— Ele vai ficar bem.— Foi o que Johnny disse enquanto estávamos na sala do FBI esperando pelos outros, me tirando de meu devaneio.

— Eu não estava…— Eu quase disse, mas o gêmeo me interrompeu antes que eu prosseguisse com a mentira.

— Eu não sei se Cam te falou, mas nós mágicos sabemos ler as pessoas tão bem quanto policiais. Caso contrário nós não iríamos conseguir enganar as pessoas. — Ele finalizou com um sorriso.

Eu apenas acenei com a cabeça. Não ia discutir com o irmão gêmeo do Cam no momento em que minha cabeça só pensava no tamanho da confusão em que ele havia se metido e se ele estava bem estando nas mãos da mulher que estava caçando ele.

— Eu também estou preocupado com ele. Eu sei do que essa mulher é capaz.— Ele continuou, dessa vez sério.

— Você sabe? — Perguntei, de repente preocupada com quantas informações Cam havia compartilhado com seu irmão.

— Ela me colocou na prisão com uma troca de corpo e eu estou lá faz mais de um ano mesmo com meu caso estando em suas mãos, então eu posso dizer que sim.

Percebi pela fala que ele realmente confiava em nós, apesar de Cam ter parecido tão preocupado nos últimos dias com a confiança de seu irmão, então não pude deixar de sorrir.

— Obrigada por confiar em mim. — Disse sem rodeios e ele me olhou.

— Cam é ingênuo, mas para assuntos desses não e sei que ele confia em você. O mínimo que posso fazer é confiar também se um dia quiser minha liberdade de volta.

— Eu fico feliz por você pensar assim, mas saiba que se você fizer qualquer besteira ninguém mais poderá te ajudar.”

— Eu sei disso. — Ele logo afirmou. — Dina e Cam já me falaram isso anteriormente. Cam fala muito isso. Assim como fala de você.

Olhei quase que involuntariamente para Johnny naquele momento.

Ele era idêntico ao seu irmão, mas ao mesmo tempo me parecia tão diferente. Por conviver tanto com Cam, ter encontrado nele uma companhia, eu conseguia identificar a diferença deles. No tom de voz, em como Cam se expressava em seu rosto com a boca, enquanto seu irmão se utilizava mais da testa. Até na maneira com o qual eles se arrumavam, já que Cam não se importava tanto com isso e seu irmão tinha um penteado impecável.

— Cameron confia em você. Ele sempre fala que você é diferente, uma das melhores. E embora ele não me conte, eu sei que é você quem tem segurado a barra junto com ele.

Eu apenas engoli em seco e ele levantou as sobrancelhas sugestivamente para mim e continuou.

— Meu irmão é o cara mais otimista do universo e nós já brigamos muito por isso, mas ele só consegue ser pessimista e um pouco mais realista com quem ele realmente confia. Acho que você pode ser essa pessoa e espero que esteja sendo. A autoconfiança dele não mostra como ele precisa dos outros, mas ele precisa.

— Eu sei. — Respondi olhando-o com firmeza. — Mas não se preocupe com isso, ta? Não deixarei seu irmão só.

Nossa conversa foi interrompida quando Mike, Dina, Gunter e Jordan entraram na sala.

Eram novas informações sobre o caso, mas nada muito concreto, o que me deixava ainda mais aflita. Como policial eu sabia como agir em casos como esses. O FBI tinha treinamento e em alguns casos ainda havia imprevistos no qual contávamos apenas com nossas habilidades para resolver.

Eu sabia que Cam sabia lutar, que ele tinha vivido na estrada a vida quase toda, mas eu não sabia bem o que ele havia enfrentado antes e infelizmente sabia pouco sobre o que estávamos enfrentando agora. Isso me deixou num nível de estresse e preocupação que fazia tempo que eu não tinha. Deakins disse que eu estava levando o caso pro lado pessoal, mas era o lado pessoal que ia me fazer consegui resolver isso então eu continuei dia e noite indo atrás dele.

Depois de quase dois dias de buscas, apreensão, quase nenhum minuto dormido, finalmente chegamos até Cam. A mulher havia fugido, mas ele estava bem. Quando o vi, a primeira coisa que fiz foi respirar aliviada.

Ele estava na ambulância sendo avaliado quando Johnny chegou ao meu lado.

— Agora você pode respirar aliviada.— Ele disse com um pouco de humor e me fez rir, mas logo continuou. — Preciso voltar pros meus aposentos. Fiquem bem, ok? Você e ele. E cuide bem dele. Eu sei que ele é apaixonado por você e pelo que vi nos últimos dias, você também gosta dele. Então se cuidem, tá?

Eu quase falei algo, mas ele tinha uma mania irritante de me interromper e assim o fez.

— Relaxa, eu não vou contar pra ele. Acho que não preciso ser um cupido aqui.— Ele afirmou e então um policial veio para levá-lo.

Logo que me virei para ambulância, Cam estava vindo em meu sentido. Minhas emoções foram maiores que meus pensamentos então eu o abracei. Era tão bom sentir seu cheiro, sua respiração e seu tato quando eu passei os últimos dias pensando em nunca mais ter isso.

— O que é a vida sem um pouco de emoção, não é? — Ele afirmou e riu, mas eu o olhei séria.

— Você me deixou preocupada.

Num gesto de carinho, ele beijou minha testa e me olhou no olho.

— Desculpe por isso.— Ele falou sinceramente e fez um carinho no meu rosto. — Você realmente parece cansada.

— Você tirou meu sono, Cameron Black. Então sim, estou cansada. — Disse tentando soar bem humorada, mas entendemos o duplo sentido da frase e experimentamos alguns segundos de olho no olho em silêncio.

Dessa vez ele me abraçou mais forte e ainda com os olhos nos meus perguntou.

— Posso te levar pra casa?

— Não poderia ter carona melhor. —Afirmei e acenamos ao mesmo tempo pro táxi que passava.