O Vagão dos Mortos - Caminho do Destino escrita por Mr LoveLetter


Capítulo 1
Capítulo 1 - Um Lugar Solitário


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem o capítulo , me falem o que eu preciso mudar e muito obrigado.



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CAPITULO 1

“Aquele que não teme a morte é um tolo, aquele que a aceitou esse sim é um homem de coragem”
—Senhor do Destino- (O Livro da Última Guerra, capitulo 1567, página 1.003.432.921)


Era uma noite fria e sombria para a última casa, naquele pequeno bairro, naquela pequena cidade. Ventava forte, sussurrando palavras, as quais eram quase imperceptíveis para todos aqueles envolta da casa, talvez se alguém procurasse ouvi-las poderia até perceber que algo estava sendo dito, entretanto não conseguiria compreende-lo, pois eles eram altos demais para serem ouvidos e baixos demais para serem entendidos.
A noite não era necessariamente fria e sombria, podendo ser, até agradável para uma cidade que havia passado por verões escaldantes como aquele local, mas para uma pequena casa era essa realidade era a única que eles conheciam em tantos anos.
Todos à sua volta pareciam não conseguir sentir o que tinha de errado com ela, mas tinham certeza que não aquela não era uma noite comum.
A rua era bem iluminada e seus moradores mais ainda, é claro com exceção da uma residência. Todos estavam tem uma noite perfeitamente agradável, com suas famílias felizes como sempre, principalmente por que o ano estava finalmente acabando, riam e brincavam com seus olhos cheios de vida e esperança com a certeza que o dia de amanhã seria melhor do que o de hoje.
Aquele lugar emanava a fartura que viviam, suas camas eram aconchegantes e quentes com todos deveriam ser em dia de inverno e principalmente tinham crianças felizes e puras com anos e mais anos de vida pela frente, com sonhos que desejavam, aquilo era felicidade... e é claro tudo isso com exceção da ultima casa.
A noite poderia ter sido perfeita, se não fosse pela atmosfera criada pela aquela última calçada, já havia sido parecida com as outras, alegre e farta, porém hoje, ela é fria e mórbida como um cadáver, era robusta e incrivelmente bela, com sua madeira cor de branco, suas portas grandes e respeitosas de uma cor verde viva com maçanetas douradas ,seu telhado era alto e pontiagudo mostrando imponência e força, suas janelas grandes e espaçosas, com cortinas da mesma cor das portas e uma varanda do tamanho ideal para uma criança brincar, mas hoje, já estava desbotada, seu verde tinha se tornado um musgo e a tinta já descascava, a lembrança de uma criança feliz já passara...


