Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 10
A Primeira Consulta


Notas iniciais do capítulo

Oi Cupcakes ♥! Desculpa não ter aparecido ontem, mas novamente estou presa nos trabalhos da faculdade, além dos meus dois empregos. Mas, acho que semana que vem a minha vida volta ao normal e eu consigo postar mais frequente.

Quero agradecer demais a Juliana Lorena, Renataafonso, Pequena Rosa, Aninha, Lari, Bruninha, Jade, Isabelle, kaialasilva, Olicity e Delena, FLAT, isabelsilva e Anapjf pelos comentários incríveis e pelos votos. A votação ainda está valendo nesse capítulo, mas muito em breve vocês vão saber o nome da bebê. Boa leitura..



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Capítulo IX – A Primeira Consulta

 

“Foi durante o abraço que minha ficha caiu. Na verdade, parecia que uma tela de proteção bem opaca havia sido retirada abruptamente dos meus olhos. Até que eu tinha resistido bastante a me permitir enxergar. Contudo, naquele momento, eu soube: estava apaixonada.”

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

Eu estava desesperado. Felicity e eu estávamos na sala de espera do consultório médico havia mais de quarenta minutos e não havia nenhuma previsão de quando a loira seria atendida. Para completar, cerca de cinco mulheres que estavam no mesmo ambiente que nós, não paravam de me encarar e cochichar entre elas. Eu me sentia um peixe fora d’água naquele lugar.

Felicity, ao meu lado, parecia tão ou até mais nervosa do que eu. As pernas tremiam ansiosas, as mãos batucavam sobre as laterais da cadeira e ela não conseguia fixar o olhar em nenhum momento. Durante o tempo de espera, a loira já havia lido pelo menos umas três revistas sobre gestação, olhado as notícias do dia umas duas vezes e verificado seu e-mail umas dez vezes.

Hesitante, pego em uma de suas mãos e a aperto, tanto transmitir alguma segurança. Felicity me encara surpresa e depois lança um sorriso nervoso. Aquele seria o primeiro exame que ela faria com o obstetra e descobriria tudo sobre a sua gestação. Talvez, aquele seria o momento em que sua ficha finalmente ia cair e ela aceitaria que estava mesmo grávida.

Até agora, os únicos que sabiam sobre sua gravidez eram Tommy e eu. Não concordávamos que ela escondesse a gestação de sua mãe e tio, mas não podíamos interferir, se essa era a decisão dela. Estava ficando cada vez mais difícil manter isso em secreto, tendo em vista que ela começou a ter mais enjoos e a ter repulsa a diversas coisas.

Eu havia perdido as contas de quantas vezes naquele mês ela já havia me feito trocar de perfume ou jogar minha comida fora, simplesmente porque não suportava o cheiro. Ela também estava um pouco mais inconstante que o normal. Se emocionava fácil e se irritava com coisas bobas, como quando a ponta do lápis que usava quebrou e ela até pensou em processar a empresa do material por não produzirem produtos mais resistentes.

A única coisa que não havia mudado era a sua personalidade mandona e atrapalhada. E isso me desesperava cada vez mais. Eu não podia tirar os olhos delas por um segundo sequer. A minha impressão era que ela e o bebê podiam se machucar a qualquer momento e a minha preocupação excessiva estava gerando grande burburinhos no jornal.

Além do fato de estar muito mais próximo de Felicity do que já estive de qualquer outra mulher, havia o fato de que desde que nos conhecemos, eu não havia ido mais a festas. Meus colegas de trabalham estavam comentando a todo momento sobre meu distanciamento da farra. Mas, por causa de todas as confusões que eu passava com Felicity durante o dia, a última coisa que eu pensava era em passar a madrugada na balada.

E surpreendentemente, eu não sentia falta. Desde o incidente no elevador – o que ocorreu há quase um mês atrás -, eu passava os finais de semana estudando sobre o mistério do assassinato de Charles Brandon ou indo a casa de Felicity para consertar alguma coisa que ela conseguiu quebrar sem querer. Eu realmente me preocupava com o fato dela ser tão desengonçada e morar sozinha.

