Eldarya escrita por Ju Assis


Capítulo 3
Capítulo 2 — O Mundo das Fadas.


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui as coisas já começam a se misturar com o meu próprio enredo. Desculpem essa pequena repetição de fala-da-fanfic com falas-do-jogo, mas como algumas partes dos capítulos 1, 2 e 3 são a base do jogo e eu gostei dela, não vi motivos para fazer algo diferente. :D (Quem sabe no futuro, nénon?). Ja já o bicho vai pegar! xD
Se você nunca conheceu o dating-game ''Eldarya'', apenas ignore! *risos*
Boa leitura!!



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                                                 Kalina

—Você poderia me explicar mais sobre este lugar? — perguntei, enquanto seguia Kero pelos corredores, em busca do pão roubado. Ao mesmo tempo, eu tentava ignorar minha fome.

—Você está em Eldarya, no Quartel General da Guarda de Eel.

—Eldaria? — franzi o cenho. — Quê isso?

—EldaRYa. — Kero repetiu — O mundo dos Faeries! — ele sorriu. — Acho que você já ouviu falar... Creio que somos mencionados nos contos do seu mundo.

Ah tá. Ele tá querendo dizer que é uma fada? — arqueei as sobrancelhas.

—Primeiramente: por favor, pare de falar ''seu mundo''. Me sinto uma aberração assim. — sorri. Ele deu uma risada gentil. — Segundamente: Então você está querendo dizer que vocês são fadas?

Tive a impressão que a minha voz afinou demais conforme eu fazia a pergunta. Eu estava mesmo muito incrédula.

—Hum... — Kero pareceu ficar sem saber como explicar. — Digamos que... Tecnicamente: sim.

—Você não se parece nada com a fada sininho. — fiz beicinho, decepcionada.

Rimos juntos, mas fez um gesto de desaprovação. Nós vasculhamos por todo o corredor — que Kero havia denominado — corredor das Guardas, e nada do pão. Então voltamos para o salão principal.

—Você poderia me falar um pouco mais? Mencionou Guarda de Eel, certo? — questionei enquanto saíamos do corredor. Kero concordou com a cabeça. — O que ela faz?

—A Guarda é encarregada de cuidar de todo tipo de conflito ou problema do nosso mundo. Nós somos responsáveis por manter a ordem e o equilíbrio da magia de Eldarya...

—É, parece bem complicado. — ergui as sobrancelhas, enquanto vasculhava o local com os olhos.

—Nem tanto. A Guarda está dividida em quatro grandes partes: Reluzente, Absinto, Obsidiana e Sombra. As pessoas que você viu há pouco são os líderes de cada uma delas. — Kero fez uma pausa para vasculhar atrás do vaso de uma das árvores. Eu fiz o mesmo com as outras. — Não tem como explicar tudo de uma vez, claro. O nosso mundo é vasto e complexo para ser entendido assim, de uma hora para outra... mas vou tentar resumir! Preparada?

—Sempre. — ri discretamente.

—Primeiramente, temos a Guarda Reluzente, que é composta pelas pessoas mais importantes do QG e os líderes das outras três guardas. Digamos que sua tarefa é... supervisionar todas as outra Guardas. Uh... Estou falando demais, né? Você não deve estar entendendo nada.

—Não tem problema. Estou entendendo um pouco, sim. — cocei o queixo, tentando assimilar as coisas. — Então quer dizer que a Guarda Reluzente é tipo a presidência? Ela é a mais importante, então. Certo?

—Não! Não! — ele arregalou os olhos, como se o que eu tivesse falado fosse um insulto. — A Guarda Reluzente e as outras 3 estão no mesmo nível Nenhuma é mais importante do que a outra. Somos um time!

—Oh, entendi. — concordei com a cabeça. — E me deixe adivinhar quem é a líder dessa guarda... — bufei, revirando os olhos ironicamente. — Acho que tava meio na cara, o cajado e tudo mais...

—Sabe, a ela parece ser de poucos amigos, mas no fundo ela é gentil. Miiko tem apenas... uma personalidade forte.

— Tá bom. — resmunguei, nada convencida. — E quais são as outras três Guardas? Não deixe de falar se eu estiver fazendo perguntas demais, viu?

