Everything Sucks? escrita por Andreza Cullen


Capítulo 2
Roll to me


Notas iniciais do capítulo

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=SylG5Owu4xU



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O hambúrguer que antes já não me parecia muito convidativo, agora me deixava com o estomago embrulhado. Fiquei apenas encarando o nada por um tempo e infelizmente o que Tyler disse não me deixava em paz. Mas que droga de consciência!

Talvez eu estivesse mesmo sendo egocêntrica. Caramba, ontem fez mais um ano em que a Kate estava sem a sua mãe, e mesmo assim ela não saiu chutando tudo, mesmo assim ela parecia calma, embora eu duvide que ela estivesse. Acho que eu estava devendo desculpas a alguém.

Tudo estava tão junto, lutando por algum espaço no meu pensamento. Eu queria chorar, chorar até não lembrar mais o porquê eu estava chorando, e lá estava a senhorita perfeição com suas boas notas, suas roupas sempre bem passadas, seu pai mostrando o quanto ama ela e o maldito do Luke que parecia cola. Mas ela não merecia o que eu estava fazendo, não era justo. Obrigada esquisito do Tyler.

Só percebi que estava tarde quando sai da lanchonete e não havia mais ninguém nos corredores, as luzes dos quartos estavam apagadas. Talvez meu devaneio tenha sido mais demorado do que eu pensei.

Entrei no quarto e Kate estava ouvindo alguma coisa no seu WalkTalk no canto oposto do meu, em uma metade da cama. Ela percebeu minha entrada mas resolveu voltar sua atenção ao seu caderno. Nerd.

Fui me trocar e encarar minha maquiagem que levaria um bom tempo para estar longe do meu rosto. Eu deveria começar a pensar nessa parte antes de usar batom preto e essas coisas.

Encarei o espelho enquanto passava um óleo em um pano e removia tudo, encarei ele com a desculpa de conseguir enxergar Kate. Ela continuava focada no caderno, mas não me parecia lendo, quer dizer, ela não mudou de pagina desde quando eu comecei a tirar a sombra.

Ela levantou a cabeça e eu desviei o olhar, torcendo para ela não ter me pego no flagra.

— Emaline – voltei meu olhar pelo espelho para ela – eu sei que você não deve estar querendo falar disso, mas eu sinto muito pelo Oliver. Sabe, ele não te merece.

Não disse nada quanto eu terminada de tirar o batom. Algo naquela frase fez eu me sentir mais culpada ainda pelo jeito que venho tratando ela, e eu nem sei o porquê! Caminhei ate a outra metade da cama e me sentei. Eu não deveria me sentir... menos desconfortável, mas eu me sentia. Essa garota me deixava frustrada, eu nunca sei porquê faço as coisas que faço perto dela.

— Sabe como eu descobri que ele tinha vazado? – ela apenas me encarou, esperando que eu continuasse – A mãe dele me ligou me pergunto se eu sabia onde ele estava – olhei para cima e soltei um riso sem graça.

— Bom, ele é um idiota.

— E sabe, eu sempre fui “a namorada do Oliver”... Agora eu nem sei quem eu sou.

— Você é Emaline – voltei a olhar para ela – e alias, você sempre foi melhor atriz do que ele mesmo.

Não agüentei e ri, e Kate também. Faziam umas boas semanas que eu não ria a não ser em cena, aquilo era bom. Rir era bom, e rir com Kate era melhor e a questão era por quê?!

— Você tem razão, eu sempre fui mesmo.

Continuamos rindo por mais alguns momentos, até aquela culpa atrapalhar toda aquela situação. Não dava para enrolar mais, devia desculpas a ela.

— Por que está sendo tão legal comigo? Quer dizer, não fui muito legal com você.

O melhor jeito de fazer isso era admitindo o quão babaca eu estava sendo. Ela pareceu ponderar sobre alguns segundos, e uma linha se formou na sua testa.

