É um novo dia na Academia Aurora. Hoje, professor de Artes Victor Nikiforov se encontra na biblioteca da escola, procurando pelo livro que irá ajudá-lo com suas aulas quando o vê o estudante Yuuri Katsuki, famoso por seu ar misterioso. 
Katsuki está nos fundos da biblioteca, sentado em cima de uma mesa de madeira que está encostada na janela da parede. O rapaz mantem o olhar fixo na janela, com o rosto sério, apesar de estar segurando com a mão direita um livro aberto, que está apoiado na perna direita dele. Perna que está esticada para frente, enquanto a outra está erguida. A luz que é refletida pela janela dá à pele pálida dele um brilho de tirar o fôlego. Victor fica sem respirar com aquela visão e inconscientemente, ergue o celular e tira uma foto. O único problema é o barulho que a câmera faz. Barulho que faz o estudante girar o rosto, colocar os óculos e o olhar. 
"Katsuki, as aulas já vão começar." Victor diz, e o jovem fecha o livro, descendo da mesa em um pulo, se afastando em direção à saída. Na mesa, Victor nota qur o livro deixado pelo aluno é o mesmo que ele precisava.
...
Victor começa com os contornos. Traços que limitam onde deve e onde não devem ser pintados. Traços que formam um braço, tronco, pernas e rosto. Ele olha para a foto, e começa a pintar, se aproveitando da inspiração que o atingira em cheio. Ele abandona o livro, os óculos escuros e o rosto, e adiciona um par de asas brancas, dando a figura uma forma angelical. Quando ele completa a pintura, ele a olha por um tempo antes de a nomear Ágape.
~x~
"Maldito Chris!" Victor xinga, ao ver uma foto de Ágape exposta no jornal escolar. 
Ele leva a mão direita na testa, a deslizando nos seus cabelos prateados. Ele deita a cabeça nos braços, tentando ignorar a estranha dor de cabeça que surgiu de repente. Será que ele está doente? Bem, que ele acordou com um cansaço estranho no corpo.
"Victor, você está bem?" Christophe, seu colega professor de História. 
"Eu estou bem." Victor responde, se levantando da mesa. 
Ele se aproxima da janela da sala dos professores e vasculha os jardins da escola. Ele nota que há um aluno de pé em baixo de uma cerejeira, com o rosto erguido e olhando diretamente para ele.
Yuuri Katsuki.
~x~
Yuuri Katsuki é alguém enigmático. Ele não fala, apesar de Victor jurar que já o ouviu antes. Ele ignora qualquer tipo de aproximação, e às vezes, demonstra um caráter violento. Se envolve nos mais absurdos incidentes, que os envolvidos milagrosamente aparentam não se lembrar do que aconteceu e sempre é chamado para a sala do diretor. Muitos ainda se perguntam qual é sala de aula dele, mas nenhum professor possui o nome dele em lista de chamada apesar de ele frequentar algumas aulas por um certo período de tempo. Muitos alunos já se revoltaram com o modo como ele é tratado, nem os professores podem fazer nada. 
Algumas pessoas consideram Yuuri Katsuki como um espírito que vagueia pela escola, depois que relatos de alunos veteranos revelam que ele está há mais de 5 anos ali. Isso levou a Katsuki receber o apelido de 'Reprovador Eterno'. O próprio jornal da escola tentou entrevistar ele, em vão, aumentando ainda mais o mistério.
Mas a Academia Aurora também é cheia de misterios. A escola possui um diretor que ninguém nunca viu, aceita alunos como Yuuri Katsuki, e é palco dos mais inusitados incidentes. Vídeos se quebram do nada, marcas surgem nas paredes e no teto, salas de aula aparecem bagunçadas, banheiros amanhecem enterditados e por aí vai. E tem alunos que culpam Katsuki por tudo isso. 
~x~
"Professor Nikiforov, eu sei que sou uma adolescente ainda mas eu amo o senhor. Por favor, namore comigo." Uma aluna diz e Victor, soltando um suspiro, ergue a mão direita.
"Você sabe o que é esse anel no meu dedo?" Ele pergunta, colocando a mão esquerda na cintura.
"A garota nega com a cabeça, franzindo a testa.
"É um anel de casamento." Ele responde, a assustando.
"Mas essa é a mão direita!" Ela grita. "O senhor é casado?!"
"Eu sou russo. No meu país, usamos a mão direita, não a esquerda. E sim. Eu sou casado. Em muito feliz." Ele responde.
"Mentira!" Ela fala, revoltada.
De repente, um celular toca. Victor ergue o seu e sorri, atendendo con o viva-voz ligado.
"Allo, Moya Lyubov!" Ele fala, abrindo seu sorriso em forma de coração.
"Allo, Vitya!" A outra voz, um homem aparentemente, diz. "Encontrei aquelas telas que você havia me dito ontem, quando estávamos na cama. Devo comprar?" 
Victor arregala os olhos.
"Você vai mesmo?" Ele pergunta, ignorando completamente a garota.
"Claro, sem problemas." 
"Eu realmente amo você, Solsnikho!" Victor diz, escutando risadas do outro lado da linha.
"Ei, Vitya?" Ele escuta, notando que a garota havia desaparecido. "Você está bem?"
