The Hunter's Chronicles escrita por Rapha07


Capítulo 3
Contra-Ataque




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Em um intervalo inferior a um piscar de olhos o Conde surgira diante de Shagga. Viu seu braço dar uma estocada perigosa, os dedos das mãos esticados mais parecendo uma lança. Por puro reflexo Shagga conseguiu desviar, saltando rapidamente para o lado, mas as unhas terrivelmente afiadas do Conde ainda lhe tocaram a bochecha do lado esquerdo, provocando-lhe um corte. Havia saltando de forma tão atrapalhada que deslizou vários metros pelo chão, fazendo muita poeira levantar da plataforma. Precisou de dois míseros segundos para se equilibrar, contudo o Conde precisara de menos tempo do que isso para se pôr atrás dele. Um soco com a mão esquerda veio em direção ao rosto de Shagga, de cima para baixo. O Conde tinha que estar no ar para conseguir acertar sua cabeça e conseguiu. Mesmo que por um pouco conseguiu. Shagga havia conseguido juntar os dois braços na frente do rosto para lhe servir de escudo, mas o Conde evitou o braço direito, que estava com o Punho de Joe, batendo então no seu antebraço normal, o esquerdo. Por mais que Shagga tivesse conseguido juntar uma quantidade considerável de aura para se defender em ambos os braços, não os levantou de forma firme o suficiente, e, em conseqüência disso, o soco do Conde fez seu braço ricochetear contra sua testa. Recuou meio atordoado. Como o braço não estava tão longe da cabeça, não se feriu tanto, apenas teve seu supercílio aberto. Sentiu a presença do Conde no flanco esquerdo e ajustou quase toda a sua aura para receber outro golpe. Dessa vez um gancho acertou-lhe o queixo, fazendo seus pés saírem do chão e o arremessando a uns bons metros. Começou a procurar o Conde antes mesmo de aterrissar. Seu desespero era tanto para saber a posição de seu adversário que chegou a usar o Gyo sem nem perceber. Por fim, viu um vulto passar do seu lado postar-se atrás da retaguarda. Era o Conde, que esperava para recebê-lo com outro golpe, mas Shagga, que ainda se encontrava sem controle no ar, girou rapidamente o corpo, canalizou aura no Junho de Joe e socou violentamente o chão. O impacto causou um tipo de mini explosão e logo depois transformou-se em um filete de aura, mais parecido com uma lâmina, que foi rasgando o chão em linha reta na direção do Conde. Este, por sua vez, limitou-se em virar o corpo de lado calmamente e ver o golpe de Shagga passar.

— 3 pontos! – gritou o árbitro apontando para o Conde.

— E além de tudo você tem domínio da emissão? - perguntou o Conde meio surpreso. – Essa nossa brincadeira melhora a cada minuto.

Na verdade era Shagga quem estava surpreso. Surpreso de estar vivo. A velocidade dele era pelo menos o dobro do que Shagga estimou a principio, agora mal podia acompanhá-lo com os olhos, com o corpo então era quase impossível. E seus golpes eram extremamente minuciosos, como se fossem todos calculados. Além de evitar propositalmente o braço mais forte, o golpe era endereçado a sua cabeça, para causar dano crítico. O sangue que escorreu de sua testa obrigou seu olho esquerdo a fechar e o Conde aproveitou o ponto cego para atacar. No momento do ataque Shagga não havia percebido esse detalhe, foi por instinto que sentiu a presença do Conde à sua esquerda. Se ele tivesse ocultado sua presença com o In antes de atacar, a sua luta provavelmente teria acabado.

Terei que ir com tudo, Shagga afirmou para si. Já que ele tem receio em atacar meu braço transformado, vou fazer disso uma vantagem.

E com essa conclusão, ativou Beast Alliance mais uma vez. Dessa vez foi seu braço esquerdo que aumentou e se alargou o que provocou uma exclamação de surpresa do Conde. Shagga estava agora com ambos os Punhos de Joe ativados, mas só isso não bastava. Fortaleceu o Ren e deixou aura escorrer por suas pernas. Sentiu a calça rasgar, a coxa engrossar e canela estreitar. Suas pernas agora eram puro músculo, desenvolvidas para correr por muito tempo e em terrenos irregulares como as planícies longínquas de Mandállia. Cascos de Xérneas, foi como Shagga nomeou essa transformação.

