Nigth End escrita por Suzy Chan


Capítulo 8
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, segue mais um capítulo que demorou bastante para sair, mas saiu !



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A manhã estava ensolarada e mais quente que os outros dias. Kiara colocou um vestido azul claro acima dos joelhos, uma sandália de dedo branca e um chapéu bege, havia acordado de bom humor naquele dia. Comeu uma pêra e um tomou um suco de laranja antes de sair de casa.

Ryan passou cedo na casa de Kiara, o rapaz chegou pontualmente às 8:00 horas, como haviam combinado. Eles se comprimentaram e Kiara perguntou para onde iriam, Ryan lhe respondeu que iriam em um lugar diferente. Subiram a ladeira em direção ao centro da cidade e pegaram o bondinho na praça central, a cidade por algum motivo parecia estar mais feliz, talvez fosse apenas impressão de Kiara devido ao seu estado de humor. A praça central estava movimentada, haviam muitas crianças brincando, casais, amigos na grama conversando e os idosos de sempre jogando cartas e xadrez.

Felizmente não havia nenhuma enquete de algum incendente na banca neste dia, apenas sobre o andamento das investigações policiais dos acontecimentos recentes.

Kiara sentou-se na janela e passou o percurso inteiro olhando a paisagem, não sabia que Night End era tão bonita, tirando os acontecimentos desastrosos que aconteciam frequentemente ali, era uma cidade muito bela e cativante, o caminho que o bonde percorria mostrava muitas vistas privilegiadas das paisagens, as construções antigas, as montanhas ao redor da cidade e a grande quantidade de rios, formavam paisagens deslumbrantes. Quase ao final do terminal de parada da linha do bonde, Ryan desceu com Kiara, para pegarem uma trilha e começarem a descer à caminho de uma grande floresta.

— Onde estamos? – perguntou Kiara se apoiando em uma árvore para descer uma trilha com umas pedras

— Você vai ver – respondeu Ryan

Depois de descerem ziguizagueando entre as árvores durante uns vinte minutos, eles chegaram a uma pequena queda d’água que terminava em um lago cheio de pedras, o brilho do sol cintilava na água e era possível ouvir os cantos dos pássaros entre as árvores. Eles sentaram debaixo de uma das  diversas árvores que rodeavam o lago. Ryan colocou sua mochila de lado e se encostou no tronco.

— Esse lugar é lindo – disse  Kiara admirando o local – Eu nunca tinha vindo aqui.

— A cidade é cheia de lugares assim, mas esse aqui é o meu preferido, esse lugar me passa tranquilidade – Suspirou - Eu costumo vir aqui quando estou estressado.

— Você está estressado? – Kiara se sentou na grama ao lado de Ryan

— Não exatamente...

— É sobre sua adaga... me desculpe, eu.. – Kiara não soube o que falar naquele momento, não poderia prometer dar-lhe a Adaga de volta mesmo sabendo que era de grande valor para Ryan.

— Não é tanto por isso, apesar de ser também... – Ryan virou a cabeça para olhar Kiara, que estava cabisbaixa com o rosto sereno.

— Imagino que esse é o objetivo de nossa saída hoje – comentou Kiara

— É, esse é o ponto principal, mas não imaginava termos essa conversa tão direta assim, eu não quero de forma alguma fazer você se sentir mal.

— É inevitável... não consigo me perdoar...

— Eu te trouxe aqui justamente para a conversa ser mais tranquila e casual... e você não precisa se perdoar por isso, eu que tenho que te perdoar – Ryan levantou uma sobrancelha

— Como? – Kiara virou para olhar Ryan

— Preciso que você me ajude com algumas coisas... – Ryan fez uma pausa e agora estava sério – Já que você inocentemente está trabalhando pros Monray’s...

Kiara sentiu um calafrio, sempre que tocavam nesse nome, não entendia porque mas sentia um arrepio estranho passar pelo seu corpo.

Ryan retirou o livro de capa preta que tinham figuras estranhas e folheou – Quero que você procure pela minha adaga na mansão, ou por alguma dessas armas aqui – disse Ryan apontando para uma página do livro que tinha um desenho de uma espada comprida e uma outra adaga com a lâmina torta.

— Mas porque isso? – Kiara achou o pedido de Ryan meio esquisito, não sabia se ele estava realmente falando sério, ou se estava de brincadeira.

