O ar estava entrando queimando em suas narinas, sua boca estava seca, sentia suas pernas doendo, o suor escorrendo e molhando ainda mais a sua camisa que já estava grudada na sua pele, seus pés estavam cheios de bolhas.

De quem mesmo foi à ideia de subir a serra?

Ah sim, do seu namorado atleta amador! Logo ele, que era um sedentário de primeira, estava sendo obrigado a fazer uma trilha que levava até o topo da serra que cercava Konoha.

Não era difícil de imaginar o quanto Kakashi estava cansado, tudo o que ele mais queria no momento era um copo de água bem gelada e está em casa, no seu quarto com a central de ar ligada e jogando vídeo game, ou editando suas fotos.

Como foi convencido a fazer isso?

Minato conhecia o seu ponto fraco e usou isso contra ele, era encarar essa tortura, ou passa um mês inteiro sem tocá-lo. Às vezes odiava o fato do loiro o conhecer tão bem e saber que ele não abriria mão dos momentos mais íntimos e quentes entre eles.

Amava o namorado acima de tudo e seria capaz de tudo para protegê-lo, mas naquele momento, sentia uma enorme vontade de matá-lo por ter o arrastado até aquela serra, e aquele baka engomadinho ainda teve a ousadia de dizer que iria ser divertido. Divertido para quem? Por que, para ele, não estava tendo nenhuma diversão. Ah, mas ele iria pagar por todo esse sofrimento.

O que mais irritava Kakashi era que o infeliz ainda tinha energia suficiente para correr uma maratona, o loiro não estava nem ofegante. O prateado não sabia de onde ele tirava tanta energia para continuar andando, o Namikaze era dez anos mais velho, mas possuía uma disposição que ele não tinha. Minato, com certeza, não era uma pessoa normal.

— Pronto Kakashi, chegamos – o loiro avisou olhando para belíssima paisagem a sua frente, adorava a vista que tinha Konoha.

— Até que fim nós chegamos, eu já não aguentava mais, estou quase morrendo – o Hatake reclamou.

— Para de reclamar, você tem que ser menos sedentário – o mais velho reclamou.

— Eu não sou sedentário, apenas não gosto de ficar suado, só isso! É horrível essa sensação da roupa grudada na pele – o prateado se defendeu, cruzou os braços fazendo uma cara de desinteressado.

— Sei. Daqui a pouco você está barrigudo – falou e depois deu um sorriso debochado para o namorado.

— Que? – Kakashi gritou alarmado com a possibilidade de ficar barrigudo.

— É isso mesmo! Barrigudo. Você não pratica exercício, vai acabar gordo – o loiro acrescentou.

— Eu não vou ficar barrigudo, seu baka, eu não sou tão sedentário assim e minha genética é ótima.

— Vou fingir que acredito – indagou com uma sobrancelha loira arqueada. – Agora, cala a boca e contemple essa vista.

Kakashi olhou a sua volta, a paisagem era realmente incrível, não sabia que Konoha era tão bonita vista de cima, devia ter trazido a sua câmera fotográfica, aquela paisagem lhe renderia boas imagens. Os orbes negros voltaram-se para o namorado, Minato estava com uma expressão leve no rosto, tinha até um pequeno e discreto sorriso, o mais novo adorava vê o amado tão relaxado, o loiro trabalha tanto para sustentar o filho e os pais, quase nunca tem tempo para relaxar.

— O que foi Kakashi, por que está me olhando assim? – o mais velho perguntou com a sobrancelha arqueada.

— Estou admirando a paisagem – Kakashi respondeu e sorriu de lado.

— Mas a paisagem é para lá – Minato alertou apontando para frente com a cabeça.

— Só que eu prefiro essa, ela é mais bonita.

O loiro sentiu as bochechas arderem de vergonha por causa do elogio, estalou a língua no céu da boca e desviou o olhar para frente tentando esconder com os cabelos a vermelhidão que tomava conta de sua face. Odiava o efeito que o mais novo tinha sobre ele, estava no auge dos seus trinta e oito anos, era um homem feito, vivido, teve vários relacionamentos, era pai solteiro, cuidava dos pais idosos, tinha muito orgulho de dizer que era um profissional bem sucedido, conseguiu aumentar os lucros da pequena agência de viagens da sua família, mas corava como um adolescente tímido na frente do namorado ao receber um simples elogio.

Um sorriso estampou o rosto do Hatake devido à atitude do namorado, adorava vê a face do seu amado rubra de vergonha, ele ficava ainda mais lindo e encantador – se isso for possível –, os olhos azuis do loiro ficavam mais destacados na face avermelhada. Kakashi amava tanto o mais velho, que não conseguia se imaginar vivendo em um mundo onde ele não existisse, Minato era seu ponto de equilíbrio, seu melhor amigo, irmão e amante. O Hatake caminhou até seu namorado, mesmo suado, o mais novo abraçou o namorado por trás, beijou sua bochecha e encostou o queixo no seu ombro.

— Eu já te disse que te amo? – o prateado indagou.

— Hoje não – respondeu sereno.

— Pois eu te amo muito... muito mesmo – o mais novo falou aumentando o aperto em volta do corpo do Namikaze.

Minato se afastou um pouco para poder olhar nos olhos do namorado, o vento soprou uma brisa suave e aconchegante, o loiro segurou entre as mãos o rosto do seu amado e beijou seus lábios de forma calma, lenta e carinhosa. Sentiam que aquele momento poderia durar séculos, os lábios se encaixando com sincronia, enquanto suas línguas desbravavam suas bocas. As mãos de Namikaze faziam um pequeno carinho no rosto do mais novo, enquanto o Kakashi tinha as suas entrelaçadas nos cabelos loiros. Por fim, finalizaram o ato com um demorado selar de lábios.

— Eu também te amo – o mais velho declarou.

Voltaram para a mesma posição de antes do beijo, ambos ficaram em silêncio admirando a vista de que o alto da serra dava de Konoha e apreciando o silêncio que os rodeava. A quietude é algo que Minato sempre prezou; Kakashi aprendeu com o loiro como aproveitar aqueles pequenos momentos de calmaria, o silêncio agora se tornou aceitável para o mais novo.

Os dois eram diferentes, totalmente opostos, talvez seja essa contradição que os tornassem tão perfeitos um para o outro, suas imperfeições se encaixavam com perfeição, tanto nos assuntos mais corriqueiros do dia-a-dia, quanto nos assuntos carnais, eles eram frio e calor. O que eles sentiam um pelo outro era verdadeiro, era recíproco, era sincero, era tudo ou nada, era único, era o mais simples e genuíno amor.