Harry e Gina: a vida após as batalhas escrita por Ravena Witch


Capítulo 12
Os Dursleys


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês! :)



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Harry tentava se concentrar em seu trabalho, mas algo o impelia a olhar para a parede desinteressante de seu escritório. Sua mente girava e seu estômago doía, estava nervoso. Havia mais de dois anos que entrara em treinamento para se tornar um auror. Agora, tanto ele quanto Rony eram aurores de verdade.

            Tudo na vida do garoto se encaixava, tinha uma profissão que adorava, amigos maravilhosos, uma namorada que amava, e que, inclusive estava arrasando os adversários em seus jogos de Quadribol. Com um ano de carreira, Gina era considerada uma revelação e uma das melhores artilheiras que o Harpias de Holyhead já havia visto. Neville estudava herbologia e tinha planos de tornar-se professor e Hermione acabara, afinal, se embrenhando no mundo das leis da Magia. Luna estudava magizoologia, e, ao que parece estava de namorico com um rapaz que Harry ainda não conhecia.

Mas algo faltava a Harry, e ele sabia bem o que: sua família! A família biológica, os Dursley. Ele sabia que o ministério os levara novamente para casa após a Batalha de Hogwarts. Mas ele próprio não os havia visto, e, apesar de a relação entre eles nunca houvesse sido minimamente amistosa, eles o acolheram em sua casa por 16 anos, e ele e Duda acabaram por ter uma aproximação, embora pequena, na última vez que se viram, a quase três anos atrás.

Harry estava decidido a visitá-los, e por isso estava nervoso. Havia, em um ímpeto, e por vontade de não ir sozinho, chamado Gina para ir consigo. Entretanto, agora estava apreensivo. Não sabia como eles a tratariam. Uma batida na porta o tirou de seus devaneios.

— Entre. – disse enquanto sua porta era aberta.

— Vamos? – disse Rony – Já está no horário.

— Estou esperando sua irmã. Ela virá do treino direto pra cá. Vamos sair, lembra?

— Verdade, - disse Rony – tinha me esquecido. Onde vocês vão?

Harry não queria contar a Rony onde estavam indo. Gina também não havia contado a ninguém. Então, demorou a responder e, ao que parece seu amigo tirou conclusões precipitadas sobre os planos do casal, fazendo uma careta:

— Deixa pra lá. Não quero saber.

— Como diria a Gina: você é um boboca. – Harry ria do amigo – Até parece que você e Mione são santos.

— Não somos, mais Gina é minha irmã. É estranho.

— Se a Mione tivesse um irmão ele se sentiria assim também. – disse Gina entrando na sala naquele momento.

— Bom argumento maninha. – disse Rony sorrindo.

— Vamos amor? – disse Gina dando um selinho em Harry.

— Sim. Até mais Rony.

— Até. Juízo. – disse o ruivo.

— Eu sempre tenho juízo. – disse Harry.

— Eu não estava falando pra você. – disse Rony apontando para Gina.

— Se nós dois tivermos juízo – disse a garota apontando para si e para o namorado. – A vida não vai ter graça.

Entre sorrisos os três saíram da sala, direto para as áreas de aparatação do Ministério. Rony, diretamente para A’Toca, e Harry e Gina para o Largo Grimmald, lá pegariam o carro de Harry que agora, com 19 anos, há havia tirado sua carteira de habilitação. Iriam até Surrey para visitar os Dursley.

***

— Chegamos. – disse Harry estacionado o carro em frente ao número 4, da rua dos Alfeneiros.

— Harry. – disse Gina – Vai dar tudo certo.

— Gina, olha, caso eles te tratem mal ou algo parecido.

— Harry. – ela fez carinho no rosto do namorado, que parecia estar muito nervoso – Está tudo bem. Sei como eles são. Vai dar tudo certo.

O casal se encaminhou para a entrada da casa, e nervosamente Harry tocou a campainha. Foi Duda quem atendeu a porta. Durante alguns segundos ele simplesmente ficou parado.

— Harry? – disse enquanto erguia a mão para apertar a do primo. – Nossa, pensei que nunca mais o veria. - Harry percebeu que o primo sorria, então pelo menos a visita poderia ser amistosa de sua parte. – Entre! Venha.

— Essa é minha namorada Gina Weasley.

— Muito prazer Sta. Weasley. – disse Duda apertando também a mão de Gina.

— Muito prazer. – disse Gina enquanto entravam na casa.