Quando se entrava na casa, de inicio parecia ser comum, sem muita coisa a se perceber, mas, quando se observava poderia ver que o chão estava sujo, com uma pequena camada de poeira estática que já havia encontrado seu lugar para se encaixar com as diversas outras que já formavam uma camada de poeira que poderia ser confundida com terra, assim como o chão podia se ver diversas outras partes que necessitavam de certa atenção.
Aparentemente apenas parecia descuidada, mas, contudo, aquilo não era descuido e sim quem cuidava da casa não se importava mais em morar na sujeira ou na limpeza sua preocupação com isso já havia passado a muito.
Na sala de estar tinha as mais variadas coisas, de brinquedos velhos a papeis com recitas médicas passando mais e mais remédios que nunca deram certo ou ao menos aliviar o que a pobre alma sentia, papeis de lanches e ketchups
A casa tinha quadros muito belos, manchados com a criatividade e esperança de seus autores, se você as vice perguntaria como aquelas fagulhas de esperança tinha ido parar naquele lugar sombrio que os consumia cada vez mais, a tempo ninguém parava para observa sua beleza que era como velas na escuridão da noite.
As luzes eram fracas e tinham manchas mostrando que eram muito usadas cheias de mosquitos envolta tentando achar uma solução para aquele lugar, como uma ideia em um programa antigo, muitos cômodos as luzes nem mais se acendiam ou não eram ligadas porque não havia necessidade de serem acendidas.
Se subi-se a escada daria para uma série de quartos todos trancados, cada fechadura contava uma história diferente, um lamento, caixas de fotos, lembranças preciosas que não retornariam a acontecer, em umas das paredes do corredor podia se ver fotos penduradas, o que elas mostravam não importava mais, eram iguais as lembranças, não retornariam iguais a feridas abertas que ardem e não se fechavam.
As lembranças eram como vários cortes que estavam naquele lugar, todas ardiam com o fogo da tristeza e da amargura e a única certeza era que o dia de ontem tinha sido melhor que o de hoje, como essas lembranças queriam sair de seus casulos e voltarem para a superfície borbulhando com lagrimas par poderem se libertarem daqueles velhos cômodos.
Por fim havia o último quarto, era o único diferente dos demais, nele estava escrito um nome e ele reluzia algo que não podia ser visto e nem observado, ninguém compreendia o que ele tinha de diferente dos demais, a não ser pelo nome na porta mostrando de quem era o quarto, ele era totalmente comum para casa, mas, isso estava longe de ser a realidade.
O nome era escrito com letras coloridas, reluzindo com alegria, tinha uma figura de uma bola e um menino chutando, ela já estava velha e desgastada, parecia estar ali fazia anos, contudo, ainda parecia ser jovial, como uma foto que guarda uma lembrança de um sorriso de criança e esse sorriso nunca vai perder seu mais primordial significado, um sorriso é um sorriso, não importa o que aconteça, ainda vai ser o puro e belo sorriso de criança.
A porta do quarto passava uma energia diferente das demais, enquanto as outras passavam tristeza dor e arrependimento, essa era como se fosse uma casa dentro de si, tinha todas emoções que uma casa suportaria, alegria, esperança, orgulho, raiva, ressentimento, ou seja, tudo que uma família precisa para ser uma família.
Dentro daquele quarto estava as duas únicas pessoas e uma alma da casa, quando se fala alma, pensa em espírito ou fantasma, mas, nesse caso significa pessoa viva de verdade, alguém que tenha espírito para viver muitos mais anos, alguém com um motivo para viver.
O quarto estava incrivelmente limpo e organizado, no chão havia brinquedos espalhados, não era uma suíte, mas, tinha um espelho no meio do quarto, era azul bem vivo e numa das paredes estava novamente escrito o nome de seu dono, em belas letras coloridas estava escrito Diego.
Numa bancada no mesmo quarto havia uma carta com o brasão de um doutor e uma clinica médica, a carta falava sobre o menino que no quarto residia, a mesma descrevia uma alergia muito grave e sem cura que até hoje só havia tido, registrado, somente dois casos similares, uma oxidoalergica, uma doença degenerativa que utiliza o oxigênio para matar seus pulmões a cada respirada, o doutor que mandou a carta falou que a criança só tinha mais 3 anos de vida.
Esses três anos já haviam passado a muito, o menino estava lutando contra a morte fazia um ano, esse menino estava deitado em uma cama no quarto com uma mulher chorando de joelhos no chão segurando firme a mão do garoto, como se ele estivesse preste a cair de um precipício, morte era como um precipício e esse garoto estava à beira desse precipício.
A mulher não pensava mais ela apenas agia, não precisava pensar, pois aquele momento era como uma vida inteira, não queria que acabasse, ela sabia o que a esperava do outro lado da porta, ou melhor, o que esperava o garoto, não queria pensar, apenas pensar em pensar era dolorido, o pensamento era como o final de uma estrada, se pensasse saberia o que estava por vim, saberia que isso seria o melhor para ele.
Ela chorava baixo, o lugar em que sua cabeça estava apoiada estava encharcado com suas lágrimas, seu choro poderia ser escutado apenas por aqueles que prestassem muita atenção, era como um sussurro no silencio, chorava sem parar seus olhos eram como cachoeiras, ela estava ali e isso era tudo, isso era o mundo.
Seu segurar de mão significava tudo, ele já mostrava tudo o que precisava pensar, ela tentava o segurar para que a morte não o tirasse dela, cada dedo gritava mais que qualquer palavra, um dedo falava dor, outro angustia e assim por diante, ela era forte, mas, estava com medo, medo pelo garoto.
O cabelo era de um vermelho vivo natural, o estava duro pela falta de lavagem, muito bonito apesar de tudo, amarrado por um rabo de cavalo, descia por sua cara até se desmanchar na cama, a tez de sua pele era alva como a neve, porem agora estava suja de graxa, seus braços eram fortes e rígidos, prontos para tudo, suas mãos eram cheias de calos pelos seus árduos trabalhos, mas, ela continuava a ser delicada, estava muito cansada tanto fisicamente quanto mentalmente.