— O porque, você não precisa saber... É só fazer isso e pronto... – disse Ryan passando a página, nas páginas seguintes, haviam vários outros desenhos de armas diversas, como arcos, flexas, espadas variadas, todas eram bem trabalhadas e cheias de detalhes. – Todos esses artefatos são feitos do mesmo metal, esse mesmo metal de que minha adaga é feita, e é isso que fazem elas serem tão especiais...

— O que esse metal tem de especial? – perguntou Kiara curiosamente pegando o livro da mão de Ryan

— É um metal com propriedades especiais...  isso é o suficiente – Ryan pegou o livro da mão de Kiara de volta – Desculpe, esse é um livro particular.

— Tudo bem... mas, porque você acha que os Monray’s estão com sua adaga se uma águia que levou embora... Não seria mais fácil tentarmos encontrá-la em alguma ávore na mata lá perto da escola?

— É um pouco difícil de lhe responder isso... apenas faça o que estou lhe pedindo.

Mesmo sem entender o sentido daquele pedido esquisito de Ryan, Kiara consentiu em ajudar o amigo, afinal, estava lhe devendo qualquer favor que ele quisesse, depois do que tinha feito, não seria capaz de negar nem o mais estranho do pedido ele fizesse.

Até que passar um tempo com Ryan estava sendo divertido, eles conversaram sobre o dia-a-dia na escola, hobbies, cantores, o campeonato interescolar e até sobre o baile de fim de ano, que seria o último baile deles, já que estavam no último ano da escola.

Ryan havia levado sanduiches de atum, garrafinhas de suco e água para almoçarem, o tempo passou depressa e os dois só foram perceber o tempo, quando o sol começou a descer.

— Ryan se levantou de repente - Precisamos ir! O sol já está descendo, temos que chegar à tempo em casa

— Nossa, como não percebemos o tempo passar – Kiara se levantou em um pulo

Os dois se apressaram para pegar as garrafinhas, sacos plásticos e toda a bagunça que tinham feito durante a tarde. Em poucos minutos já estavam prontos para subir a encosta da mata e pegarem o bonde de volta.

A subida estava parecendo mais íngrime do que a descida, o caminho parecia não ter fim, e a pressão do horário não estava ajudando Kiara a ter senso de tempo. A garota estava indo na frente e Ryan Logo atrás, o tempo começou a se fechar e começou um pequeno chuvisco.

As pedras ficaram escorregadias e com o sol sumindo, ficou mais difícil enxergar o caminho. Kiara foi subindo se apoiando nos galhos e aos poucos conseguindo vencer a subida. Perto do final, Kiara com pressa, pisou sem apoio em uma pedra escorregadia com lodo, seu joelho bateu em um canto pontiagudo de pedra e sua cabeça quase bate em outra, se não fosse Ryan ter conseguido segura-lá a tempo.

— Cuidado! Você está bem? – perguntou Ryan preocupado

— Meu joelho, Aí ! – disse Kiara espremendo os olhos

Ryan ajudou Kiara a se sentar e foi ver o que tinha acontecido com o joelho dela, um pequeno filete de sangue vivo escorria de uma ferida no local. Sem pensar Ryan tirou a camisa e enrolou em volta do joelho, cobrindo a ferida.

— Você está bem? – perguntou Ryan – machucou em mais algum lugar?

— Acho que não... – Kiara ficou corada, sentiu um pouco de vergonha com a situação, Ryan estava sendo muito gentil, e ao olhar melhor para ele, percebeu que era rapaz muito atraente.

— Consegue andar?

— Sim – Kiara se levantou devagar com a ajuda do rapaz que a ajudou a subir o restante do caminho

O último bonde estava passando, e por sorte chegaram a tempo. Os dois passaram o resto de todo o percurso até a estação do centro da cidade em silêncio.

                                                 ✞

— Você mudou de ideia muito rápido – disse Arthur tomando um copo de vinho na  biblioteca do segundo andar da mansão.

— Talvez seja melhor mantê-la por perto... – Allan estava sentado no peitoril da janela com o olhar fixo para o lado de fora.

— Como você nunca me conta nada, então não vou nem perguntar o que é – disse Arthur tomando mais um gole da sua taça de vinho. – Pelo menos, vou poder me divertir um pouco mais.