—Não se preocupe, fico contente em te ver tão interessada pelo nosso mundo. — Kero abriu um sorriso feliz.

—A Guarda Absinto é especializada em alquimia e poções. O líder é o Ezarel, lembra? Aquele de cabelos azuis. — concordei com a cabeça. — A Guarda Sombra, por sua vez, possui especialização nas explorações e tudo que diz respeito as noções de discrição, informações... como os espiões. O líder dessa Guarda é o Nevra, você se lembra dele? O que nos pediu gentilmente para recuperar o alimento roubado...

—Hmn, aquele garoto bonitinho que eu trombei no corredor? — sussurei. — Sim, eu me lembro.

—Vocês o quê?

—Nada não haha, pode continuar! — estou ficando vermelha, droga.

—Ok. Por último, temos a Guarda Obsidiana. O líder é o Valkyon... Talvez você não tenha notado ele, ele não fala muito. Ela é composta pela maioria dos membros das espécies mais fortes de Eldarya, ninguém os vence no combate.

—Ah, eu sei quem é. — Aliás, como não notar alguém tão musculoso?

—Você ainda está se sentindo perdida? — perguntou Kero.

— Não tanto. Acho que captei o sentido geral das coisas. — considerei. 

—Bem, eu acho que já falei tudo o que tinha para falar. — Kero parou por um segundo e girou em 360 graus para analisar o salão. — Venha, vamos continuar procurando na biblioteca.

Dei novamente uma revisada rápida pelo local, para ter certeza que não estávamos deixando nada passar.

—E então, você ainda tem alguma dúvida? — Kero perguntou, enquanto me guiava em direção à porta que parecia ser a saída. Em vez de seguir adiante, viramos à esquerda onde outro lance de escada nos aguardava. A vista do salão ali de cima era ainda mais esplêndida.

—Hum... Ainda não sei quem é o tal do Jamon. — eu disse observando a escada que parecia ser feita de cristal da cor marfim.

—Ele cuida da segurança do QG, é o braço direito da Miiko.

—Entendi. E você... se chama Kero, né? Faz parte de qual Guarda?

—O-oh! — ele corou. — Você se lembra do meu nome? Na verdade me chamo Keroshane, Kero é só um apelido. Faço parte da Guarda Reluzente e também cuido de tudo relacionado à biblioteca.

—Parece combinar com você. — respondi docilmente.

—Obrigado! Mas... eu ainda não sei o seu nome. — Kero disse ao abrir duas grandes portas.

—Ninguém precisa saber o nome de uma criminosa, não é mesmo? — sorri. Kero me repreendeu com o olhar, como se quisesse dizer que não acreditava que eu era uma ladra. — Meu nome é Kalina.

—É um nome muito bonito. — ele disse. Sussurrei um ''obrigada'' e esperei ele vasculhar o local. — Venha, nós não encontramos nada aqui no QG. Vamos para a aldeia, acho que o pão está por lá.

Segui Keroshane até um lugar calmo, que parecia um vilarejo. Eu ainda estava encantada com esse novo mundo, mas nem todo encantamento era capaz de ofuscar o cansaço. Eu sentia minhas pernas arderem a cada passo e minha cabeça começava a doer.

Kero me explicou que o ''Refúgio de Eel'' é uma cidadezinha no centro do Quartel General. Pelo que parece, Guarda recolhe os habitantes de Eldarya que precisam de ajuda e dão abrigo durante o tempo necessário. Não foi muito difícil para eu achar o pão. Ele estava atrás de alguns arbustos. Antes de voltarmos, Kero me pediu para deixar um pedaço de pão para o pequeno. E depois de jurar não contar nada para Miiko, voltamos para colocar ''no lugar''.

 No meio do caminho, Kero parou numa tenda que vendia frutas e comprou uma para mim. Eu as aceitei sem pensar duas vezes, grata. O gosto não era lá tão saboroso, mas eu a engoli sem postergar. Logo, a dor de cabeça passou e eu me senti um pouco mais disposta.

~*~

 

—Kero, você poderia me enviar para casa agora? — suspirei, depois de guardar o pão na prateleira. 