— Tem razão, por que tem sido tão babaca comigo?

Boa pergunta Kate, por quê? Bom, EU NÃO SEI!

Abri e fechei a boca algumas vezes. Eu sabia o porquê eu tinha birra dela, mas não sabia o motivo de estava agindo assim.

— É que você é sempre tão... Você. Quer dizer, nunca faz esforços para ser quem você é ou para agradar alguém. Você é tão descolada e nem faz nada pra ser. É tão irritante! – falei enquanto revirava os olhos, mas lhe lancei um sorriso para que ela entendesse que eu não estava pegando no pé dela.

— Eu não sou descolada! – falou quanto soltava uma risada baixa.

Me deitei na cama, e ela imitou meu gesto. Ficamos lado a lado nos encarando.

— Ah, você é sim!

— Lógico que não!

— Eu tenho certeza que sim.

O sorriso dela sumiu e surgiu uma pitada de preocupação em mim. Seria agora que ela jogaria na minha cara todos os meus momentos “Emaline”? Bom, eu no seu lugar eu com certeza faria, e caso ela fizesse eu nem poderia pensar e falar algo, afinal nada teria sido mentira.

Seus olhos encontraram o meu e sua voz saiu baixa.

— Eu te acho perfeita.

Aquilo me pegou de surpresa. Era óbvio que ela reparava em mim, mas quem não reparava? Vamos dizer que eu não era a mais convencional das pessoas, mas disso a me achar perfeita. Sabe, meus seios são grandes demais, não sou a mais alta das garotas... E ainda me achar perfeita depois de tudo o que eu fiz pra ela?

Abri e fechei a boca algumas vezes sem ter o que dizer. Algo dentro de mim me fez achar a boca dela convidativa, eu não era a pessoa mais racional naquele momento. Encarei seus labios e voltei para os olhos dela, percebi que ela imitou meu gesto. Aquilo só poderia ser uma deixa e, que deus me acuda, mas eu estava prestes a fazer a maior loucura da minha vida.

Me levantei um pouco ficando em cima do meu cotoveto e ela colocou uma das minhas mechas teimosas que estavam ali para atrapalhar atrás da minha orelha. Não sei mais explicar o que eu senti, era um turbilhão de tudo e um enchorrada de nadas. Me aproximei mais e rezei, rezei para o pingo de consciência que eu ainda pensava ter, pensava. Quando dei por mim, nossos labios já estavam quase se tocando.

Como eu queria isso, como naquele momento aquilo era muito importante. Nada podia acabar com essa coisa maravilhosamente louca que eu estava sentindo.

Estava tão perto

Tão perto

— QUE NOJO!

Demos um pulo e nos afastamos como se tivéssemos sido pegar ocultando um cadáver. A outra esquisita, Leslie, encarava alguma coisa na mão dela e fala de como aquilo era nojento.

Como eu queria matar aquela garota, sério. Ela não tinha um outro momento pra voltar não?!

Olhei para Kate, e seu olhar era o espelho de preocupação do meu. Será que ela tinha visto alguma coisa? Ela tinha achado nojento e ia sair espalhando pra todo mundo do colégio? Se o pai de Kate ficasse sabendo estaríamos ferradas, e eu nem me atrevo a pensar em qual nível do inferno eu estaria se o meu descobrisse.

Caralho, teríamos que sequestrar a garota e manda - lá para um país muito distante. Poderíamos falar que ela fugiu com alguém, que amava um estrangeiro e achou que não aceitariam o amor impossível deles. Sim, era um ótimo plano.

— Eu achei meu aparelho no chão do ônibus! No CHÃO do ônibus! Nunca mais vou usar! Que nojo, que nojo!

Eu não sei se a risada que eu dei foi se alívio ou porque tudo estava muito cômico, mas os olhos de Kate não mentiam, ela estava se divertindo. E muito.

Talvez não fossemos precisar sequestrar ninguém afinal.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de usar a tag #reneweverythingsucks



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