— Busque meu sobretudo – Allan soltou um pequeno assobio, em poucos minutos um vulto passou na janela em alta velocidade – Vamos dar uma voltinha – disse Allan com um sorriso maldoso no rosto.

                                              ✞

Já faziam 3 dias que o dono da Candy Coffee tinha desaparecido. Uma coisa esquisita que acontecia em Night End, era que pareciam que as pessoas esqueciam rápido dos acontecimentos, era como se acontecer coisas ruins fosse algo natural a ponto de não se intimidarem mais com os fatos. A perda de sensibilidade acabava tornando esses eventos desastrosos em coisas comuns do dia-a-dia.

A tarde de Segunda-feira seguia na mesmisse, as mesmas aulas, aquelas mesmas caras dos professores e alunos, Kiara se sentia entediada com sua rotina, não gostava muito de ir a escola. A sorte era que esse seria seu último ano, porém, não fazia ideia do que faria depois, aliás nem sabia se conseguiria ingressar na faculdade com suas notas medianas do Ensino Médio.

O Sinal do término do intervalo tocou, Ryan, Talita e Kiara voltaram para a sala de aula juntos.

— Afinal, você sabe porque Malu não veio hoje – Perguntou Talita

— Não, não estou sabendo o motivo – Respondeu Kiara

— Vai ver ela tá doente – Arriscou Ryan – Ou com preguiça de vir a escola mesmo – disse entre risos.

Kiara deu de ombros. Ryan e Kiara se sentaram perto da janela, onde estavam seus lugares, Talita se separou deles para sua sala do segundo ano do ensino médio.

O professou de Matemática chegou cerca de dois minutos depois que eles entraram e logo começou a aula, sem muitas cerimônias. Kiara só estava conseguindo se concentrar no céu acinzentado lá fora, o baçanlar das ávores estava muito mais interessante do que aquele bando de números idiotas. Kiara logo percebeu que tinha um acompanhante achando também a janela mais interessante, Ryan, que estava à sua frente, olhando através dela.

Ryan ficou ereto de repente como se tivesse tomado um susto. Pela pouca visão que Kiara tinha de seu perfil, percebeu que garoto estava franzindo o cenho. Imaginou que tivesse lembrando ou pensando em uma coisa muito ruim.

Em poucos segundo as nuvens ficaram mais acinzentadas, o aspecto era de uma possível chuva. A sala escureceu um pouco, o que fez o professor olhar para as janelas, para ver a tempestade que estava por vir.

Ryan se levantou e saiu da sala em passos largos, sem falar nada e nem pedir a permissão do professor que estava ministrando a aula.

Um silêncio se estendeu na sala, os alunos ficaram se entreolhando e o professor ficou em silêncio com uma cara de interrogação. Kiara quebrou o silêncio, levantando a mão e pedindo permissão ao professor para ir ao banheiro.

Kiara saiu da sala em busca de Ryan, ficou preocupada com a reação repentina do amigo. Andou pelos corredores apressada, chamando seu nome. Os corredores começaram a ficar cada vez mais escuros, parecia que tinha anoitecido de um minuto para o outro, Um murmúrio começou a ruir das salas de aulas, algumas com gritos de medo. Kiara desceu as escadas com cuidado, ainda chamando por Ryan. Ao final da escada esbarrou em alguém e quase tombou.

— Ryan? – perguntou Kiara

— Não, sou eu Talita, o que ta acontecendo? Escureceu do nada, tá um caos lá na sala, só eu tive coragem de sair, tive que ir tateando a parede.

— Sei lá o que é isso, Ryan saiu da sala quase correndo, eu vim procurar ele e tudo começou a escurecer – Com o breu total, Kiara falava olhando para o que achava que era Talita.

— Vamos sair da escola e ver o que tá acontecendo – disse talita, com sua voz se distanciando, a garota começou a andar tateando os armários.

Kiara seguiu a voz andando devagar. Estava asustada e com medo, ficou impressionada com a coragem de Talita, era uma menina que por aparência não parecia destemida, mas pelo visto era surpreendentemente corajosa e determinada, pensou Kiara.

Um grito de águia cruzou o corredor e um vulto em alta velocidade passou pelas meninas, empurrando-as contra os armários. Kiara soltou um grito, se abaixando e se encolhendo no chão.