— Duda. – a voz feminina vinha da cozinha. – Quem está aí? – Quando Petúnia os viu nada disse por alguns segundos. Todos se olhavam.

— Harry. – começou – A que devemos a surpresa?

— Sente-se Harry. – disse Duda – Sta. Weasley, sinta-se a vontade.

— Pode me chamar de Gina. – disse a garota com um sorriso, que foi retribuído por Duda.

— Na verdade – começou Harry – como estava há muitos anos sem vê-los eu decidi que era hora de fazer uma visita. Saber como estavam.

— Aceitam uma água, um café? – perguntou Petúnia também se sentando.

— Não, obrigado Tia Petúnia, seremos breves, somente viemos ver como estavam.

— E você Harry, o que anda fazendo? – disse Duda – Não tivemos notícias de como acabou... bem... tudo.

— Nós o derrotamos. – disse Harry – Voldemort.

— Que bom! – disse Duda.

— Na verdade Harry o derrotou. – disse Gina sorrindo. – Nós apenas derrotamos os outros.

— Não foi bem assim – disse Harry sem graça.

— Fico feliz que tudo tenha terminado bem. – disse Petúnia, ao que pareceu a Harry uma forma bem educada de participar da conversa. Já que suas palavras não tinham nenhuma emoção visível.

— E você Duda, o quem feito? – perguntou.

— Estou estudando Gestão de empresas. E estou namorando também, a conheci na faculdade.

— Quem diria? – disse Harry sorrindo – Duda namorando.

— Quem diria? – respondeu Duda – Harry namorando. – apontou para Gina. – Estão há muito tempo juntos?

— Dois anos e meio. – respondeu Gina – Mas há havíamos namorado por 6 meses na adolescência.

Neste momento, Tio Valter chegou em casa, algo que Harry realmente não esperava que fosse acontecer, ou pelo menos queria que não acontecesse. Mas lá estava ele, corpulento e bigodudo como o garoto se lembrava.

— De quem é o carro que está lá fora Petúnia? – disse, mas quando viu Harry no sofá sua expressão mudou de tranquila para ‘estou tendo um ataque cardíaco’ em poucos milésimos de segundo. – O que faz aqui? E quem é essa que trouxe à minha casa? – perguntou apontando o dedo gorducho para Gina.

— Vim somente visita-los. – disse Harry “Estava bom demais para ser verdade!”, pensou – Seremos breves. E essa é Gina Weasley, minha namorada.

Valter se sentou no sofá enquanto os olhava com desconfiança.

— Então, espero que não esteja querendo voltar pra cá! – disse sem rodeios.

— Não mesmo. – respondeu Harry sem se deter. – Acho que se esqueceu que tenho uma casa.

— Casa que nunca vimos! – disse Valter.

— Nem verão. – disse Gina – Afinal, ela é protegida por magia.

Ela fez de propósito. Harry sabia que sim. Aquela ruiva não tinha jeito. À menção da palavra magia, tanto Petúnia quanto Valter pularam da cadeira. Duda, para evitar mais problemas tentou reiniciar a conversa:

— E você Harry? Está trabalhando?

— Sim. – respondeu Harry – Acabei meu treinamento de auror, faz seis meses, então agora trabalho no Ministério da Magia.

— Não sei o que é auror, mas parabéns! – disse Duda, que parecia sincero.

— Um captor de bruxos das trevas. – disse Gina.

Ao som da palavra bruxos, os Dursley, exceto Duda fizeram uma cara de horror, que não passou despercebido a ninguém. Mas fingiram não ver.

— Seria quase como um policial no mundo dos trouxas. – explicou Harry.

— Parece perigoso. – disse Duda.

— Não tanto quanto parece, recebemos bons treinamentos antes de ingressar no departamento.

— Se ele é o policial, imagina o bandido. – resmungou Válter Dursley.

— Acho que os senhores não entendem o que Harry significa no nosso mundo. – disse Gina.

— Gi. – Harry a parou – Não tem problema.

— Eu sei que não, mas mesmo assim eles precisam saber. – disse Gina, e depois se virou para a família de Harry. – Harry sobreviveu ao bruxo mais terrível de todos os tempos quando tinha pouco mais de um ano. O enfrentou mais quatro vezes quando éramos crianças, e, em uma dessas ocasiões ele inclusive salvou minha vida. No fim da história ele foi decisivo para salvar não só o nosso mundo, mas também o seu. Já que Voldemort planejava matar todos os trouxas, ou torná-los seus escravos. Se esse seu mundo, como conhecem, ainda existe, é graças ao seu sobrinho, e nós, bruxos sabemos a quem devemos agradecer, vocês também deveriam saber disso.

