Predestinada escrita por Mad


Capítulo 5
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas. Primeiramente peço desculpas pela demora, eu realmente relaxei e parei de escrever os capítulos, mas finalmente eu acordei para a vida e voltei a escrever. Cá está eu com o nosso quinto capítulo. Comentem e não deixem de ler as notas finais!



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O despertador soava importuno em meus ouvidos. Invoquei de outra dimensão qualquer resquício de coragem e levantei-me da cama para tomar um banho quente, antes de me preparar para mais um dia de trabalho.

 Já faz uma semana desde que entrei para a agência Sulivan Model.

 Enquanto a água escorria por meu corpo, eu parava para pensar sobre tudo o que aconteceu nessa semana. Lembrei-me do meu primeiro dia de trabalho, quando fiquei totalmente perdida sobre como agir ou me comportar. Até que todos foram muito legais e pacientes comigo, principalmente Grace, principal estilista da agência, que foi ordenada a carregar a nova estagiaria — ou seja, eu — em tudo o que fazia. Ela é responsável pela produção, coordenação, modelagem e a ser personal stylist das modelos selecionadas para as revistas e campanhas publicitarias. Apesar de sempre estar bastante ocupada, ela faz questão de ajudar-me no meu desenvolvimento das modelagens, algo que ela pediu que eu fizesse por ter mais experiência com os desenhos.

 Já na universidade a empolgação era cada vez maior, pois estava lidando com coisas que ainda aprenderia a fazer. Como já era esperado, eu e Alexia estamos na mesma sala e andamos sempre juntas, apesar de Alexia querer entrar em todas as panelinhas da nossa sala e me carregar junto com ela. Não que eu seja antipática, mas nem todas as pessoas dali me pareciam amigáveis e dispostas a fazer amizade com nós duas e forçar contato com elas não era meu objetivo, mas sim focar nas matérias para não ficar perdida logo no primeiro período do curso.

 Sai do chuveiro e resolvi combinar minha calça jogging preta com uma camisa branca de manga, finalizando o visual com um scarpin nude e minha bolsa em mãos. Desci as escadas seguindo o aroma de café que já estava acostumada a sentir toda manhã. Confesso que estava achando a convivência com Ethan fácil demais para ser verdade, algo que pensei que nunca aconteceria por conta das suas provocações, mas ele surpreendia-me a cada dia.

 Nesse meio tempo de convivência eu pude notar que Ethan é reservado e de paixões peculiares. Ao mesmo tempo em que gosta de fotografar tudo o que vê no mundo lá fora, ele também prefere ficar o dia trancado em seu quarto. Assim como ele gosta de acordar cedo para preparar o café, ele também prefere dormir sem preparar a janta e dormir de estômago vazio.

 — Você tem dez minutos para tomar o seu café — Sentiu minha presença se aproximar da sua.

 Nesse momento ele estava de frente para a janela e de costas para mim. O sol que refletia no vidro da janela fazia seus cabelos brilharem e balançarem com o vento que circulava para dentro do cômodo, assim como seus ombros subiam e desciam conforme sua respiração passeava vagarosamente em seu peito.

 — Desde quando você controla os meus horários? — descansei meus braços em minha cintura.

 — Desde que eu terei que te levar para a agência hoje.

 — Como assim? Eu não vou com você! Alexia vai passar aqui com o motorista.

 — Então fique ai esperando — deu de ombros, sem nem se preocupar em virar para me olhar enquanto falava.

 Respirei fundo.

 — Dá pra você me olhar — puxei seu braço obrigando-o a me encarar — Odeio que me deem as costas.

 Procurei seu olhar, mas ele não veio de encontro ao meu, muito pelo contrário, seus olhos se abaixaram instantaneamente. Analisei rapidamente seu rosto, algo que tinha mania de fazer quando notava que algo está fora do normal em uma pessoa. Cansado, angustiado ou preocupado? Talvez, por conta das olheiras em baixo de seus olhos e a forma lenta com que respirava.

 — Por quê eu não vou com Alexia hoje? — indaguei.

 — Ela tinha outras coisas para resolver — Levantou o olhar e fitou o meu. Triste. O vazio que passa em seus olhos nesse exato momento entregava tudo — Depois pergunte diretamente a ela.

 Ele virou-se em direção a porta, alegando que esperaria no carro. Fiquei submersa por um tempo, pensando que era a primeira vez que via Ethan agindo mais estranho do que o normal. O pior de tudo era ver o como aquilo mexia comigo de uma forma inexplicável. Que diabos eu tenho a ver com o que Ethan está sentindo?

 Deve ser curiosidade Marjorie, não quer dizer que você se importe com ele — obrigava minha consciência a crer naquelas palavras.

 Sai do loft depois de ter beliscado apenas umas torradas e bebericado uma xícara de café, com a intenção de descobrir rapidamente por meio de Alexia, o que havia deixado a tristeza reinar no interior de seu irmão. Ela com certeza deveria saber, pois é a pessoa mais próxima que vejo de Ethan a não ser seu melhor amigo — convenhamos, tão arrogante como ele — Gregory Bouvier, o responsável por me fazer passar um vexame no dia da entrevista com o sr. Sullivan.

