Helga observava a placa novamente, o cenho contraído e os olhos semicerrados enquanto prensava entre os lábios a ponta de sua caneta, numa clara expressão de confusão. Desde que havia iniciado seus estudos na St. Mary, aqueles dizeres gravados na chapa de cobre acima da entrada principal do refeitório a intrigavam de maneira insistente. E não apenas pela estranheza de significado, que honestamente parecia-lhe sem pé nem cabeça; o que realmente a inquietava era não conseguir entender como uma instituição tão renomada, afiliada de Oxford e com tantas décadas de experiência nas costas, permitiria-se o descuido de expor letreiros com quantidade absurda de erros ortográficos. 

Não a levem a mal, por favor. Helga havia dado muito duro para estar ali, estudando lado a lado à elite burguesa de Cherwell. Era aluna bolsista por mérito: A+ cintilantes em vermelho vivo e congratulações de professores costumavam fazer parte de sua rotina no ensino médio, além de noites mal dormidas e litros de café com leite para recarregar as energias entre o horário obrigatório de aulas e o tempo extra que passava redigindo textos para o jornal da escola. Ser jornalista era um sonho antigo, vindo de berço e influenciado ao longo dos anos pela admiração que nutria pela mãe. Desde muito nova sabia exatamente o que queria e como queria, então se esforçara para isso. O mínimo que esperava do lugar era a excelência que lhe fora prometida.

St. Mary College, sessenta ou setenta anos antes daquele, costumava ser uma academia de boas maneiras para garotas do condado de Oxfordshire. Chamava-se "Academia de Bons Modos e Estudos para Boas Damas", numa clara alusão ao que hoje em dia qualquer mulher em sã consciência consideraria pura opressão patriarcal. E, felizmente, algumas daquela época também consideraram. Após um período longo de protestos que culminou na nomeação de uma nova diretoria, reformas foram feitas tanto na organização quanto no currículo programático. E, assim, aquela que seria uma das maiores instituições feministas da Inglaterra finalmente tomara forma, aceitando garotas acima de dezoito anos que tivessem o desejo de trilhar para si caminhos próprios e convictos e a força para assumir a árdua posição de liderança que lhes fora historicamente negada.

"Flores de ceregeiras e curujas hão de vir em caroças velhas. O brabo herói apontará para descriminar o certo do errado, então o grande craken sucumbirá." 

Como, Helga se perguntava, ligeiramente irritada, Como deixaram isso passar?