—Eu sinto muito, mas o que foi dito é verdade. O caminho que você pegou é sentido único. É muito complicado sair daqui.

—Mas... não tem nenhuma maneira mesmo? — comecei a sentir meus olhos arderem. Eu iria ficar presa aqui para sempre?? Não tive tempo de chorar, porque alguém abriu a porta.

—Ah, Kero! você conseguiu achar o... — Ezarel entrou na despensa, mas quando me viu, ele parou de falar. Um sorrisinho surgiu em seus lábios. — Você está encrencada. Aliás, vocês estão encrencados.

—E-espere, ela me ajudou... Foi ela quem encontrou a comida! — Kero me defendeu.

—Verdade? — ele não parecia convencido.

—Você poderia me ajudar a convencer Miiko a deixá-la aqui na cidade até que encontremos uma solução?

Aleluia! Ele não disse ''seu mundo''. — sorri.

—Hum... não sei. — Ezarel sorriu maliciosamente. — O que eu ganho com isso? Uma porção dobrada de mel e algum biscoitos seriam bem-vindos.

—Ok, ok, eu te dou a minha parte. — Kero pareceu irritado.

—Obrigada rapazes! Vocês são muito gentis. — eu disse, mesmo desconfortável com o ''sacrifício'' de Kero.

—Não agradeça ainda. É melhor esperar a conversa com a Miiko primeiro — Ezarel não pareceu nada otimista. — Vamos? Ela deve estar na Sala do Cristal.

Assenti e esperei que os garotos saíssem da sala, eu tinha acabado de chegar e, apesar de ter uma noção dos espaços, ainda não me sentia confortável em ir na frente. O Ezarel sorria no meio do caminho, achando graça da situação, e o Keroshane parecia cada vez mais nervoso à medida em que nos aproximávamos da sala.

Quando entramos na sala, pude observar que Miiko estava acompanhada do Valkyon e do Nevra, além de alguém peculiarmente bonito que eu não tinha visto ainda. Pareciam estar numa conversa muito importante. Eles estavam de costas e não nos notaram.

—Huh, acho que não é uma boa hora para pedir um ''favor'' para a Miiko. — sussurrei, agarrando a barra do cinto do Elfo.

—Não acredito!!! Ele já conseguiu entrar aqui duas vezes. Ainda bem que você o expulsou a tempo... Leiftan, está tudo bem? Você não machucou nada?

—Não se preocupe, eu estou bem. — o homem louro que eu desconhecia respondeu.

—Eu não sei quem é esse cara, mas será que ele não sabe a loucura que está fazendo? Ele nos colocou em perigo! —  Nevra rosnou.

Eu acho que eles estão falando sobre o homem que me ajudou a escapar da cela... Ele invadiu o QG??

Leiftan suspirou.

—Eu não sei, sinto muito... se eu tivesse consiguido pegá-lo...

—Não tem problema, você conseguiu evitar o pior. — Miiko tranquilizou-o — Eu vou cuidar do resto, vá até a enfermaria ver se você está realmente bem.

O homem pegou o casaco que estava no chão.

—Fique tranquila. — ele sorriu gentilmente e começou a ir embora. Miiko percebeu a minha presença. Saí detrás do Ezarel, aflita. O Nevra sorriu ao me ver, enquanto Valkyon continuou em silêncio. Ao me ver, Leiftan parou no lugar. Ele parecia surpreso, mas continuou em silêncio, me fitando.

—Eu pedi que a levassem para cela! — Miiko bateu a mão na testa — KEROOO?!!!

—Ela me ajudou e... E-eu pensei que não tinha mais necessidade de colocá-la na cela.

—Você ''pensou'', hein? — a jovem mulher acendeu a chama do seu bastão, parecendo bastante contrariada. Eu e Kero nos encolhemos.

—Bem, ela parece ser gentil e... uma ajudante a mais seria bem útil, não?

—Eu não vou mudar de opinião porque você acha que ela é gentil. Para você, todo mundo é gentil! — bufou.

Kero começou a gaguejar e olhou para o Ezarel, pedindo ajuda... Mas ele parecia estar se divertindo com a situação. A ajuda veio de outra pessoa.

