Disney Is a Evil Thing escrita por msnagy


Capítulo 2
Meeting the princesses




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  Blake andou por todos os cômodos da casa. Nenhum sinal de algo suspeito. Sabia que tinha algo errado, mesmo assim. Christina e Justin eram um casal exemplo. Nada justificava ele ter matado a esposa e ter se matado. Soube do ocorrido quando chegou ao convento. Melinda, a noviça, recebeu o telefonema do xerife, pedindo para que as irmãs tomassem as providências para o velório. Seu faro imediatamente sugeriu para ela ir atrás daquela história. Não era o primeiro assassinato/suicídio bizarro. Tudo havia começado de uns três meses para cá.

   Por isso ela tinha usado a cartada final: correr para os Winchesters. Em cada morte, naquelas ocasiões, procurou por todos os indícios sobrenaturais. Não hesitou em pesquisar. Continuou sem respostas. Só continuava seguindo seu instinto de caçadora porque as pessoas envolvidas naquelas bizarrices eram pessoas com as almas mais puras que ela tinha conhecido. Humildes, generosas, amorosas, ligadas a comunidade, muitas descendentes dos primeiros moradores da cidade. Os padrões da “coisa” estavam montados, bem claros na sua cabeça. O seu problema estava em determinar o que era. Quem sabe alguém com mais experiência poderia resolver aquele enigma.

   Agora com todo o pessoal da pericia fora da casa, o leve atraso do legista e a carta branca do xerife – em cidades do interior, figuras ligadas a religião tem lá seu status- ela subiu até o quarto para verificar. O quarto estava parecido com um campo de batalha. Provavelmente eles tinham brigado feio. Christina estava encostada na parede, cabisbaixa, onde se via o rastro de sangue. Justin caído sobre a cama, a pistola mole em sua mão direita. Lutou para não ver a poça de sangue manchando o lençol imaculadamente branco.

   Percorreu o quarto, tomando o maior cuidado para não modificar as coisas e tomar bronca depois. Nada físico que explicasse aquilo. Passou rapidamente pelos outros cômodos do andar superior. A casa era normal, aos seus olhos. Nenhum dos seus equipamentos estava em mãos para que ela pudesse fazer uma melhor análise. Desceu a escada, dando de frente com os retratos. Tudo naquela casa apontava uma família feliz.

   Um dos policiais entrou, um novato. Parecia nervoso. – Irmã Henderson?! – Blake revirou os olhos. Anos que tinha largado o hábito e as pessoas ainda a vinculavam à imagem de freira. Não tinha mais jeito. – Sim, - olhou a identificação – Parsons. – O rapaz parecia relutante em olha-lá nos olhos. – Tem dois forasteiros lá fora procurando a senhorita. – Blake deu um beijo no rosto do oficial. – Obrigada, Parsons. – O rapaz ficou ali parado, com a mão na bochecha. Estava abençoado pro resto de sua vida!

   Blake não demorou de avistar os rapazes barrados e o xerife de braços cruzados, de costas para aonde ela estava. A cara de Dean, enquanto tentava parecer convincente era impagável. Andou até os três, pegando um fio da conversa. – Rapaz, eu já chutava as bolas de espertinhos como você para fora dessa cidade quando você andava de fraldas e chupava dedo!- Blake riu, chamando a atenção do xerife. – Perdão, irmã, por ter usado palavras inadequadas... – Blake o cortou. Não suportava aquele tipo de tratamento. – Eles estão dando muito trabalho, xerife? – Os olhos do homem fuzilaram Dean. – Espertinhos, querendo que eu acredite que a senhorita tem algo a ver com eles. – Blake deu um tapinha no ombro do xerife. – É, eles estão comigo. – o xerife se aproximou de Dean. – Filho, é bom que você se comporte com a Blake. Ou vocês  vão me ter na cola de vocês para sempre. – E se retirou. Dean teve que segurar seus impulsos e não fazer o famoso “L” na testa. Não era a primeira vez que era tratado daquela maneira adorável.

~*~

   Levantou de sua cama, se sentindo melhor do que nunca. O sol ardia forte e vibrante, o canto dos pássaros era animador. Tomou o banho mais demorado que pôde. O mesmo ritual de um mês atrás. Era a sensação mais incrível que se pode sentir, a vingança. Em cada pequena manifestação da natureza sabia que eram seus ancestrais, gratos por estar limpando a família de maneira brilhante.

   Sorveu a última gota de seu café. Ia sair a pé hoje. O carro podia descansar enquanto pudesse caminhar ao ar livre e ver o show armado. O show que tinha começado, que era seu! O certo seria ter acabado com qualquer possibilidade do sangue dos Applegate existir na face da Terra. Poupou as garotas porque ver seus amados pais mortos era punição o suficiente.

   O ar puro da cidade invadiu seus pulmões. Da sua porta conseguia ver os policiais , os curiosos e a mídia local. Era bom saber que tinha platéia e essa platéia mal imaginava que a o ser criador  de tudo aquilo estava bem entre eles. Tolos, como sempre foram.

