Lá estávamos nós, todos os jovens Weasley, passando o verão na casa de nossa amada avó. Tudo estava perfeitamente bem. Ouvíamos risadas para todos os lados. James e Fred preparavam surpresas desagradáveis em todos os lugares, deixando vovó louca. Molly, a segunda, reclamava com Dominique sobre seu pai controlador. Lily e Hugo eram perturbados por Roxanne que insistia que eles dariam um ótimo casal. Victoire e Teddy discutiam assuntos sobre o casamento que aconteceria em alguns meses. E eu estava com Lucy na sala, em um debate sobre A História Norte-Americana de Magia.

Foi então que tudo aconteceu, graças a Albus.

“Eu vou pegar um pouco de suco de abóbora.” Anunciei, levantando-me da poltrona extremamente confortável de vovô.

“Pode pegar mais suco de tomate para mim?” Lucy perguntou sem tirar os olhos do livro. Ela, ao contrário de mim, achava muito mais interessante Ilvermorny do que Hogwarts, e estava juntando dinheiro para fazer um intercâmbio.

“Pode deixar.”

Onde está a culpa do Albus nisso? Ah, sim. Vamos ao ponto importante.

Após pegar os dois sucos, apreciei grandemente os cookies que vovó havia preparado. Ela havia feito de todos os gostos. Cookies de chocolate, peanut butter, uvas passa, sem glúten, etc. O cheio estava maravilhoso. Como filha de Ron Weasley, não pude resistir.

“Engordando mais, Weasley?” Uma voz extremamente conhecida sussurrou em meu ouvido no momento em que minhas mãos tocaram o biscoito.

“Santa merda!” Meu corpo girou e os copos tombaram, fazendo uma bela mistura vermelho alaranjada.

“Ora, ora... Agora a filha exemplar está falando palavras rudes?” Ele zombou.

“Eu não falei palavrão.” Bufei, insistindo na minha inocência, mas eu estava errada, então o melhor era mudar de assunto rapidamente. “Mas o que diabos você está fazendo aqui!?”

“Será mesmo, Weasley?” Seu sorriso brilhou, quase como um flerte. “Surpresa. Aposto que sentiu minha falta o verão inteiro.”

“Santa merda!” Resmunguei olhando a bagunça que eu havia causado e para ajudar eu não estava com minha varinha. “Me dê sua varinha, seu inútil. Essa sujeira toda foi sua culpa.”

“Palavrão de novo?” Ele balançou a cabeça como se estivesse indignado. “Ah, Sabe-Tudo-Júnior, você sabe que não é assim que funciona.”

“Você pode simplesmente me dar sua varinha para limpar isso ou fazer você mesmo?”

“Qual a palavra mágica?”

“Tergeo.” Respondi o nome do feitiço.

“A outra palavra mágica.” Ele rolou os olhos. “Seus pais não te deram educação?”

Respirei fundo. Eu me humilhando para ele, pedindo por favor? Ah, mas ele me pagaria por isso depois.

“Por favor.” Disse baixo, quase inaudível.

“O que disse?” Ele se aproximou para escutar melhor.

“Por favor.” Rolei meus olhos.

“Apoie-se direito no chão. Vou te soltar.”

“O que?” Até aquele momento eu não havia percebido que ele estava segurando minha cintura. Então não consegui evitar que meu rosto, que parecia uma festa de sardas, mudasse para vermelho quase imediatamente.

“Tergeo.” Ele disse com um sorriso estranho no rosto e eu abaixei meu olhar para ter certeza que minha roupa não havia ficado com dano algum. “Mais limpa do que nunca.”

“Vou fingir que isso não foi uma ofensa.”

Ele continuou sorrindo e eu o encarei como se fosse a criatura mais estranha do mundo. E ele era, afinal que tipo de Malfoy frequenta a humilde Toca?

“O que está fazendo aqui?” Questionei outra vez.

“Tente adivinhar.” Ele deu de ombros.

“Te expulsaram de casa depois de ter descoberto que você engravidou alguém que não tinha puro sangue?” Desafiei-o a responder. Eu conhecia o passado sujo dele tão bem quanto qualquer garota de Hogwarts.

“Você está grávida?” Ele ergue uma sobrancelha.

“Eca! Não! Que nojo, Malfoy!” Fiz uma careta. “Como pode pensar que um dia eu dormiria com você?”

Ele riu, mostrando como seus dentes eram perfeitamente alinhados e brancos. Sim, seus dentes eram tão brancos quanto sua própria pele.

“Qual a piada da vez?” A voz do meu primo favorito surgiu na cozinha, nos trazendo para realidade. Não estávamos em Hogwarts.

“Espero que meu primo não esteja te incomodando, Rosie.” Comentou Teddy que vinha logo atrás de Albus. “Qualquer coisa podemos colocar ele para dormir com o vampiro.”

“Acho que Doninhas repelem os vampiros, então não vai ter muita graça.” Afastei-me, indo de volta para geladeira. Eu precisaria de mais suco agora. “E alguém pode me explicar o que ta rolando aqui?”

“Scorpius vai ficar na minha casa até o final do verão. Os pais dele foram para Ilvermorny fazer um estudo sobre a Árvore de Colubrina e seus efeitos curativos ou sei lá o quê.”

“E ele não podia ficar com os avós dele?”

“Meu avô está internado no St. Mungus e desde então minha avó não passa muito tempo em casa.”

Casa. Como ele podia chamar uma mansão de casa como se não fosse nada?

“Ótimo.” Resmunguei, desviando para sala.

“Ela tem a sensibilidade do tio Ron.” James, que havia entrado na cozinha logo após minha saída, comentou e eu quase podia ver sua careta.

Cérebro da mãe. Coração do pai. Eu tinha que ter um pequeno defeito. Não que meu pai tivesse um coração ruim, mas ele era complicado com demonstrar sentimentos. E eu também.

Quando os sucos estavam seguros sobre a mesa de centro, me joguei sobre a poltrona de modo que Lucy precisou levantar os olhos para entender o que estava acontecendo.

“Que cara é essa?” Ela perguntou fechando o livro. “Parece até que viu o Malfoy.”

“Eu vi o Malfoy.” Bufei.

“Espera... O que?”

“Albus trouxe ele para toca.” Expliquei. “Como ele pode trazer aquele ser imundo para cá?”

“Ah, mas está tudo bem. Ele não pode pegar muito no seu pé estando aqui.” Lucy deu de ombros.

Talvez ela tivesse razão sobre isso. Eu não deveria ficar toda irritada. Era ele quem estava em território inimigo. Pena que eu estava errada. Não havia nenhum território e muito menos um inimigo. Scorpius Malfoy era apenas um jogador pacífico. Não estava ali para lutar para manter o orgulho. Estava ali apenas porque era sua única opção de boas férias.

“Hey, Rosie.” James me chamou e eu sabia que problemas viriam por ai.