— Tem um bicho aqui dentro. Kiara precisamos correr e sair daqui rápido. – Talita começou a correr para a entrada.

Kiara estava tremendo, não conseguiu nem se levantar para correr. Começou a engatinhar, perto do armários. Kiara ouviu passos se aproximaram e parou de se movimentar.

— Eu não quero que ninguém fora das salas, até que esteja seguro. Avise o restante dos professores, que é para manter a calma que vamos nos informar do ocorrido.

— Certo Diretora, agora mesmo – disse o Zelador

As vozes cessaram a Diretora e o Zelador se afastaram.

A visão não estava se acostumando com a escuridão, não conseguia enxergar absolutamente. Kiara pensou que a qualquer momento poderia ser devorada por uma criatura. Ao pensar nisso, imaginou que talvez o carteiro tivesse passado por isso também antes de ser atacado por um lobo assassino na floresta, ou alguma criatura monstruosa.

Algo se aproximou em grande velocidade e agarrou a cintura de Kiara, fazendo-a sair do chão. Era grande e segurava-a com força, envolvendo-a. O coração de Kiara disparou em um medo intenso e entrou em pânico. Percebeu que estava voando em alta velocidade. Começou a espenear e gritar mas quase instantaneamente uma mão calou-a. Uma lágrima desceu de seus olhos e se desmanchou no ar.

Kiara sentiu seu corpo encostar em um gramado, tinha sido deixada fora da escola, em algum lugar que não fazia ideia de onde era.

— Oi? – sua voz tremia

Ninguém respondeu. Arriscou um Olá, mas também não foi correspondida. Notou então que tinha sido deixada sozinha.

O breu foi sumindo aos poucos e sua visão clareou, não estava mais claro como antes, mas agora podia enxergar. Estava em um matagal perto da praça do centro da cidade, que ficava perto da escola. Levantou olhando para os lados e saiu devagar em direção a praça. A praça praticamente vazia, exceto por uma senhorinha sentada em um banco perto dos telefones.

— Olá, com licença, Boa Tarde, digo.. Noite. – Kiara ainda estava controlando seu nervosismo. – A senhora viu assim, escurecer de repente?

A senhora olhou para Kiara serena - Oi minha jovem, é parece que vai chover.

— É, estava parecendo que ia chover, e ficou tudo escuro, a senhora compreende o que quero dizer? – Arriscou Kiara

— Não

Kiara agradeceu e se distanciou. Demorou para aceitar o ocorrido, mas sabia que não tivera sido um sonho. Aceitar que existiam coisas sobrenaturais não era de sua personalidade, achava que eram apenas histórias para assustar crianças. Resolveu voltar na escola e se certificar do que tinha ocorrido. Quando avistou a escola longe, viu que todos já haviam se dispersados, havia um grande tumulto na frente da escola e algumas pessoas passando mal. A polícia já havia chegado e estavam colocando faixas para proibir a entrada de pessoas no estabelecimento. Kiara procurou por algum de seus amigos, viu Laura e Saori saindo aos prantos do portão escola. Duas ambulâncias chegaram logo depois.

Talita encontrou Kiara entre a multidão e contou que o Zelador tinha sido atacado e assasinado. Os policiais estavam fazendo a inspeção a procura de culpados e que algumas pessoas estavam sendo levadas à delegacia para prestar depoimentos. Talita prometeu que ia tentar ter acesso aos depoimentos e aos dados do caso.

Kiara foi para casa pensativa, não parava de pensar naquela mão ‘’humana’’ tapando sua boca. Alguma espécie sobre-humana muito poderosa coexistiam entre os humanos em Night End, disso agora ela tinha certeza.

                                              ✞

O quarto de hospedes da mansão que Kiara estava limpando estava muito empoeirado, se perguntou a quanto tempo não passavam por ali. Nem queria imaginar como estariam os outros, levaria um dia inteiro pra limpar apenas um. Se fosse cada dia limpar um, passaria um mês inteiro só limpando quartos, e quando chegasse no último todos os anteriores estariam sujos. Definitivamente não conseguiria fazer isso sozinha. Kiara tinha certeza que não era a única que trabalhava na Mansão, pois sempre que chegava a limpeza do salão e dos lugares que já tinha andado estavam impecáveis.

