A visão era ampla e bela. O céu parecia um tapete negro e, dali, nada mais no mundo parecia importar.

Eram tão pequenos diante da magnitude daquele manto estrelado!

Mesmo a olho nu, Violet era capaz ee enxergar a Via Láctea como se esta fosse um corredor extenso de luzes. 

E tudo o que conseguia pensar era no sorriso dele. Em sua risada reverberando o corpo quando gargalhava e no brilho de seu olhar quando Violet fazia algo especialmente bobo ou infantil demais. Condizente com sua idade.

Crescera no exército sob seus olhos, sob sua supervisão. Aprendera a ser uma arma e nada mais. Mas sob os cuidados dele, sentia que era algo mais. Como a lua que era aquecida pelo sol. E girava em torno dele, como se Gilbert fosse seu mundo.  

"A existência dessa pessoa é meu mundo. Eu morreria se ele."

Não havia espaço para pleonasmos nessa frase. Era o que sentia, mesmo que o termo sentir fosse deveras novo para si. Quanto já havia caminhado desde que se tornara uma autômata? Quanto sobre sentimentos já havia aprendido? E eles eram tão complexos!

Perdeu-se em pensamentos refletindo sobre aquilo. Sobre os traços da maçã do rosto de Major Gilbert, sobre a barba rala e por fazer nos tempos em que estavam à campo.

Eu te amo, ele lhe dissera. As últimas palavras que Violet havia escutado de sua boca. Será que algum dia as compreenderia?

Enxergou o cometa no céu, comunicando a Leon. Uma visão única a cada 200 anos. Algo tão singular que marcaria sua vida toda. Como Gilbert havia marcado.

Sentiu aquele aperto no peito novamente seguido de um calor intenso. Como se derramassem chá quente sobre sua pele, exceto que esse era um calor bom.

Já sabia o que era solidão graças a Leon. Talvez em breve também descobrisse o que significava amor.

Mas o que Violet sabia era que Gilbert era para ela tão singular quanto aquele cometa que cortava os céus. E talvez por hora isso lhe bastasse.