O simples desejo das trevas escrita por Lincolo Tnoa


Capítulo 1
Por favor, transformem o mundo belo novamente.


Notas iniciais do capítulo

Eu utilizei essa música aqui para a fic então divirta-se caso queira uma soundtrack:https://www.youtube.com/watch?v=sl9AYUeSi4Y



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Eu sei, sinto dentro de mim que este não é o certo neste tempo todo. Mas estas são as últimas forças que tenho. O sangue escorrendo em meu corpo junto com essas lágrimas não podem mudar nada, muito menos estas pessoas que estão no chão mortas. “O grande rei demônio”, não é? Foi realmente para isso que eu nasci? Sempre causar e sentir dor infinitamente? O tempo todo chorar e chorar mais lágrimas? Anos e anos andando após sair daquela torre que queria estar eternamente adormecido. Desde o deserto mais quente ao deserto mais frio com este sangue caindo, andando como se estivesse este tempo todo morto sem ter mais o que fazer. Sem um lar para dizer que é meu, sem um lugar para dizer que é precioso. Mais e mais chamo atenção de todos que querem apenas me utilizar para mais derramamento de sangue enquanto estou a andar. Acho que naquela vez foi um pouco diferente. Tinha conhecido uma pessoa que pela primeira vez enquanto a feria com tudo o que tinha, continuava a me abraçar. Pela primeira vez eu tinha me sentido aceito neste mundo. As lágrimas escorriam muito mais do que todas as vezes que eu era cortado. Mesmo ele sendo séculos mais novo que eu, ele sempre me chamou de “pequena criança”. Era engraçado pensar que eu estaria agora tentando matar você pelo nome dele, aquele que ele mais acreditava que iria salvar este mundo.

Após aquilo, eu tive alguns dias bons, consegui ver um pouco de felicidade no mundo e flores se abrirem sem que haja sangue a derramar. Aos poucos eu descobri a causa de conseguir pela primeira vez poder sentir alegria quando eu vi ele sendo degolado pela própria igreja que estava há anos a proteger: todo este tempo, toda a guerra que estava passando por ele e por este reino, pelo fardo de eu ter essa quantidade gigante de energia fluída em mim que chamava cada vez mais inimigos, não importando mais o que acontecera. Meu fardo estava apenas sendo transpassado para pessoas que se feriam e pior: morriam intrinsecamente pelas minhas mãos por ter que lutar contra demônios que ansiavam esta energia e humanos que causaram guerra por terem se corrompido com o desejo de poder infinito. Eu queria não rir agora, mas se eu não sorrir um pouco eu não poderia aceitar ainda mais ouvir tantos passos de mortos que estão atrás de mim, pedindo que este fim chegasse. Todos aqueles que eu matei para proteger um lugar que aos poucos não só me divinizaram como também se corromperam com o desejo da “divindade ouvir suas súplicas doentias”. Quando eu matei uma família inteira que pedia perdão por serem apenas da realeza e que estavam apenas protegendo o seu reino eu finalmente percebi que tinha me tornado uma arma de guerra potente que unificaria o mundo para as mãos daqueles que estão por trás de mim. Desisti de tudo, matei todos aqueles que me transformaram em arma e finalmente tentei me esconder pelas sombras. Claro que isso não adiantou por muito tempo pois, logo após me esconder, você criou outra aberração para aquele mundo. Ei! Me ouça, não desmaie apenas por eu ter cortado seus braços! Você merece muito mais do que isso! Porquê você criou aquela fera sem o mínimo de consciência para apenas a destruição em massa!? Você tem tanto ódio assim pela sua própria criação? E o mais importante! Por que me criou!?

—Por quê? Ele pergunta enquanto dá uma simples risada. -Saiba que qualquer deus necessita de um mal para lutar ou não é adorado. As pessoas esquecem que seus deuses existem apenas por acreditar que vivem num mundo perfeito. Então necessito criar maldade. Afinal de contas, como poderão contar histórias do bem contra o mal.? Seus braços cresceram e ainda por cima havia algo estranho no ar. O mundo inteiro mudou pois aquele era o universo que ele criou para o mesmo descansar. Com isso, demonstrou seu poder absoluto. Isso me custou mais sangue, mas não era nada comparado ao preço que eu precisava pagar.

—Vamos! Continue a dançar meu brinquedo favorito!!!!! Ele gritava, perdendo sua sanidade.

Eu não poderia deixar que aquilo continuasse, precisava também ficar mais forte, mesmo que isso custasse novamente minha humanidade antiga. Eu queria antes dizer adeus a todos que restaram na minha jornada. Erika, perdoe-me, pois não vou poder criar novamente um mundo com flores como antes. Alberto, perdoe-me, mas não terei mais poder para deixar a água límpida e brilhante novamente. Pequeno Anderson, queria novamente lhe entregar um pouco de pão que eu tinha para comer, apenas para ver seu sorriso naquele novo mundo criado por este cara. E finalmente Arkanus, perdoe-me, mas não poderei mais cuidar dos humanos que restaram. O céu límpido, o chão azul-brilhante, todos eles se uniram de alguma forma com tanta pressão que havia naquele multiverso. Podia sentir todas as almas que eu matei gritando de dor. Desculpe-me, mas precisarei de vocês novamente. O inferno fora criado naquela sala. Tudo o que eu podia sentir era ardor e morte. Também via ele gritando enquanto seu corpo estava sendo queimado junto. Consegui ainda ter um pouco de força para caminhar aquele corpo que estava derretendo.

Então, se para este mundo distorcido, onde o bem continua a apenas causar dor, para aqueles que foram escolhidos a dedo pela quantidade de ódio que podem carregar, precisa vencer para que um deus seja saciado pelo seu desejo de criar, estar finalmente com a garganta desse deus em minha mão pode significar que fiz algo. Finalmente, finalmente todas aquelas almas podem caminhar para onde deveriam estar. Finalmente o mundo poderá ter um pouco de felicidade, mesmo tendo sido destruído. Me sinto feliz, e espero que eles consigam fazer um mundo belo que eu nunca pude ver. Levarei esta escória comigo neste inferno que eu fui criado. Muito obrigado por ter estado comigo até este fim.


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