 Caminhei desengonçadamente ao notar que ele esperava-me apoiado com o corpo na janela do carro, como havia combinado. Esperei que ele dissesse algo, fizesse alguma provocação ou esboçasse um de seus sorrisos debochados ao me ver, mas ele surpreendeu-me ao apenas contornar o carro e sentar-se em frente ao volante.

 — Nem um pouco cavalheiro — balbuciei ao entrar no carro e colocar o cinto — Deve-se abrir a porta do carro para uma mulher.

 — Você está no meu carro de favor, então não exija mais que isso — ligou o som, ignorando-me completamente.

 Eis que o bruto volta ao seu estado normal com mais uma de suas patadas. Como se não bastasse provar que estava furioso apenas com palavras, ele também apertava rispidamente o botão do som automotivo a procura da música ideal. Quando ele parou em if you want love de NF, eu pude notar que Ethan não estava só profundamente irritado, mas também melancólico.

 — Eu não te pedi nenhum favor — cruzei os braços e revirei os olhos, olhando para o lado de fora da janela.

 Ele virou de repente em uma rua e parou o carro, fazendo-me ficar assustada com o ato repentino. Colocou a cabeça no volante e respirou fundo, enquanto a música ainda preenchia o ambiente com a letra meditativa que chamou minha atenção.

 Eu só preciso de algum tempo, estou tentando pensar direito

Eu só preciso de um momento no meu próprio espaço

Me perguntaram como eu estou, eu disse que estou bem

Mas não é isso que todos nós dizemos?

 — Ótimo — virou-se e esticou o braço para pegar minha bolsa no banco de trás, fazendo com que eu saísse do transe que a música havia me deixado — Estava apenas fazendo isso por quê Alexia insistiu muito, mas já que adoraria não fazer nada contra a sua vontade...

 Céus, ele não está fazendo isso comigo.

 Você está mandando eu sair do carro?

 Bastou ele colocar a minha bolsa em cima do meu colo que tirei minhas próprias conclusões.

 — Você disse que não me pediu nenhum favor, então desça do carro e nós dois ficaremos felizes.

 Eu ainda estava perplexa. E a bendita música ainda me incomodava.

 Estou com medo de um dia acordar e me perguntar aonde foi o tempo

Falando sobre o passado como se fosse o presente, enquanto balanço devagar

 — Eu não estou legal hoje e o que menos preciso agora é de uma garotinha boba acabando com a minha paciência — continuou.

 — Garotinha boba? — furiosa era pouco para o que eu estava sentindo depois de vê-lo cuspir aquelas palavras.

 — Você está perdendo o seu tempo se quiser chegar ainda hoje para o trabalho a pé — ignorou minha pergunta e destravou a porta do carro.

 — Estúpido — desci do carro e bati a porta com força, vendo Ethan dar um sorrisinho cínico enquanto acenava um tchauzinho satisfeito.

 Antes do carro cantar pneu, pude escutar mais um trecho da música que tocava.

 Se você quiser o amor, você vai ter que passar pela dor

Se você quiser o amor, você vai ter que aprender a mudar

Se você quiser confiança, você vai ter que merecer

Se quiser o amor, se quiser o amor…

 Amor. Soltei uma risada irônica em meus pensamentos. Eu duvidava de que Ethan conhecia o verdadeiro significado desse sentimento.

 **

 Desnorteada era a palavra perfeita para me definir naquele momento. Eu ainda não conhecia muito da cidade, mas sabia que havia algum ponto de ônibus ali por perto. Droga, eu não devia ter despertado a fúria de Ethan. Se nenhum ônibus passar agora eu estou literalmente encrencada com a agência e com os novos modelos que prometi para Grace hoje.

 Pensei em ligar para Alexia para que ela desse um jeito de justificar o meu atraso quando um carro preto parou ao meu lado, enquanto eu caminhava apressada.

 — Está precisando de uma carona? — uma voz perguntou ao abrir o vidro preto do carro.

Joshua Pottier.

 Não, obrigada — Continuei a caminhar, lembrando-me que eu era apenas um atalho para que ele se aproximasse de Alexia.

 — Não é o que parece — seguiu-me com o carro — Você está afobada.

 Respirei fundo e comecei a andar mais devagar para mostrar o contrário.

 — Vamos lá vai, eu sei que você precisa de uma carona — insistiu — Não sabia que você era tão orgulhosa.

 Parei de andar e ele parou o carro.

 — Não sou orgulhosa.

 — Então prove entrando no carro.

 Droga. Que Alexia me perdoe, mas eu preciso desesperadamente dessa carona.

 Você não vai desistir, não é mesmo? — perguntei.

 Ele esboçou um sorriso incrivelmente apaixonante e abriu a porta do carro. Entrei ainda mais desconfortável por ter aceitado e por estar lá dentro com ele. Eu não o via desde o dia da festa em que ele me ajudou a trazer Alexia para casa e disse que voltaria a me procurar.

 — Qual o destino senhorita? — brincou.

 — Agência Sulivan.