— Nooossa, você parece aquelas criaturas mitológicas de livros de fábulas. – disse o Conde visivelmente surpreso. – O nome me fugiu da cabeça agora. Seriam Sátiros? – refletiu. – Ou Faunos? Bem, pouco importa, não é? Vamos voltar ao que interessa – e atacou.

Novamente foi tão rápido que só deixou um vulto como rastro, contudo agora Shagga podia revidar. Viu o sorriso no rosto do Conde quando este percebeu que atacava o ar. Havia avançado na direção de Shagga e desferido um poderoso chute, mas os Cascos de Xérneas se moveram e afastaram Shagga do perigo. Se encontrava agora há muitos metros do Conde e antes que ele conseguisse se acostumar com a nova velocidade, resolveu atacar. Jogou aura para os pés e se adiantou em direção ao oponente e, dessa vez, sua velocidade foi tamanha que praticamente se materializou atrás do dele. Socou-o com o Punho de Joe esquerdo e ainda que ele tenha virado o corpo e se protegido com o braço direito, foi arremessado para longe dali. Shagga mal esperou que ele tocasse o chão e surgiu a sua frente para dar um golpe esmagador, de cima pra baixo. O Conde deu uma cambalhota no ar e pegou impulso para longe, tocando as mãos no chão, e fazendo Shagga acertar o mesmo. Seguiu-o. Soltou um soco direto com o braço direito que o Conde desviou movendo sua cabeça para o lado, enquanto continuava recuando. Depois foi a vez de cruzado de esquerda acertar apenas o ar em vez do Conde. Mais uma dúzia de golpes foram realizados e todos sem sucesso. Porém, quando Shagga concentrou uma maior quantidade de aura no punho direito, o Conde não desviou. O poderoso soco encontrou uma parte do corpo do oponente pela primeira vez naquele sequência de golpes e, para o espanto de Shagga, havia encontrado a mão. O Conde havia bloqueado seu Punho de Joe com apenas uma mão. A surpresa de Shagga devia estar estampada em seu rosto, pois nessa hora o Conde voltou a sorrir. Tentou recuar, mas sentiu a mão do Conde apertando seu punho seu punho cada vez mais forte. Era uma mão minúscula se comparada à enorme mão primata. Mesmo com a palma completamente esticada, conseguia envolver o punho apenas de forma precária, somente com as pontas dos dedos e, ainda sim, Shagga não conseguia se soltar. Usou então a mão livre para atacar seu rosto, em um golpe a queima roupa. Foi novamente bloqueado pelo Conde que levantou o mesmo braço, no qual ainda segurava o punho de Shagga, para receber o golpe. Novamente, para sua surpresa, o golpe havia sido completamente bloqueado, e não partido o braço do Conde ao meio, contudo, a força do impacto fez sua mão vacilar e Shagga conseguiu libertar-se. Recuou. Foi a vez do Conde perseguir.

Simplesmente surgiu a sua frente, não dando muita chance para reação. Um soco no estômago fez Shagga se arquear e outro, que tinha como destino seu rosto, porém havia conseguido defender com o braço esquerdo, empurrou-o para longe.

— UM PONTO PARA CADA – gritou o arbitro de repente.

Para cada? Shagga nem se lembrava de ter acertado o Conde. Provavelmente foi o golpe que ele se defendeu antes de ser arremessado.

Os gritos da platéia que antes estavam abafados pela sua concentração, de uma hora para a outra se fizeram ouvir nitidamente.

Que hilário, achou Shagga. Perceberam só agora que ele lidera o placar, é como se eles vissem a luta com delay.

