Pov’s Marissa.

O portal se abriu, eu conseguia ver um pouco dos alicerces de Alicante, confesso que sempre quis conhecer Idris, mas não nessas condições, ser indicada a Consul da Clave sem ser avisada não estava nos meus planos, e encontrar Maryse e Robert também não estava, mas eu não tinha muita escolha, fui tirada dos meus pensamentos pela voz da Izzy falando comigo.

—Vamos maninha, a reunião não vai esperar, e não podemos nos atrasar.

—Claro, não quero me atrasar no meu primeiro dia.

—Não seja irônica, você foi privilegiada recebendo esse cargo, muitos gostariam de estar no seu lugar.

—Então me apresente esses muitos Alec, para que eu possa oferecer minha cobiçada vaga.

—Não seja assim filha, receba aquilo que o Anjo te dá de braços abertos.

—Desculpa mãe, mais jogaram essa bomba no meu colo e nem me perguntaram se eu queria isso.

—Eu sei que é complicado filha, mas apenas aceite.

—Acho que não tenho escolha mesmo.

—Bom, devemos passar, antes que fechem o portal.

Assim que Alec disse isso nós passamos, Alicante era realmente linda, muito mais bonita do que eu imaginava, parecia que eu estava em um dos meus sonhos, quando sonhava com o dia que entraria em Idris como uma Shadowhunter reconhecida e amada, e agora estava entrando como a nova Consul da Clave, meu sonho estava virando um pesadelo, eu estava totalmente envolvida naquela paisagem que parecia mais uma pintura feita a mão, quando senti a mão de Clary tocar meu braço.

—Bem-vinda a Alicante, é lindo né?

—É realmente lindo, você já esteve aqui?

—Não, só te dei as boas vindas para puxar assunto mesmo.

—Ah tá.

—Está preparada para reencontrar os Lightwoods?

—Tecnicamente seria encontra-los, já que não os conheço pessoalmente.

Clary apenas me olhou, pegou na minha mão, e seguimos para a sala do conselho em silêncio, seguidas pelos outros Shadowhunters, assim que chegamos tivemos que dar nossos nomes na entrada, assim que eu ia me identificar minha Madrinha chegou, sendo assim não precisei de identificação já que ela se aproximou e já foi me puxando para dentro.

—Está preparada querida?

—Tenho que estar né madrinha? Acho que não tenho escolha.

—Eles não te avisaram? Sobre o cargo de Consul?

—Não, nem me consultaram, apenas jogaram no meu colo, mas pensando bem acho que virá a calhar estar ligada a Clave, dada a atual situação do mundo das sombras.

—Que bom que pensa assim filha, vai ser bom pra você estar perto de tudo.

—Madrinha posso te fazer uma pergunta?

—Claro.

—Os Lightwoods estão aqui?

—Sim, eles acabaram de chegar, e já tomaram suas posições na mesa da Clave.

—Será que a Maryse vai me reconhecer?

—Você é parecida com ela, mas tem muito do seu pai em você, acho que muitos ali dentro vão te reconhecer.

—Não sei se estou preparada pra isso.

—Apenas faça oque veio fazer aqui, não olhe para os lados.

—Tudo bem.

Assim que minha madrinha disse isso Alec e os outros conseguiram passar, já estava na hora da reunião, eles entraram na nossa frente, Jia ia entrar comigo depois quando eu fosse chamada e apresentada por Imogen Herondale, todos já estavam apostos e reunidos quando Imogen começou a falar.

—Bom, aqui estamos reunidos para decidir oque vai ser feito com a atual situação do mundo das sombras, e com a traição de Jace Wayland ou Morgenstern oque quer que seja, mas antes vamos apresentar a nova Consul da Clave, que vai assumir o posto, porém vai atuar no instituto de Nova York, nos auxiliando nesse caso. Pode entrar.

Assim que eu entrei vi todos os olhares em cima de mim, Clary, Jocelyn, Izzy e Alec me olhavam com ternura e felicidade, mas quando parei meu olhar sobre os Lightwoods vi uma expressão completamente diferente, Maryse estava com lágrimas nos olhos, mas tentando ao máximo manter sua postura séria, Robert me olhava com desdém e retaliação, mas não me concentrei muito neles, olhei para todos, respirei fundo e comecei a me apresentar.

—Bom dia a todos, agradeço a juíza Herondale pela oportunidade de estar aqui, e agradeço a Clave pelo cargo oferecido a mim, meu nome é Marissa Lightwood Morgenstern, e sim sou filha do Valentine, mas estou bem longe de ser como ele, infelizmente não escolhemos nossos pais, fui enviada pela diretora Jia Penhalow para auxiliar na captura e enfrentamento de Valentine, posso garantir a vocês que meu grau de parentesco com ele não vai interferir no meu julgamento, eu reconheço que ele está completamente errado no que está fazendo e vou impedi-lo, não importa oque eu tenha que fazer, mas uma vez agradeço a todos a presença, e a oportunidade, podemos iniciar a reunião.

—Espero que seu sangue realmente não interfira, afinal a maçã não cai muito longe da arvore.

Eu me segurei ao máximo para não me estressar mas essas palavras do Robert me levaram ao limite, meu pai não era uma boa pessoa, mais eu o amava e eu não ia permitir que ele me acusasse de ser como ele.

—Olha aqui senhor Lightwood, realmente tem certos casos que a maçã não cai longe da arvore mesmo, mas não é o meu caso, e você tem que agradecer ao anjo por não ser o caso de vocês também, afinal vocês foram membros honráveis do ciclo até onde me lembro, lambiam o chão por onde meu pai passava, e agora fingem ser os cachorrinhos da Clave, agradeça muito por seus filhos serem muito melhores do que vocês, e não serem traidores do sangue Nephilin, pelo menos meu pai foi abertamente rebelde e não como vocês que depois de terem feito tudo errado se escondem atrás da lei, atrás da Clave, vocês são hipócritas, e acredite eu não sou muito feliz por carregar seu sobrenome, porque você nunca vai chegar aos pés do pai que Valentine foi pra mim, tenho orgulho de carregar o sobrenome Morgenstern, porém não tenho orgulho das ações dele, mas pelo menos não finjo ser quem não sou, então eu agradeceria se vocês não dirigissem a palavra a mim e me deixassem fazer meu trabalho, tenha um bom dia.

Ele não abriu a boca, apenas ficou olhando fixamente pra mim, eu olhei mais ao fundo e vi a Maryse chorando, mas eu tinha que dizer essas coisas, tinha que por ele no lugar dele, apenas virei as costas, abri um portal e voltei para o instituto, não fiquei na reunião, não ia aguentar ficar lá com eles, depois de uma hora o pessoal começou a voltar para o instituto, eu estava trancada no meu quarto desde que cheguei, após alguns minutos de perceber o movimento ouvi batidas na minha porta.

—Me deixa em paz, quero ficar sozinha.

—Mari precisamos conversar, por favor.

—Izzy eu sinto muito se ofendi sua família, não era minha intenção, mas por agora quero ficar sozinha por favor.

—Tudo bem, mas você precisa desabafar, quando quiser conversar estarei no meu quarto.

—Ok, obrigada.

Depois de um tempo ouvi os passos dela se afastando, peguei um livro na estante e comecei a ler, quando percebi já era noite, tomei um banho, e me deitei, demorei pra pegar no sono, mas precisava dormir, amanhã será um dia cheio.