— Eu acho que estou enlouquecendo com essa demora. – Sussurra Felicity, tirando-me de meus devaneios. Ela encarava a porta do consultório, quase implorando para que ela se abrisse mais uma vez. – Por quanto tempo nós ainda teremos que esperar?

— Fique calma. – Sussurro de volta e aperto sua mão mais uma vez. Ela estava soando. – Ei, olha para mim.

Hesitante, Felicity desvia o olhar e me encara preocupada. Seus olhos azuis brilhavam e demonstravam toda a insegurança que ela sentia. Naquele momento, ela parecia tão indefesa e frágil eu tive vontade de abraçá-la e dizer que estava tudo bem. Mas, ainda havia uma parte dentro de mim, que me impedia de agir com Felicity. Eu tinha medo de machucá-la, de fazer alguma bobagem e acabar fazendo o que faço de melhor, que é afastar as pessoas. E eu não queria afastar Felicity.

Eu estava ciente da corda bamba em que eu estava caminhando. Eu sentia dentro de mim, todos os meus instintos gritando para que eu me afastasse de Felicity. Mas, eu não conseguia. E estava ficando cada vez mais complicado, conforme ela se tornava tão dependente de mim. Eu não devia. Não poderia jamais me envolver com ela. Mas, por mais que meu lado racional me alertasse, meu coração continuava a se encantar por Felicity e a se atrair pela loira.

— Eu estou aqui. Está tudo bem. Eu não vou sair de perto de você. Eu realmente não sei como agir e estou tão ansioso e nervoso quanto você, mas você não está sozinha nessa, lembra? – Digo e vejo seus olhos brilharem ainda mais.

Um pequeno sorriso se forma em seus lábios e ela parece mais calma. Surpreendendo-me, ela entrelaça nossos dedos e encosta sua cabeça em meu ombro. Era a primeira vez que eu permitia que alguém invadisse o meu espaço e tivesse aquele contato tão íntimo comigo. Era a primeira vez que eu gostava de sentir alguém tão próxima assim de mim sem ser para o puro prazer carnal.

— Obrigada, Ollie. – Ela sussurra, fechando os olhos. Meu coração bate inquieto ao ouvir o apelido que somente minha mãe e Tommy me chamavam. Não consigo não sorri ao constatar que aquele nome saia muito mais bonito em sua voz. Era como uma linda melodia que acalmava e ao mesmo tempo agitava o meu coração. – Eu não sei o que seria de mim, agora, se não fosse você.

A porta do consultório é aberta, antes que eu tivesse a chance de responder Felicity. Uma paciente saiu e a médica apareceu com uma ficha na mão. Ela lê o nome e sorri para as mulheres que aguardavam ansiosas pela sua vez. Sinto o corpo de Felicity ficar tenso ao ouvir seu nome ser chamado pela primeira vez. Ela nem mesmo se moveu de tão assustava que estava.

— Felicity Smoak? – Chama a médica pela segunda vez e eu levanto a mão, apontando para a garota que apertava minha mão com ainda mais força. Sorrio sem graça para a médica que nos encarava confusa.

— Vamos, Felicity? É melhor acabarmos com esse sofrimento de uma vez por todas. – Peço suavemente. Ela respira fundo e balança a cabeça, concordando.

 - Por aqui, por favor. – Fala a médica, assim que levantamos da cadeira. Seguimos para a sala e assim que entramos, ela fechou a porta. – Sentem-se, por favor.

Sem demorar muito, nós nos sentamos lado a lado nas cadeiras de frente para a mesa da médica. Ela sorri gentil, provavelmente, notando o nosso nervosismo. Encaro a sala e vejo diversos quadros com imagens de alguns bebês e representações de fases da gestação na parede ao nosso lado. A médica digita algumas coisas em seu computador e depois se vira para nós.

— Olá, Felicity. Eu me chamo Beatriz Hills. Eu serei a sua médica pelos próximos meses. – Responde a médica, sorrindo simpática. Ela tinha o cabelo preto, preso em um rabo de cavalo. Os olhos castanhos eram gentis e as sardas em suas bochechas davam um ar amigável a mulher, que parecia não ter mais do que trinta anos. – Ele é seu marido? Namorado?