Os Dursley ficaram em silêncio, com cara de poucos amigos. Harry sabia que nunca dariam o braço a torcer para a magia, mas o fato de não terem respondido Gina já era um avanço. A maneira com a namorada o retratou o deixou muito emocionado.

— Deve ter sido terrível. – disse Petúnia, surpreendendo Harry, que não conseguiu se manifestar.

— Acabamos de sair de uma guerra terrível - disse Gina - muitos mortos e muita destruição. Meu irmão, muito querido, e também amigos inestimáveis para nós se foram. Crianças ficaram órfãs, pais perderam seus filhos. Mas, sempre tivemos esperança e, no fim a esperança nos recompensou.

— E você Gina, também é uma auror? – perguntou Duda tentando amenizar o clima.

— Meu irmão Rony é um auror. Na verdade sou jogadora profissional de Quadribol.

— Quadri-o-que?

— Um esporte bruxo. – disse simplesmente.

— Legal. – disse Duda. – Suas profissões são muito diferentes das nossas?

— Não tanto. – disse Harry – Algumas tem exatamente uma correspondente no mundo dos trouxas, Mione, por exemplo, que é nossa amiga, será uma espécie de advogada.

— Meu pai seria como um fiscal, só que de objetos mágicos.

— Temos um amigo herbologista que é uma espécie de Botânico, só que de plantas mágicas; e uma amiga que estuda magizoologia, que o próprio nome há diz. - Somos mais parecidos com você do que pensa Duda. – disse Gina, brandamente.

— Percebo. – disse Duda sorrindo.

— Mas claro que temos outras profissões só nossas. – explicou Harry – Meus cunhados por exemplo: Rony é auror como eu, Gui é desfazedor de feitiços e Carlinhos cuida de dragões na Romênia – os olhares de espanto dos três quase fizeram o garoto morrer de rir – Mas Jorge tem uma loja. – explicou.

— Então o Quadribol seria como o nosso futebol?

— Sim. Mas jogado com três bolas e com os sete jogadores de cada time montados em vassouras voadoras. – diante da expressão do primo Gina emendou – É complicado!

Harry percebeu que estavam potencialmente perto do fim do assunto. Ele e os Dursley não tinham muito o que dizer e, ainda que Duda estivesse sendo muito simpático, nunca seriam melhores amigos.

— Bem, nós temos que ir. – disse Harry levantando-se com Gina.

— Ainda é cedo. – disse Duda.

— Na verdade minha mãe nos espera para o jantar. – disse Gina.

— Claro. Bem, agradecemos a visita. – disse Duda. Pela cara que seu tio fez Harry suspeitava que somente Duda agradecesse de qualquer forma.

Estavam se encaminhando para a porta quando Harry tirou uma caderneta do bolso e escreveu seu endereço. Já estava na hora de retirar o Largo Grimmald da proteção mágica, que afinal não tinha uma proteção tão efetiva desde que Dumbledore morrera.

— Aqui. – entregou o papel para Duda – Este é meu endereço. Tentarei providenciar também um telefone, quando instalá-lo eu te passarei o número. Espero que possamos manter contato.

Ele estendeu a mão para o primo que a apertou, assim como Gina.

— Até mais Duda. – disse a garota.

— Foi um prazer Gina. Até mais Harry.

— Tio Válter. Tia Petúnia. – Harry se despediu dos tio apenas com um balançar de cabeças.

— Boa noite. – respondeu a tia. Enquanto tio Valter permanecia com cara de pouquíssimos amigos.

Enquanto estavam no carro Harry segurava a mão de Gina na sua. Os dois iam calados, pois o silêncio não os incomodava, eram próximos o suficiente para isso.

— Fico feliz pelo Duda. – disse Harry por fim. – Ele realmente mudou muito afinal. Isso prova que qualquer um, mesmo quem tenha sido criado da maneira que ele foi, pode mudar e se tornar alguém melhor.

— Também fico feliz Harry, afinal, ele é sua família.

Os dois seguiram para o Largo, sabendo que aquela relação Potter/Dursley nunca seria a ideal, mas que era, em todas as hipóteses, melhor do que esperavam.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!



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