Vida em Plástico escrita por victor hugo, victor hugo


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759289/chapter/1

ROSE VIVE EM UM MUNDO DE PLÁSTICO.

Ou ao menos é nisso que ela acredita.

Que tudo aquilo não passa de uma casa de bonecas, com seus cômodos artificiais, e seus móveis artificiais, e suas pessoas artificiais e suas conversas superficiais e até mesmo com seus próprios pensamentos superficiais, onde tudo se repete e se repete e se repete e tudo sempre continua o mesmo, imutável, um ponto fixo no tempo e no espaço.

Porque é assim que ela passa os seus dias. Sentada sobre a praia, olhando para o mar e esperando que, no horizonte, surja uma caixa azul. Como se ela estivesse em um loop infinito, condenada a viver para sempre no mesmo dia. Poderia estar sendo punida por querer demais, não é? Antes do Doutor, ela era só uma vendedora de roupas de varejo, morando com a mãe e meio que namorando um rapaz que, pra falar a verdade, ela nem gostava tanto assim. Como é que ela pudera ter ousado querer algo além disso? Como pudera ter ousado conhecer todo o Universo, salvar todo o Universo?

Ela se pergunta se é assim que a Barbie se sentiria se soubesse que, lá fora, além da sua vida perfeita de boneca, existe um mundo muito maior que o seu. Muito melhor que o seu. E muito pior também. Com humanos que se esticam até não ser mais possível. Com rainhas rancorosas. Com homens que vivem para sempre. Com alienígenas que não sentem nada. Com alienígenas que sentem demais.

Mesmo depois de tanto tempo – se foram dias, semanas ou meses, ela não tem certeza –, Rose precisa admitir que uma parte dela, uma parte que tenta suprimir, mas nunca de verdade, ainda nutre a esperança de que, em algum lugar lá fora, mesmo em outro Universo, o Doutor ainda pensa nela. Não apenas pensa, como também quer ela de volta. Depois de tudo o que eles fizeram, depois de tudo o que eles passaram, não é ingenuidade sua pensar nisso, é?

Uma vez, ela colocou em risco todo o espaço-tempo para salvar o seu pai, então por que é que o Doutor não faria isso por ela? Droga, eles já haviam enfrentado daleks e cibermens e já tinham visto o fim do mundo e já tinham criado uma nova espécie humana, por que é que, dessa vez, justo dessa vez, nada podia ser feito? Se o Doutor tiver que queimar centenas de estrelas para que ela possa voltar, nesse momento, Rose não se importa. Ela só quer voltar.

Para casa.

Para o Doutor.

Para si mesma. Para a pessoa incrível que poderia ter sido. Para a pessoa incrível que prometeu a si mesma que, um dia, poderia ser. Para a pessoa que fazia algo de importante, que realmente podia deixar a sua marca no Universo.

Ah, mas olhem só para ela agora...

Com olhos inchados, abraçada a si mesma, suja de areia e cheirando a água salgada, esperando que o Doutor venha e faça algo até então inimaginável e a leve de volta. A salve. A salve daquele mundo de ventos cortantes e solidão perpétua. A salve da autodestruição.

Por que ela não poderia salvar a si mesma, poderia?

Nesse momento, essa possibilidade parece distante demais.

Mas quem sabe um dia?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? :D