— Não. – Nega Felicity, soltando a minha mão. – Ele é apenas um amigo.

— Amigo? – Repete a médica, parecendo surpresa. – Confesso que é a primeira vez que vejo um homem vir ao meu consultório sem ter qualquer parentesco com a paciente.

— Tem algum problema eu ficar, doutora? – Pergunto preocupado e no mesmo instante, sinto a mão de Felicity agarrar a minha. Ela não me deixaria ir embora.

— Nenhum. Apenas fiquei surpresa. – Responde Beatriz, rindo sem graça. Ela então limpa a garganta e volta sua atenção para Felicity. – Eu vou precisar fazer algumas perguntas apenas para saber do histórico da sua família e se poderemos ter algum problema. Depois nós faremos os exames, está bem?

— Claro. – Concorda Felicity, parecendo mais aliviada de que eu não sairia. No entanto, ao contrário do que eu pensei, ela permaneceu com a mão firme sobre a minha.

E então a médica começou a fazer diversas perguntas a Felicity e eu me sentia cada vez mais deslocado. Ouvir sua colega de trabalho contar sobre a última relação sexual dela e a última vez que a menstruação veio não era exatamente a coisa mais agradável a se fazer em uma sexta-feira de manhã. Na verdade, não era agradável em nenhum dia da semana. Agora eu entendia o porquê de Tommy voltar sempre desconfortável para o jornal quando acompanhava a irmã em suas consultas mensais.

Depois daquela sessão de desconforto puro com as perguntas um pouco íntimas demais para que eu quisesse ouvir, a médica pediu para que Felicity fosse trocar de roupa. E o meu suspiro de alívio se prendeu em minha garganta. A loira também parecia incomodada com aquele pedido e eu realmente não sabia o que deveria fazer. A roupa que a médica havia mostrado não era exatamente a mais casta do mundo e eu sabia da dificuldade de Felicity em expor o corpo.

— Eu vou te esperar lá fora. – Aviso, preocupado que ela se sentisse mal por me ter por perto para realizar os exames.

— Não! Não vai embora! – Implora a garota, parecendo assustada com a possibilidade de ficar sozinha com a médica.

— Mas Felicity, não acho que você vai ficar à vontade comigo aqui. – Respondo, envergonhado. A médica nos encarava com um sorriso divertido e parecia achar adorável a forma como estávamos agindo. – E eu não vou embora. Vou te esperar do lado de fora do consultório. Qualquer coisa, você pode me chamar.

— Não vai. – Pede mais uma vez, dessa vez com o tom de voz mais baixo e o rosto vermelho. – Apenas não olhe para mim, enquanto eu estiver fazendo o exame e eu ficarei bem.

— Isso não faz o menor sentido. – Afirmo, mas suspiro ao ver o olhar desesperado de Felicity, implorando para que eu não saísse. Suspiro e me dou por vencido. – Tudo bem.

— Obrigada. – Agradece Felicity, sorrindo aliviada. No entanto, ela permanece no mesmo lugar e somente nesse momento percebo em seus olhos que ela ainda se sentia desconfiada. Sento na cadeira mais uma vez e ela finalmente vai ao banheiro do consultório para se trocar.

— Vocês realmente fazem um belo casal. – Comenta a médica, rindo discretamente.

— Não somos um casal. – Respondo, rindo sem graça.

— Mas ela parece gostar muito de você. Nunca vi nenhuma das minhas pacientes trazendo um amigo e implorando para que ele ficasse no consultório, enquanto fazemos os exames. Você realmente não é o pai do bebê? – Pergunta Beatriz, curiosa.

— Não. Eu a conheço há um pouco mais de um mês. – Nego, balançando a cabeça. Minha resposta parece deixar a médica ainda mais surpresa.

— Um mês? – Repete a mulher, sem esconder o quanto havia se surpreendido. – E ela já confia tanto assim em você?

— Na verdade, muitas coisas aconteceram e nós nos tornamos muito próximos. – Essa era a única resposta que eu poderia dar.

