Heather apreciava a brisa vespertina que passava por toda Auradon. Ela estava estudando para Física. Um dia vou entender para quê eu estudei isso. Estava tranquila, até perceber que alguém sentara ao seu lado.

      - Sério, você preci... Ah, oi Carlos. – Cumprimentou ela.

      - Oi Heath, quem você achou que fosse? – Indagou ele.

      - Vejamos, qual o único Auradoniano impertinente o bastante para me encontrar em qualquer lugar desta escola? – Ela arqueou a sobrancelha.

      - Aaaah. Sabe, acho que Herkie está caidinho por você. – Comentou ele.

      - Só em imaginação Carlos.  – Ela respondeu, balançando a cabeça negativamente e rindo. - Em que posso ajudar?

      - Não vim pedir ajuda. A menos que possa me deixar invisível. – Ele desabafou, suspirando.

      - Por que você quer isso? – Perguntou Heather, arqueando a sobrancelha.

      - Não sei se você sabe, mas eu estou no time de Torneio da Escola, junto de Jay, Ben e... Chad. Apesar de ele já me atormentar antes, depois do episódio do refeitório, ficou pior. Como ele tem medo da Mal e do Jay, e ele não vai mexer de novo com Evie, eu acabei virando o alvo de pancadas dele. E ele aproveita para usar o treino como escapatória para isso. – Respondeu ele, cabisbaixo.

      - E você já tentou contar a Jay ou Ben, ou para o treinador? – Ela interrogou, o olhando com preocupação.

      - Não. Isso é algo que eu devia conseguir enfrentar. Mas não sou forte para isso. – Carlos suspirou, triste.

      - Hey. – Heather colocou a mão no ombro dele. – Eu sei que temos que lutar nossas próprias batalhas. Mas, às vezes, temos que ter um escudo. Quando você me viu recuar de uma batalha, na Ilha?

      - Nunca. – Ele respondeu, sorrindo fracamente.

      - Exato. Agora, use o exemplo do refeitório novamente. Normalmente, eu enfiaria a mão na cara do Chad no momento que ele voltou da porta.  – Ela o observou, vendo-o concordar. - Mas eu soube que ia ter problemas se soltasse meu lado “selvagem”. Confesso que fiquei feliz quando vocês interviram.

      - Então... Você acha que eu devia falar? – Questionou ele, olhando para Heather.

      - Acho sim. Principalmente para o treinador. – Ela afirmou. - Ele vai ajudar, talvez até punir o Chad por isso.

      - Obrigado Heather. – Agradeceu Carlos, abraçando a garota. – Sabe, eu fiquei triste quando você se afastou da gente, na Ilha.

      - Eu também Carlos. Eu também. – Suspirou Heather.

      - Carlos! Carlos. Ah, aí está você. – Herkie gritou, se aproximando. – Jay, Ben, achei ele! Por que não apareceu para o treino?

      - Precisava colocar o papo em dia com Heather aqui. – Disfarçou Carlos.

      - Snowflake! – Ela o repreendeu. – A verdade.

      - Que verdade? – Indagou Ben.

      - Carlos, o que aconteceu? – Perguntou Jay.

      - Está bem. – Suspirou Carlos, antes de contar. – Chad vem me agredindo além do normal nos últimos dias. E depois do incidente do refeitório, foi piorando.

      - Piorando quanto? – Questionou Herkie, preocupado.

      Carlos se limitou a erguer a camisa, para mostrar os hematomas espalhados pelo tórax dele. Alguns estavam pretos.

      - Meus deuses, Carlos! – Exclamou Heather.

      - Chad vem fazendo isso com você? – Interrogou Ben, alarmado.

      - Ah, ele vai ver. Eu vou arrancar aquele topete dele e enfiar... – Começou Jay.

      - Hey. – Interrompeu Herkie. – Jay, fica calmo. Desse jeito, vamos perder a razão.

      - Herkie está certo. – Interviu Heather. – Vocês devem relatar ao treinador. Ele não vai ignorar isso. Ainda mais quando é o atleta que segura um escudo que tem esses hematomas.

      - Claro, fica do lado do namorado. – Murmurou Jay.

      - Disse algo Jay? – Indagou Heather.

      - Disse que Carlos está muito atrasado. Vamos. – Jay puxou Ben e Carlos e saiu apressadamente, fazendo Heather rir.

      - Devo acreditar que Jay tem medo de você? – Perguntou Herkie.

      - Medo é apelido. Ele sente pavor. E você não devia estar no treino não? – Questionou ela.

      - Não... Espera, sim. Vou indo. Vejo você mais tarde! – Afirmou ele, correndo para o campo de Torneio.

      - Olha... Esses uniformes de Torneio... Não. Para. E eu estou falando sozinha. Aaaaah, quando que eu vou parar? – Reclamou Heather.

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      - Você!

      - E lá se foi meu minuto de paz. O que você quer, princesa Purpurina? – Perguntou Heather, na mesa de almoço do jardim.

      - Você foi a causa de Chad ser suspenso do time. – Reclamou Audrey.