Tinha tentado sair para ‘’dar uma volta’’ na mansão a procura da adaga de Ryan, sabia que não iria lembrar das outras armas daquele livro estranho sem ter dado uma olhada mais minuciosa antes. Suas tentativas foram em vão, Nunzio estava lá fora sentado em uma cadeira na frente da porta lendo as noticiais diárias. Desde o dia que escutou a conversa escondida, Nunzio estava lhe vigiando.

Também não tinha esquecido de procurar algum acesso pros andares superiores, até onde lembrava não tinha passado por nenhum tipo de escada, ladeira ou qualquer coisa que pudesse ter acesso aos andares de cima. Kiara teve certeza que tinham compatimentos mais acima, quando colocou a cabeça na janela para ver se realmente tinham mais andares, e se certificou que tinham pelo menos mais dois ou três.

Inconformada de estar lá sem poder fazer absolutamente nada, teve um plano para sair sem que Nunzio notasse. Subiu na janela, encontrou um apoio do lado de fora do edifício e foi se esgueirando pela parede até a outra janela, sem olhar para baixo nenhum instante. O quarto ao lado estava em perfeito estado, limpo e organizado. Kiara ficou tentando adivinhar quantos empregados existiam na mansão, e se perguntou porque era a única que trabalhava durante a noite, já que sua manhã era livre também.

Kiara se esgueirou por mais duas janelas e entrou no quarto cômodo. Haviam sofás espalhados por todos os lados, poltronas e divãs, concluiu que era uma sala de estar. Acima da lareira havia um quadro de um homem esbelto de cabelos negros e com os mesmos olhos de Allan. ‘’O avô ou o pai de Allan, talvez algum tio’’ pensou Kiara enquanto saia da sala. Tentou ser mais silenciosa possível ao abrir a porta e sair de fininho.

Tirou os sapatos e levou-o nas mãos, enquanto andava pelos corredores. Algumas portas estavam trancadas, depois de vasculhar grande parte da mansão, concluiu que o acesso para os andares superiores estava em algum dos cômodos trancados. Desistiu da sua busca e voltou para a sala de onde tinha saído. Com medo de Nunzio ter notado sua falta, sentiu-se arrependida de ter saído.

Kiara fechou a porta com cuidado e se apressou para calçar os sapatos e se dirigir à janela. Primeiro passou a perna direita para depois passar a esquerda.

— O que está fazendo ? – perguntou Allan

Kiara soltou um grito agudo com o susto e se agarrou com todas as forças a cortina.

Allan estava sentado em um sofá, bem à vontade, com as pernas em um puff e com a mão direita apoiando o queixo. Sorriu silenciosamente e um abajur se acendeu no cômodo que estava escuro.

Kiara que ainda estava com seu coração a mil, desceu da janela com muita vergonha e ficou parada sem saber o que fazer.

— Sente-se – ordenou Allan, e Kiara o fez.

— Você sabe que suas chances não são muito altas se você cair desse andar, não sabe?

Kiara concordou com a cabeça enquanto mantinha o olhar fixo no tapete mal iluminado. Agora estava encrencada, não existiam desculpas para dar, por ter fugido de onde deveria estar.

— Conte-me, o que você viu hoje na escola, fiquei sabendo de um assassinato. – mudou de assunto.

Kiara se sentiu aliviada pela pergunta. Embora não fosse um assunto que queria falar, pois ainda tinham muitas dúvidas em sua cabeça, mas pelo menos poderia tentar distrair do que tinha acabado de acontecer. Contou que foi procurar um amigo que tinha passado mal e saído de repente da sala,  depois da escuridão e então mentiu o restante da história, não iria comentar que um bicho tinha arrastado ela até o lado de fora da escola, isso seria muito estranho.

— Que amigo é esse?

— Ryan, um novato que entrou esse ano, e nos tornamos amigos – respondeu Kiara sem entender o interesse de Allan.

— Ryan – Repetiu baixinho enquanto seus olhos se estreitavam e franzia o cenho.

Kiara ficou olhando fixamente para os olhos de Allan, que estavam olhando fixo através dela, sabia que estava com os pensamentos longes dali.

— Está liberada por hoje. - Allan se levantou em silêncio e saiu da sala.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, ainda tem muita coisa legal pra acontecer, Beijinhos, até a próxima.



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