Eu entendia o motivo da médica está tão surpresa. Em seu lugar, eu provavelmente teria agido pior. Mas, não havia explicações. Era como se Felicity e eu estivéssemos ligados e uma força além de nossa compreensão nos fazia ficar tão perto e confiar tanto um no outro. Nem mesmo eu conseguia entender o que acontecia com nós dois. Eu não era o pai do bebê, nem o namorado de Felicity e nos conhecíamos há pouco tempo. Então, por que eu estava tão próximo dela a ponto de até mesmo estar com ela em sua consulta com a obstetra?

— Entendo. – Sussurra a médica, mas estava nítido que ela não entendia nada e só havia dito aquilo para não deixar o clima tão pesado.

— Eu estou saindo. – Avisa Felicity e a médica se levanta. No mesmo instante, encolho-me na cadeira e encaro as minhas mãos, incomodado.

Não era somente a situação que estava me deixando confuso. Eu já não parecia mais comigo mesmo. Essa minha mudança sem sentido estava começando a me deixar assustado. Tudo bem que eu ia mais para festas pela influência de Tommy do que por vontade própria, mas eu estava a mais de um mês sem transar. Eu também havia me tornado amigo de uma mulher complicada e estava gostando disso. Eu estava em um maldito consultório médico, participando de uma consulta de uma amiga com uma obstetra. Isso fazia algum sentido?

Também havia o fato de que Felicity fazia meu coração bater acelerado e eu arriscar minha vida apenas para protegê-la. E o pior é que eu não estava exagerando. A prova disso foi correr atrás de um cara que poderia estar armado, ter me jogado em cima dela, apenas para garantir que ela não receberia o impacto de uma cristaleira e quase fui atropelado diversas vezes. E o pior de tudo é que eu não faria nada diferente se tivesse a oportunidade.

 - Ollie... – Sussurra Felicity e mais uma vez eu preciso me controlar para não demonstrar que eu me sentia afetado ao ouvi-la me chamar daquela forma. O que há de errado comigo?

— Sim? – Respondo, sem me atrever a virar meu rosto. Eu não queria que ela se sentisse desconfortável.

— Você pode vir aqui? – Murmura a loira, timidamente. Vejo pelo canto do olho, Beatriz me lançar um olhar malicioso, mas ignoro. Estava surpreso demais com o pedido.

— Você tem certeza disso? – Pergunto, remexendo-me ansioso na cadeira.

— Sim. – Responde baixo, quase como um suspiro.

Com hesitação, levanto-me da cadeira e me viro para Felicity. Ela estava deitada na maca e com o vestido levantado. A parte de baixo estava coberta por um pano azul, que provavelmente havia sido colocado por Beatriz. Lentamente, aproximo-me de Felicity, ainda duvidando que ela me quisesse por perto. No entanto, quando ela me estendeu sua mão, eu me apressei a segurá-la.

— Nós agora iremos ver o bebê. – Avisa a médica, apagando a luz. Ela passa um pouco de gel em um aparelho que imaginei que seria usado para ver a criança. Felicity aperta minha mão com ainda mais força e treme levemente. Ela estava com medo do que ia acontecer. – Vamos lá?

Sem esperar que Felicity respondesse, Beatriz coloca o aparelho sobre a barriga de Felicity e espalha. Evito olhar para cena, tentando dar um pouco de privacidade a loira e com medo que minha mente doente e fora de controle pudesse ter algum pensamento impuro. Encaro o rosto de Felicity, que correspondia o olhar com insegurança. Ainda que tudo estivesse escuro, eu conseguia ver perfeitamente o brilho de incerteza e medo em seus olhos.

— Como eu disse antes, Felicity, pelos seus exames de sangue que você trouxe, está na décima terceira semana de gestação. – Olho confuso para Felicity e ela ri.

— Três meses e uma semana. – Sussurra para mim, parecendo relaxar um pouco com o meu momento de idiota que fica confuso com essa história de semanas.