      - Uou, uou, vamos parando por aí.  – Heath a cortou, sabendo do que se tratava. - Eu fui até o campo e disse: “Chad, você tá fora.”?

      - Não, mas... – Audrey respondeu, desconcertada.

      - Eu falei para o treinador: “Eu acho que você devia suspender o Chad.”? – Ela questionou novamente, em um tom entediado.

      - Não, mas você... – Audrey estava completamente irritada.

      - Então não me atormenta! – Devolveu ela.

      - Chega! – Audrey bateu na mesa, derrubando o refrigerante de Heather. – Estou farta de sua petulância. Você vai pagar pelo que fez a Chad.

      - Você... Derrubou... Meu refrigerante? – Questionou Heather, respirando profundamente. – “Mantenha a calma, Heather. Você não pode perder a calma.”. – Pensou ela.

      - Com tanto estrago que você fez, você está preocupada com seu maldito drink? – Gritou Audrey.

      - Eu já disse que não fiz nada. – Gritou Heather de volta. – Chad fez. Ele inventou de descontar a raivinha de bebê mimado dele no Carlos. Tudo que eu fiz, foi defender um irmão. Será que isso entrou no seu cérebro de grão de areia?

      Audrey ergueu a mão para dar um tapa em Heather, mas a mesma segurou a mão dela.

      - Me. Deixa. Em. Paz. – Pediu Heather, pausadamente. – Aliás, você, Chad e seus seguidores preconceituosos e mente fechada. Deixem TODOS em paz.

      - Hah. Como se você pudesse fazer algo. Até alguns de seus amigos, se eu assobiar, voltam para o meu lado. Eu e Chad mandamos nesta escola. E todos abaixam a cabeça para nós. – Ela gesticulou ao redor dela, onde Heath viu muitos alunos fitando o chão, cabisbaixos.

      “Eu posso até ter a intenção de libertar o meu pai e trazer caos para Auradon, mas esses estudantes não vão sofrer mais.” Pensou Heather, e deu um sorriso maroto.

      - Por que está sorrindo? – Indagou Audrey.

      - Você não tem ideia do quanto está enganada Audrey. – Heather subiu a mesa, chamando a atenção dos alunos ao redor. – Que bom que tenho a atenção de vocês. Quantos de vocês respeitam Audrey e Chad? – Ela viu diversas mãos se erguendo, fazendo Audrey abrir um sorriso convencido. – Certo. Agora, quantos de vocês os respeitam porque eles merecem, e não por medo? Podem ser sinceros, nada vai acontecer. – Todas as mãos erguidas se abaixaram, tirando o sorriso de Audrey do rosto. – Está vendo Audrey. Você julga a nós, VKs, por  “sermos maus”. No entanto, isto que você e Chad fazem , está no ápice da crueldade. Vocês estavam fazendo aqui na Escola o que Malévola, Jafar, Cruella, Rainha Má e tantos outros vilões vêm tentando fazer. Adquirir poder através do medo. Agora, última pergunta: Quem são os verdadeiros vilões da Auradon Prep.? Esta, eu acredito, é retórica. Obrigada pela sua atenção e, se me derem licença, eu vou buscar outro refrigerante. – Heather desceu da mesa aplaudida por todos os alunos presentes no pátio, incluindo um que vinha demonstrando ser um grande fã dela.

      - Belo discurso ali em cima. – Elogiou Herkie.

      - Obrigada. – Ela agradeceu, respirando fundo. - Senti que essa galera precisava de um impulso, e aquela dupla mimada precisava de um toque. Perderam tanto tempo agredindo os VKs e os alunos que não viram que eles estavam sendo os vilões.

      - E eu acredito que você os tenha inspirado mesmo. Veja como ninguém está se encolhendo com a presença de Audrey. – Ele gesticulou ao redor, mostrando alunos mais confiantes.

      - Para ser sincera, quem melhor que um vilão para desarmar um vilão? – Comentou Heather, sorrindo. Ela não esperava que Herkie fosse abraça-la.

      - Você não é uma vilã. VK sim, mas uma vilã não. – Ele se desvencilhou do abraço, olhando-a nos olhos. (A.N.: Ou tentando). - Na verdade, isto foi atitude de uma heroína.

      - Ok, eu posso não ser uma vilã, mas estou longe de ser uma heroína. – Respondeu ela, rindo.

      - Está bem. Venha, eu pago o seu refrigerante. – Ofereceu Herkie.

      - Não precisa, eu pago. – Ela garantiu.

      - Eu quero fazer isso. – Ele insistiu, convencido.

      Heather se limitou a revirar os olhos, mas viu que era uma guerra perdida.

      - Ah, Fada Madrinha pediu para eu entregar isto a você. Parece que chegou ao final da manhã. – Herkie estendeu um envelope para Heather, que reconheceu a letra desenhada de Anthony.

      - Obrigada. E o refrigerante fica pra próxima. Preciso ir, vejo você mais tarde. – Despediu-se ela, correndo para o quarto.