 Ficamos um bom tempo em silêncio. Eu não sabia o que dizer e ele transparecia o mesmo.

 — Você deve estar me achando um babaca — olhou-me de esguelha.

 — Acertou.

 Ele soltou um suspiro e se ajeitou no seu assento.

 — Olha Mar, eu sei que eu deveria ter te procurado depois daquela festa como prometi e…

 — Não Joshua — interrompi — Eu não te acho um babaca por causa disso.

 — Não?

 — Não.

 — Então o que eu fiz? — franziu o cenho.

 — Você não me contou que era ex namorado de Alexia.

 Ele riu.

 — O que tem de engraçado? — Cruzei os braços e apertei os olhos.

 — Alexia estava bêbada, você com pressa para ir para casa e tínhamos tantas coisas para falar — deu de ombros — Você acha mesmo que eu preferiria falar do meu passado com Alexia?

 Suspirei pensativa. Talvez, por um lado, ele tenha razão. Isso é algo pessoal dele com Alexia e ele não era obrigado a me dizer sobre o seu passado na primeira vez que conversávamos, mas aquilo ainda me intrigava.

 — Além do mais — sorriu — Eu te achei uma gata, é claro que não ia quer estragar tudo falando sobre isso na nossa primeira conversa.

 Eu podia sentir minhas bochechas queimarem e ele riu ao perceber.

 — Eu pensei que você estivesse querendo se aproximar de Alexia novamente e eu era apenas um atalho para isso.

 — Sério que pensa isso de mim?

 — Não sei, eu não te conheço.

 — Então a gente pode se conhecer — sugeriu com uma piscadinha para quebrar o clima e eu ri.

 — Não acho uma boa ideia, você é ex de Alexia e...

 — Vocês são amigas — completou — Está vendo por quê não te contei? — suspirou — Você não me daria nem a chance de me aproximar.

 Fiquei em silêncio, pois sabia que ele tinha toda razão.

 — Alexia já sabe? — perguntou de repente — Que eu levei vocês para casa no dia da festa?

 Assenti, lembrando-me do dia que havia contado para Alexia, ou melhor, Ethan me fez esse favor depois de tê-lo ameaçado contar inúmeras vezes.

 — Primeiro ela ficou histérica — comentei — Depois deu de ombros e disse que não se importa com coisas do passado.

 Ele riu.

 — Ótimo — virou em uma rua — Por quê eu também já superei o fim do nosso relacionamento.

 — Já faz quanto tempo que terminaram? — perguntei curiosa, pois era algo que não tive coragem de perguntar a Alexia.

 — Seis meses.

 Fiquei em silêncio. Um pouco rápido para ter sido superado facilmente, mas quando terminei o meu namoro de um ano, acabei tendo o mesmo tempo para me sentir totalmente liberta. Era algo rotineiro e que já tinha perdido toda aquela essência que tinha no início, então não me custou muito aceitar que aquela era a melhor escolha.

 — Sabe Mar — falou, despertando minha atenção — Eu aprendi muito com o fim do meu relacionamento com Alexia — suspirou — Aprendi a ser mais paciente e a confiar mais na pessoa com que eu me relaciono. Infelizmente, eu deixei o ciúme tomar conta da nossa relação e a privá-la de coisas que era normais para ela, como por exemplo, sair com as amigas ou usar determinada roupa. Atitudes imaturas que estavam fazendo com que ela desistisse de mim por sua liberdade e vontades. Não a culpo, por quê sem saber, eu estava tirando a felicidade da pessoa que eu dizia amar.

 — Eu passei pela mesma situação.

 — Você era a ciumenta da relação ou a vítima? — brincou.

 — A vítima — ri — Acabei com uma relação de um ano.

 — Até que você segurou as pontas por muito tempo.

 — Esse foi o meu maior erro — passei a mão em meu rosto, frustrada.

 — A verdade é que as pessoas se jogam de cabeça em uma relação que não existe amor, mas sim uma paixão, coisas que são totalmente distintas uma da outra.

 — Eu penso o mesmo — Sorri e ele parou o carro em frente a agência — Obrigada pela carona, eu estava realmente precisando e desculpe por ter sido grossa com você.

 — Tem uma forma de você recompensar o seu erro.

 — Joshua eu…

 — Sexta a noite, às sete e meia, estarei na porta do loft e por favor, não se atrase.

 Eu ri.

 — Você não é de desistir, não é mesmo?

 — É uma das minhas qualidades — passou a mão pelos cabelos, fazendo-me rir novamente.

 — Será que podemos combinar isso em outra hora?

 — Como quiser ruiva.

 Sorri, enquanto me despedia, descendo do carro com um turbilhão de pensamento na cabeça e definitivamente, Joshua não era prioridade entre eles.


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Notas finais do capítulo

O nosso sexto capítulo não vai demorar a sair, prometo. Estou em divida com vocês e por isso estou escrevendo imediatamente. Se você viu alguns erros durante o capítulo, peço que me perdoem e me ajudem a corrigi-los comentando qual foram eles. Comentem o que acharam também, pois me deixa muito feliz.



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