Filhos de Aço escrita por arc4dex


Capítulo 1
Encontro




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Estou feliz com meu novo dever de treinar Alferes. E ainda mais feliz com a promoção para Cavaleiro que me deram. Mas, é muito difícil se acostumar a utilizar a armadura de combate.

Estava andando pelo pátio do aeroporto, indo em direção a primeira criança que eu iria testar. Por dentro, a armadura é toda acolchoada e refrigerada. Da cabeça aos pés. Mas isso não muda o fato de eu estar com o dobro do meu tamanho habitual e sei lá quantas vezes mais pesado.

O Aeroporto estava movimentado. Havia aeronaves subindo e descendo. Gente carregando caixas e contêiner. Engenheiros montando estruturas. Vários soldados treinando em um campo de tiro e muito barulho.

A Alferes parecia um brinquedo perto de mim. Tinha a impressão de que se eu fizesse um movimento brusco, poderia quebra-la ao meio. Mantenho-me afastado para que pudesse vê-la sem me agachar e retiro o capacete.

[começo do relatório]

Primeiro dia de treinamento de Alferes.

— Bom dia Cavaleiro Ronnan! - A garota realiza a saudação da irmandade batendo o punho no peito.

— Bom dia Alferes... - Retribuo o cumprimento.

— Estou pronta para iniciar meu treino de campo senhor!

— Pronta sim. Mas, preparada... Não. - Eu queria tirar o otimismo da garota. Porém, com razão.

— Como assim?

— Onde esta seu armamento?

— Capitão Kells não permite que os Alferes andem armados.

— Serio!? Eu terei que cuidar de você e você não pode nem se proteger?

[retirar todos os meus pensamentos do relatório]

Retiro o que eu disse sobre gostar do dever. Estou achando que será um saco.

Ela concorda balançando positivamente a cabeça.

Porra nem uma! Não vou ser baba de criança. Irei quebrar algumas regras. Mas, não agora. Não na frente dos outros irmãos.

— Ok, vamos andando...

— Até o Vertbird, certo?

— Não, literalmente andando.

Começamos a andar. A Alferes não respondeu. Mas, provavelmente estava decepcionado com a ideia. Apesar de ela não poder demonstrar isso.

Irei olhar para ela para ver alguma irritação... Nada. Isso é bom.

A garota não expressava irritação. O rosto só mostrava seriedade. Assim como todos os outros Alferes, sua cabeça era raspada. O único jeito de diferenciar um era pelos olhos. Os dela eram estranhamente negros.

— Qual seu nome Alferes?

— Sasha senhor!

Saímos do aeroporto em direção a Country Crossing ao Norte. Apenas o som ritmado de minha armadura se movendo e, pelo caminho, a garota não disse nada. Eu estava levando um Rifle automático 5.56, uma pistola 9mm, uma faca serrilhada que eu mesmo adaptei e outras tranqueiras em minha mochila além de munição, água e comida. Estava preparado para pelo menos uns quatro dias. Já não posso dizer o mesmo de Sasha.

Ela estava trajando o uniforme padrão de Alferez. Gorro, lenço vermelho no pescoço um sobretudo preto, luvas e botas marrons e uma calça preta. Não sabia o que tinha na mochila. Mas, provavelmente, não havia suprimento para mais de um dia.

— Você sabe por onde esta indo?

— Sei.

Silencio.

— Não parece. - Sasha diz. - Fomos designados para eliminar os necróticos em algum lugar a nordeste daqui.

— São Ghouls. E eu sei disso... Fique tranquila. Não iremos para lá.

— Por que não, senhor?

— Capitão Kells me deu a permissão de demorar o tempo que for necessário e usar de qualquer método para que eu treine vocês. Dês de que eu os devolva inteiros. Não acho que um buraco infestado de ghouls será de didático para você. - Eu olho para ela. Ela para abaixando a cabeça e estava visivelmente raciocinando. - Além disso, sinto que a cada passo que dou, meu bolso tem menos tampinhas. Tenho que retirar essa armadura logo antes que acabe as baterias.

— Para onde estamos indo Cavaleiro Ronnan?

— Para o meu esconderijo. Já vai anoitecer e o local não fica muito longe daqui. Talvez uns dez quilômetros.

— Oh...

— Você vai cansar de andar?

— Não senhor...

Já era noite.  A caminhada foi longa. Mas não para mim.

De alguma forma, usar a Armadura potente não faz o usuário se sentir cansado.  Tirando o irritante barulho ritmado que ela realiza a cada passo, senti como se pudesse percorrer mais cinquenta quilômetros se a bateria permitisse. Não posso dizer o mesmo da Sasha.

O cansaço na garota era visível. E o desanimo mais ainda. O olhar estava vago, suas passadas desajeitadas, respiração ofegante e o suor escorria da cabeça ao pescoço. Ela havia retirado o gorro e o lenço deixando a cabeça raspada a mostra.

Senti um pouco de pena dela. E também me senti culpado. Talvez eu tenha ido longe demais.

— Venha cá. - Eu parei estendendo os braços.

— O que... - Ela respirou fundo. - Você... Vai fazer?

Eu a ergui pela cintura, com apenas uma mão e com muito cuidado, coloquei ela sentada em cima do outro braço rente ao meu tórax e posicionei o esquerdo paralelo ao direito. Formando uma banco.

A Alferez se ajeitou e encostou suas costas em mim sem dizer uma palavra. Era melhor assim. Soldados aceitam seus limites calados. É bom ver que ela entende isso.

— Falta pouco. Subindo aquela pequena colina, logo a frente.

Ao chegar no topo da colina, a garota se deparou primeiramente com um heliporto intacto que havia sobrevivido a guerra. Logo a frente, um pequeno bunker militar cuja boa parte estava dentro da colina em igual situação.


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