— Vamos dá uma olhada nesse bebezinho. – Comenta Beatriz, atenta ao monitor que estava a sua frente. Eu não tinha muita certeza do que estava acontecendo, tudo era escuro e cinza demais, mas eu estava começando a ficar ainda mais ansioso para saber mais do bebê. – Veja. Esse aqui é o seu bebê! – Beatriz aponta para uma parte escura na tela e sorri para Felicity, que parecia emocionada com o que via. Presto mais atenção na imagem e finalmente consigo enxergar os traços de um bebê.  

— Ollie... É... É o bebê... O meu bebê... – Sussurra Felicity, parecendo segurar algumas lágrimas. Eu entendia aquela emoção. Eu também estava bastante mexido com a imagem daquele ser tão pequeno se mexendo.

— Isso é incrível!  – Sussurro de volta, sorrindo para Felicity, que balança a cabeça, concordando.

— Aqui estão as mãozinhas e os pezinhos. – Beatriz mostra, pacientemente. – Todos com cinco dedinhos cada.

— E eu já consigo saber o sexo, doutora? – Pergunta Felicity, ansiosa.

— O bebê está de pernas cruzadas, então não posso te dar nenhuma certeza. – Conta a mulher, sorrindo gentil. Ela nos encara com simpatia. – Mas se quiser, posso dar o meu palpite.

— Claro! – Concorda Felicity, animada com a ideia. Eu estava feliz que ela estava aceitando tão bem aquela ideia. Nossas mãos continuavam entrelaçadas e eu sentia toda a sua expectativa diante do olhar misterioso de Beatriz.

— Pela minha experiência, eu diria que é uma menina. Mas, como eu disse, não há nenhuma certeza, visto que esse bebezinho está tão tímido quanto a mãe e não quis me mostrar nada. – Brinca a mulher e eu tive que ri, ainda emocionado. Felicity faz o mesmo e aperta ainda mais nossas mãos. Nós nos encaramos, sorrindo.

— Uma menina. – Ela sussurra para mim, radiante.

— Espero que não seja tão desastrada e teimosa quanto a mãe ou nós teremos muitas dores de cabeça quando ela crescer. – Comento e logo me arrependo de me incluir em seu futuro. Não que eu não quisesse estar em seu futuro, mas tinha medo de Felicity não me querer.

— Sim. Nós teremos grandes problemas. Ainda mais se ela começar a te usar como alvo. – Responde sorrindo com doçura e os olhos brilhando como diamantes e meu peito se enche de uma alegria que até então eu não conhecia. Por que eu estava tão feliz e tão sensível a isso?

— Vamos ouvir o coração? – Fala Beatriz, atraindo nossa atenção mais uma vez.

Ansiosos, observamos Beatriz apertar em um dos seus botões da mesa estranha que havia abaixo do monitor onde aparecia as imagens do bebê. De repente o forte som do “tu-tu, tu-tu” me pega desprevenido. No mesmo instante, as lágrimas que Felicity estava segurando começam a cair. Eu me sentia encantado. Era intenso e rápido. Era a mais linda das melodias. E sem que eu percebesse, era eu quem estava deixando algumas lágrimas discretas caírem.

Eu não entendia o porquê, mas era emocionante. Está compartilhando aquele momento com Felicity era inexplicável. E eu já não me sentia mais envergonhado, deslocado. Eu estava ali e estava feliz por ter ouvido aquele coração tão pequeno, mas tão vigoroso. E aquele som só me fez ter vontade de proteger aquele bebê ainda mais. Era como se eu tivesse voltado no passado e estava revivendo a mesma emoção e alegria que senti ao ouvir o coração de minha irmã bater.

— Lindo, não é? – Comenta Beatriz, sorrindo animada. – Essa, sem dúvida, é a minha parte favorita do exame.

— É tão forte. – Sussurra Felicity, enquanto as lágrimas desciam intensamente pelo seu rosto. Levo minha mão ao rosto e limpo as minhas. – Ollie, eu estou grávida.

— Sim. Você está. – Digo, rindo e ela me acompanha. Limpo as lágrimas que manchavam seu rosto e bagunço seu cabelo. – Parabéns, mamãe.