~*~

   Sam e Dean nunca antes tiveram uma entrada tão fácil em uma possível cena de algo paranormal que envolvesse morte. Nada de disfarces, identificações falsas e invasões. Estavam ali simplesmente como Dean e Sam, caçadores de coisas do mal. Blake os levou direto para o quarto, onde o pessoal do necrotério estava retirando o corpo. Cumprimentaram Blake. Dean ainda tentava se acostumar com toda a facilidade. Sam estava no outro terço do quarto onde o corpo de Christina estava anteriormente. Blake mexia cuidadosamente na parte próxima a penteadeira. Dean olhou bem na hora em que ela estava toda empinada sobre o grande espelho. Era demais pedir que se concentrasse no serviço com uma distração daquela.

   Blake suspirou, um pouco frustrada- Só peço que tenham cuidado para não mexer demais nas coisas. O xerife me mata. – Dean olhou para ela. Não precisava falar duas vezes. O xerife precisava seriamente de umas garrafas de cerveja e... Dean percebeu que Sam estava concentrado no seu canto. Seguiu-a até o banheiro. Encostou-se na porta, não economizando na pose sensual. – Então, noite passada...- Blake pareceu nem perceber que ele estava lá. – Foi divertida. – disse simplesmente. Dean deu um sorrisinho. – Só? – Blake virou-se de frente para ele. – Claro. Você e o Sam são maravilhosos “alegrinhos”. – Blake riu saindo do banheiro. Dean precisava virar aquele jogo e rápido. Só precisava achar uma brecha mais persuasiva.

   Sam andou até Blake. – É, aqui não tem nada demais. – havia tirado o EMF de dentro do bolso. – Você vê algum padrão nisso tudo? – Blake respirou fundo. – São os terceiros descendentes de morados muito antigos. – fechou os olhos. –  As pessoas andam menos pacientes. Outro dia duas senhoras de idade quase saíram rolando no chão por causa de bolacha. Por isso eu tenho certeza de que algo estranho na cidade. Eu vou deixar vocês sozinhos. A casa toda está livre para vocês. Vou conversar com as garotas na delegacia. – Nunca tiveram condições tão boas. Fazer amizade com os religiosos passou a ser uma boa idéia.

~*~

   Bethany ainda estava em seu pijama e com o ursinho de pelúcia nos braços. Autumn estava aos prantos na sala a frente. Queria muito estar com ela, acariciando seus cabelos castanhos, confortando-a. Sabia o que tinha acontecido com seus pais, na verdade, ninguém tinha lhe explicado direito. Mas ela viu os corpos nas macas e Autumn contou o fato principal assim que entrou no seu quarto. Bethany não estava preocupada, pois sabia que seus pais iriam para o céu e que ficariam bem, cuidando delas lá de cima.

   A moça que todo mundo chamava de freira entrou na delegacia. Bethany gostava dela. Estava sempre sorrindo e passava para brincar com ela, às vezes. Sentia-se bem na presença dela. Autumn tinha uma verdadeira adoração pela moça. Ninguém mais agüentava ouvir falar de Blake em casa. Esta passou pela frente de sua sala e acenou, com aquele sorriso iluminador. Bethany decidiu que ia fazer um desenho para entregar a ela.

   Blake sentiu os braços agarrarem nela, apertando com toda a força. Colou a garota em seu corpo. Sabia que ela precisava conversar com alguém e nenhum daqueles oficiais da lei estava apto a dar suporte a uma adolescente de 15 anos. – Você quer me contar o que aconteceu? – Autumn levantou o rosto, limpando as lágrimas. – Eu... acordei...e achei...a casa parada demais. – Blake sentiu que ela estava se segurando. – Geralmente... Minha mãe já está acordada... – os olhos marejados. – Então... eu entrei no quarto...e achei os dois. – A última frase saiu como um desabafo. Blake abraçou-a mais uma vez. Ela não precisava de questionamentos, só de um pouco de carinho.

   Autumn a admirava por dois simples motivos, para começar: era forte fisicamente e muito irreverente. Autumn tinha em Blake alguém em que se espelhar, uma mulher dona de sua própria vida. Conversavam muito quando Blake arranjava um tempo. Se sentia mais a vontade com ela do que com as garotas de sua idade. Era vital para ela a força de Blake nesse momento. – Autumn, desculpa perguntar isso nesse instante. Você notou alguma coisa estranha com seus pais ou na casa nos últimos dias?-  Autumn parou para pensar. Tirando a gritaria da noite passada, nada. – Não. Tudo estava como sempre foi. – Blake inspirou fundo. - Algo de incomum nas redondezas? – Autumn estranhou  a pergunta, no entanto sua  confiança em Blake era maior. – Tirando os surtos de estresse repentinos dos vizinhos? Não.- Aqueles surtos com certeza era o efeito colateral. Do quê era a questão.

   Os olhos de Autumn visualizaram dois rapazes no corredor. O mais alto apontava para Blake, como se quisesse falar com ela. Precisava aprender com a ex -freira como conseguir caras como aquele. – Ahn... Blake?!- Blake acordou de seus pensamentos, ainda com o rosto sério. – Sim...- Achou que a garota iria revelar algo que desse mais pistas. - Acho que o bonitinho ali quer falar com você. – Blake se virou e se deparou com Sam e seu sorriso fofo.

   Dean estava hipnotizado pela garotinha de no máximo oito anos que estava na outra sala. Estava ali, na sua pureza e ingenuidade de criança, se distraindo com apenas folhas de sulfite branco e uma caixa de giz de cera.  Se tinha uma coisa que ele odiava mais que as coisas malignas, eram coisas malignas que conseguiam destruir famílias de crianças como aquela, que não tinham maldade nenhuma sobre o mundo em que viviam.


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