—Por que não damos uma chance a ela? Você nunca conhecerá o potencial de alguém se não lhe der a oportunidade. — Leiftan sorriu gentilmente em minha direção.

—Verdade. Além disso, ela é bonita! — Nevra me lançou um meio-sorriso.

—E também é uma humana... Nós poderíamos a utilizar como isca em algumas missões. – Valkyon disse.

O quê?! ISCA?

—Oi? Hahahaha, tô voltando pra minha cela. — agarrei o casaco do Kero, indicando para sairmos dali.

E, — disse Ezarel — se ela não sou boa o suficiente, podemos abandoná-la na floresta.

—Isso se ela não for devorada antes... — completou Valkyon.

—Isso se ela não for devorada antes. — observou Valkyon.

'Ela'? Alô pessoal, eu tô ouvindo tudo.

—Pff. Já que é assim, você não precisa voltar pra lá. Os meninos vão ser responsáveis por você. Não quero que ninguém venha reclamar se algo der errado! Eu não quero saber de nada. — Miiko saiu da Sala.

—Oh, eu não tinha pensado nisso. — Ezarel se pronunciou — Nós vamos ter que cuidar da senhorita? Alguém está interessado?

—Apenas se ela tiver as habilidades necessárias. — Valkyon cruzou os braços.

—Para me servir o café da manhã e cuidar de mim, por que não? — Nevra sorriu.

Mas o que eles pensam que sou? — bufei.

—Ei, falando sério... Mas que merda é essa que vocês estão falando, hein? Até parece que virei propriedade de vocês. — cruzei os braços.

—Bom, acho que como Miiko disse que os meninos ficarão responsáveis por você, você deverá fazer parte da Guarda de Eel. Parabéns. — Kero disse.
Todos olharam em minha direção.

—Basicamente, o Kero vai te fazer umas perguntas chatas para saber a guarda que você vai trabalhar. Nos vemos mais tarde. — Ezarel sorriu sarcasticamente e deixou o ambiente.

—Eu não posso ir para o Refúgio? — indaguei.

—Não. — Leiftan se aproximou. — A Miiko foi clara. Os rapazes irão cuidar de você.

Eu só tenho uma vontade, que é voltar para casa... Só que estou presa aqui, com esses desconhecidos! O que vai ser de mim? Vou virar isca em missões? — fiquei tonta só de pensar.

—Hey, tá tudo bem? — Nevra se aproximou, tocando em meus cabelos.

—Aham. — suspirei, perdendo-me por alguns segundos em seus olhos cinzas.

—B-bem, eu vou buscar o livro do questionário no meu quarto. Você poderia me esperar na Biblioteca, Kalina? — Kero perguntou, fazendo com que Nevra se distanciasse.

—Sim... eu já vou.

Quando me dei conta, eu estava sozinha na Sala do Cristal. Sentei-me no chão gelado, também feito de mármore, e permaneci ali alguns minutos. Fiquei observando a grande preciosa ''pedra'' azul em minha frente. Desde que cheguei, eu realmente não tinha tido tempo para refletir. Ou para ficar um pouco sozinha.

Suspirei, repassando mentalmente tudo o que tinha acontecido desde então.

A impressão que eu tinha de Miiko não era uma das boas, ela era muito explosiva e... convencida? Bem, o Kero me pareceu ser gentil. E... quanto aos rapazes? Valkyon se mostrava indiferente, enquanto Ezarel sentia-se superior — sem falar no seu jeito debochado — e o Nevra... o Nevra parecia um daqueles playboys que todo Ensino Médio tem.

Me dei um tapinha pra voltar pra realidade.

Ok. E minha família? ... Será que... será que nunca mais verei eles? — senti meus olhos lacrimejarem — Oh droga, eu odeio chorar. Merda! — fechei os olhos e foquei em inspirar profundamente e expirar. Passei vários minutos assim, até que comecei a ficar impaciente com o silêncio.

Suspirei pesadamente ao me levantar, sentindo-me totalmente desmotivada.

—Futuro, aqui vou eu! — tentei soar animada ao dar o primeiro passo para fora da Sala.


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Notas finais do capítulo

Beijos da tia Yu,
20/04/2018

Editado em 05/06/2020



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