o ocorrido, o homem cai no chão, com o crânio quebrado. Levi observa Tony, que solta um sorriso, segurando um pedaço de madeira em mãos. 

— Você matou o cara, Tony?
— Você acha que ele ia fazer o quê com a gente? 
— Caramba. – Levi mantém um tom meio surpreso.

Eles caminham lentamente em direção da saída do pequeno prédio, atentamente, observando cada cômodo, mas não conseguiram sair pelas portas dos fundos que continua trancada. Tudo fica escuro de forma impetuosa na vista de Levi e Tony, posteriormente sentem uma forte pancada na cabeça, uma pancada tão forte que os fizeram desmaiar. Eles caem no chão rapidamente e os olhos foram fechando automaticamente, como se não tivessem controle sobre mais nada. Perdendo a consciência.

Levi desperta primeiro escutando um zumbido entorpecedor, o cérebro manda mensagens de dor, para todo corpo. Tenta equilibrar a sensação de náusea, que o consome. Presume que se encontra amarrado, mas pelo contrário, as mãos e as pernas estão libertas. Ele escuta um gemido e olha para o lado, Tony acorda da síncope.    

— Tony, tudo bem contigo? 
— Sim. O que aconteceu? Onde estamos?

Um leve estrépito ocorre, quando Tony acomoda-se direito na poltrona.
O líder dos negócios ilegais observa ao redor, está dentro de seu carro, o mesmo que tinha ido para o cartório, mas não exatamente na superfície da terra e sim em um despenhadeiro, na área externa, apenas a forte neblina e uma extensa floresta. 

— Não acredito nisso. Como chegamos aqui? 

Tony move a cabeça devagar e observa lá embaixo, com a respiração presa, sente que está perto de despencar daquilo. 60 metros de altura os separam do automóvel até uns dos troncos no solo. Por um instante sentiu um assopro por trás do pescoço, mas lembrou-se que não pode mexer-se, caso contrário, cairá em um sono profundo e dessa vez, nunca mais acordará. 

— Deve ter sido o desgraçado do Miguel Xavier. 
— Essa não é a hora de culpar alguém e sim, de tentarmos sair dessa enrascada.  

Levi sente uma pontada no estomago, fazendo uma rápida careta. 

— Isso é coisa de profissional. Presos numa rocha? Excelente forma de morrer.
— Tony, esse homem está querendo ocultar a verdade. 
— Qual verdade? A que ele matou a sua irmã? 
— Sim e possivelmente, sabe da existência da minha outra irmã.  
— Ou não, Levi. 
— Como assim? 
— Não se encaixa, não se enquadra, ele é um homem que tem muitas coisas a esconder, tem o controle da cidade em mãos e nós dois, somos simplesmente uma ameaça para sua liderança.  

Levi desloca o seu peso levemente, para o lado esquerdo. O forte rangido é imediato e o automóvel move-se alguns centímetros em dianteira da rocha. Divisa o interior do veículo, as chaves estavam na ignição, obviamente, para que parecesse um acidente, quando a polícia encontrasse os restos mortais carbonizados. Ele estende as mãos que ligam as partes elétricas, estica-se e aperta o botão da janela, o vidro se abre, enquanto o carro, movesse para frente. Em um momento lembrou-se do aparelho celular, mas não estava no bolso da calça, certamente foram quebrados. 

— Certo, a janela está aberta, mas não podemos pular assim! 

Levi abaixa os punhos, abrindo o cinto e o tirando. 

— Está usando? – Perguntou para o amigo.
— Sim. 
— Tire-o e me entregue.

Tony faz o ordenado, mas qualquer movimento balança o veículo. Então, Levi uniu os dois cintos, deixando uma pequena tira em suas mãos, para lança-lo na árvore. Move-se lentamente, convencendo-se que não seria um ajuda divina, caso aquilo desse certo. O amigo continua ofegante ao se preparar para escapar. 

Levi atira o laço. Errando.
Então, o carro subitamente escorrega para frente. 


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