— Bom, é isso. – Fala Beatriz, desligando o som. Ela então liga a luz e sorri para nós. – Está tudo bem com a criança. Eu vou apenas pedir para que faça mais alguns exames e tome algumas vitaminas, como eu havia te dito antes. No geral, vocês estão ótimos!

— É um alivio ouvir isso, doutora. – Afirmo e vejo Felicity bufar, provavelmente entendendo o que eu queria dizer com aquilo. – Ela é tão desastrada e desengonçada que eu não posso tirar os olhos dela, que Felicity já está tropeçando, quebrando alguma coisa ou me fazendo de saco de pancadas.

— Cala a boca, Oliver! – Felicity me repreende, batendo em minha barriga. Beatriz e eu rimos de sua reação.

— Você já pode ir se trocar, Felicity. A sua ecografia já está sendo impressa. – Avisa Beatriz, levantando-se cadeira ao lado da maca que Felicity estava.

E novamente me lembro do problema de exposição de Felicity. Dou um sorriso sem graça e solto sua mão. Eu vou até a minha cadeira de frente da mesa da médica e volto a mesma posição que eu estava antes. Ouço Felicity se remexer e não demora muito para que ela se levantasse e fosse para o banheiro. Beatriz não demora muito a aparecer com os exames de Felicity. Ela preenche uma receita, onde carimba e a estende para mim junto com a ecografia que ela havia feito.

Novamente me sinto incomodado. Beatriz me encarava intrigada e com um sorriso discreto em seu rosto, com aquele ar de quem sabia de toda a verdade. Nós estávamos em silêncio e só era possível ouvir o som de Felicity se trocando no banheiro. Como sempre, ela se batia e esbarrava em alguma coisa. Não consigo evitar ri ao pensar em como ela conseguia ser a pessoa mais desastrada que eu conhecia.

— Você gosta dela. – Comenta Beatriz e eu tenho certeza que meus olhos dobraram de tamanho.

— O quê? Está louca? De onde tirou isso? – Pergunto, rindo nervoso.

— Está escrito na sua testa. – Responde a mulher, dando de ombros.

— Eu não gosto dela desse jeito. – Afirmo, mas nem mesmo eu conseguia acreditar em mim.

— Por que está agindo como um adolescente diante disso? Por acaso é a primeira vez que se apaixona? – Ao ver a minha falta de resposta, Beatriz ri e arregala os olhos, incrédula. – É sério? Você realmente nunca se apaixonou? Uau! Felicity é uma garota de sorte.

Prefiro permanecer em silêncio. Eu nem mesmo conseguia encarar a médica, sem me sentir o cara mais idiota desse mundo. Para a minha sorte, Felicity não demorou mais para sair, totalmente aleia ao que acontecia comigo. Ela se aproxima de mim, com um lindo sorriso no rosto e se senta ao meu lado. Eu realmente estava gostando de Felicity? Eu realmente estou apaixonado por ela?

— Eu já entreguei a Oliver os exames, o pedido médico para você fazer mais alguns e me trazer na próxima consulta e alguns remédios que você deve tomar. – Responde a médica, sorrindo gentil para Felicity. – E é isso por hoje. Nos vemos no próximo mês.

— Tudo bem. – Concorda Felicity, correspondendo ao sorriso. – Até mês que vem, doutora Beatriz.

— Podem me chamar de Bia. Já que vamos nos ver muito daqui para frente, pensem em mim como uma amiga. – Fala a mulher e vejo o sorriso de Felicity se alargar ainda mais.

— Certo. Então até mês que vem, Bia. – Despede-se Felicity, com um leve aceno e o mesmo sorriso animado de antes.

— Até mais, Bia. – Digo, evitando olhar para a médica, que ri e me lança um olhar malicioso e divertido.

E assim que deixamos o consultório e Felicity marcou a próxima consulta, voltamos para o meu carro e seguimos para a Arrow News. Nós tínhamos um dia bastante agitado pela frente e, se tudo desse certo, uma grande matéria ia surgir para que fossemos cobrir. Ainda mais agora que Felicity parecia tão animada e tagarelava sobre o quanto havia fico emocionada com aquele exame ou como havia amado a Bia.