Sacudiu a cabeça para recuperar a atenção. Estava preocupado. Seus Punhos de Joe não funcionavam mais. Fitou o Conde e viu que seu semblante continuava divertido e confiante. Também percebeu que ele quase não sofrera danos aparentes. Nem sequer suava. Não fosse o cabelo um pouco despenteado e a manga direita rasgada, não dava vestígio de ser ter envolvido em uma luta. Era quase o oposto de Shagga, que arfava, suava e sangrava. Sem contar a poeira em suas roupas. Analisava novamente o Conde na busca de algum ponto fraco e foi quando reparou mais atentamente em sua manga rasgada que decidiu mudar de estratégia.

Com a ajuda dos Cascos de Xérneas, ziguezagueou rapidamente de um lado para o outro, ao redor do Conde, tentando confundi-lo. Via os olhos do Conde saltando nas órbitas de um lado para o outro, conseguindo enxergar perfeitamente os movimentos velocíssimos que fazia. Quando julgou que o Conde deu uma vacilada e não conseguiu acompanhar o ritmo dos movimentos por alguns instantes, atacou-o diretamente. Correu em sua direção e ergueu o Punho direito de Joe, já o Conde, que estava de costas, virou-se rapidamente pressentindo o ataque e ergueu o braço para bloquear o golpe. O punho de Shagga ia exatamente de encontro a palma da mão aberta do Conde; quando estava somente a escassos centímetros de tocá-la, mudou repentinamente a direção do golpe e ativou Beast Alliance mais uma vez. Deixou seu braço raspar no do Conde e ver a Lâmina de Jack fazer o serviço. O Conde hesitou quando percebeu que fora ferido. Surpreso, deu um passo em falso para trás e Shagga aproveitou para usar a lâmina esquerda para cortá-lo novamente. Atacou o pescoço, deixando somente um pequeno corte superficial como dano já que o Conde havia recuado com uma velocidade absurda. Agora, a uma distância considerável de Shagga, encarava o ferimento do braço parecendo meio atônito.

— Achei que sua habilidade imitasse somente partes do corpo de animais – disse o Conde fitando as três saliências rígidas e cinzentas que saiam de ambos os braços de Shagga. – Ou existe algum animal que pode tirar lâminas do corpo?

— Não são lâminas – respondeu Shagga. – São barbatanas. Descobri que a cartilagem das barbatanas desse peixe figura entre os materiais mais resistentes do mundo. E como pode perceber, - esticou os braços para que o Conde visse melhor. – São extremamente afiadas.

— A natureza é uma coisa incrível, não é mesmo? – disse o Conde admirado. – Você conseguiu transformar um órgão inofensivo de um peixe em uma arma mortal – parecia estranhamente feliz com esse fato. – Diga-me, esse peixe é muito raro?

— Mais ou menos – respondeu Shagga dando de ombros. – É uma espécie peculiar de cação.

— De cação, você disse? – Shagga confirmou com a cabeça. – Oraaaa! Não diga que é o cação dentes de sabre! – Shagga confirmou novamente. – Eu já comi desse peixe quando fui a Ochima. Eu odeio quaisquer tipos de frutos do mar, mas esse até que tinha um sabor agradável. Lembro também que a carne dele é barata, pois os pescadores estão mais preocupados em obter as nadadeiras e escamas mas nunca me perguntei o motivo.

— Exato. – Shagga estava um pouco surpreso com os conhecimentos do Conde. - E é justamente o único risco que esse animal corre. Quando o mercado alimentício caça esse peixe, ficam com a carne e vendem o resto aos comerciantes de apetrechos exóticos por um preço muito baixo. Estes, por sua vez, fazem o oposto. Vendem somente a carne por um baixo preço e ficam com a carcaça do peixe. Esse acordo mútuo traz benefícios para ambos. Obviamente, não trás para o Dentes de Sabre.

— Que horror. Peço humildemente que me perdoe, não sabia desse fato – disse o Conde parecendo verdadeiramente arrependido. – De agora em diante nunca mais como carne de cação. É uma promessa.

— É muito nobre da sua parte.

O Conde riu.

— Que hilário chamar alguém da realeza de "nobre". Mas enfim, não interrompa mais a luta para me dar explicações. Esse bate-papo já se estendeu demais – sorriu. - E essa luta também.


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