Kiba Inuzuka era nada mais do que um estagiário curioso naquela empresa, as vezes lhe deixavam responsável por organizar os papéis ou ler um ou outro e apresentar soluções para aqueles problemas, mas na maior parte do tempo sua função era servir café. 

Odiava aquilo, estava quase se formando e o máximo de sua experiência não era sequer metade do que precisava, a menos, é claro, que pretendesse largar a faculdade e se tornar o cara do café, porque nesse caso estava mais do que treinado. Porém, não podia largar um estágio numa empresa cuja remuneração era o melhor que seria capaz de conseguir enquanto não se formasse, os remédios e veterinários de Akamaru se tornavam cada vez mais caros, e sua mãe não daria conta deles sozinha.

O elevador parou no último andar, Kiba nunca havia entrado ali antes, e talvez devesse continuar assim, mas não tinha nada para fazer e aquele silêncio em seu andar começava a se tornar sufocante. Era um lugar bonito, ainda que sóbrio demais em comparação ao resto da empresa, o que não deveria ser uma surpresa considerando os rumores que rondavam o dono daquela empresa.

Shino Aburame não era o tipo de pessoa com quem você esbarrava por aí, ao menos era o que os funcionários diziam, e soava meio real considerando que nunca havia esbarrado com ele. Haviam poucas fotos, mas ele lhe parecia bonito com aqueles traços duros e os óculos escuros, não que gostasse de admitir, mas sempre sentira certa atração por homens misteriosos, mas a verdade era que seu chefe estava muito além de seu alcance. Sacudiu a cabeça como quem expulsava pensamentos, sequer o encontrara alguma vez.

Se aproximou no balcão que ocupava aquele andar, onde quer que a secretária responsável estivesse, não era ali, mas aquilo parecia mogno e, por Deus, precisava passar sua mão em mogno real ao menos uma vez em sua vida. Passou a mão pelo balcão e se esticou para ver o que estava escrito nos papéis sobre ele, não podia controlar a curiosidade. E foi então que quase caiu no chão, e pensou que realmente deveria se jogar nele e fingir um ataque cardíaco, quando as enormes portas ao lado se abriram e viu seu chefe sair da sala. 

Shino era um homem alto e elegante, perfeitamente arrumado em seu terno, e Kiba sequer era capaz de decidir se gostaria de xingá-lo pelo susto ou por ser tão malditamente bonito, mas qualquer que fosse a opção, não o xingaria, porque realmente precisava do dinheiro. Ele tinha um olhar curioso e fixo que seria capaz de levar o estagiário realmente a morte, tinha certeza de que estava corando, e essa sensação só se intensificava ao ver um mínimo sorriso se formando nos cantos daqueles lábios, torcia para que não estivesse parecendo um idiota tão grande.

—É desse andar? —talvez devesse correr para o elevador e inventar uma doença que o livrasse do trabalho por pelo menos três dias, mas o modo como o homem falava era tão sério e ao mesmo tempo suave, como se soubesse a resposta e ela não o incomodasse nem um pouco.

—Não, senhor. —respondeu constrangido, fazendo com que Shino abrisse um pouco mais o sorriso, olhou para os papéis sobre o balcão em busca de uma desculpa. —Apenas vim entregar esses papéis.

—Que estranho. —divertimento maldoso transpassou por seus olhos, sendo o bastante para que Kiba encolhesse os ombros. —Tenho quase certeza de que entreguei esses papéis a senhorita Hyuuga assim que cheguei.

—Devem ser outros papéis, senhor. —respondeu, o rosto tão corado que seria impossível para Shino acreditar nele. —Preciso voltar ao meu andar, com licença.

Deu as costas ao homem e andou apressado até o elevador que, para sua sorte, havia acabado de chegar aquele andar.

—Venha visitar mais vezes. —pode ver o brilho travesso nos olhos daquele homem antes das portas se fecharem.