Eu sorria e observava sua animação pelo canto do olho, sem nunca deixar de prestar atenção na pista. Mas era tranquilizador ver que ela estava lidando bem com a notícia, algo que achei que não fosse acontecer tão cedo. Felicity estava radiante e nunca me pareceu tão bonita como naquele momento. Era incrível a forma como ela sorria, enquanto falava e ficava tentando colocar a franja para trás da orelha.

— Obrigada por ter me acompanhado, Ollie. – Agradece Felicity, sorrindo timidamente. Sem conseguir evitar meu impulso, coloco minha mão sobre a dela que pousava sobre seu colo e a aperto. E como ocorreu mais cedo, ela entrelaçou nossos dedos e sorriu com doçura. – Você é realmente um milagre para mim.

— Obrigado por ter me chamado para vir. Foi a experiência mais bonita e emocionante que eu já vivi. – Respondo com sinceridade, fazendo o sorriso de Felicity se alargar.

E assim seguimos em direção ao prédio do jornal. Eu nunca havia ficado tão grato por meu carro ser câmbio automático como naquele momento, pois foi por causa disso que conseguimos ir o restante do trajeto de mãos dadas, sem nos importarmos com o trânsito caótico de Star City e o céu nublado sobre a cidade, anunciando que em breve uma tempestade iria cair.

Depois de muito tempo, eu finalmente consegui estacionar meu carro na garagem do prédio. Solto a mão de Felicity e pego nossas coisas que estavam no banco de trás. Estendo a bolsa de Felicity a ela e coloco a minha em meu ombro. No entanto, antes que saísse do veículo, meu celular tocou. Mais uma vez, era um número desconhecido. Cauteloso, atendo a ligação, coloco para gravar a ligação que estava sendo realizada.

— Alô. – Atendo e ouço uma leve gargalhada vinda do outro lado da linha.

Oliver Queen! Sentiu minha falta? — Perguntou Bruce e eu bufei, irritado.

—  O que você quer, Bruce? – Questiono, indo direto ao ponto. Felicity me encarava ansiosa, querendo saber o que o homem falava.

Você é tão estraga prazeres. – Conta o homem em falso tom de decepção. – Eu só estou ligando para te falar sobre a sua nova matéria.

Ao ouvir suas palavras, eu me coloco em alerta. Aquele não era um bom sinal. Como havia prometido, Bruce voltara a agir. Eu estava nervoso e continuava sem saber quem era aquele homem que conversava comigo do outro lado da linha. Se ele está perto de mim, por quê, por mais que eu tentasse, não conseguia reconhecer a voz de Bruce?

Vá para o Edifício Leon que fica no centro da cidade. Você terá uma surpresa e tanta. – Conta Bruce, parecendo animado.

— Edifício Leon? – Repito, tentando lembrar de onde eu conhecia aquele nome. Era muito familiar e eu sentia que já tinha estado nele, mas há muitos anos atrás.

Isso mesmo! – Concorda o homem com um tom de voz perigoso. – Nós nos vemos em breve, Revilo.

E Bruce desligou. Revilo. Aquele nome me era tão familiar quanto o nome do prédio onde eu deveria seguir. Jogo meu celular para Felicity, que o pega confusa e me encara. Sem tempo para explicações, coloco o cinto e saio do estacionamento, indo para o centro da cidade. Eu não sabia o que esperar, mas algo me dizia que aquele caso seria ainda mais cruel que o de Charles Brandon.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Capítulo super fofo de Olicity e baby para deixar vocês mais calmas. Próximo capítulo teremos mais foco no caso e no assassino. E a votação ainda está valendo, então continue dando a sua opinião, meus amores. Escolham entre os três nomes abaixo para ser o nome da filha da Felicity.

A) Olivia
B) Thea
C) Amanda

Espero que tenham gostado e espero vocês amanhã ou no máximo, até depois de amanhã. E se você ainda não faz parte dos meus grupos de leitores, participe! Os links estão logo abaixo. Beijocas ♥.

Cupcakes da Lara: https://www.facebook.com/groups/677328449023646
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