Era jovem, pelas lágrimas e sua expressão de cansada constante pensaria que era muito mais velha do que realmente era, tinha seus 35 anos de idade, provavelmente, seu destino tivesse sorrido para ela e para o garoto hoje estariam rindo em família desfrutando de uma ótima refeição.
A roupa que usava era um uniforme de uma garagem onde trabalhava meio expediente sendo mau paga por um árduo trabalho, a crise não tinha facilitado para ninguém, estava suja de graxa e óleo, mas, não importava, o que importava era o momento, era estar ali.
Queria que tudo acabasse, de um jeito ou de outro, tudo acabaria aquela noite, mas, mesmo assim teria feito tudo de novo, ela havia gastado 14 anos de sua vida cuidando de Diego, mas, neste triste final tinha a certeza que havia valido apena, ela amava o garoto amava com sua vida, ele deu a ela um presente, um presente que não pode ser explicado, ou ao menos, não por enquanto.
Ela sim tinha a alma.
O garoto por outro lado não chorava , ele não tinha o que mais chorar , chorara tanto que seu coração secará , chorar não aliviaria sua dor , chorar não tinha sentido mais , queria ter dignidade em seus últimos dias , se chorasse não seria forte o bastante para deixar aquele árduo mundo , seria ingrato com a mulher que chorava em seu colo , ela sim tinha o direito de chorar , ela que tinha gastado anos cuidando dele , que havia trabalhado varia horas por ele , por isso não chorava , era uma forma de respeito e gratidão , não havia o que lamentar.
Ele pensava e como pensava, tentava remoer cada pedaço de sua doce vida, tentava enxergar algum momento que não tivesse aproveitado o bastante, pensava no que nunca seria e do que era, ele era um bebe nos olhos da mulher em seu colo, uma criança para adultos ignorantes, adolescente para a sociedade, adulto para si mesmo, faltava apenas ser um velho, poderia morrer como um, mas, nunca seria um, nunca envelheceria seria eternamente uma criança impotente.
Pensava em o que poderia fazer se tivesse apenas um dia saudável, conversaria com alguém que tivesse sua idade, beijaria uma garota, iria em um parque de diversões, gritaria para os sete ventos escutarem, nadaria, e correria, como ele gostaria de correr, sentir o vento em sua face, escutar o coração bater forte, como queria poder correr.
Nada disso podia ser feito, ele utilizava um aparelho que reduzia a quantidade de oxigênio que respirava, cada respiração era como uma facada em seus pulmões, respirava pesadamente sem querer forçar demais suas vias respiratórias, tossir era a pior parte, saia sangue quando tossia, o gosto de sangue não era bom, lembrava tristes lembranças que tinha, ele as enterrara tão fundo que que nem ele sabia o que era.
Deitado na sua cama, fraco demais para se levantar da cama, sua mão pousava na cabeça da mulher em seu colo, sua pele era morena e seu cabelo era incrivelmente ruivo, era diferente da mulher, o dele era mais avermelhado e escuro, seus olhos eram cinzas, grandes e belos, seus músculos eram fracos pela falta de exercício.
Ele queria se libertar desse mundo, mas, não desse jeito, não morrer para sua doença, se morresse seria como perder uma batalha, ele lutava com ela por quatorze anos a fio sem parar e agora morrer, isso seria como desistir de sua batalha, seria como se alguém cuspisse em sua cara e ele apenas saísse, aquilo era injusto, a vida foi injusta.
Usava um pijama cinza do e sem vida, assim como seu olhar, segurava a mão da mulher com força, mas, não toda a força que tinha, ele a guardava para algo que havia planejado a muito.
Seu olhar pousava nos livros em seu quarto, que o levaram a outros mundos e outras, eles eram a única coisa que faziam ele se sentir normal, eles mostraram coisas inimagináveis, coisas incríveis, coisas que nunca poderia fazer.
Olhava para os livros sem amor ou emoção, sem tristeza ou dor, sem raiva ou ódio, apenas olhava, não significavam nada, eram apenas livros, o que adianta ter lido tanto a se nunca poderia contá-los, ele fechou as portas de seu coração para eles, as páginas falavam com ele, mas, agora não falavam mais, eram apenas paginas, não as amava mais, aquilo eram apenas palavras sem sentido.
Nenhuma lágrima desceu em seu rosto, ele estava duro e frio como uma rocha, não tinha mais com o que se lamentar, o medo da morte se tornou algo normal para sua vida, se conformar com ela era algo incomum, pensar em se conformar com ela era uma idéia distante, nunca imaginaria em se conformar isso seria seu fim.bia que esses eram se
Tudo passava rápido e lento ao mesmo tempo, cada respiração era como uma eternidade, ele sabia o que estava por vim, seus últimos momentos, sabia que tinha perdido essa batalha, sua vida tinha sido em vão desde que nascera, agora que estava no fim olhava para trás e não sentia, seu coração estava duro e seco.
O tempo parecia ser apenas mais um som, não era importante, sempre pensamos que queremos mais tempo, tentamos comprar tempo, entretanto, no final somos todos iguais ficamos com os mesmos últimos momentos, os mesmos últimos olhares e o mesmo desespero, a diferença é se você vai ficar parado, se conformar ou se desesperar, e o garoto estava parado desesperado e inconformado.
Ele sim era o que não tinha alma, ou ela havia morrido há pouco.
Fora da casa não se escutava nada a não ser o vento, o vento sussurrava palavras, ele tentava descrever o que acontecia na casa, falava o que estava chegando, ninguém o escutava, todos o ignoravam, mas, ele gritava e sussurrava ao mesmo tempo, tolos foram os que o ignoraram, ele lamentava a noite perdida.
Se cansou de falar, agora só assistia chegar o que chegava, não se importava mais com mais com o destino do menino, já era tarde para ele tentar algo.
Agora o que restara foram seus gritos ecoando para todos os cantos.
Morte...


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