"É claro que estou." Victor responde, sorrindo.
"Se você diz..." 
~x~
A cada dia que passa, a dor de cabeça e o cansaço só faz aumentar. Ao mesmo tempo, rumores de que ele é casado vagam por toda a escola, deixando alunas e professoras de coração partido. Naquela manhã, Victor ignora o olhar preocupado de seu marido e vai para a escola mesmo assim. Descendo as escadas, ele sente uma forte tontura, que o faz cai para frente, nos braços de alguém, que apenas solta um longo suspiro. Esse alguém é ninguém mais, ninguém menos que Yuuri Katsuki.
...
Um forte barulho assusta as três garotas, que cercam uma mesa escolar em uma das salas fechadas no topo da mesa, elas seguram um lápis e rabiscam um caderno. O barulho aumenta de volume, e de repente, a porta trancada da sala se abre com força, batendo na parede. Yuuri Katsuki entra na sala e imediatamente faz cara de nojo.
"Puta merda, como está fedendo!" Ele xinga, surpreendendo as garotas. "Suas vadias, o que pensam que estão fazendo?"
"C-cala a boca, Katsuki!" Uma das garotas, que é justamente quem se confessou para o professor Nikiforov, gagueja e o lápis começa a se tremer na mão delas."O que...?"
"Oh? Estão brincando de Kokkuri-san? Curioso usarem um antigo método oriental de invocação e comunicação com o mundo dos mortos." Yuuri Katsuki diz, chutando as mesas e se aproximando delas. "Mas sabem, vocês pediram para a entidade errada assombrar a pessoa errada."
De repente, ele está ao lado delas e ergue o dedo direito, tocando na ponta do lápis.
"Ei, coisa gosmenta, porque não vem enfrentar alguém do seu tamanho?" Yuuri katsuki diz, e de repente, uma força repele as três garotas, que são afastadas do caderno e do lápis. "Vejam, suas idiotas, o resultado da obsessão de vocês."
Katsuki agarra uma estranha fumaça preta que começa a sair do caderno, a fazendo cada vez mais evidente para as garotas.  A fumaça queima a palma da mão dele, que aparentemente não se incomoda com isso. A sombra começa a envolver o braço dele, queimando a manga da farda escolar.
"Espírito que vos comprazeis em nos atormentar, ouvi-me, pois, que vos falo em meu nome! Se quiserdes refletir, compreendereis que o mal não pode levar ao bem, e que não podeis ser mais forte do que os Bons Espíritos, que poderão nos preservar de qualquer atentado de vossa parte. Se não o fizeram, foi porque ele tinha uma prova a sofrer. Mas quando essa prova terminar, eles vos impedirão de agir sobre ele. O mal que lhe tiverdes feito, em vez de prejudicá-lo, terá servido para o seu adiantamento, tornando-o mais feliz. Assim, a vossa maldade terá sido em vão, mas tornará fatalmente contra vós." 

A fumaça começa a se desfazer no ar, para a surpresa das garotas.
"Esqueçam tudo o que viram aqui hoje. Esqueçam de suas quedas por Victor Nikiforov. Concentrem-se nos estudos e na juventude de vocês." Ele fala para elas, e as garotas se levantam, afirmando com a cabeça e saindo da sala.
Yuuri olha para a mão e o braço queimados, e solta um longo suspiro.
"Merda, ele vai ser um pé no saco."
~x~
Quando Victor abre os olhos, ele pisca algumas vezes ao reconhecer as paredes e o teto onde ele se encontra.
"O que aconteceu?" Ele pergunta, notando a pessoa que está de costas para ele. "Yuura?"
Yuuri Katsuki se vira e olha para ele, com um sorriso no rosto. Victor arregala os olhos ao ver a mão enfaixada dele.
"Dorogoy?!" Ele grita, se aproximando dele em um segundo. 
"Está tudo bem agora, Vitya." Yuuri diz, erguendo a mão enfaixada e colocando a aliança dourada no dedo anelar dele. "Como está se sentindo?"
"Novo em folha. Mas isso não importa. Você tocou em entidades maliciosas de novo, Yuura? Você sabe que dói meu coração quando te vejo machucado? Eu sei que você tem que zelar por essa escola como diretor dela, mas não esqueça que é meu marido também." Victor diz, e Yuuri apenas sorri ao escutar ele sendo tão dramático. 
Victor fala, fala e fala. Yuuri solta um longo suspiro, respira fundo e o pega pega gravata, lhe dando um longo beijo na boca.
"Eu entendi, Vitya. Eu entendi. Então cala a boca e me ame." Yuuri sussurra, abrindo um largo sorriso ao sentir ele se tremer em seus braços.
"Yuuri, você está usando Kotodama?" Victor pergunta, nos braços do amado.
"É claro que não." Yuuri responde, dando risada. "Você sabe que não é bem assim que funciona. Aliás... Achei Ágape muito bonito. Mas... Sabe o que falta?"
"O quê?"
"Um outro quadro, chamado Eros. Sem roupas e asas negras." Yuuri sugere, se sentando na própria mesa e abrindo as pernas. "O que está esperando?"
"Nada." Victor engole em seco, apreciando a vista, e parte  para atacar seu marido.